—Não
estou segura disso. Esta escavação é muito importante para Joseph e ele não vai
gostar de perder você. Conheço muito bem a meu irmão. Pode ser muito persuasivo
quando quer. E muito teimoso.
Demi
não respondeu. Iria embora e não tinha mais nada a dizer.
Joseph
cavou o solo com cuidado, retirando a terra sem causar danos aos possíveis
tesouros que poderia encontrar debaixo dela.
Ele
era provavelmente o único nobre de toda Inglaterra que realmente gostava do
trabalho físico, pensava enquanto apertava sua bota contra a pá para conseguir
outro monte de terra úmida. A grande maioria de suas amizades se escandalizaria
se o vissem agora, coberto de areia, sem camisa e com o corpo ensopado de suor.
Ele
jogou todas as pás de areia na caixa de madeira ao seu lado e ao fazer isso viu
que a senhorita Lovato se aproximava, abrindo o caminho entre os trabalhadores
e nos muros meio descobertos da escavação. Ele parou e colocou a camisa antes
dela chegar.
—Posso
falar com o senhor um momento? —perguntou. —É bastante importante.
—Aconteceu
alguma coisa? —perguntou enquanto se secava do suor com a manga da frente da
camisa.
—Não,
é um assunto pessoal. Poderíamos falar em particular?
Suas
palavras o deixaram surpreso. Por um lado, a senhorita Lovato raramente dizia
mais de duas palavras seguidas. Por outro, não podia imaginar que ela tivesse
assuntos pessoais e menos ainda que quisesse discuti-lo com ele. Ele estava
curioso, assim foi com ela até antika.
—Sobre
o que você quer falar? —perguntou quando já tinham entrado.
—Eu…
— começou ela, e continuou em silêncio, olhando para frente, concentrada na
abertura da camisa desabotoada do homem, como se ela pudesse ver através dela.
A luz do sol entrava pelas janelas se refletia nos cristais dos seus óculos,
impedindo que ele pudesse ver seus olhos e sua atitude como de costume, não
revelou nem um pouco do que estava pensando. Esperou.
O
silêncio se estendeu. Impaciente por voltar a seu trabalho, Joseph tossiu assim
para captar sua atenção. Ela respirou fundo, levantou a vista e disse a última
coisa que ele esperava ouvir.
—Renuncio
a meu posto.
—Quê?
— Joseph pensava que não tinha ouvido bem— O que quer dizer?
—Que
eu vou embora. — Colocou a mão no grosso bolso do avental e tirou uma folha de
papel dobrada. — Aqui tem minha carta de demissão.
Ele
olhou o papel perfeitamente dobrado que ela lhe oferecia, mas não a pegou. No
lugar disso, cruzou os braços sobre o peito e disse à única que poderia pensar.
—Não
penso em aceitá-la.
Uma
espécie de choque alterou o rosto de Demi, um lampejo de emoção proveniente da
máquina. Joseph estava ainda mais impressionado.
—Mas
não pode recusá-la —disse ela franzindo a testa. —Não posso.
—A
não ser que o rei me diga o contrário, eu posso fazer tudo o que quiser
—respondeu, esperando aparentar autoritário. — Para todos os fins, sou um
duque.
Essa
resposta só a desconcertou durante um instante.
—É
importante supor que sua importante linhagem deve me impressionar, senhor? —ela
perguntou com voz calma, mas com um surpreendente ar de aborrecimento que nunca
tinha. Ela aproximou a carta de novo e quando ele não aceitou, abriu a mão e
deixou o papel cair no chão.
—Senhor,
me demito do meu posto. Vou deixar exatamente depois de um mês a partir de
hoje.
Ela
se virou para sair, mas a voz dele a deteve.
—Posso
saber para onde irá? Te convenceram a trabalhar em outra escavação…
—Vou
para Enderby com lady Hammond. Ela me apresentará em sociedade e me ajudará a
encontrar a família de minha mãe.
Aquilo
era tão ridículo como aquilo que a sua irmã tinha sugerido. Só faltavam apenas
sete meses para a inauguração do museu. Apenas setes meses em que tinham muito
trabalho por fazer.
Que
maldito interesse repentino de Viola por romance. Ela sabia o importante que
era para ele a escavação e também o vital que era a habilidade da senhorita
Lovato para que seu projeto fosse bem. Não tinha intenção de deixar que aquela
confusão chegasse muito longe.
—Posso
entender seu desejo de encontrar sua família, senhorita Lovato, mas podemos
realizar as investigações perfeitamente daqui. Viola não vai fazer nada que
envolva a senhorita ir embora sem o meu consentimento. Eu me recuso a dar e já
disse isso a ela.
Um
sorriso, que não poderia se descrever como triunfante, se desenhou nos lábios
dela.
—Lady
Hammond me disse que a única coisa que tinha que fazer era falar com o senhor e
me demitir oficialmente do meu posto lhe dando um mês para encontrar alguém que
me substitua. — Ele apontou para a carta no chão —Olha agora que eu fiz.
—Encontrar
um substituto? Por Deus, mulher, gente como a senhorita não cresce em árvores!
A senhorita sabe perfeitamente que qualquer um que tenha seus conhecimentos em
restauração já está comprometido em um projeto com anos de antecedência, levei
três anos para encontrar seu pai. O museu abre daqui a sete meses e a senhorita
sabe que a villa precisa no mínimo de cinco anos de trabalho. É impossível
substituí-la a estas alturas. Me comprometi com ele no Clube de Antiquários e
que o museu estaria aberto para a temporada de Londres, afim de atrair o máximo
de interesse possível. Não atrasarei a inauguração porque a senhorita se
demitir de repente e põe na cabeça que quer ir a Londres para procurar um
marido e aproveitar da frívola vida social. Você não pode sair até que o
projeto seja concluído. Eu tenho projetos a cumprir e eu dei minha palavra.
—Senhor,
senhor, senhor! —gritou ela. Um surto que surpreendeu Joseph. Não só porque ela
se atreveu a falar nesse tom, mas porque era a primeira vez que a tinha visto
expressar alguma emoção.
—Pode
ser que o senhor seja duque. —prosseguiu Demi— Mas não é o sol que todo mundo
tem que girar. Na verdade, é tudo o contrario. O senhor é o homem mais egoísta
que jamais tinha conhecido, além de imprudente. Sempre dar ordens aos seus
trabalhadores e empregados sem nunca dizer sequer obrigado e nem por favor. Não
se importa com que as pessoas sintam, é tão arrogante que acha que seu título
lhe dar permissão para se comportar dessa maneira. Eu… — Ela parou e abraçou a
si mesma, para tentar controlar suas emoções. Ela tinha que fazer. Essa
torrente de inexplicáveis críticas eram injustas e indesculpáveis.
Ele
abriu a boca para repreendê-la por sua explosão, como faria com qualquer pessoa
que estivesse a seu serviço, mas ela falou antes que ele pudesse falar algo.
—A
pura verdade, senhoria, é que não gosto do senhor e que não desejo continuar
trabalhando para o senhor nem mais um dia sequer. Falei com lady Hammond se
quiser saber, mas eu só vou embora dentro de um mês, não me importa se a proíba
de me ajudar.
Joseph
olhou para ela de volta enquanto ela saia de antika sem dizer mais nada. Não
sabia se a seguia ou pedia explicações a Viola por lhe ter enchido a cabeça de
bobagens. Finalmente, não fez nenhuma dessas coisas.
Em
vez disso, se abaixou e pegou a carta de demissão da senhorita Lovato. Ele a
abriu e leu as duas linhas escritas em caligrafia perfeita e precisa.
Ao
voltar a dobrar a carta, uma lembrança lhe veio à mente, no dia que chegou a
Tremore Hall, fazia cinco meses. Hoje não tinha sido o primeiro dia que a
senhorita Lovato tinha lhe surpreendido.
Durante
muito tempo, ele queria escavar as ruínas romanas que tinham em sua fazendo e
imaginava o museu que exibiria suas descobertas. Um lugar onde os apenas os
ricos e privilegiados poderiam conhecer sua historia, mas também
todos
os cidadãos da Inglaterra, sem se importar sua classe social. Não havia nada
disso em Londres.
Sir
Henry Lovato era reconhecido internacionalmente como o melhor restaurador e
antiquário vivo do mundo e Joseph queria o melhor para sua escavação. Demorou
três anos em convencer a sir Henry de aceitar trabalhar para ele. Enquanto,
tinha sido obrigado a contratar a outros, muito menos capacitados e com menos
pericia, mas tinha conseguido convencer sir Henry de voltar para a Inglaterra e
tomar as rédeas de seu projeto.
Entretanto,
não foi esse excepcional cavalheiro a quem encontrou esperando na ante-sala do
grande salão de Tremore Hall aquela tarde de março cinco meses atrás. De pé,
entre as estatuas de bronze, as colunas de mármore verde e as lâmpadas de
cristal da ante-sala, encontrou uma jovem séria de rosto redondo e óculos
dourados, uma mulher que seu mordomo que lhe tinha dito que era a filha de sir
Henry Lovato. Vestida com um velho casaco marrom de viajem, umas botas marrons
de coro grosso e um grande chapéu de palha, com um simples baú aos seus pés,
parecia tão seca como o deserto do Marrocos de onde tinha chegado.
Com
uma suave e educada voz que não exalava nenhum sentimento pessoal, lhe disse
que seu pai tinha morrido e que ela estava ali para ocupar o lugar de sir Henry
e completar a escavação.
A
recusa imediata dele devia tê-la feito correr para a porta, mas não fez isso.
Ignorou totalmente suas palavras como se não tivesse dito nada e falou com ele
em troca de seus conhecimentos e suas experiências de um modo conciso,
enumerando metodicamente todas as razões porque ele deveria permitir que ela
ocupasse o posto de seu pai.
Quando
finalmente, usando seu tom mais autoritário, ela a interrompeu lhe disse que
tinha escolhido ao seu pai porque queria o melhor restaurador disponível e que
não tinha nenhuma intenção de contratá-la e sim seu pai, Demi não discutiu. Não
tentou apelar a seu cavalheirismo nem sua simpatia com nenhuma historia
comovedora sobre o muito que precisava do trabalho. Simplesmente, piscou atrás
de seus óculos e lhe olhando com um rosto inescrutável, como uma pequena e
solene coruja, respondeu muito séria:
—Eu
sou o melhor restaurador disponível.
Ela
ignorou sua risada incrédula e continuou.
—Sou
a filha de sir Henry Lovato que era o melhor. Ele me ensinou e agora ele está
morto, não há ninguém mais qualificado que eu para este trabalho.
Ela
não tinha intenção de contratá-la, mas ele tinha pouca escolha. Para
sobreviver, aceitou e a fim de proteger sua reputação, mandou que o senhor e a
senhora Bennington deixassem sua residência no campo e se instalarem em sua
casa. Assim a senhora Bennington atuaria como sua dama de companhia.
Durante
os cinco meses que a senhorita Lovato estava ali e ela havia podido comprovar
que não tinha exagerado. Sabia mais sobre a antiga Roma e seus tesouros do que
poderia nunca chegar a aprender. Era uma excelente restauradora de mosaicos e
seus afrescos eram de realmente perfeição. Ele queria o melhor e tal como ela
havia lhe dito sem rodeios e era realmente.
Joseph
saiu de seu devaneio e amassou a carta na mão em uma bola. Até o projeto não estivesse
concluído, a senhorita Lovato não iria a parte alguma. Se ele tinha o melhor
restaurador, iria encontrar a melhor maneira de conservá-lo.
o que sera que ele fará agora? hmmmm
ai se voces soubessem no que isso vai dar....
adivinha not de quem ta estragando... huhu \o/ fds levarei pra arrumar, e catarei do irmao ate ele voltar, mas nao se preocupem, a fic ta no meu pendrive para que nao fiquem sem.
onde a merda do carregador fica no not, ta dando mal contato.
bom voltando ao que interessa, Joe vai penar tanto agora que conhece outro lado da Demi....e quando ele conhecer mais so...CALA A BOCA LAIS
bjemi
Cada capitulo que se passa eu fico mais curiosa pra saber o que vai acontecer. Posta logo
ResponderExcluir