Demi
se espreguiçou em sua cadeira com um suspiro e continuou, com a mão apoiada
embaixo do queixo, contemplava o vazio; sonhava com coisas que sabia que nunca
se tornariam realidade.
Ele
era um duque, pensava Demi e ela trabalhava para ele. Há tinha contratado fazia
cinco meses e lhe pagava o generoso salário de quarenta e oito libras ao ano
por ela restaurar afrescos, mosaicos e antiguidades e por confeccionar um
catálogo para o museu que ele estava construindo em Londres. Era um trabalho
exigente, com um patrão exigente, mas estava feliz. Fazia todo o que lhe pedia,
não só porque era seu trabalho, mas também porque estava apaixonada por ele e
amá-lo era para ela um prazer secreto e oculto.
Joseph
se inclinou na banheira de cobre com um suspiro de satisfação. Por Deus, estava
cansado, mas o trabalho havia valido a pena. O piso da sala que ele e os
trabalhadores haviam descoberto essa manhã era extraordinário.
Também
haviam encontrado uma parede inteira cheia de afrescos, danificados e meio
descoloridos, mas que pareciam bem eróticos. Ele devia se lembrar para contar a
Marguerite, especialmente o que mostrava o amo de uma casa como se fosse o deus
Príapo com o pênis em um dos pratos de uma balança e barras de ouro no outro.
Não tinha necessidade de dizer a Marguerite qual lado parecia o mais pesado. As
amantes sempre entendiam esse tipo de piadas.
—Senhor?
Abriu
os olhos e se deparou com Richardson de pé ao lado da banheira com um pedaço de
sabão e um novo balde de água quente. Joseph se mexeu um pouco para que seu
mordomo pudesse lhe lavar o cabelo e desfrutou o aroma do sabão de limão e a
sensação de toda a sujeira e pó de um dia de trabalho.
Quando
Richardson tinha acabado, Joseph se levantou e saiu da banheira. Pegou a toalha
quente que o mordomo oferecia e começou a se secar enquanto este abandonava a
habitação.
Pensar
em Marguerite fez que Joseph pensasse e se desse conta de que fazia meses que
não via a beleza de olhos e cabelos negros. Fazia um ano que era sua amante,
mas apenas a tinha visitado em media meia dúzia de vezes. A escavação de
Tremore havia captado toda sua atenção e o havia mantido longe da casa que ele
tinha comprado nos arredores de Londres.
Joseph
tirou a toalha e penteou o cabelo ainda molhado com as mãos. Depois se dirigiu
ao seu dormitório onde Richardson lhe esperava com uma camisa de linho e um
roupão de seda de jacquard negro e dourado. Levantou os braços para que lhe
passasse pela cabeça a camisa e então a porta se abriu e entrou um empregado.
—Lady
Hammond está aqui, senhor — disse o rapaz fazendo uma reverencia.
—Viola?
—Joseph não esperava sua irmã e olhou surpreendido por cima do ombro do
empregado enquanto seu mordomo lhe abotoava a camisa.
—Quando
chegou?
—Faz
quinze minutos, senhor.
Joseph
proferiu um insulto. Se Hammond havia envergonhado outra vez Viola
com um escândalo iria pegar a cabeça desse canalha.
—Diga
a viscondessa que estarei logo com ela, traga logo o Porto e o Madeira.
—Muito
bem, senhor. Lady Hammond disse que lhe esperaria em sua sala de estar.
O
servo se foi e Joseph colocou os braços das mangas do roupão. Minutos mais
tarde saiu de sua habitação e foi à procura de sua irmã que estava justo na
outra extremidade da passagem. Um serviçal abriu a porta para que entrasse. A
sala era uma fantasia barroca de veludo rosa, brocados brancos e adornos
dourados que combinavam perfeitamente com a beleza dourada e o caráter forte,
mas feminino de Viola.
A
preocupação de Joseph de que a visita se devia a más notícias se dissipou
quando sua irmã o viu e sorriu. Esse sorriso o tranquilizou e meio sorriso
surgiu em seu rosto. Estava feliz de ouvi-la rir. Era muito melhor que ouvi-la
chorar por culpa de seu desgraçado marido.
—O
que você achou tão divertido?
—Você
— disse ela se levantando do sofá—. Parece um decadente turco com esse roupão e
essa expressão no rosto. É como se estivesse a ponto de ordenar que cortassem a
língua de alguém.
—Não,
a língua não — respondeu ele, pegando as mãos—.O que tinha em mente era a
cabeça de Hammond.
Viola
o beijou afetuosamente nas bochechas e ele deu outro de volta. Joseph não lhe
passou despercebido que ela não o olhava nos olhos.
—Não
há necessidade de fazer algo tão drástico, querido irmão — disse e voltou a se
sentar no sofá.
—Você
quer dizer que finalmente decidiu se comportar? —Joseph se sentou na cadeira de
listras rosa e brancas que estava na frente dela.
Antes
que pudesse responder uma criada entrou na habitação com os vinhos Porto e
Madeira e dois copos. Colocou a bandeja numa mesa ao lado de Viola e saiu.
—Você
quer o Porto, é claro — disse Viola e serviu o vinho.
—Está
se comportando ou não? —Joseph se inclinou para frente para pegar o copo das
mãos de sua irmã— Me olha Viola e me conta a verdade.
Viola
olhou em seus olhos.
—A
verdade é que não sei. Hammond não me informa de suas atividades, mas ontem
descobri que seu mais recente passatempo são os banhos de mar.
Pelo
seu tom de voz, Joseph teve certeza que nada havia mudado.
—Hammond
está em Brighton?
—Sua
chegada me obrigou a partir dali imediatamente.
Joseph
franziu a testa.
—Não
podes evita-lo para sempre, Viola. Para melhor e para pior é teu marido e você
passou apenas duas semanas com ele neste último ano. As fofocas estão
desenfreadas. Inclusive chegam até aqui, a Hampshire, já se ouvem.
—Falando
de rumores. — interrompeu ela— Escutei vários sobre ti ultimamente. —Levantou
seu copo e lhe dirigiu um olhar curioso a seu irmão—. É possível que tenha em
breve uma irmã?
Suas
palavras irritaram Joseph. Não porque ela lhe fizera tal pergunta, sim porque
não gostava nada de ser objeto de rumores e especulações.
—Ah.
— disse ele e tomou um gole do Porto— Vejo que as últimas notícias sobre mim
viajaram até Londres e já chegaram até a costa de Brighton.
—Você
pensava que não chegariam? —respondeu Viola sorrindo— O magnífico duque de
Tremore um homem que nunca dança nas festas, que nem morto entraria em
Almack's, que evita as jovenzinhas de linhagem impecável como se tivessem
peste, de repente leva as esmeraldas ducais a Londres para que as limpassem. A
maioria de nossos amigos acredita que é um claro indicio de que vai em breve
haver uma duquesa. Você vai se casar finalmente? Por favor, me fala que sim.
Gostaria muito de saber que você encontrou alguém que te faz feliz.
Ele
estudou o rosto de sua irmã por cima da borda de seu copo sem dizer nada
durante alguns instantes. Como podia uma mulher casada com um homem como
Hammond ser ainda tão otimista sobre a felicidade no casamento?
—Sim,
vou me casar. — confirmou.
Viola
gritou de alegria.
—Oh,
é maravilhoso! Passei todo o caminho imaginando nomes, mas não posso imaginar
quem capturou teu coração. Você esta trancado aqui desde março. Quem é ela?
—Você
não imagina? Uma escolha sobressai acima do resto. Trata-se de Sarah, a filha
mais velha de Monforth.
—Puf!
—Viola estava sobre as almofadas do sofá com uma careta de desgosto— Você não
pode estar falando serio.
—Monforth
é um marquês muito bem relacionado. Lady Sarah será uma excelente duquesa. Ela
é bem educada e tem uma fortuna surtida. Também tem saúde, elegância e é
bastante bonita.
—E
tão inteligente quanto um poste.
Ele
deu de ombros e pegou seu copo.
—Não
tenho intenção de manter conversas intelectuais com ela — disse enquanto bebia
um pouco de Porto—. Que importância tem isso?
—Oh,
Joseph! —Viola se levantou, rodeou a mesa e se sentou no braço da cadeira que
ele ocupava— Lady Sarah não sente nada por você.
—E
o quê que tem?
—Ela
parece doce como mel, mas é só fachada.— continuou Viola, com desgosto
refletindo em sua voz— A única coisa que lhe importa de verdade é o dinheiro e
posição social. Você tem as duas coisas e ela venderia sua alma para
consegui-las.
—Sim.
— concordou ele desapaixonadamente— Ela faria.
pobre Demi, fica sonhando acordada com um homem que nem a nota.
que homem mais sem paixao.
bjemi
dnfhdvyfd apaixonada por essa história, posta mais, bjs
ResponderExcluirPosta logoo
ResponderExcluirAh pobre Demi, ele não pode casar com aquela "gold digger"
ResponderExcluirPosta mais :)
Que capítulo mais lindooo
ResponderExcluirAnsiosa para mais...
Beijos
Ah Lala, como amo suas fics, mas vou ter um ataque com o Joseph de roupão de seda e bebendo Porto.. <3
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