sábado, 22 de abril de 2017

Traição Capitulo 15 PENULTIMO

Joseph adentrou o Imperial Park Hotel dispensando os funcionários que se apressavam em cumprimentá-lo. As portas do elevador estavam sendo mantidas abertas para que ele entrasse e fosse levado ao último andar. Instantes depois, Joseph penetrava na suíte luxuosa geralmente reservada aos hóspedes VIP. O irmão o encontrou na sala de estar e ele o encarou com expressão furiosa.
– Por que não a levou de volta ao apartamento? – Joseph quis saber.
– Ela se tornou histérica à simples menção de voltar para lá – justificou Kevin. – Estava disposta a correr o mais rápido e para o mais longe possível. Tive de prometer que não a levaria de volta para a cobertura. – Joseph soltou um xingamento baixo e fechou os olhos.
Em seguida, ergueu a mão e beliscou o nariz em um gesto extenuado. – Ela está à beira de um colapso – prosseguiu Kevin. –Traga aquela terapeuta até aqui para conversar com Demi. Talvez ela possa ajudá-la.
Joseph encarou o irmão com o olhar penetrante.
– Parece preocupado com ela.
– Demi está gerando meu sobrinho. – Os lábios de Kevin se contraíram em uma linha fina. – É como você disse. Não há nenhum sentimento de culpa na expressão ou nas ações de Demi. Ela age como se tivesse sofrido a mais profunda das mágoas. Foi triste vê-la naquele jeito. De repente, queria fazer tudo que fosse possível para protegê-la daquela dor.
– Onde ela está agora? – perguntou Joseph.
– Dormindo – respondeu o irmão. – Ela adormeceu no caminho para cá e nem se mexeu quando a carreguei pelo elevador e a coloquei na cama.
Joseph se encaminhou ao quarto, determinado a se certificar de que ela estava segura.
Cruzou o aposento imerso em penumbra e estacou ao lado da cama. Mesmo durante o sono, atesta de Demi se encontrava franzida em uma expressão de desespero.
Esticando o braço, ele lhe tocou o rosto e lhe afastou um cacho de cabelos macios para trás da orelha. Demi não se mexeu. O rosto pálido estava recostado contra o travesseiro, emoldurado pelos cachos escuros. Olheiras profundas se destacavam acima das maçãs descoradas do rosto e a vermelhidão das pálpebras deixava claro que ela estivera chorando.
Joseph sentiu uma pontada de dor aguda no peito diante daqueles sinais de estresse.
Enquanto retornava à sala de estar, retirou o celular do bolso para chamar a terapeuta.
Quando terminou, fechou o aparelho e se dirigiu a Kevin.
– Onde a encontrou?
Kevin lhe entregou um drinque.
– Ela estava em um jardim a alguns quarteirões de seu apartamento. – O irmão exibiu uma expressão pesarosa quando o encarou. – Estava descalça, sem um casaco ou suéter. Parecia perdida, sem se dar conta do que acontecia ao seu redor.
Joseph praguejou mais uma vez.
– Tem estado assim desde que recuperou a memória. Theos mou, não sei o que fazer. –
Nunca se sentira tão perdido.
– Ainda crê que Demi seja culpada? – Kevin perguntou em tom de voz baixo.
– Não sei – admitiu Joseph. – Às vezes, penso que isso não importa. – Dirigiu o olhar ao irmão esperando encontrar censura. Em vez disso, Kevin lhe devolveu um olhar compreensivo.
– Quando a vi sentada naquele banco, também achei que não importava – retrucou com voz suave.
A terapeuta chegou alguns minutos depois. Joseph a colocou a par de tudo que aconteceu desde que haviam chegado a Nova York. Apesar do constrangimento que sentia em expor detalhes tão íntimos para a mulher, queria deixá-la ciente de tudo que fosse necessário para que pudesse ajudar Demi. Ele contou toda a história à terapeuta. Desde o confronto que tivera com Demi, vários meses antes, até o presente.
Para crédito da profissional, ela não esboçou nenhuma reação. Recebeu calmamente as informações e pediu para ver Demi.
– Ela está descansando, mas pode entrar e esperar que ela acorde. Não quero que ela fique ainda mais aborrecida e tente fugir.
A terapeuta anuiu e seguiu Joseph na direção do quarto. Quando os dois entraram,
Demi se mexeu. Joseph deu um passo para a frente em um gesto automático, mas a terapeuta ergueu a mão para fazê-lo parar.
– Deixe-me conversar com ela – disse em tom de voz suave.
Apesar do desejo de estar perto de Demi, ele anuiu com um gesto breve diante do pedido da terapeuta e girou para se retirar. Porém, não foi muito longe. Saiu do quarto e se encostou à porta, deixando-a entreaberta para que pudesse ouvir o que estava sendo dito.
Seguiu-se um longo período de silêncio, antes de ele ouvir o murmurar de vozes. A princípio, era a terapeuta quem mais falava enquanto a tranquilizava. Após algum tempo, escutou a voz trêmula de Demi e apurou os ouvidos para captar o que ela dizia.
– Fui ao médico no dia em que Joseph chegaria do exterior. Quando descobri que estava grávida, foi um grande choque. Fiquei preocupada com a reação que ele teria. Queria questioná-lo sobre nosso relacionamento… o que ele sentia por mim.
– Continue. – A terapeuta encorajou.
As perguntas que Demi lhe fizera naquela noite agora faziam sentido, e as próximas palavras o fizeram se encolher.
– Ele me disse que não existia nenhum relacionamento entre nós. Que eu era sua amante. Uma mulher a quem pagava para fazer sexo – Demi acrescentou com voz fraca. Joseph teve vontade de protestar. Marchar para dentro daquele quarto e dizer que nunca a considerara alguém a quem ele pagava para fazer sexo. – E então, ele me acusou de… – A voz de Demi morreu, e Joseph escutou um soluço baixo ecoar no quarto.
– Está tudo bem – tranquilizou a terapeuta.
– Joseph disse que eu o havia roubado. Que havia me apropriado dos projetos de um de seus hotéis e os entregado a seu concorrente. E me expulsou do apartamento.
– E você os roubou?
– Você é a primeira pessoa que me perguntou isso – disse Demi abatida. Mais uma vez
Joseph se encolheu como se tivessem lhe desferido um golpe mortal. Demi tinha razão.
Ele não perguntara. Tudo que fez foi julgá-la e condená-la. – Fiquei perplexa. Ainda não consigo entender. Nunca vi os papéis que ele atirou sobre mim. Não sei por que ele pensou que eu os peguei ou como foi capaz sequer de pensar em um absurdo como esse. – As lágrimas que Joseph ouvia na voz fraca e magoada tiveram o feito de pequenas adagas se cravando em seu peito. A tensão lhe crescia no íntimo até pensar ser capaz de explodir. Uma sensação horripilante lhe percorreu a espinha. O que fizera? – E então…
Mais uma vez Demi se calou vencida pelos soluços. Seguiu-se outro silêncio prolongado, no qual a terapeuta sussurrou palavras tranquilizadoras.
– Conte-me o que aconteceu a seguir.
– Saí do apartamento, mas sabia que teria de voltar no dia seguinte, depois que Joseph se acalmasse para chamá-lo à razão e lhe dizer que estava grávida. Achava que se tivesse a chance de conversar com ele, faria com que reconhecesse o erro que estava cometendo.
– E o que aconteceu? – perguntou a terapeuta com voz suave.
Joseph pressionou o corpo tenso à porta, fervilhando em expectativa.
– Um homem colocou um saco sobre a minha cabeça e me forçou a entrar em um carro. Fui levada para algum lugar da cidade e informada de que permaneceria refém até que pagassem o resgate. Fiquei aterrorizada. Estava grávida e tive medo que fizessem algum mal a mim ou ao meu bebê. – As mãos de Joseph se cerraram em punhos enquanto lutava contra a raiva que se erguia dentro dele. – Eles fizeram duas propostas de resgate – sussurrou Demi. –Joseph recusou as duas. Deixou-me lá. Oh, Deus! Ele me deixou nas mãos daqueles homens. Eu não valia nem mesmo meio milhão de dólares para ele. – Soluços emergiram da garganta de Demi e se transformaram em pranto.
Joseph se viu paralisado pela incredulidade. Mãe de Deus! Nunca havia recebido nenhum pedido de resgate. Nunca! Sentiu uma golfada de fel lhe subir à garganta. Girando, recostou a testa à parede e ergueu o punho cerrado para pousá-lo a alguns centímetros de distância da cabeça. Sentiu a umidade no rosto, mas não fez nenhum movimento para limpar as lágrimas.
Instantes depois, a terapeuta saiu do quarto e ergueu o olhar para encará-lo. Joseph esperava ver condenação, mas encontrou apenas compaixão no semblante da mulher.
– Eu a sedei. Ela estava quase histérica. Demi precisa descansar acima de qualquer outra coisa. A realidade que se apresenta diante dela é muito dolorosa, portanto ela recua. Esse mesmo instinto de autopreservação é que induziu a amnésia. Agora, que não possui mais esse recurso protetor, está lutando para lidar com tudo isso da forma que encontra. Seja gentil e compreensivo com ela. Não a pressione muito. – A mulher lhe deu palmadas leves no braço enquanto se afastava. – Telefone-me se precisar de mim. Virei imediatamente.
– Obrigado – respondeu Joseph com voz rouca.
Quando a terapeuta partiu, ele se deixou afundar no sofá da sala de estar.
– Deus do céu! – exclamou desolado.
– Eu ouvi – disse Kevin com expressão pesarosa.
– Ela nunca roubou nada. – Joseph fechou os olhos e passou uma das mãos pelos cabelos. – Theos! Nunca recebi nenhum pedido de resgate. Demi pensa… pensa que a deixei à mercê daqueles animais, que a detestava a ponto de me recusar a pagar meio milhão de dólares para que a libertassem.
Kevin colocou a mão sobre o ombro de Joseph em um gesto confortador.
– Temos muito o que investigar.
Joseph anuiu. Os pensamentos se aprofundando enquanto deixava de lado a angústia produzida pelas revelações de Demi e se forçava a repassar os eventos daquela noite na cabeça. Quando a percepção o atingiu, se mostrou tão assustadoramente clara que o fez se amaldiçoar por não ter juntado as peças do quebra-cabeça antes. Estava tão furioso, tão ferido com o que considerara ser uma traição de Demi!
– Taylor – disse conciso.
Kevin ergueu uma das sobrancelhas.
– Sua assistente?
– Ela esteve na cobertura pouco antes de eu encontrar os papéis na bolsa de Demi. Taylor deve tê-los plantado lá.
Outro pensamento lhe ocorreu. Um que o deixou nauseado. Qualquer pedido de resgate seria feito para seu escritório. Suas residências eram mantidas em sigilo total. Demi afirmara que ele ignorara os pedidos de resgate, mas agora percebia que tais pedidos deveriam ter sido entregues e interceptados. Por Taylor.
Joseph se ergueu e girou para encarar o irmão.
– Fique aqui com Demi. Certifique-se de que ela não saia daqui e que seja bem cuidada.
Enviarei um médico para examiná-la.
Kevin também se levantou.
– Para onde está indo, meu irmão?
– Descobrir se o que suspeito é verdade – retrucou ele em um tom de voz baixo e letal.
– Espere! – Joseph estacou e voltou a encarar Kevin. – Deveria chamar a polícia. Se a confrontar e ela confessar, de nada adiantará. Apenas você saberá.
Joseph cerrou os punhos pela frustração, mas sabia que o irmão estava certo. Não queria que Taylor escapasse impune depois do que fizera. Ele poderia lhe tornar a vida um inferno, mas ainda assim ela estaria livre. Queria justiça.
Joseph caminhava de um lado para o outro no confinamento do seu escritório em Nova
York enquanto esperava Taylor chegar. Não queria estar ali. Desejava estar ao lado de
Demi. Kevin ficara com ela, e ele fervilhava impaciente. O estado de Demi não se alterara. Mesmo quando acordara, se mostrara distante, desfocada, não parecendo estar ali.
Era como se ela tivesse se retirado para um lugar onde ele não pudesse mais feri-la.
Joseph fechou os olhos e tentou se focar na tarefa que tinha pela frente. Quando ouviu
Taylor entrar, enrijeceu a coluna. Era tudo que podia fazer para não gritar com ela ou lhe quebrar o pescoço fino. Recorreu a todo seu estoque de forças para injetar um sorriso nos lábios e agir como se nada estivesse errado, como se não odiasse até mesmo o chão que aquela mulher pisava.
– Queria falar comigo? – Taylor perguntou ofegante.
– Sim – murmurou Joseph, deixando o olhar lhe percorrer o corpo de modo sugestivo, mesmo enquanto tinha calafrios de repugnância.
Os olhos da assistente se iluminaram e ela logo adotou uma postura sensual.
– Só agora percebi até onde foi para atrair minha atenção – disse ele com uma risada abafada. – As mulheres costumam dizer que os homens são obtusos, mas acho que me excedi nessa categoria.
A confusão se estampou no rosto de Taylor, mas ela se esforçou para manter um semblante inocente. Não poderia saber a que ele estava se referindo, mas em breve tudo ficaria muito claro. Joseph observou a linguagem corporal da assistente. Os olhos eram as janelas da cretina desalmada que era.
– Por que simplesmente não disse que me queria? – perguntou ele com voz sensual. – Isso teria nos poupado muitos problemas. Em vez disso, fiquei preso a um relacionamento que não queria, embora aprecie seus esforços para me livrar dele. – Taylor relaxou e um sorriso frio lhe curvou os lábios. Era estranho, mas Joseph nunca se dera conta de como aquela mulher era repulsiva. – Como planejou isso tudo? – perguntou com voz sedosa.
Joseph escutou, horrorizado, enquanto a assistente relatava tudo que fizera para fazer parecer que Demi roubara os projetos. O sequestro havia sido um bônus, mas, quando o pedido de resgate chegou ao escritório, vira a oportunidade de se livrar de Demi de uma vez por todas.
Estava tão ansiosa em provar sua devoção a Joseph que não percebeu que admitira ter vendido os projetos para o concorrente.
– Então, você roubou os projetos e os entregou a Marcelli. – A voz de Joseph tinha a temperatura de um iceberg e ela se encolheu diante daquele tom. O rosto empalideceu quando percebeu o que acabara de confessar. – E então incriminou Demi, pensando que não apenas lucraria vendendo meus projetos para o concorrente, como se livraria de Demi para que pudesse ocupar seu lugar. – A boca de Taylor se abriu e fechou e Joseph percebeu que a assistente se dera conta de que ele a induzira a confessar e que estava furioso. – Depois, quando os pedidos de resgate chegaram ao meu escritório, você os destruiu esperando o quê, Taylor, que eles a matassem? Que a removessem permanentemente do cenário?
A raiva o fazia tremer. Taylor não passava de uma névoa vermelha diante de seu olhar irado. Tudo que Joseph conseguia ver era Demi, sozinha e assustada. Esperando um filho seu e vulnerável. Pensando não só que ele a odiava, mas que também a abandonara.
Tinha vontade de chorar.
Taylor pareceu se recompor e o encarava com olhar sarcástico.
– Você nunca conseguirá provar isso.
– Não preciso – retrucou em tom de voz suave, pressionando o pequeno botão do interfone em sua mesa. – Pode entrar, detetive.
Taylor oscilou quando três policiais entraram na sala, com expressões austeras.
– Não pode fazer isso! – grasniu ela. – Eu o amo, Joseph. Seria capaz de qualquer coisa por você.
Com um movimento negativo de cabeça, Joseph lhe virou as costas enquanto ela era escoltada para fora do escritório, com as mãos algemadas. Não queria ouvir o que aquela mulher dizia. Tudo que desejava era voltar para junto de Demi.
– Desculpe-me, agape mou – sussurrou ele.
Demi estava levemente ciente de estar sendo carregada nos braços outra vez. Não por
Joseph. Estava intimamente familiarizada com seu toque para saber que não se tratava dele. Por um instante, entrou em pânico, mas depois ouviu palavras confortadoras em grego e em inglês.
– Relaxe, irmãzinha. Você está segura.
– Para onde estamos indo? – perguntou ela com voz fraca.
– Para um lugar seguro – respondeu ele com voz suave. – Joseph não permitirá que nada de mal lhe aconteça.
Demi teve vontade de protestar, dizer que Joseph não seria capaz de fazer nada por ela, mas não conseguia reunir forças. Em algum momento, ouviu a voz de Joseph e amaldiçoou o fato de se sentir imediatamente segura e ter o pânico suavizado.
Sentiu o roçar de lábios contra sua testa e, em seguida, mãos firmes a acomodando na cama.
Dedos lhe acariciaram os cabelos e a envolveram em um casulo de calor reconfortante.
– Você está segura, agape mou. Nunca mais permitirei que ninguém lhe faça nenhum mal.
– Não me chame assim – gritou ela. – Nunca mais. – Ainda assim, Demi se apegou à promessa de Joseph, mesmo que o coração gritasse em protesto. Aquele homem mentira para ela. Não podia acreditar em nada que ele dissesse. Mas mesmo contra sua vontade, se sentiu relaxar e imergir em um sono sem sonhos.
Quando Demi tornou a acordar, sentiu o cérebro aguçado, como não acontecia desde que recobrara a memória. A névoa que lhe cobria a mente se dissipara. Aquilo era bem-vindo, embora praguejasse contra aquele estado de consciência ao mesmo tempo. A confusão havia evaporado, mas com aquela nova clareza veio a inevitável tristeza.
Sentia-se alerta como se tivesse dormido durante uma semana. E talvez tivesse. Não tinha noção do tempo que se passara. Embora seu passado não fosse mais um mistério, os eventos dos últimos dias se encontravam fragmentados.
Com um suspiro relutante, Demi afastou as cobertas e atirou as pernas para fora da cama.
Quando olhou ao redor, percebeu que não tinha noção de onde estava. O quarto era espaçoso e agradável, com várias janelas que permitiam a entrada da luz natural.
Demi se ergueu e caminhou em direção ao banheiro da suíte, os olhos se arregalando diante do tamanho e da suntuosidade. Observou a banheira de hidromassagem com olhar cobiçoso. Embora não soubesse quantos dias haviam se passado, pois tudo se encontrava envolto em um borrão, tinha certeza de que não tomava banho havia algum tempo e mal podia esperar para se sentir limpa e refrescada.
Apoiando o pé no degrau que dava para a banheira, inclinou-se para a frente e girou a torneira para enchê-la de água. Quando ergueu o olhar, se deparou com Joseph parado à soleira da porta e um arquejo lhe escapou da garganta.
Projetando-se imediatamente para a frente, ele lhe segurou o braço para equilibrá-la.
– Desculpe-me se a assustei, pedhaki mou. Não era essa minha intenção. Fiquei preocupado quando vim ver como estava e não a encontrei na cama.
– Queria apenas tomar um banho – retrucou em voz baixa.
– Não quero que fique aqui sozinha – disse ele. – Pedirei a Srta. Cahill para vir até aqui, portanto se precisar de alguma coisa, basta chamá-la.
Demi fechou os olhos por um instante e inspirou profundamente.
– Por favor, basta de mentiras entre nós. Não há necessidade de fingir que sou importante para você…
A desolação se estampou nos olhos âmbar, e o rosto bronzeado adotou uma coloração acinzentada.
– Você é muito importante para mim, agape mou.
Antes que ela pudesse responder, Joseph se retirou do toalete e, dentro de instantes,
Patrice entrou. Em questão de minutos, Demi se encontrou despida e acomodada na banheira aquecida. Não muito quente, assegurou Patrice, pois banhos muito quentes não faziam bem para mulheres grávidas.
Quando emergiu sob as bolhas fragrantes, Demi recostou-se à lateral da banheira e ergueu o olhar a Patrice.
– Onde estamos? E como cheguei aqui? Pensei que você estava em Atenas com o Dr.
Karounis.
– O Sr. Jonas pediu para que eu voltasse para tomar conta de você – revelou a enfermeira em tom tranquilizador. – Parecia desesperado. A ideia de retornar àquele apartamento a aborrecia tanto que ele resolveu trazê-la para cá.
– E que lugar é este? – Demi quis saber.
– A casa dele – informou Patrice paciente. – Estamos a mais ou menos uma hora da cidade.
Aqui é mais calmo e silencioso. Ele achou que você gostaria.
Lágrimas enevoaram a visão de Demi. E ela pensara não ter mais lágrimas para derramar!
Não sabia que Joseph possuía uma casa fora da cidade. Assim como a ilha, aquele era mais um lugar em que nunca estivera durante todo o tempo em que se relacionara com ele.
Mais uma prova de que nunca ocupara um lugar importante na vida de Joseph.
– Ele está muito preocupado com você – disse Patrice com o semblante se suavizando pela compaixão. – Todos estamos.
Demi negou com a cabeça. Joseph a detestava. Nunca a amara, e ela fora tola demais para não perceber isso.
– O que farei? – sussurrou ela para ninguém em particular. Fora uma idiota em ter aberto mão de seu apartamento, emprego e todos os meios de que disponha para cuidar de si mesma quando fora morar com Joseph. Estivera cega demais pelo amor e pela certeza de que teria um futuro com ele.
– Está na hora de sair da banheira – disse Patrice em tom de voz gentil. – Precisa se secar para descer e comer.
Demi permitiu que a enfermeira a paparicasse. Patrice a secou e a vestiu com uma calça comprida confortável e uma blusa de gestante. Demi acariciou o ventre abaulado e sussurrou um pedido de desculpas ao filho ainda não nascido. Não podia se dar ao luxo de colapsar. Seu bebê dependia dela.
Joseph estava esperando quando ela saiu do quarto. Sem nada dizer, ele lhe segurou o cotovelo e a ajudou a descer a escada. Demi permitiu, muito entorpecida para protestar. Ela também optou pelo silêncio. As emoções se encontravam muito conturbadas para tentar ter uma conversa sensata.
Os dois se acomodaram em uma pequena mesa que dava vista para um jardim meticulosamente cuidado. A luz clara da manhã incidia através das portas de vidro e ela se sentiu aquecida pelos raios de sol.
Joseph pousou um prato abarrotado de comida em frente a ela e se acomodou na cadeira oposta. Demi buliu no garfo e começou a afastar a comida de um lado para o outro do prato, evitando-lhe o olhar.
Quando ele suspirou, Demi ergueu o olhar para encontrá-lo a observando. A expressão do belo rosto sombria como se tivesse passado por um verdadeiro calvário. Ela quase soltou uma risada diante do absurdo daquele pensamento. Mas para seu horror, sentiu ardência nos olhos e o rosto de Joseph começou a embaçar.
– Temos de conversar. Há muita coisa que quero lhe dizer. – A voz grave soava estranhamente estrangulada. – Mas antes tem de se alimentar para recuperar as forças. Sua saúde e a de nosso filho vêm em primeiro lugar.
Demi baixou a cabeça, recusando-se a lhe sustentar o olhar por mais tempo. Concentrou-se em comer e logo percebeu que estava de fato com fome.
Demi estava tomando o último gole de suco, quando ouviu uma porta se fechando a distância e, em seguida, os passos determinados de alguém pelo chão. Ela se virou para ver Kevin entrar na sala, com expressão séria.
Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Joseph cravou o olhar no irmão e disse com a rigidez do aço na voz:
– Seja o que for, pode esperar até que Demi termine a refeição.
Kevin lançou um olhar preocupado na direção dela e anuiu em concordância com o irmão.
A raiva fez a garganta de Demi se contrair. O que quer que desejassem conversar, era óbvio que não pretendiam discutir na frente dela. Mas por que o fariam? Achavam que ela era a pessoa que os havia roubado.
Demi se ergueu em um impulso e atirou o guardanapo na mesa. Sem dizer nenhuma palavra, girou e se retirou.
– Demi, não vá – protestou Joseph.
Virando-se, ela lhe dirigiu um olhar furioso.
– Fiquem à vontade para conversar. Detesto atrapalhar. Afinal, alguém que o roubou e traiu sua confiança não é digno de escutar sua conversa.
– Theos, não se trata disso. Demi? Espere, droga! – Mas ela o ignorou e seguiu em frente.
Joseph a observou partir e soltou um xingamento. Sentia-se estrangulado pela impotência.
Como poderia esperar que tudo se resolvesse entre os dois? Girou na direção de Kevin, que também a observava se retirar e franziu a testa. – O que o trouxe aqui com essa urgência? –perguntou.
Kevin enfiou a mão no bolso do paletó e de lá retirou um jornal dobrado. Em seguida, o atirou sobre a mesa em frente a Joseph.
– Isso.
Joseph o desdobrou e xingou em quatro idiomas. A primeira página estampava Demi sendo carregada por Kevin no dia em que fugira do apartamento. Logo abaixo, estavam as fotos dele e de Taylor com uma reportagem que detalhava cada faceta da saga dramática de seu relacionamento com Demi.
Joseph atirou o jornal longe.
– Isso foi obra de Taylor. Nenhum dos meus homens falou com a imprensa.
Kevin anuiu em concordância.
– Como fez com que fosse presa por roubo e pela fraude de interceptar os pedidos de resgate, Taylor deve ter pensando que não tinha nada a perder e tudo a ganhar dando ao público sua versão do suposto relacionamento entre vocês dois.
Joseph se deixou afundar na cadeira e descansou os cotovelos sobre a mesa.
– Amaldiçoo o dia que contratei aquela mulher. Demi poderia ter morrido por causa da minha 
estupidez.
– Você a ama.
Aquela não era uma pergunta e Joseph não a tratou como tal. Era simplesmente a constatação de um fato. Ele a amava, mas conseguira acabar com o amor de Demi não uma, mas duas vezes.
Joseph anuiu e enterrou o rosto nas mãos.
– Não a culparia se ela nunca me perdoasse. Como Demi poderia se nem mesmo eu me perdoo?
– Vá falar com ela. Conserte as coisas entre vocês.
Joseph se levantou. Sim. Estava na hora de tentar acertar as coisas com Demi. Se isso fosse possível.


e o misterio foi resolvido, era a Taylor a culpada
gente,,, estao surpresos que esta acabando a fic?
farei uma enquete domingo depois das 18:00 na pagina do blog no face, 
a proxima historia.
bjemi guys


segunda-feira, 17 de abril de 2017

Traição Capitulo 14

Demi tinha apenas uma vaga ideia do que se passava ao seu redor. Após aquele primeiro mergulho no esquecimento, percebeu estar sendo carregada para dentro de um carro. Ouviu a voz preocupada de Joseph murmurando-lhe palavras ao ouvido, mas se fechou em seu íntimo para tudo que vinha daquele homem.
Quando despertou outra vez, se encontrava deitada em uma cama. Olhando ao redor, reconheceu onde estava e, com isso, foi invadida por uma nova onda de agonia, quente como uma lava, que lhe percorreu todo o corpo e lhe tirou o ar.
Joseph não seria capaz. Certamente não poderia ser tão cruel a ponto de trazê-la para o lugar em que viveram e do qual a expulsara.
Esperou pelas lágrimas, mas curiosamente tudo que sentia era um estranho distanciamento, um vácuo sem fundo, com a necessidade de sair daquele lugar.
Quando se sentou, o olhar se fixou em uma cadeira, próxima à janela, onde Joseph estava adormecido. Encontrava-se tombado sobre o braço da cadeira, com a roupa amarfanhada e a barba de um dia lhe escurecendo a mandíbula.
Demi esperou pelo acesso de raiva, de fúria, porém mais uma vez, tudo que sentiu foi um entorpecimento sufocante e a necessidade de escapar.
Levantou-se da cama, sem perceber as próprias roupas amassadas. Ocorreu-lhe que deveria trocá-las, mas não poderia arriscar acordar Joseph. Não. Precisava sair dali. Não poderia encará-lo sabendo que ele lhe fizera tão terríveis acusações e depois a deixara à mercê dos sequestradores.
O polegar roçou a argola fina do anel de noivado e ela o retirou com um movimento brusco.
O metal era frio contra a palma de sua mão. Com um movimento suave, ela o pousou sobre o criado mudo, girou e saiu.
Com os pés descalços, se encaminhou ao elevador. Sentia o estômago revirar enquanto revivia a noite em que entrara naquele elevador, com o mundo desmoronando ao seu redor e as acusações de Joseph reverberando em seus ouvidos. Como ele fora capaz? Aquele era o único pensamento que espiralava em sua mente até fazê-la ter vontade de gritar para dispersá-lo.
Quando alcançou o saguão, estacou, percebendo que não só o pessoal da segurança de
Joseph estaria guardando a entrada da frente como o porteiro também não a deixaria sair naquelas condições.
Demi girou e se encaminhou, apressada, à entrada dos fundos. Para seu desapontamento, um dos homens que ela reconheceu como pertencente ao destacamento de Joseph se encontrava a postos. Rapidamente, desviou para a entrada de serviço e cruzou o corredor que levava à lavanderia e à sala de manutenção. Minutos depois, Demi abriu uma porta e saiu para a luz pálida que prenunciava o amanhecer.
Joseph acordou com a sensação de um monstro grudado em seu pescoço e mudou deposição na cadeira pequena para aliviar o desconforto. Quisera passar a noite com Demi em seus braços, mas mesmo entorpecida, ela resistira a cada toque seu, se mostrando incomodada até que não lhe restasse outra alternativa, a não ser deixá-la sozinha na cama.
Acatara o conselho do médico que estava no hotel e telefonara para uma terapeuta assim que retornara para o apartamento com Demi. Marcara uma sessão para aquela manhã.
Esperava apenas que ela estivesse em condições para iniciar a terapia.
Quando o olhar de Joseph se fixou na cama e a viu vazia, se levantou da cadeira de um salto. Começou a se precipitar para fora do quarto, mas o brilho de algo sobre o criado mudo lhe atraiu a atenção. Quando constatou que se tratava do anel de noivado, a garra do medo lhe apertou o peito. Sem esperar mais nada, disparou pelo apartamento, procurando de cômodo em cômodo, com pânico crescente. Demi não se encontrava em lugar algum.
Enquanto entrava no elevador, retirou o celular do bolso e começou a discar. Quando chegou ao saguão, correu em disparada, quase colidindo com Stavros.
Joseph segurou o homem pelo colarinho e o puxou para perto.
– Onde ela está?
O segurança pestanejou várias vezes surpreso.
– Nós não a vimos, senhor. Nenhum de nós. Ela estava com o senhor.
Joseph o empurrou para o lado com um xingamento violento.
– Ela fugiu. Chame todos os seus homens. Quero que a encontrem imediatamente – dizendo isso, se encaminhou à entrada para questionar o porteiro, mas o homem parecia tão perplexo quanto os seguranças.
Quando girou, Joseph se deparou com vários membros da equipe de sua escolta reunidos no saguão, sendo questionados por um Stavros furioso.
Theos! Para onde ela poderia ter ido? Demi não estava em condições de vagar por Nova York e as pessoas que a sequestraram ainda estavam soltas.
A preocupação lhe comprimia o peito como um trator. Girou, decidido a sair para procurá-la pessoalmente, quando viu Kevin entrar.
– Joseph – disse ele em saudação. – Estava subindo para visitá-lo. Como está Demi?
– Ela fugiu – respondeu Joseph com semblante austero.
Kevin ergueu uma das sobrancelhas.
– Fugiu? Mas como?
– Não sei – retrucou Joseph frustrado. – Desapareceu. Tenho de encontrá-la.
Kevin colocou a mão no ombro de Joseph e o segurou firme.
– Nós a encontraremos.
– Há algo estranho nesta situação – disse Joseph com voz fraca. – Algo que não faz sentido. Não consegui ver nenhum sentimento de culpa estampado no rosto de Demi quando ela recuperou a memória. Apenas uma completa devastação, como se tivesse sido ela a ser traída. Ficou tão perturbada que teve de ser sedada e, mesmo em seu torpor, se mostrava extremamente irritada. Demi não está em seu normal. Tenho medo do destino que ela tenha tomado. Seu estado mental está alterado.
– Eu o ajudarei – Kevin afirmou em tom de voz tranquilizador. – Não se preocupe. Nós a encontraremos.
Demi estremeceu quando se sentou no banco de pedra frio e abraçou o corpo trêmulo.
Baixou o olhar aos próprios pés, mas não conseguia se repreender por ter saído no frio sem sapatos ou casaco. Seu único pensamento era se afastar o mais rápido possível. Não poderia encarar Joseph naquele momento.
Agora sabia por que fora atraída para aquele lugar. Seu ponto de reflexão. Horas antes daquela noite fatídica, havia se sentado ali, temendo a reação de Joseph à sua gravidez. E tinha razão em temer. Ele não acreditava nela. Não a amava. Abandonara-a à própria sorte com os sequestradores.
Demi se recusava a permitir que as lembranças lhe voltassem à mente. Eram muito dolorosas. Ao menos agora percebia por que escolhera esquecer. Todas aquelas semanas convivendo com o medo enquanto seus sequestradores esperavam que lhes atendessem as exigências haviam empalidecido comparadas à traição de Joseph recusando-se a atendê-las.
Como alguém podia ser tão frio? Não seria capaz de pagar uma quantia ínfima em dinheiro para soltar qualquer pessoa? Até mesmo um completo estranho? Nunca imaginara que ele fosse tão desalmado.
Entretanto aquele homem a mantivera à margem de sua vida, sem um mínimo de consideração. Fora apenas amante dele. Alguém com quem ele saciava sua luxúria e nada mais. Tola fora ela em se apaixonar por Joseph. Não uma, mas duas vezes.
Um gemido fraco lhe escapou dos lábios e Demi fechou os olhos quando a dor a assolou mais uma vez. Nunca se sentira tão ferida, tão completamente perdida.
As mãos se fecharam em torno do abdômen abaulado e lágrimas que ela julgara congeladas começaram a lhe rolar pelo rosto.
Como Joseph fora capaz de uma farsa tão desprezível? Deveria saber que em algum momento ela recuperaria a memória e, ainda assim, passara semanas a cortejando, fazendo com que se apaixonasse por ele outra vez. Fingindo lhe ter afeição. E paixão. A pergunta era: por quê?
Teria sido aquilo uma teia milimetricamente urdida para puni-la? Para fazê-la sofrer ainda mais? Nunca imaginara que Joseph pudesse ser tão cruel, mas aquilo provava apenas o pouco que conhecia do homem a quem se entregara.
Demi permaneceu lá, balançando-se para a frente e para trás. Os braços envolvendo o abdômen em um gesto protetor. O vento se tornou mais intenso, fazendo um arrepio lhe percorrer a espinha, mas ela ignorou o desconforto.
– Demi?
O nome foi dito com certa cautela e soou distante. Quando ela ergueu o olhar, um homem se encontrava parado a alguns metros de distância, com olhar preocupado. Demi o reconheceu.
Kevin. Não era de se admirar que ele tivesse sido tão resistente à ideia de Joseph se casar com ela. Julgava-a uma ladra, assim como o irmão. Aquilo era mais do que podia suportar.
Demi abraçou o próprio corpo com mais força ainda e baixou o olhar, determinada a esconder as lágrimas.
Kevin se agachou diante dela e pousou uma das mãos em seu punho.
– Preciso levá-la de volta, pedhaki mou. Não é seguro para você ficar aqui fora – disse ele com voz suave.
Demi se encolheu diante do tratamento carinhoso. Aquele era o apelido que Joseph usava para se referir a ela e não queria mais escutá-lo. Ela negou com um gesto de cabeça e ergueu a mão como se estivesse se protegendo.
Kevin baixou o olhar aos pés descalços de Demi e xingou baixo.
– Está frio e não deveria ter saído descalça. Deixe-me levá-la de volta para casa.
Demi se encolheu com um movimento brusco.
–Não – disse, balançando a cabeça vigorosamente. – Não quero voltar para lá –acrescentou, deslizando pelo banco de pedra. A superfície áspera atritando com o tecido da roupa.
Kevin esticou a mão para impedir que ela escapasse.
– Pense no bebê. Deixe-me levá-la de volta. Você está fria.
– Não voltarei para aquele apartamento – disse ela desesperada, levantando-se, pronta para sair em disparada.
Kevin a encarou com olhar tristonho.
– Não posso permitir que fuja. Você está obviamente perturbada e não está agasalhada.
Os olhos azuis se encheram de lágrimas.
– Por que se importa? Eu o roubei, lembra-se? Sou apenas a vagabunda que armou uma cilada para o seu irmão e tentou destruir sua empresa – disse ela amargurada.
O olhar de Kevin suavizou.
– Se eu prometer não a levar de volta ao apartamento, virá comigo? Não posso deixá-la aqui desse jeito.
Demi oscilou e ele a segurou quando seus joelhos cederam. Kevin a ergueu nos braços e se afastou dali.
Demi sentiu o corpo todo tenso.
– Por favor, deixe-me em paz – suplicou.
– Não posso fazer isso, irmãzinha.
– Sou apenas a prostituta do seu irmão – disse ela, permitindo que uma nova onda de angústia a invadisse.
Kevin a segurou ainda mais firme.
– Theos! Nunca mais repita isso.
Demi girou o rosto, recostando-o ao ombro largo, enquanto grossas lágrimas lhe banhavam os olhos. Ela os fechou e se permitiu flutuar mais uma vez para a inconsciência. Era tão fácil fugir da realidade quando havia tanto do que queria escapar. Amaldiçoou o momento em que recobrou a memória. Aquilo a havia destruído.


desculpem demora, hoje nao estou muito legal (leia-se doente), mas ai esta.
e agora o que sera que vai acontecer com esses dois?
bom é isso bjemi 

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Traição Capitulo 13

Demi  ajeitava e puxava o vestido enquanto admirava sua aparência no espelho. As safiras faiscavam em suas orelhas e no colar que fazia conjunto e lhe ornava o pescoço.
– Está linda, agape mou.
Quando ela girou, se deparou com Joseph . Demi  não pôde evitar um arquejo diante da aparência daquele homem. O terno preto de corte perfeito se ajustava com perfeição ao corpo forte, valorizando-lhe a estrutura muscular. A camisa branca contrastava com a pele bronzeada e compunha um conjunto arrebatador com os cabelos negros e os olhos dourados.
Para ser sincera, Demi  tinha de admitir que estava babando.
– Você também – conseguiu dizer por fim.
Joseph  soltou uma risada abafada e se aproximou.
– Lindo? Certamente pode achar adjetivo melhor.
– Estonteante? Devastadoramente belo? Tão deslumbrante que estou tentada a me atirar sobre você e arrancar suas roupas?
– Essa linha de pensamento me agrada.
– Não estava brincando – murmurou ela.
– Está pronta? O carro está nos aguardando.
Demi  deixou escapar um profundo suspiro e girou o anel de noivado no dedo com a pontado polegar.
– Na medida do possível.
Joseph  a tomou nos braços.
– Não será tão ruim assim. Ficarei ao seu lado a noite toda.
Demi  se colocou nas pontas dos pés para beijá-lo.
– Sou uma covarde. E não me importo em admitir.
Joseph se deteve lhe explorando os lábios, movendo-se com uma sensualidade que a deixou fraca e ofegante. Quando se afastaram, Demi percebeu que ele se encontrava igualmente afetado.
– Acho que devemos partir agora – disse ele com voz rouca. – Do contrário, não iremos a nenhum lugar.
Quando chegaram ao hotel, Demi viu várias limusines enfileiradas no caminho circular do lado de fora da entrada principal. Engoliu em seco, nervosa, ao observar as pessoas brilhantes e glamourosas que desciam dos carros e entravam no hotel. De repente, se sentiu mal vestida e despreparada.
Quando chegaram à entrada principal, a porta do veículo se abriu e Joseph saiu para ajudá-la a descer. Demi  encaixou o braço firmemente ao dele e os dois entraram no hotel.
Sentiu um frio congelante no estômago enquanto os dois adentravam o imenso salão. Uma banda de jazz executava os acordes suaves em um pequeno palco ao fundo. Garçons circulavam com bandejas repletas de taças de vinho e champanhe, enquanto outros ofereciam uma refinada seleção de hors d’ouvres.
Joseph murmurou algo para um dos garçons enquanto retirava uma taça de vinho da bandeja e, momentos depois, o homem retornou com um copo de água mineral para Demi.
Enquanto olhava ao redor, com o copo em uma das mãos, ela gemeu mentalmente ao avistar
Kevin, Nick e Taylor. Embora soubesse que eles estariam presentes, esperara sinceramente poder evitá-los o máximo possível. Mas aquilo não seria possível, pensou ao ver Kevin cruzar o salão na direção de Joseph.
Sua primeira reação foi se desculpar e se encaminhar ao toalete feminino, mas Joseph lhe segurou o braço com força como se previsse o que ela pretendia fazer.
– Joseph  – disse Kevin como forma de cumprimento. Varrendo Demi com o olhar, ele lhe ofereceu o mais breve dos acenos de cabeça. Ao menos, não era uma total reprovação ou o homem teria lhe oferecido uma carranca.
Demi ouviu enquanto os dois trocavam amabilidades e, em seguida, Kevin gesticulou na direção de Nick e um distinto senhor que se encontrava ao lado dele. Permaneceu parada quando Joseph se encaminhou na direção do outro irmão, mas ele a puxou para que o acompanhasse, aumentando-lhe o temor.
Nick franziu a testa quando eles se aproximaram. O homem mais velho exibiu um sorriso largo e cumprimentou Joseph de maneira polida. Uma mulher que Demi presumiu ser a esposa do homem, também ofereceu uma entusiasmada saudação.
Joseph  a puxou para frente.
– Sr.  e Sra. Vasquez, gostaria de lhes apresentar Demi Lovato. Demi , este é o Sr.
Vasquez e sua esposa. Vieram do Brasil em viagem de negócios.
Demi sorriu e trocou gentilezas com o casal mais velho, relaxando em seguida, contra o corpo de Joseph. Nick estava sendo educado, e Kevin se juntou ao grupo, deixando de lado a completa indiferença com que a tratara momentos antes. Talvez fosse capaz de suportar aquela noite, afinal.
Joseph lhe segurou a mão e a apertou, girando para os demais do grupo, em seguida, com uma estranha tensão no semblante.
– Demi  aceitou ser minha esposa. Planejamos nos casar durante nossa estadia em Nova
York. Ficaríamos honrados se pudessem comparecer.
Um arquejo alto soou às costas de Joseph , e Demi  virou-se para se deparar com
Taylor parada a alguns centímetros de distância, com uma expressão chocada no rosto. A assistente recobrou o controle rapidamente, mas não o suficiente para impedir Demi de imaginar por que ela parecia tão perplexa com a notícia. Quando tornou a virar-se, apenas os Vasquez pareciam felizes com a notícia.
As expressões de Nick e Kevin refletiam o mesmo choque de Taylor. Em seguida, a surpresa inicial deu lugar à patente desaprovação. Joseph lhes dirigiu olhares de repreensão, mas Demi se viu completamente perdida. Estremeceu ao lado dele, e a mão forte apertou a dela como se ele entendesse seu desejo sair correndo dali.
Como poderia o anúncio daquele casamento ser uma novidade? Estavam noivos antes do acidente e, ainda assim, todos agiam como se aquilo fosse um acontecimento inesperado. E desagradável.
Após as educadas congratulações dos Vasquez e de outras pessoas ao redor que escutaram o anúncio, a conversa mudou para assuntos triviais. Demi permaneceu em silêncio, alheia ao falatório ao seu redor. Joseph afrouxou a força com que lhe segurava a mão, mas lhe envolveu a cintura com um dos braços a ancorando firme contra o próprio corpo. Não havia como escapar, não importava o quanto ela desejasse.
A conversação mudou para a possibilidade da construção de um hotel no Rio de Janeiro e, embora Demi permanecesse em silêncio, apenas observando os outros, o braço forte nunca lhe abandonou a linha da cintura.
À medida que a noite se prolongava, mais pessoas se aproximavam para oferecer suas congratulações pelo iminente casamento e logo o salão fervilhava com a notícia. O sorriso permanente que Demi estampava no rosto estava começando a enfraquecer. Como se lhe sentisse o desânimo, Joseph a guiou para a pista de dança enquanto o lento jazz flutuava melodiosamente pelo ambiente.
Demi  suspirou, derretendo-se no círculo seguro daqueles braços fortes.
– Obrigada. Precisava de uma pausa.
Joseph  sorriu e inclinou a cabeça para lhe morder de leve um dos cantos dos lábios.
– É a mais bela mulher neste salão. Todos os homens a observam com olhares apetitosos, o que basta para eu querer nocauteá-los.
– Hummmm, por mais que goste dessa atitude viril, prefiro que me leve para casa e exercite essa arrogância masculina de outra forma.
– Está me tentando.
Demi  lhe dirigiu um sorriso sedutor.
– Estou falando sério.
Joseph  suspirou.
– Por mais que essa ideia me agrade, acho que terei de permanecer aqui durante toda a recepção. Se for muito cansativo para você, posso pedir que Stavros a leve de volta ao apartamento.
Como se ela fosse deixá-lo ali com Taylor, a “Miss Super Assistente”!
Apesar do fato de os irmãos de Joseph e de Taylor estarem decididos tratá-la como uma pária, havia muitos outros que lhe eram gentis e a incluíam em suas conversas. Demi  sedescobriu gostando da atmosfera festiva, apesar do início de noite desfavorável.
Estava ficando tarde quando Joseph  se inclinou para lhe falar ao ouvido.
– Tenho de conversar com meus irmãos. Ficará bem sozinha por alguns instantes?
– Claro, seu bobo – retrucou ela com um sorriso. – Vou ao toalete feminino. Pode ficar à vontade.
Joseph  lhe depositou um beijo nos lábios e se encaminhou na direção dos irmãos.
Demi  se demorou no toalete. O lugar lhe proporcionou um excelente descanso do falatório interminável e dos olhares animosos que lhe eram lançados pelos membros do clã Jonas.
– Não pode se esconder aqui para sempre – disse a si mesma. Aprumando os ombros, saiu do toalete e retornou ao salão. Quando passou por uma sala de reuniões pequena, ouviu a voz de Joseph pela porta entreaberta. Hesitou e estacou, decidindo se devia prosseguir ou esperar por ele ali.
As palavras que ouviu a seguir tomaram a decisão por ela.
– Droga, não há necessidade de se casar com ela. Coloque-a em um apartamento qualquer até que a criança nasça. Não se case com essa mulher e permita que ela tenha acesso a tudo que possui.
Demi  entreabriu a boca em choque diante do discurso irado de Nick.
– Ela está esperando um filho meu – retrucou Joseph  em tom frio. – Se optei por me casar com ela, não é problema de nenhum dos dois.
Demi  se aproximou da porta, não se importando se a vissem. Que direito tinha Nick de falar com Joseph daquela forma?
– Não pode se casar com ela! – Soou o grasnido alto de Taylor. – Esqueceu-se de como ela o roubou? De que ela tentou arruinar sua empresa? Se precisa de alguma justificativa, basta olhar para os hotéis que estão sendo construídos em Paris e Roma. Seus hotéis, Joseph. Agora estão sendo erguidos sob o nome de seu concorrente.
Uma neblina varou a mente de Demi. Fervente. Como uma colmeia de abelhas ferozes, fragmentos de informação zumbiam em seu cérebro. E, de repente, era como se uma represa se abrisse. A porta trancada que se esforçara tanto para abrir, se escancarou e o passado a transpôs como uma enchente de velocidade assustadora.
Demi oscilou e se agarrou ao batente da porta com força. A náusea lhe revirando o estômago enquanto cada momento espocava em sua mente como um filme avançando rapidamente.
A acusação de roubo que Joseph  lhe atirara no rosto. A expulsão de seu apartamento, de sua vida. O sequestro, os meses que ela passou em um temor esperançoso, aguardando que Joseph atendesse à exigência do resgate. Exigências que ele ignorara.
Oh, Deus! Iria vomitar.
Joseph a deixara. A descartara como um lixo. Meio milhão de dólares, uma quantia ínfima para um homem com aquelas posses, fora a soma que ele se negara a pagar para que ela fosse libertada.
Tudo não passara de uma mentira. Ele lhe mentira sem parar desde que acordara naquele leito de hospital. Ele não a amava ou a desejava, mas sim a desprezava.
Não valera sequer meio milhão de dólares para ele.
Uma dor intensa comprimia o peito de Demi  enquanto ela se sentia despedaçar. Tudo que acreditara ser verdade de repente eclipsou. Sentia o coração rachar e se desmantelar aos seus pés. Joseph nem ao menos tentara salvá-la.
O grito angustiado que lhe escapou da garganta ecoou na sala. Demi levou a mão aos lábios, mas era tarde demais. Todos giraram na direção dela. Kevin se encolheu e um estranho desconforto se estampou no rosto de Nick. Os olhos de Demi encontraram os de Joseph e a verdade se estampou nas íris douradas quando se deu conta de que ela havia recuperado a memória.
Quando ele começou a cruzar a sala na direção dela, Demi  recuou, cambaleando para trás.
Oh, Deus! Não podia enfrentar aquilo. Lágrimas lhe embaçavam a visão. A imagem do rosto pálido de Joseph apenas a estimulou a dar o próximo passo. Ela saiu em disparada pelo corredor na direção do saguão. Joseph  gritou seu nome, mas ela não parou. Soluços emergiam do peito de Demi  e explodiam sem que os controlasse. Ela tropeçou, mas recobrou o equilíbrio e se projetou para a frente. Atrás dela, Joseph  praguejava e a chamava.
Demi  corria na direção da saída sem um destino definido na mente. Estava quase lá quando colidiu contra uma montanha. Stavros se interpôs diante dela e a segurou. Demi explodiu em fúria, chutando e socando. Seu único pensamento era escapar dali para o mais longe que pudesse.
Conseguiu se soltar e cambaleou para a frente, caindo ao chão. No mesmo instante, Stavros se ajoelhou ao lado dela, lhe perguntando se estava bem e Demi  soube que não havia como escapar.
Uma dor intensa lhe varou o corpo como se inundada por um córrego interminável de agonia. Ela fechou os olhos no momento em que as mãos fortes de Joseph escorregavam sob seu corpo. Em tom de voz ansioso, ele lhe perguntava se havia se machucado, mas Demi se viu incapaz de responder. Dobrou o corpo, enroscando-se no chão sem se importar com o fato de estar no meio do saguão do hotel.
Joseph a ergueu e ela o ouviu chamar seu nome. Xingamentos irritados lhe escapavam dos lábios, antes de ele bradar ordens para que alguém chamasse um médico. Em seguida, se afastou do saguão barulhento e, instantes depois, entrou em um quarto vazio do hotel.
Tão logo Joseph  a pousou na cama, ela voltou a se enroscar, afastando-se dele.
Encolheu-se quando Joseph  lhe pousou uma das mãos sobre o corpo, com um toque suave.
– Tem de parar de chorar, agape mou, ou acabará passando mal.
Demi  já estava passando mal, pensou entorpecida. Seu coração havia adoecido. Ela fechou os olhos, mas ainda assim, grossas lágrimas lhe rolaram pelo rosto e Joseph as limpava com os dedos.
Sua única vontade era escapar. Ir para algum lugar em que não sentisse tanta dor. Através de uma névoa, ouviu Joseph  conversar com um médico. Instantes depois, sentiu uma picada no braço, mas não reagiu. Não se importava. E então, começou a flutuar, agradecida pela suavização da dor. A mente se tornou indistinta enquanto o véu do esquecimento pousava sobre ela. Esquecimento. Ansiava por esquecer. Mergulhar no vazio e despencar para um lugar onde não havia dor nem traição.
Joseph caminhava de um lado para outro ao pé da cama de Demi enquanto o médico do hotel lhe aplicava um sedativo. Ela se encontrava sob forte estresse, e o médico agiu rapidamente para prevenir maiores danos.
Quando terminou de administrar a medicação, se afastou da cama e o encarou com expressão severa.
O medo era como uma garra esmagando o peito de Joseph .
– Ela está bem? A criança está bem?
O médico gesticulou para que se afastassem da cama, onde Demi  permanecia imóvel agora.
– Os danos que ela sofreu não são físicos. Se fossem, eu poderia ser de alguma utilidade.
Mas o estresse de Demi  é mental. Se é verdade o que disse e ela recuperou memória, foi isso que lhe causou uma dor imensurável.
Joseph  se remexeu impaciente.
– O que pode ser feito? Ela não pode ficar como está. Deve haver algo que possamos fazer.
A visão do rosto pálido de Demi , com os olhos arregalados pela devastação tinha o efeito de uma facada em suas entranhas.
– Deve levá-la de volta para casa, para um lugar que lhe seja mais familiar. Ela precisa de um médico, não para seu bem-estar físico, mas que possa ajudá-la no aspecto psiquiátrico.
– Está se referindo a um terapeuta? – Joseph  perguntou com semblante sombrio.
– Este é um momento muito delicado – preveniu o médico. – Demi está muito frágil. A recordação de eventos extremamente traumáticos pode lhe causar um colapso. – Com expressão compassiva, o homem apertou o ombro de Joseph. – Isso vai ser difícil, mas talvez seja melhor. É bom que ela tenha recuperado a memória, mesmo que isso lhe cause um grande estresse.
Joseph  não tinha tanta certeza disso. O fato de Demi ter recuperado a memória, implicava em saber que ele a expulsara de seu apartamento, colocando-a praticamente nas mãos dos sequestradores. Também se lembraria das palavras ofensivas que lhe atirara ao rosto. E recordaria o papel que ela desempenhara em toda aquela confusão.
Joseph  passou uma das mãos pelos cabelos. Parte dele desejava que Demi nunca tivesse recobrado a memória. Haviam construído um novo relacionamento, sem as mentiras e traições do passado. Algo o intrigava ao mesmo tempo em que aqueles pensamentos lhe preenchiam a mente.
Não teria Demi  motivos para se sentir culpada ao recuperar a memória? Tudo que vira refletido naqueles olhos azuis fora mágoa. Uma profunda e terrível mágoa. Não havia culpa, nenhuma vergonha pelo fato de tê-lo roubado. Apenas um sofrimento tão extremado que ele ainda podia sentir a faca que parecia ter sido enterrada em seu peito ao ouvi-la gritar e fugir dele.
Uma sensação incômoda o invadiu. Não conseguia afastar o pensamento de que havia coisas que não o agradariam enterradas na memória de Demi.




e a felicidade do casal acabou, a memoria dela voltou, e agora?
bjemi