domingo, 28 de outubro de 2018

O Diário Secreto da Senhorita Demetria Cheever Capitulo 19 PENULTIMO


—Demetria, está certa de que se encontra bem? — Perguntou Selena quando Adam mandou chamar um servente. — Está muito estranha.
—Faz que venha sua mãe — grasnou Demetria. — Agora.
—É...?
Demetria assentiu com a cabeça.
—OH, Meu Deus! — Disse Selena engolindo saliva. — É o momento.
—Que momento? — Perguntou Adam com irritação. Então espionou a expressão aterrorizada de Demetria. — Por todos os Santos! Esse momento.
Cruzou com longos passos a sala e pegou a esposa nos braços, inconsciente do modo em que suas saias empapadas manchavam a fina malha de sua jaqueta.
Demetria se agarrou ao poderoso corpo, esquecendo todos seus votos de permanecer indiferente diante dele. Sepultou seu rosto na curva de seu pescoço, permitindo que sua força se filtrasse nela. Ia necessitála nas horas vindouras.
—Pequena tola — murmurou. — Quanto tempo você está aí sentada com dores?
Decidiu não responder, sabendo que a verdade só lhe proporcionaria uma reprimenda.
Adam a levou para um quarto de convidados que havia sido preparado para o parto. No momento em que a deitou na cama, Lady Rudland se precipitou dentro.
—Muito obrigada, Adam — disse rapidamente. — Mande chamar o médico.
— Brearley já se encarregou disso — respondeu, olhando para baixo, Demetria com expressão ansiosa.
—Bem, então, vá se mantiver ocupado. Tome uma taça.
—Não tenho sede.
Lady Rudland suspirou.
—Tenho que lhe explicar isso mais detalhadamente, filho? Vai!
—Por quê? —Adam parecia incrédulo.
—Não há lugar para os homens em um parto.
—Certamente houve suficiente lugar para mim antes — resmungou.
Demetria ruborizou com um profundo carmesim.
—Adam, por favor — rogou.
Ele a olhou.
—Quer que eu vá?
—Sim. Não. Não sei.
Ele colocou as mãos nos quadris e confrontou a mãe.
—Acho que deveria ficar. Também é meu filho.
—OH, muito bem. Só se aproxime daquele canto e fique fora do caminho. —
Lady Rudland agitou seus braços, espantandoo.
Outra contração pegou Demetria.
—Eeeengh — gemeu.
—O que foi isso? — Adam saiu disparado para o lado dela de um salto. — Isto é normal? Se ela estiver...
—Adam, calese! — Disse Lady Rudland. — Vai preocupála. — Inclinouse para Demetria e pressionou um pano úmido em sua testa. — Não de ouvidos, querida.
É absolutamente normal.
—Eu sei. Eu... — Fez uma pausa para tomar fôlego. — Poderia tirar este vestido?
—OH, Meu Deus! É obvio. Sinto tanto. Esqueci por completo. Deve estar tão incômoda. Adam venha aqui e me dê uma mão.
—Não! — Exclamou Demetria bruscamente.
Ele parou em seco e seu rosto ficou frio.
—Quero dizer, ou faz você ou ele — disse Demetria a sogra. — Mas não ambos.
—É o parto o que fala — disse Lady Rudland docemente. — Não está pensando com claridade.
—Não! Ele pode fazêlo, se você quiser, por que... Viume antes. Ou você pode fazêlo porque é uma mulher. Mas não quero que me olhe enquanto ele me vê. Não entende? — Demetria agarrou o braço da mulher mais velha com uma força inusitada.
Atrás, no canto, Adam reprimiu um sorriso.
—Deixarei que faça as honras, mãe — disse mantendo a voz inexpressiva para assim não começar a rir. Com uma brusca inclinação de cabeça, deixou o recinto.
Obrigouse a andar até a metade do corredor antes de deixarse levar pela risada. Que pequena coleção de escrúpulos tão graciosos tinha sua esposa.
De volta ao quarto, Demetria estava apertando os dentes ante outra contração quando Lady Rudland lhe tirou o vestido estragado.
—Ele foi? — Perguntou. Não confiava em que ele não desse uma olhadinha.
Sua sogra assentiu com a cabeça.
—Não nos incomodará.
—Não é um incomodo — disse Demetria, antes que pudesse pensar bem nisso.
—É obvio que é. Os homens não têm lugar durante o parto. É sujo e doloroso, e nenhum deles sabe o que fazer para ser útil. O melhor, é deixar que se sente do lado de fora e que reflitam todos os modos em que eles deveriam nos recompensar pelo árduo trabalho.
—Comproume um livro — sussurrou Demetria.
—Ele? Estava pensando em diamantes.
—Também seria agradável — disse Demetria fracamente.
—Deixarei cair uma indireta em seu ouvido. —Lady Rudland terminou de colocar Demetria na camisola e afofou os travesseiros atrás dela. — Pronto. Está cômoda?
Outra dor agarrou seu ventre.
—Não. Realmente — apertou entre dentes.
—Foi outra? — Perguntou Lady Rudland. — Meu Deus! Vêm muito seguidas.
Este pode ser um nascimento extraordinariamente rápido. Espero que o Doutor Winters chegue logo.
Demetria conteve o fôlego quando remontou outra onda de dor, assentindo com a cabeça seu acordo.
Lady Rudland tomou sua mão e a apertou com seu rosto enrugado com empatia.
—Se a faz sentirse um pouco melhor — disse, — isto é muito pior com gêmeos.
—Não o faz — ofegou Demetria.
—A faz se sentir um pouco melhor?
—Não.
Lady Rudland suspirou.
—Não pensei que o faria realmente. Mas não se preocupe — acrescentou animandose um pouco. — Tudo acabará logo.
Vinte e duas horas mais tarde, Demetria queria uma nova definição da palavra logo. Seu corpo inteiro estava sacudido pela dor, sua respiração vinha em estertores irregulares e sentia como se verdadeiramente não pudesse abastecer de suficiente ar a seu corpo. E as contrações continuavam vindas cada uma pior que a última.
—Sinto que vem uma — gemeu.
Lady Rudland imediatamente esfregou sua testa com um pano frio.
—Só empurra, amor.
—Não posso... Estou muito... Droga! — gritou usando o epíteto favorito de seu marido.
No corredor, Adam ficou rígido quando a escutou gritar. Depois de conseguir que Demetria mudasse o vestido manchado, sua mãe o levou para fora do alcance do ouvido e o convenceu de que seria melhor para todos se ficasse no corredor. Selena havia trazido duas cadeiras de uma sala próxima e diligentemente lhe fazia companhia, tentando não estremecer quando Demetria gritava de dor.
—Isso soou mal — disse nervosamente, tentando conversar.
Ele a fulminou com o olhar. Que palavras mais inoportunas!
—Estou segura que tudo terminará logo — disse Selena com mais esperança que certeza. — Não acredito que isto possa piorar muito.
Demetria gritou outra vez, claramente em agonia.
—Ao menos não acho que tanto — acrescentou Selena fracamente.
Adam enterrou o rosto nas mãos.
—Não vou voltar a tocála jamais — gemeu ele.
—Não vai voltar a me tocar jamais! — Ouviram o rugido da Demetria.
—Bom, não parece que terá muita discussão com sua esposa sobre esse assunto — gorjeou Selena. Deu uma tapinha no queixo com os nódulos. — Animese, irmão mais velho. Está a ponto de se converter em pai.
—Logo, espero — resmungou. — Não acho que posso suportar isto muito mais.
—Se você pensar que é ruim pense em como Demetria deve sentirse.
Cravou um penetrante olhar letal nela. De novo palavras inoportunas. Selena fechou a boca.
No quarto do parto, Demetria sustentava a mão de sua sogra em um apertão firme.
—Faça que pare — gemeu. — Por favor, faça parar.
—Terminará logo, lhe garanto.
Demetria puxoua para baixo até que estiveram quase cara a cara.
—Disse isso ontem!
—Desculpe Lady Rudland?
Era o Doutor Winters, que tinha chegado uma hora depois de as dores tivessem começado.
—Poderia falar com você?
—Sim, sim, é obvio — disse Lady Rudland, resgatando com cuidado sua mão da
Demetria. — Voltarei. Prometo.
Demetria assentiu sacudindo a cabeça e se aferrou aos lençóis, necessitava algo que apertar quando a dor alcançava seu corpo. Sua cabeça caiu de um lado ao outro enquanto tentava respirar fundo. Onde estava Adam? Será que ele não se dava conta de que precisava dele? Necessitava seu calor, seu sorriso, mas sobre tudo, necessitava sua força porque não achava que teria bastante por ela mesma para passar por esta dura prova.
Mas era obstinada e tinha seu orgulho, e não se sentia com ânimo para perguntar à Lady Rudland onde ele estava. Em lugar disso apertou os dentes e tentou não gritar de dor.
—Demetria? — Lady Rudland estava olhandoa com um gesto de preocupação.
—Demetria, querida, o Doutor diz que tem que empurrar mais forte. O bebe precisa de um pouco de ajuda para sair.
—Estou muito cansada — gemeu. — Não posso fazêlo mais. —Preciso do
Adam. Mas ela não sabia como dizer as palavras.
—Sim, pode. Se empurrar só um pouco mais forte agora, acabará muito mais rapidamente.
—Não posso... Não posso... Ohhhh!
—Isso, Lady Adam — disse o Doutor Winters energicamente. — Impulso agora.
—Eu... Oh, isto dói. Dói.
—Impulso. Posso ver a cabeça.
—Pode? — Demetria tentou levantar a cabeça.
—Shhh, não estire o pescoço — disse Lady Rudland. — De todos os modos não será capaz de ver nada. Confia em mim.
—Continue empurrando — disse o Doutor.
—Estou tentando. Estou tentando. — Demetria sujeitou fortemente seus dentes juntos e apertou. — É... Você pode... — Tomou umas baforadas gigantescas de ar. —
Qual o sexo?
—Não posso dizer ainda. — Respondeu o Doutor Winters. — Espere. Espere um minuto... Aqui estamos. — Uma vez que a cabeça surgiu, o corpo pequeno deslizou rapidamente. — É uma menina.
—É? — Demetria respirou e suspirou cansadamente. — É obvio que é. Adam sempre consegue o que quer.
Lady Rudland abriu a porta e colocou a cabeça ao corredor enquanto o Doutor olhava o bebê.
—Adam?
Elevou a vista com o rosto gasto.
—Terminou Adam. É uma menina. Tem uma filha.
—Uma menina? — Repetiu Adam. A longa espera no corredor tinha consumidoo, e depois de quase um dia inteiro escutando a esposa gritar de dor, não podia acreditar totalmente que havia terminado, era pai.
—É linda — disse sua mãe. — Perfeita em todos os sentidos.
—Uma menina — disse ele outra vez, sacudindo a cabeça maravilhado. Virou se para a irmã, que permaneceu ao seu lado ao longo da noite. — Uma menina. Selena eu tenho uma menina! — E logo, surpreendendo ambos, jogou os braços a seu redor e a abraçou.
—Eu sei, eu sei. — Inclusive Selena tinha problemas para conter as lágrimas nos olhos.
Adam lhe deu um último apertão, então voltou o olhar a mãe.
—De que cor tem os olhos? São marrons?
Um divertido sorriso se estendeu pelo rosto de Lady Rudland.
—Não sei querido. Não cheguei a olhála. Mas os olhos dos bebês frequentemente mudam de cor quando são pequenos. Provavelmente não saberemos com certeza até dentro de algum tempo.
—Serão marrons — disse Adam com firmeza.
Os olhos de Selena aumentaram ante o repentino conhecimento.
—Você a ama.
—Hmm? O que disse pirralha?
—A ama. Ama Demetria.
Maravilha, mas aquele aperto na garganta que sempre sentia ante a menção da palavra havia desaparecido.
—Eu... — Adam parou em seco, sua boca abriu ligeiramente em assombrada surpresa.
—A ama — repetiu Selena.
—Acho que sim — disse perplexo. — A amo. Amo Demetria.
—Já era hora que se dessa conta — disse sua mãe descaradamente.
Adam se sentou com a boca aberta, assombrado pela facilidade que sentia tudo nesse momento. Por que levou tanto tempo para darse conta? Deveria ter sido claro como o dia. Amava Demetria. Amava tudo dela, desde as sobrancelhas delicadamente arqueadas até as habituais brincadeiras sarcásticas e a forma que inclinava a cabeça quando sentia curiosidade. Amava seu engenho, a calidez, a lealdade. Inclusive gostava da forma que seus olhos ficavam levemente unidos. E agora havia lhe dado uma filha. Tinha jazido naquela cama e parido durante horas sob uma tremenda dor, tudo para lhe dar uma filha. As lágrimas brotaram de seus olhos.
—Quero vêla. — Quase se afogou com as palavras.
—O doutor terá a menina pronta em um momento — disse sua mãe.
—Não. Quero ver Demetria.
—OH. Bom, não vejo nada de mau. Espere só um segundo. Doutor Winters?
Ouviram uma maldição em voz muito baixa, e então deixaram o bebê nos braços da avó.
Adam abriu de repente a porta.
—O que houve?
—Está perdendo muito sangue — disse o Doutor com voz grave.
Adam olhou a esposa e quase tropeçou pela dor. Havia sangue por todos os lados; parecia sair dela e tinha o rosto mortalmente pálido.
—OH, Deus — disse com voz estrangulada. — OH, Demetria.
Dei a luz hoje. Ainda não sei seu nome. Não me deixaram segurála. Achava que poderia te colocar o nome de minha mãe. Era uma mulher encantadora e sempre me abraçava com força na hora de dormir. Seu nome era Caroline. Espero que Adam goste. Nunca falamos de nomes.
Estou dormindo? Posso ouvir todo mundo ao meu redor, mas parece que não posso dizer nada. Tento lembrar estas palavras em minha cabeça para assim poder escrevêlas logo.
Acho que estou dormindo.



e esta terminando a fic.....o que sera que ira acontecer? hmmmm

sábado, 20 de outubro de 2018

O Diário Secreto da Senhorita Demetria Cheever Capitulo 19 (PENULTIMO)


As seguintes semanas foram horríveis. Adam começou a pedir que enviassem sua comida ao estúdio, ficar sentado do outro lado de Demetria durante uma hora cada tarde era mais do que podia suportar. Desta vez a tinha perdido, era uma agonia olhar dentro de seus olhos e vêlos tão vazios e carentes de emoção.
Se Demetria já não era capaz de sentir nada mais, nesse momento Adam sentia muito. Sentiase furioso com ela por colocálo em uma situação crítica e que tentasse forçálo a reconhecer emoções que não estava certo de sentir.
Estava furioso já que ela havia decidido abandonar o matrimônio depois de determinar que ele não passasse em algum tipo de prova que dispôs para ele.
Sentiase culpado de fazêla tão miserável. Estava confuso a respeito de como tratála e aterrorizado de não poder reconquistála jamais.
Estava zangado consigo mesmo por sua incapacidade para dizer simplesmente que a amava e a considerava, de algum jeito, inadequado não saber como fazer até determinar se estava apaixonado.
Mas sobre tudo, sentiase sozinho. Estava sozinho e triste pela esposa. Sentia falta dela e de todos seus pequenos comentários graciosos e expressões estranhas. De vez em quando cruzava com ela no corredor e se obrigava a examinar seu rosto, tratando de vislumbrar a mulher com a qual se casou. Mas ela se foi. Demetria havia se convertido em uma mulher diferente. Parecia que já não se preocupava. Por nada.
Sua mãe, que veio para ficar até que o menino nascesse, o procurou para lhe dizer que Demetria mal se encostava à comida. Ela deveria darse conta de que era mau para sua saúde. Mas não se sentia com coragem suficiente para procurála e lhe inculcar um pouco de sentido comum. Simplesmente deu instruções a alguns dos criados para que mantivessem um olho vigilante sobre ela.
Davam informações diariamente, geralmente, no começo da tarde, quando se sentava em seu estúdio, considerando o álcool e os efeitos amnésicos deste. Esta noite não era diferente; ia por seu terceiro brandy quando ouviu um brusco golpe na porta.
—Entre.
Para grande surpresa dele, sua mãe entrou.
Saudoua com a cabeça cortesmente.
—Veio me repreender, imagino.
Lady Rudland cruzou os braços.
—E exatamente por que pensa que necessita ser repreendido?
Seu sorriso careceu de todo humor.
—Por que não me diz você? Estou seguro que tem uma extensa lista.
—Viu sua esposa ao longo da semana passada? — Exigiu.
—Não, não acredito que... Ah!... Ah! Espera um minuto. —Tomou um gole do
brandy. — Cruzei com ela no corredor faz alguns dias. Acho que foi na terçafeira.
—Está de mais de oito meses de gravidez, Joseph.
—Asseguro que sou consciente disso.
—É um canalha por deixála sozinha em um momento de necessidade.
Ele tomou outro gole.
—Só para esclarecer as coisas, ela me deixou sozinho, não ao contrário. E não me chame de Joseph.
—Chamarei como malditamente me agrade.
Adam elevou as sobrancelhas ante o uso da primeira blasfêmia que em toda sua vida ouviu escapar dos lábios de sua mãe.
—Felicidade se rebaixou a meu nível.
—Me dê isso! — Equilibrouse para frente e agarrou o copo de sua mão. O líquido âmbar salpicou sobre a escrivaninha. — Está me deixando horrorizada Joseph. É tão malvado como quando estava com Camille. É odioso, grosseiro... —ficou sem acabar quando a mão dele se envolveu ao redor de seu pulso.
—Nunca cometa o engano de comparar Demetria com Camille — disse ele com voz ameaçadora.
—Não o fiz! — Seus olhos se abriram de par em par pela surpresa. — Jamais me ocorreria.
—Bem. — Soltoua de repente e caminhou para a janela. A paisagem era tão rude como seu humor.
Sua mãe permaneceu silenciosa um momento, mas então perguntou:
—Como fará para tentar salvar seu casamento, Adam?
Ele soltou um desalentado suspiro.
—Por que está tão segura de que sou eu quem precisa fazer algo por salválo?
—Pelo amor de Deus, só olhe à moça. Está claramente apaixonada por você.
Seus dedos agarraram o batente até que os nódulos ficaram brancos.
—Não vi nenhuma indicação disso ultimamente.
—Como poderia? Não a viu em semanas. Por seu bem, espero que não tenha matado o que fosse que ela sentia por você.
Adam não disse nada. Só queria que a conversa terminasse.
—Não é a mesma mulher que era faz alguns meses — seguiu sua mãe. — Era tão feliz. Faria tudo por você.
—As coisas mudaram mãe — disse concisamente.
—E podem voltar a mudar — disse Lady Rudland com voz suave embora insistente. — Venha jantar conosco esta noite. É terrivelmente incômodo sem você.
—Será muito mais incômodo comigo, eu garanto.
—Me deixe ser o juiz nisto.
Adam ficou de pé erguido, fez uma longa e tremula inalação. Sua mãe estava certa? Poderiam ele e Demetria resolver suas diferenças?
—Camille ainda está nesta casa — disse sua mãe brandamente. — Deixea ir.
Deixe que Demetria te cure. Ela faria isso e você sabe se somente lhe desse a chance.
Sentiu a mão de sua mãe em seu ombro, mas não se virou, ele era muito orgulhoso para deixála ver sua dor.
A primeira dor apertou seu ventre aproximadamente uma hora antes de descer para jantar. Assustada, Demetria colocou a mão sobre o abdômen. O doutor havia dito que muito provavelmente daria a luz em duas semanas.
—Sim, parece que vai adiantar — disse suavemente. — Só fique aí dentro para o jantar, está bem? Realmente estou faminta. Não estive durante semanas, já sabe, e necessito um pouco de alimento.
O bebê chutou em resposta.
—Então será desse modo, não é? — Sussurrou Demetria com um sorriso mudando seus traços pela primeira vez em semanas. — Farei um trato contigo. Você me deixa passar o jantar em paz e prometo não te pôr um nome como Iphigenia.
Sentiu outro chute.
—Se for uma garota, é obvio. Se for um menino, então eu prometo não te chamar... Joseph! — Riu o som pouco familiar e... Agradável. — Prometo não te chamar de Joseph.
O bebê ficou quieto.
—Bom. Agora, vamos nos vestir, vamos?
Demetria chamou a criada e uma hora mais tarde, descia a escada para a sala de jantar, segurando fortemente o corrimão em toda a descida. Não estava segura de por que não queria dizer a ninguém que o bebê estava a caminho, talvez só fosse sua natural aversão a armar alvoroço. Além disso, salvo por uma dor a cada dez minutos mais ou menos, sentiase bem. Certamente não tinha nenhum desejo de ser confinada na cama ainda. Só esperava que o bebê pudesse conseguir refrearse durante a refeição. Havia algo vagamente abafadiço a respeito do parto, e ela não tinha nenhum desejo de inteirar do por que diretamente na mesa da sala de jantar.
—Ah, aí está, Demetria — gritou Selena. — Estávamos justamente bebendo no salão rosado. Se junta a nós?
Demetria assentiu com a cabeça e seguiu a amiga.
—Parece um pouco estranha, Demetria — continuou Selena. — Sentese bem?
—Só grande obrigada.
—Bom, encolherá logo.
Mais logo do que qualquer um se daria conta, pensou Demetria ironicamente.
Lady Rudland lhe deu um copo de limonada.
—Obrigada — disse Demetria. — De repente tenho muita sede. — Desatendendo as boas maneiras, Demetria bebeu de um gole. Lady Rudland não disse uma palavra enquanto enchia o copo novamente. Demetria bebeu aquele quase igualmente rápido. — Acha que o jantar estar pronto? — Perguntou. — Estou terrivelmente faminta. — Esta era, na realidade, só a metade da história. Daria a luz ao bebê na mesa da sala de jantar se atrasassem muito mais tempo.
—Certamente — respondeu Lady Rudland levemente desconcertada pela impaciência de Demetria. — Vá à frente. Depois de tudo, esta é sua casa, Demetria.
—Assim é. — Curvou a cabeça bruscamente e sujeitou o abdômen como se isto pudesse contêlo e saiu ao corredor.
Caminhou diretamente para Adam.
—Boa noite, Demetria.
Sua voz era rica e rouca, e ela sentiu que algo revoava profundamente em seu coração.
—Confio que esteja bem — disse.
Assentiu com a cabeça, tentando não olhálo. Tinha passado o mês anterior treinando para não derreter em um atoleiro de paixão e desejo cada vez que o visse.
Tinha aprendido a educar seus traços em uma máscara impassível. Todos sabiam que ele havia destroçadoa; não precisava que todo mundo notasse cada vez que ele entrava em um recinto.
—Me desculpe — murmurou, passando por diante dele para a sala de jantar.
Adam agarrou seu braço.
—Me permita que a escolte, princesa.
O lábio inferior de Demetria começou a tremer. O que ele estava fazendo? Se estivesse sentindose menos confusa — ou menos grávida — provavelmente teria feito uma tentativa de se soltar dele, mas tal como estava, consentiu e permitiu que ele a conduzisse a mesa.
Adam não disse nada durante os primeiros pratos, o que foi melhor assim para Demetria, que estava contente de evitar toda conversa em favor de sua refeição. Lady
Rudland e Selena tratou de envolvêla na conversa, mas Demetria sempre conseguia ter a boca cheia. Salvouse de responder mastigando, engolindo e depois murmurando:
—Realmente estou muito faminta.
Isto funcionou para os três primeiros pratos, até que o bebê deixou de cooperar. Pensou que estivesse conseguindo muito bem não reagir ante as dores, mas deve ter se estremecido, porque Adam olhou bruscamente em sua direção e perguntou:
—Há algo errado?
Sorriu palidamente, mastigou, engoliu e murmurou:
—Absolutamente. Mas realmente estou muito faminta.
—Já percebemos — disse Selena secamente, ganhando um reprovador olhar de sua mãe.
Demetria tomou outro bocado do frango com amêndoas e logo estremeceu de novo. Desta vez Adam estava seguro de ter visto.
—Fez um ruído — disse firmemente. — Ouvi. O que está acontecendo?
Ela mastigou e engoliu.
—Nada. Embora esteja muito faminta.
—Talvez esteja comendo muito depressa — sugeriu Selena.
Demetria se lançou sobre a desculpa.
—Sim, sim, deve ser isso. Irei mais devagar. — Por sorte, a conversa mudou de direção quando Lady Rudland fez Adam entrar em um debate sobre o projeto de lei que ele tinha apoiado recentemente no Parlamento. Demetria estava agradecida de que sua atenção estivesse ocupada em outra parte; esteve olhandoa muito atentamente, e lhe era difícil manter o rosto sereno quando sentia uma contração.
Seu ventre se apertou de novo, e desta vez perdeu a paciência.
—Pare — sussurrou olhando para baixo, a cintura. — Ou com certeza será Iphigenia.
—Disse algo, Demetria? — Perguntou Selena.
—OH, não, acho que não.
Passaram outros poucos minutos, e sentiu outro apertão.
—Pare Joseph — sussurrou. — Tínhamos um acordo.
—Estou certa de que disse algo — disse Selena bruscamente.
—Chamoume precisamente de Joseph? — Perguntou Adam.
Gracioso, pensou Demetria, como ao chamálo de Joseph parecia transtornálo mais do que sua partida da cama de casamento.
—É obvio que não. Está imaginando coisas. Mas juro que estou cansada. Acho que irei me retirar, se nenhum de vocês se importarem. — Começou a levantar, então sentiu uma corrente de líquido entre suas pernas. Voltou a sentarse. — Talvez espere à sobremesa.
Lady Rudland se desculpou, afirmando que estava fazendo um regime e que não podia suportar vêlos comer o pudim. Sua partida tornou mais difícil para Demetria evitar a conversa, mas fez todo o possível, pretendia ficar concentrada na refeição e esperou que ninguém lhe fizesse uma pergunta. Finalmente, o jantar terminou. Adam ficou de pé e caminhou para seu lado, lhe oferecendo o braço.
—Não, acho que ficarei sentada aqui durante um momento. Estou um pouco cansada, já sabe. — Podia sentir um rubor subindo ao longo de seu pescoço.
Céus! Ninguém tinha escrito alguma vez um livro de boas maneiras concernente ao que fazer quando o bebê de alguém queria nascer em uma sala de jantar formal. Demetria estava completamente mortificada, e tão assustada que parecia impossível levantarse da cadeira.
—Quer outra porção? — O tom de Adam foi seco.
—Sim, por favor — respondeu ela com voz gasta.



CONTINUA....