segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Prazeres Proibidos Capitulo 5 parte I

O coração humano deve ser realmente forte e resistente, pensou Demi ao despertar-se na manhã seguinte. Ela ficou surpresa de não sentir dor nem na alma destruída. Em vez disso de uma maneira estranha se sentia como se tivesse nascido de novo.
Ela passou toda a tarde e quase toda a noite inteira chorando no travesseiro e tentando curar seu coração ferido. As insultantes palavras de Joseph tinham lhe feito derramar infinitas lágrimas. Ela disse a si mesma, mas guiada pelo orgulho do que pela sinceridade, que ele podia ficar com essa lady Sarah com quem ele quer se casar. Repetiu para si mesmo milhares de vezes que ela era uma tola por cultivar sonhos impossíveis, mas agora o que mais lhe doía era a destruição devastadora de todas as suas esperanças que tinha de Joseph algum dia sentir afeto por ela; uma vontade que ela mesma não tinha reconhecido que tinha até que a opinião dele a esmagou de vista.
Essa manhã, o vestígio da tristeza ainda estava presente, Demi não se sentia triste, nem tonta. Se sentia livre.
Enquanto se vestia, tentou entender o que acontecia e percebeu que tinha tirado um peso de cima dela. Tinha passado os últimos cinco meses tentando ser o que Joseph queria, tentando se adiantar a seu mais pequenos desejos e ordens, trabalhando como uma escrava para agradá-lo e a única coisa que tinha conseguido era sua indiferença e seu desprezo.
Demi se sentou em frente a seu toucador e observou seu reflexo no espelho enquanto se penteava. Um sorriso se desenhou em seu rosto. Joseph a tinha chamado de patética e a verdade é que tinha um aspecto lamentável, com os olhos inchados de chorar, mas o único patético de tudo aquilo era o muito que ela tinha se preocupado com ele.
As palavras de Joseph haviam sido duras, mas a haviam feito entender algo sobre si mesma que nunca havia visto antes.
Desde a morte de sua mãe tinha passado a vida querendo ser necessitada, tratando de preencher o vazio que essa morte tinha deixado no coração de seu pai, tentando ser sua companheira de trabalho, um alivio para suas penas. Ali, em Tremore Hall tinha desejado fazer o mesmo com Joseph. Desejava desesperadamente que ele necessitasse dela, que a fizesse se sentir valiosa, apreciada, amada.
«Ela é tão atraente como um inseto em cima de uma folha.»
Agora, a luz de um novo dia, jurou a si mesma que as coisas iriam ser diferentes. Lembrou-se das perguntas que Viola lhe tinha feito no dia anterior em antika e se deu conta de que a conduzia a mais importante de todas: E agora?
Demi virou a cadeira e observou a habitação que estava, ornamentada com opulência. Algumas cortinas de damasco douradas e verdes rodeavam a cama, os muros e a chaminé estavam recobertos de madeira de pau rosa, tinha anjos no teto e o toucador em que estava sentada, era decorado com malaquita, tinha gavetas pintadas como se fossem penas de pavão real.
Como todos os cômodos de Tremore Hall, era grande e intimidante; transmitia a ideia de uma imensa riqueza e um verdadeiro sentido de história, mas era uma casa sem calor. Bastante parecida com seu dono, pensou. Ele queria se casar sem amor e sem afeto. Como podia ser tão frio e quão cega devia ter estado para não ter percebido isso antes.
Demi voltou a se concentrar em seu próprio reflexo no espelho, se olhou diretamente nos olhos e tomou sua primeira decisão sobre seu futuro. Tinha que ir embora de Tremore Hall. Não podia mais ficar ali. Estar perto daquele homem desprezível, continuar trabalhando para ele como uma escrava durante os próximos cinco anos sabendo o desprezo com que a olhava, era uma perspectiva intolerável.
Mas onde poderia ir? Que podia fazer? Tinha trabalhado em escavações sua vida toda. Pela primeira vez se perguntava se tinha tido alguma outra escolha de futuro para ela.
«Gostaria muito que você viesse a Enderby comigo.»
Demi se lembrou das palavras que a viscondessa lhe tinha dito no dia anterior em antika. Também lembrou que Viola havia mencionado certos planos que tinha para ela e sentiu um pouco de emoção. A viscondessa tinha admitido que se sentia sozinha, que considerava Demi sua protegida e que queria lhe encontrar um marido. Talvez deixasse que Demi ficasse um tempo com ela, a apresentaria as pessoas e lhe ajudaria a fazer amizades. Quem sabe o que podia acontecer? Com a viscondessa como guia poderia aprender a andar e se comportar em sociedade, poderia ver coisas que até então só tinha lido em livros.
Talvez essa oportunidade permitisse se tornar uma instrutora de uma boa família. Ou talvez deixar o orgulho e tentar entrar em contato de novo com a família de seu avô. Ela poderia até mesmo tornar reais as ilusões de Viola e se casar com alguém que realmente a amasse e a respeitasse.
Demi decidiu que já era hora de deixar de pensar que não tinha opções de futuro. Havia chegado o momento de começar a decidir seu próprio destino. Até quem sabe se divertir um pouco.
Ela poderia ir lá e entrar no brilhante mundo da alta sociedade inglesa. E ela não se referia a Joseph, ele poderia ir para o inferno com todas as suas opiniões.
—Como? —Atônita, Viola largou a caneta e encarou Demi.
Ela sabia que tinha sido muito atrevida, mas estava desesperada.
—Ontem você comentou que gostaria que fosse contigo a Enderby quando você se for daqui. Dado o pouco tempo que nos conhecemos, sei que é presunçoso da minha parte perguntar, mas estava falando sério?
Viola se recuperou e apontou para a cadeira que estava a sua frente no escritório.
—Se senta, Demi.
Ela sentou, com os dedos cruzados no colo e esperou a resposta.
—Claro que falei sério, — respondeu Viola— mas e o seu trabalho aqui?
—Tenho intenção de abandoná-lo.
—Achava que gostava de estar em Tremore Hall. — Viola se endireitou na cadeira e olho sério para Demi. —Algo ruim aconteceu ontem?
—Não, nada sério — se apressou a tranquiliza-la . Esperava que soasse convincente, não poderia suportar que Viola ou Joseph descobrissem que tinha ouvido sua conversa e a pobre opinião que o duque tinha dela. —Eu gostava daqui, mas suas palavras sobre Londres fizeram me dar conta do que estou perdendo.
Viola se endireitou na cadeira em que estava sentada.
—Querida Demi, estou surpresa. Não poderia suspeitar que minhas palavras pudessem provocar tal reação em você.
Havia um certo ar de preocupação na voz da mulher e Demi tinha o coração pesado. Talvez as palavras de amizade da viscondessa tenham sido ditas com ligeireza. Talvez tivesse estado falando com Joseph sobre ela por suas próprias razões. Em qualquer caso, Demi sabia que tinha que ir embora de Tremore Hall e Viola era sua melhor oportunidade para fazer isso.
—Desde a morte de meu pai, minha vida tem seguido um caminho programado sobre o que eu não tinha um menor controle.
—Porque você é uma mulher — disse a viscondessa com a voz tensa.—Nós temos muito pouco controle sobre nossas vidas.
—Talvez, mas eu estive pensando sobre nossa conversa de ontem e não posso deixar de pensar que já é hora de procurar a família de minha mãe e que eu ocupe o lugar que me pertence na sociedade.
—Claro que sim! Eu te disse ontem, mas você insistia em ficar aqui. Você está convencida de que quer isso?
—Sim. Nunca tinha tido a oportunidade de estar em sociedade ou de fazer amigos; papai e eu sempre estávamos viajando. Eu estou aqui enterrada no campo, trabalhando sozinha todo dia, sem nunca conhecer ninguém.
—Claro que você se sente muito sozinha aqui e não viver de acordo como uma neta de um barão. Confesso que estive pensando no maravilhoso que seria poder se reunir com sua família e te ajudar a entrar em sociedade. Mas pensei que seus sentimentos… — A mulher se interrompeu sem continuar o que tinha estado a ponto de dizer. Em lugar disso, baixou a vista e guardou a caneta, perdida em seus pensamentos.
Demi esperava, em silêncio, desejando que a hesitação da viscondessa não fosse negativa.
Passado um momento, Viola levantou a vista.
—Você já comunicou ao duque?
—Não. Achei que deveria primeiro falar com você.
Ela confirmou com a cabeça.
—Te disse que gostaria muito de sua companhia comigo em Enderby e eu não teria dito se não fosse verdade. De qualquer maneira Joseph não vai gostar. O que ele vai fazer sem você?
Demi mordeu a língua para não responder que Joseph não ia lamentar em nenhum momento sua partida.
—Encontrará outra pessoa para o posto.
—Mas jamais tão boa como você. Na outra noite sir Edward nos contava a quão dotada é você para este trabalho. Admira muito sua inteligência e seus conhecimentos.
E isso era tudo que admirava nela, já que ela era como um inseto e não tinha nenhum atrativo físico. Demi não queria pensar nessas palavras nunca mais. A luz do novo dia, se lembrou, sentia vontade de lhe atirar na cabeça algumas de suas preciosas ânforas samarianas.
—Esta escavação e o museu significam muito para meu irmão. — continuou Viola. —Ele quer que você fique aqui até que o projeto esteja concluído; não vai deixar você ir.
Demi não se importava com nada que Joseph deseje.
—Não ficarei forçada.
—Joseph é duque desde que tinha doze anos. Está acostumado que as coisas saiam como ele quer. Ele passa toda vida fazendo isso.
—Não pode me obrigar a ficar.
—Oh, Demi, você subestima o poder do duque. A noticia de sua partida não agradará nada a ele, especialmente quando souber que sou eu quem te leva.
O coração de Demi deu um salto.
—Odiaria ser a causa de um confronto entre você e seu irmão —disse, tentando disfarçar seu desgosto. — Entenderia se você retirar seu convite.
Viola considerou a situação por um instante e então negou com a cabeça.
—Não vou fazer isso! Em minha opinião é inconcebível que uma jovem que é filha de um cavalheiro e neta de um barão tenha que se sustentar na vida. Você merece recuperar seu lugar na sociedade e Joseph está apenas sendo egoísta. Será um prazer ter você comigo em Enderby.
O alivio de Demi foi tão grande que quase caiu da cadeira.
—Obrigada. Estou em dívida contigo.
—De nada. Gostaria muito de sua companhia. Tudo o que eu te peço é que quando você desistir de seu trabalho dê há Joseph um mês antes de ir embora. Precisará desse tempo para encontrar alguém que te substitua.
Mas um mês ali sabendo o que Joseph pensava dela seria difícil de suportar, mas não tinha outra escolha.
—Claro.
Viola pegou a caneta e escreveu numa folha de papel.
—Irei embora daqui em breve e irei para Chiswick. Esperarei lá sua chegada dentro de aproximadamente um mês. Se você mudar de ideia, me escreva para esse endereço.
Demi pegou o papel que lhe dava.
—Não mudarei de opinião.


acho que o duque vai se dar mal 
bjemi

5 comentários:

  1. Agora as coisas vão melhorar, mal posso esperar pra saber qual vai ser a reação do duque. Posta mais

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  2. To vendo que a Demi vai sambar na cara do Joe lkk...está tudo maravilhosoooo
    Apaixonada ❤️
    Posta logooo
    Beijos

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  3. Gosto de ver a Demi a "tomar as rédeas" da sua vida :)
    Joseph não vai gostar disto e é bem feita!

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