segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Traição Capítulo 7

Os raios de sol que incidiam no quarto envolviam a cama em um calor aconchegante, onde Demi se encontrava deitada. Ela abriu os olhos, mas no mesmo instante escondeu o rosto sob as cobertas. Tateou à procura de Joseph, mas encontrou apenas o lugar que ele ocupara vazio.
Com a testa franzida, sentou-se na cama e olhou ao redor, mas ele não se encontrava em lugar algum. O ruído inconfundível do helicóptero lhe chamou atenção, fazendo-a se levantar e caminhar até a janela.
Joseph se encontrava parado com Taylor a uma curta distância do helicóptero, tocando-lhe o braço com uma das mãos. A mulher anuiu e, logo depois, se encaminhou ao helicóptero com o corpo inclinado para a frente. Demi não pôde evitar o suspiro de alívio.
Observou por mais um instante, antes de virar-se e se apressar na direção do toalete.
Tomou uma ducha rápida, envolveu o corpo com o robe e voltou ao quarto para se vestir.
Joseph a aguardava.
Demi o encarou com expressão nervosa, ajustando o robe ao corpo.
– Eu a deixarei à vontade para que se vista – disse ele, conciso. – Enviarei a Srta. Cahill para acompanhá-la pela escada dentro de meia hora.
Sem dizer mais nada, Joseph se retirou do quarto, deixando-a boquiaberta. Uma pontada de dor lhe percorreu a espinha. Ele agira como se mal pudesse esperar para se afastar dela. Depois da noite anterior, certamente aquele não era o tipo de comportamento que Demi  esperava.
E enviar Patrice para acompanhá-la? Se estava tão determinado a não permitir que ela descesse a escada sozinha, então devia ao menos realizar a função pessoalmente, em vez de atirá-la aos cuidados da enfermeira como se ela fosse uma tarefa indesejada.
Curvando os ombros, Demi entrou no closet para escolher uma roupa. Tinha preocupações suficientes sem ter de acrescentar um homem mal-humorado e rabugento a elas. Qualquer que fosse o motivo para aquele estado de espírito, ele podia muito bem superá-lo.
Todas as sensações cálidas e flutuantes da noite de amor evaporaram enquanto Demi deixava o quarto. Não ficaria parada como um cachorro obediente, esperando as ordens do dono. Era ridícula a insistência de Joseph em que a ajudassem a transitar por escadas como se ela fosse uma criança.
Demi havia descido metade dos degraus quando viu Joseph parado ao sopé da escada com a mandíbula contraída e a raiva faiscando no olhar. Ela hesitou por um instante, mas apertou o corrimão e continuou a descer.
Desafiá-lo em algo tão insignificante a fazia parecer infantil e um pouco mesquinha, mas no momento não se importava nem um pouco em irritá-lo.
Sustentou-lhe o olhar, desafiadora enquanto descia os últimos degraus. Os lábios de Joseph se apertaram em uma linha fina, mas ele nada disse. Segurando-lhe o cotovelo com uma das mãos, a guiou à mesa do café da manhã, mas Demi se soltou e caminhou à frente dele.
Fizeram a refeição em silêncio, embora ela não pudesse afirmar que comera alguma coisa.
Mexia as frutas no prato com o garfo e tomava goles mecânicos do chá, mas o silêncio pétreo em que Joseph se encontrava a fazia ter vontade de sair correndo.
Em vários momentos, Demi abriu a boca para lhe perguntar qual era o problema, mas a cada vez algo na expressão daquele homem a mantinha em silêncio. Por fim, ela desistiu de fingir que estava comendo e afastou o prato para o lado.
Joseph ergueu o olhar com a testa franzida em desaprovação quando percebeu a comida ainda no prato de Demi.
– Precisa se alimentar.
– É difícil ter apetite com uma nuvem negra pairando sobre a mesa do café da manhã – retrucou ela com voz tensa.
Os lábios de Joseph se comprimiram e os olhos faiscaram. Dava a impressão de que iria responder, mas naquele momento ela ouviu o ruído do helicóptero se aproximando.
– Esta ilha está parecendo um aeroporto esta manhã – resmungou ela.
Joseph se ergueu e atirou o guardanapo sobre a mesa.
– Deve ser o joalheiro. Retornarei dentro de um instante.
Joalheiro? Demi o observou se afastar, com a mente repleta de questionamentos. Para que diabos ele precisava de um joalheiro? Inclinou-se para trás na cadeira com um suspiro, imaginando onde estaria Patrice e o Dr. Karounis. Ao menos na presença deles, não teria de enfrentar o silêncio tempestuoso de Joseph.
Demi se ergueu e olhou ao redor por um instante, antes de finalmente decidir se aventurar para fora da casa. O sol parecia quente e convidativo e ainda não vira nenhuma parte da ilha à luz do dia. Saiu para o terraço e no mesmo instante fechou os olhos, apreciando a brisa suave do mar que lhe soprou o rosto. Era fria, mas não de forma desconfortável, e a luz do sol deixava um rastro aquecido em sua pele enquanto procurava pelo caminho de pedra que levava à praia.
Quanto mais se afastava da casa, mais o caminho se tornava arenoso. Demi retirou as sandálias, imaginando como seria a sensação da areia aquecida sob os pés.
Ao final do caminho, havia um declive curto na direção da praia. Quando desceu, os pés se enterraram nos grãos macios, fazendo com que seus lábios se curvassem em um sorriso prazeroso.
As ondas recuaram e ela se aventurou em direção à espuma espalhada sobre a areia úmida à margem da água. O mar tinha um tom de azul que lhe tirou o fôlego. Paraíso. Aquilo era simplesmente o paraíso. E pertencia a Joseph.
O vento lhe ergueu os cachos da nuca, atirando-os contra seu rosto. Após várias tentativas de colocar as mechas desobedientes para trás das orelhas, Demi  soltou uma risada e desistiu, deixando-as ao sabor do vento. Arriscou um olhar na direção da casa, mas não viu ninguém se aproximando e continuou a caminhar pela praia, na margem da água. O som das ondas que estouravam a acalmava e logo a tensão em seus ombros começou a abrandar.
Sentia-se em paz naquele lugar, porém mais do que isso, tinha a sensação de estar segura.
Aquela palavra a assustou, fazendo-a paralisar onde estava, com a testa franzida pela consternação. Por que não se sentiria segura? Joseph tinha um verdadeiro batalhão de seguranças que insistia em levar para todos os lugares com eles. Se havia alguém seguro no mundo, esse alguém era ela.
Contudo, ainda assim, até aterrissarem naquela ilha, sentia-se inquieta, o pânico sempre a circundando.
– Está enlouquecendo – resmungou ela. – Bem, você já perdeu a memória. Talvez a sanidade seja uma questão de tempo.
Demi avistou um grande pedaço de madeira entalado em um monte de areia e caminhou naquela direção. Havia um espaço na extremidade onde a superfície era relativamente lisa e ela espanou a areia com a mão para se sentar.
Um suspiro de contentamento lhe escapou dos lábios. Poderia ficar sentada ali durante horas observando o movimento das ondas e escutando os sons confortantes do oceano.
Se estivesse quente o suficiente para nadar, teria ficado tentada a se despir e entrar na água.
Mas não tinha ideia onde estariam posicionados todos aqueles seguranças que mantinham guarda e não estava disposta a lhes proporcionar um show.
Um movimento em um dos cantos de seus olhos lhe captou a atenção e Demi virou a cabeça para ver Joseph caminhando pela praia e murmurou um xingamento enquanto ele se aproximava.
Estacando diante dela, Joseph a encarou com a testa franzida. Em seguida, comprimiu os lábios e fez um movimento negativo de cabeça, antes de se acomodar ao lado dela.
– Vejo que manterá meus seguranças muito ocupados, pedhaki mou. – Demi deu de ombros, mas não respondeu. – O que está fazendo aqui? – perguntou em tom suave.
– Aproveitando a praia. É muito linda.
– Se eu prometer trazê-la de volta, concordará em me acompanhar até a casa? O joalheiro está nos aguardando, e ele tem pressa de voltar para o continente.
Demi lhe relanceou o olhar.
– Por que chamou um joalheiro e por que temos de nos encontrar com ele aqui? O normal não seria ir até a loja dele? – Joseph se ergueu, dirigindo-lhe um olhar arrogante que sugeria que todos costumavam vir até ele e não o contrário. Em seguida, esticou a mão e Demi a aceitou, resignada. – Você é muito sério – resmungou ela quando Joseph  a ajudou a se levantar.
– Vejo que terei de mudar sua opinião sobre mim.
Demi tentou soltar a mão, quando os dois começaram a se encaminhar de volta para a casa, mas ele a segurou com força. Quente e, em seguida, frio. Naquele ritmo, nunca conseguiria entendê-lo. Amnésia ou não, não pôde deixar de se imaginar querendo arrancar os cabelos por causa daquele homem.
Os dois se encaminharam à biblioteca, onde um homem mais velho estava dispondo os mostruários forrados de veludo sobre a mesa de Joseph. Quando entraram, a expressão do joalheiro se iluminou.
– Sente-se. – O homem a encorajou, contornando a mesa para segurar a mão de Demi, levá-la aos lábios e lhe depositar um beijo formal no dorso.
Depois de acomodá-la em uma das cadeiras, Joseph se sentou ao lado dela, e o joalheiro se apressou a contornar a mesa outra vez.
Deparada com anéis estonteantes e uma vertiginosa fileira de diamantes, Demi ofegou e dirigiu um olhar questionador a Joseph.
– Eu o chamei aqui para que possamos escolher seu anel – Joseph disse em tom casual.
Como se a visita de um joalheiro em sua casa fosse algo corriqueiro.
– Não estou entendendo – começou ela insegura.
Joseph lhe ergueu a mão esquerda, pressionando os lábios sobre os dedos delicados.
– É importante para mim que use uma aliança. Ainda não tínhamos escolhido uma quando você teve seu… acidente. Quero consertar isso.
– Ah! – No quesito respostas, aquela não era uma das mais brilhantes, mas foi tudo que Demi conseguiu dizer.
Joseph a estimulou a desviar a atenção para as joias e assim ela o fez, embora um pouco nervosa. Aqueles anéis eram tão grandes. E caros! Não queria nem se inteirar do preço daquelas peças. Após experimentar vários, Demi encontrou um que a encantou, mas logo imaginou se Joseph não ficaria ofendido com sua escolha.
O olhar insistia em voltar ao gracioso anel, mesmo enquanto continuava a experimentar os que o joalheiro tentava lhe impingir.
– Aquele – disse Joseph, apontando para o anel na extremidade direita.
Para a surpresa de Demi, o joalheiro pegou aquele que ela estivera admirando e o entregou a Joseph, que o deslizou por seu dedo. A joia se encaixou com perfeição. Era menor que os outros e simples, mas combinava com ela. Um solitário de safira que faiscava a qualquer movimento e, de repente, Demi não queria mais tirá-lo.
– Você gostou desse – afirmou Joseph.
– Amei – sussurrou Demi, relanceando o olhar a ele. – Mas, se preferir outro, não tem problema.
– Ficaremos com este – disse Joseph ao joalheiro.
Se o homem ficou desapontado, não demonstrou enquanto dirigia um largo sorriso ao casal.
Com treinada eficiência, guardou as demais joias e as colocou em uma caixa que trancou em seguida. Minutos mais tarde, Joseph o acompanhou ao helicóptero que o aguardava, mas não sem antes deixar uma ordem austera para que Demi não saísse do lugar.
Uma risada abafada escapou dos lábios de Demi quando ele se retirou. Joseph parecia tão exasperado. Provavelmente estava acostumado com pessoas obedecendo a todas as suas ordens e permanecendo onde ele determinava. Um pensamento repentino deixou-a horrorizada. Teria sido uma daquelas pessoas? Certamente não. Podia ter perdido a memória, mas não havia sido submetida a um transplante de personalidade.
Com aquele pensamento em mente, deixou a biblioteca e foi em busca de algo para comer.
Agora que sentia o estômago reclamar, se arrependia de não ter comido no café da manhã.
Antes que pudesse abrir o refrigerador, ouviu Joseph entrar na cozinha.
– Por que será que adivinhei que você não estaria onde a deixei? – disse ele.
Demi girou com um doce sorriso a lhe curvar os lábios.
– Por que não pediu com educação?
Joseph deixou escapar uma risada baixa, um som sexy que lhe reverberou pela espinha.
– Pedi que o helicóptero voltasse dentro de uma hora. Se estiver disposta, pensei em visitarmos as ruínas pelas quais se interessou e aproveitar para conhecer outros lugares.
– Ah, eu adoraria! – Esquecendo a comida e tudo mais, Demi cruzou a cozinha apressada e se atirou nos braços musculosos, abraçando-o com força.
Joseph soltou outra risada baixa.
– Então, estou perdoado por ser muito sério?
Demi recuou e fez uma careta.
– Você é bom em me atirar as palavras de volta na cara. Mas, sim, está perdoado. Deixe-me apenas mudar de roupa.
– Traga um suéter. Esfriará no fim do dia.
Demi virou-se, apressada, mas ele a puxou de volta. Ela colidiu com o peito musculoso e ergueu o olhar para descobrir os lábios sensuais a centímetros dos seus.
– Certamente mereço uma recompensa? – murmurou ele.
Demi umedeceu os lábios, fazendo-o gemer.
– Suponho que uma pequena recompensa não faria mal algum – retrucou com voz rouca.
A boca exigente se fechou sobre a dela e Demi se derreteu no círculo seguro daqueles braços fortes. Quando Joseph aprofundou o beijo, ela estremeceu e um gemido fraco lhe escapou da garganta.
Quando ele interrompeu o beijo, labaredas incendiavam os olhos âmbar.
– É melhor eu ajudar você a subir a escada para que troque de roupa. Do contrário, acabaremos não indo a lugar nenhum a não ser para a cama.
Um sorriso malicioso curvou os lábios de Demi antes de ela se afastar na direção da escada. Não que tivesse a ilusão de que subiria sozinha e não subiu. Antes que pisasse no primeiro degrau, Joseph a alcançou.
Enquanto subiam a escada, ela lhe relanceou um olhar exasperado.
– Estou perfeitamente apta a subir a escada sozinha. Não sou uma incapaz.
– Posso ser um homem tolerante, mas não nesta questão.–retrucou ele, arrogante. –
Desculpe, mas terá de conviver com o fato de que pretendo tomar conta de você.
Demi revirou os olhos, mas um sorriso lhe ergueu os cantos dos lábios. Era evidente que ela testava a paciência de Joseph, mas por alguma razão aquilo a divertia.
Enquanto Demi trocava de roupa, ele a aguardou e, por fim, lhe entregou um suéter. Ela o pendurou sobre um dos braços e, mais uma vez, Joseph a guiou pela escada e na direção do heliponto, onde estavam sendo aguardados pelo piloto.
Dentro de alguns minutos, sobrevoavam o oceano e, pouco depois, aterrissaram em Corinto.
Um carro os aguardava e, para a surpresa de Demi, Joseph a acomodou no banco do carona de um luxuoso carro esporte. Em seguida, contornou o veículo e escorregou para trás do volante.
– Eu sei dirigir –disse, conciso, quando ela o encarou um olhar inquiridor.
Demi soltou uma risada.
– É que nunca o vi dirigir antes. – Ela franziu a testa quando percebeu o que dissera. – O que quero dizer é que nunca o vi dirigir desde que…
Joseph pousou a mão sobre a dela.
– Eu entendi. Na verdade, não dirijo com muita frequência. Geralmente estou ocupado com questões de trabalho, mas tenho um carro tanto aqui quanto em Nova York.
Demi se acomodou confortavelmente no banco de couro enquanto ele se afastava do aeroporto.
Passaram a maior parte da manhã caminhando pelas ruínas. Ele lhe explicava a história, mas Demi estava mais focada no fato de aquele ser um belo dia de outono e de estarem juntos. Não havia interferência de assistentes irritantes, de médicos, enfermeiras, chamadas e faxes referentes aos negócios. Aquilo era, para resumir em uma palavra, perfeito.
– Não está prestando atenção, pedhaki mou. – A voz bem-humorada de Joseph lhe penetrou a bruma do contentamento.
Demi enrubesceu e girou para encará-lo.
– Desculpe. Estou adorando, de verdade.
– Está querendo voltar para a ilha? – perguntou ele. – Não a estou exaurindo, certo? – O divertimento dera lugar à preocupação e, se ela não o dissuadisse da ideia de que não estava bem, em breve se encontraria enfiada de volta no helicóptero e aquele dia perfeito chegaria ao fim.
– Conte-me sobre sua família. Nunca os mencionou. Suponho que a informação seja redundante, mas como não me recordo de nada, talvez pudesse fazer minha vontade.
– O que gostaria de saber? – perguntou ele.
– Qualquer coisa. Tudo. Seus pais ainda estão vivos? Não comenta nada sobre eles.
Um lampejo de dor varou os olhos dourados, fazendo-a lamentar a pergunta.
– Morreram alguns anos atrás em um acidente de iate – respondeu ele.
Passando o braço pelo de Joseph, ela o apertou em um gesto confortador.
– Desculpe. Não tive intenção de suscitar lembranças tão dolorosas.
– Já faz muito tempo – retrucou Joseph, dando de ombros. Mas Demi percebeu que falar sobre eles o fazia sofrer.
Quando ela abriu a boca para mudar de assunto, o viu franzir a testa e enfiar a outra mão no bolso. De lá, retirou o celular e o observou por um instante, antes de abri-lo e o colar à orelha.
– Taylor – disse ele em tom suave, após relancear o olhar a Demi. Ela enrijeceu a coluna e se soltou de Joseph . Era típico a assistente saber o exato momento de ligar. Devia possuir um radar. Podia sentir a tensão crescendo dentro dele e quando os olhos âmbar pousaram nela era como se a traspassassem.
– Está tudo bem aqui – disse ele. – Verifique com Nick como estão indo as coisas no hotel do Rio de Janeiro e me dê um retorno. – Seguiu-se uma longa pausa. – Não. Não sei quando retornaremos a Nova York. – Mais uma vez, relanceou o olhar a Demi, fazendo-a ter a clara impressão de que Taylor estava falando sobre ela. – Não, claro que não –acrescentou.
Joseph em um tom de voz tranquilizador. – Aprecio sua atenção, Taylor. Será a primeira a saber quando eu decidir deixar a ilha.
Demi desviou o olhar, desgostosa, incapaz de continuar escutando o que ele dizia.
Instantes depois, Joseph desligou o telefone e o colocou de volta no bolso. Como era esperado, quando ela girou na direção dele, percebeu a mudança brusca em seu comportamento. Ele a encarava quase desconfiado, embora Demi não pudesse entender por quê. Porém, sabia que aquilo não era fruto de sua imaginação. Uma clara mudança se operara no humor de Joseph.
– Desculpe pela interrupção – disse ele em um tom quase formal. – Sobre o que estávamos falando?
– Conte-me sobre seus hotéis – pediu Demi em um impulso, desejando afastá-lo das preocupações.
A expressão do belo rosto másculo pareceu congelar e a cautela o dominou.
– O que quer saber?
Demi encontrou um lugar para se sentar de frente para as enormes colunas e o puxou para que se acomodasse a seu lado.
– Não sei. Qualquer coisa. Em que lugares possui hotéis? O Imperial Park em Nova York é um deles, certo? – Joseph anuiu. – Onde mais possui hotéis? É uma rede internacional? Ouvi você mencionar Rio de Janeiro. Tem um hotel lá?
Joseph não conseguia esconder a tensão, e ela imaginou por quê. Não gostaria de discutir seus negócios? Na verdade, ansiava por qualquer detalhe sobre a vida dele.
Joseph nunca se mostrara muito acessível quanto à sua vida profissional. Um fato que ela achava estranho.
– Temos hotéis na maioria das cidades do mundo. Nossas maiores unidades se concentram em Nova York, Tóquio, Londres e Madri. Temos vários outros, um pouco menores, espalhados pela Europa. Atualmente estamos trabalhando em um projeto para construir um no Rio de Janeiro.
– Mas não em Paris? Gostaria que tivesse um em Paris para que pudéssemos visitá-lo. –
Demi o provocou com um sorriso, que logo secou quando os olhos dourados se tornaram frios e severos. Um arrepio lhe percorreu a espinha e um nó se formou em sua garganta.
Joseph parecia enraivecido. Não, parecia furioso.
– Não. Não temos nenhum em Paris.
O tom conciso a fez recuar, deslizando vários centímetros ao longo do banco.
– Desculpe… – Nem mesmo sabia por que estava se desculpando. Joseph perdera o humor em questão de segundos e não tinha ideia do motivo. Ela parecia ter uma inclinação para tocar nos assuntos errados. Primeiro fora os pais de Joseph e agora os negócios.
Haveria algum assunto seguro que pudessem discutir?
Demi se ergueu cerrando os punhos.
– Talvez tenha razão. É melhor voltarmos agora. – Ela se virou com rapidez, na intenção de retornar ao carro, mas o movimento brusco fez o mundo girar ao seu redor.
A lembrança de que não comera no café da manhã lhe veio à mente, antes de os joelhos cederem e o mundo se apagar.
Quando voltou a si, a primeira coisa que escutou foi uma voz furiosa, cuspindo fogo em grego. À medida que os olhos abriam e percebiam o ambiente a seu redor, ela se deu conta de que se encontrava em uma cama de exames no que parecia ser uma clínica.
Joseph estava de costas para ela, interrogando o médico que se encontrava parado diante dele.
– Joseph. – Ela chamou com um fio de voz.
Virando-se, ele se precipitou na direção dela.
– Você está bem? – As mãos fortes lhe apalpavam o corpo, mesmo enquanto os olhos dourados se encontravam fixos nos dela. – Está sentindo dor?
Demi tentou sorrir, mas se sentia trêmula. O médico interpôs à frente de Joseph e entregou um copo para ela.
– Beba isto, Srta. Lovato. Sua glicemia está muito baixa, mas acho que um suco a fará se sentir melhor.
Joseph pegou o copo do suco, escorregou um dos braços sob o pescoço de Demi e a ergueu. Em seguida, encostou o copo em seus lábios e ela tomou goles suaves do líquido doce.
– Quando comeu pela última vez, Srta. Lovato? – perguntou o médico com um olhar questionador que a fez corar de vergonha e baixar a cabeça.
– Não tomei café da manhã – admitiu.
Joseph deixou escapar um xingamento.
– Tampouco jantou bem ontem à noite. Theos! Não deveria tê-la trazido para cá hoje. Sabia que não havia se alimentando adequadamente e não fiz nada para remediar essa situação.
Demi exibiu um sorriso frágil.
– Não é culpa sua. Foi uma tolice da minha parte. Fiquei tão animada com a visita às ruínas que me esqueci de comer.
– É meu dever cuidar de você e de nosso filho – afirmou ele, obstinado.
O médico limpou a garganta e sorriu para o casal.
– Sim, bem, nenhum mal foi causado. Bastará uma refeição decente para que ela se sinta uma nova mulher. Porém, sugiro que permaneça em repouso pelo restante do dia. Não há motivo para arriscar um novo mal-estar.
– Eu me encarregarei disso – disse Joseph tenso. – Demi suspirou. Ele estava se culpando por seu desmaio. Podia senti-lo fervilhar com o sentimento de culpa e não haveria como dissuadi-lo de seu propósito. Era melhor se resignar e passar o restante do dia de repouso. – Posso levá-la para casa agora?
O médico anuiu.
– Apenas se certifique de que ela se alimente imediatamente e descanse.
– Pode ter certeza disso – retrucou Joseph em tom de voz austero.
Demi fez menção de se levantar da cama, mas Joseph a impediu segurando-a com uma das mãos. Em seguida, ergueu-a nos braços e a carregou pelos corredores.
Quando saíram do hospital, um carro preto estacou imediatamente diante deles e um homem. Saltou para abrir a porta. Joseph se inclinou e entrou no veículo ainda a carregando nos braços.
– Já perdeu a vontade de dirigir – resmungou ela enquanto o carro arrancava para tomar o caminho do aeroporto.
– Não posso dirigir e segurá-la ao mesmo tempo – explicou Joseph paciente.
– Não sabia que agora terei de ser carregada no colo.
– Eu cuidarei de você.
As palavras expressavam uma determinação ferrenha. A voz grave soou austera, fazendo-a ciente de que Joseph  levava aquela promessa muito a sério. Percebendo que seria inútil argumentar com ele, Demi relaxou contra o peito musculoso e lhe envolveu o corpo forte com os braços.
Acariciando-lhe os cabelos, ele murmurou palavras em grego. Demi estava quase adormecida quando o carro parou com um leve solavanco. Pouco depois, a porta se abriu e um raio de sol a fez espremer os olhos quando os ergueu. Joseph improvisou uma viseira com uma das mãos para lhe proteger a visão e voltou a lhe virar o rosto contra o próprio peito com um gesto suave. Ainda a carregando nos braços, saltou do carro e se encaminhou, apressado, ao helicóptero.
– Volte a dormir se puder, pedhaki mou – murmurou ao subir no helicóptero.
No entanto, quando o ruído das hélices começou, a névoa da sonolência se dispersou.
Demi se contentou em se aninhar contra a curva do pescoço largo enquanto decolavam na direção da ilha.
Era óbvio que Joseph havia telefonado e disparado uma sucessão de ordens, porque quando entrou em casa, com ela nos braços, Patrice já tinha uma refeição a aguardando e o Dr. Karounis se encontrava a postos para monitorar o estado de Demi. Após a comoção inicial,
Patrice e o médico o asseguraram de que ela estava bem e pediram licença para se retirar, deixando-os sozinhos.
Demi  começou pela tigela de sopa e suspirou, satisfeita, quando o alimento lhe forrou o estômago vazio.
– Não deixará de fazer mais nenhuma refeição – disse Joseph  em tom de reprovação enquanto a observava do lado oposto da mesa.
– Não era essa minha intenção – respondeu ela. – Apenas me distraí.
– Eu me certificarei de que isso não se repita.
Demi  ergueu uma das sobrancelhas e exibiu um sorriso travesso.
– Então, voltou a ser sério?
Joseph  a encarou com olhar furioso.
Aquilo a fez se lembrar do que acontecera entre os dois, antes de ela desmaiar. A expressão de Demi  se tornou séria e o encarou, pensativa.
– O que há de errado? – perguntou ele.
Demi  brincou com a colher antes de pousá-la na tigela.
– Por que ficou tão aborrecido quando estávamos nas ruínas?
A expressão de Joseph  permaneceu neutra, mas ela percebeu que a pergunta não o agradou.
– Não foi nada. Estava apenas pensando em assuntos de trabalho – retrucou descartando o assunto.
Demi  lhe dirigiu um olhar incrédulo, mas não insistiu. Quando concluiu a refeição, mais uma vez ele a ergueu nos braços e a carregou até o quarto. Em seguida, pousou-a sobre o colchão e metodicamente começou a lhe remover as roupas. Quando lhe tirou a calça comprida, Demi  se encontrava deitada na cama apenas de calcinha e sutiã. A inspiração profunda de Joseph  soou audível enquanto ele se virava de costas.
– Joseph  – sussurrou ela. Com a musculatura do corpo tensa pelo grande esforço que parecia fazer para se controlar, ele se virou. – Fique comigo. Vamos tirar um cochilo juntos?
Estou me sentindo muito cansada.
Se ele não parecesse tão torturado, Demi  teria soltado uma risada. Lutou para manter a expressão neutra enquanto Joseph  ruminava aquele pedido. Por fim, começou a desabotoar a camisa. Em silêncio, se despiu até ficar apenas com a cueca boxer e escorregou para a cama, acomodando-se ao lado dela. E então, soltou um xingamento baixo.
Demi  lhe dirigiu um olhar questionador enquanto os olhos dourados lhe varriam o corpo.
– Não quer vestir algo para dormir? Não pode ficar apenas com suas roupas íntimas. Não parece confortável.
As maçãs do rosto de Demi  se tornaram rubras, mas ela anuiu.
– Um camisão será suficiente.
Joseph  se levantou e retornou com uma de suas camisas. Ajudou-a a sentar e lhe retirou o sutiã. As mãos ligeiramente trêmulas enquanto lhe vestia a camisa pela cabeça e a deixava escorregar pelo abdômen abaulado.
Com um movimento suave, a inclinou de volta na direção do colchão e se ajoelhou diante dela.
– Está melhor assim?
– Muito melhor – concordou ela com voz rouca.
Joseph se deitou ao lado dela e a puxou para os seus braços. Demi contorceu o corpo, tentando encontrar o ponto ideal. Quando encaixou as nádegas contra o quadril de Joseph  lhe sentiu a ereção e congelou. Em seguida, fez menção de se afastar, mas ele a prendeu no lugar.
– Não se mexa.
Os braços fortes a envolveram, prendendo-a. Com o rosto em chamas, Demi  tentou relaxar. No momento em que ele a tocara, o sono se dissipara. Agora tinha de tentar dormir com aquele corpo forte colocado em cada centímetro do seu.
O calor que dele emanava se derramava sobre ela. Joseph  lhe acariciou os cabelos e murmurou palavras gregas em seu ouvido. Embora não entendesse o sentindo, Demi  reconheceu a intenção de relaxá-la. Um suspiro de satisfação lhe escapou dos lábios quando a mão longa escorregou por seu braço, quadril e descansou sobre a coxa. Uma sensação de perfeição a atingiu e a deixou perplexa ao perceber que a emoção que não sabia definir e com a qual estivera batalhando se chamava amor. Demi  abriu os olhos quando ouviu a respiração de Joseph  cadenciada pelo sono.
Amava aquele homem. Aquilo não deveria surpreendê-la, mas agora que percebera aquele sentimento, lembrou-se que não o havia reconhecido de imediato, após a perda de memória.
Não deveria saber de alguma forma que amava aquele homem?
Joseph era complicado, quanto a isso não havia o que discutir. Complexo, firme e reservado. Bem, se um dia conseguira lhe quebrar as barreiras, certamente seria capaz de repetir a façanha.
Demi  relaxou para dormir, a determinação imprimindo um ritmo cadenciado em sua mente.



vai Joe, deixe ela sem comer mesmo... vai nessa
(apenas por que acho fofa essa cena)
ai esta mais um capitulo bjemi

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Traição Capitulo 6 Hot

De alguma forma, entre a visita do médico, o longo dia e o banho relaxante, ela conseguiu se esquecer completamente da presença de Taylor naquela casa. Quando Joseph entrou na suíte para acompanhá-la pela escada, um sorriso acolhedor curvou os lábios de Demi.
Estacando diante dela, ele a observou por um instante. Em seguida, roçou os lábios aos dela e lhe segurou uma das mãos.
– Está linda, com uma coloração bem mais saudável e com o semblante descansado.
– O médico disse que estou em muito boa forma. Portanto, não há com que se preocupar.
– Isso é ótimo, pedhaki mou. Sua saúde é importante para mim.
De braços dados, os dois saíram do quarto e desceram a escada. Quando alcançaram o último degrau, Demi  ergueu o olhar e se deparou com Taylor parada à entrada da sala de jantar.
No mesmo instante, sentiu o corpo enrijecer. A mulher estava completamente transformada trajada com um vestido de grife, que lhe moldava cada curva do corpo. Constrangida, baixou o olhar à calça comprida e à blusa de gestante que usava, sentindo ímpetos de correr de volta pela escada e trocar de roupa.
Não se sentindo disposta a permitir que Taylor percebesse o quanto a afetara, apertou o braço de Joseph  e estampou um sorriso no rosto.
– Se soubesse que não estariam vestidos de maneira formal, teria escolhido outro traje. –disse Taylor, gesticulando para o vestido elegante que chamava atenção pela forma como o corpete se colava ao corpo. – Costuma gostar de jantares formais. – O último comentário fora dirigido a Joseph, mas a mulher desviou o olhar a Demi  para lhe avaliar a reação ao fato de ela saber mais sobre o gosto do patrão do que a própria noiva.
Joseph guiou Demi à frente, envolvendo-lhe a cintura com um dos braços.
– O mais importante é o conforto de Demi, e como pretendemos desfrutar de muita privacidade, não há razão para formalidade. – Demi relaxou e teve vontade de se atirar nos braços daquele homem. No entanto, Taylor não pareceu afetada com o comentário. – Venha, pedhaki mou. Cahill e o Dr. Karounis estão nos aguardando na sala de jantar.
Os dois passaram por Taylor, deixando-a para que os seguisse. Demi podia sentir o olhar malévolo da assistente às suas costas.
A comida, Demi imaginou, devia estar deliciosa, mas não conseguia sentir o sabor por não prestar a mínima atenção ao que estava ingerindo. Sorria até sentir a mandíbula dolorida e concordava com gestos de cabeça quando Patrice e o Dr. Karounis falavam, mas o foco de sua atenção estava na conversa em tom de voz baixo entre Joseph e a assistente.
A cabeça dele estava inclinada na direção de Taylor, e a expressão concentrada, enquanto conversavam em tom reservado. Quando a sobremesa foi servida, e Joseph não dava sinais de desviar a atenção da mulher que se sentava muito perto dele, Demi afastou a cadeira, atirou o guardanapo sobre a mesa e se ergueu.
No mesmo instante, o olhar de Joseph se fixou nela.
– Está tudo bem?
– Ótimo – respondeu ela, com voz tensa. – Não se incomode. Vou subir. – Antes que ele pudesse lhe responder, Demi virou-se e se afastou com o máximo de calma que podia.
Quando alcançou o sopé da escada, Patrice se materializou ao seu lado.
– O Sr.  Jonas não quer que suba a escada sozinha – disse ela, segurando-lhe o cotovelo com um toque gentil.
Demi virou-se, mas não viu nenhum sinal de Joseph. Não estava tão preocupado a ponto de se dignar a acompanhá-la. Obviamente a companhia de Taylor era mais importante do que o empenho em sua segurança.
A fadiga a envolveu quando ela entrou na suíte principal e Patrice retornou ao andar térreo.
O banho quente e longo que tomara antes do jantar a relaxara e devia ter se deitado logo depois. Aquele jantar trouxera de volta o nervosismo do qual conseguira se livrar e não a deixaria dormir.
Demi se encaminhou à ampla janela e baixou o olhar à piscina e aos jardins. Toda a área brilhava sob os reflexos prateados do luar. Cintilava com uma qualidade mágica que a atraía.
Talvez um passeio pelo jardim lhe abrandasse a irritação.
Retirou um suéter do closet e o pendurou sobre os ombros enquanto deixava o quarto e seguia em direção à escada. Não sentia sequer uma pontada de culpa pelo fato de desagradar seu “zeloso” noivo com a desobediência.
Desceu a escada devagar, segurando firme no corrimão e praguejando contra o fato de ter sido contaminada pela paranoia de Joseph.
Podia ouvir o murmúrio de vozes vindas da sala de jantar quando alcançou a sala de estar.
Girou para a esquerda e se apressou na direção das portas francesas que davam para o pátio.
Quando as abriu e se esgueirou para fora, foi recepcionada pelo sopro de uma brisa fria que lhe fez arrepiar a pele da nuca. Ainda assim, estava uma noite agradável. A lua brilhando majestosa no céu.
Demi seguiu pela passagem de pedra que margeava a piscina e virou para a direita para tomar o caminho sinuoso do jardim. A distância, o som abafado do oceano era como um bálsamo calmante para seus ouvidos. À medida que penetrava no jardim, o som da água corrente sobrepujou o das ondas. Para seu encantamento, girou em uma cerca viva espessa e curva para se deparar com uma fonte iluminada por holofotes que se erguiam do chão.
Demi se aproximou e inspirou o ar frio da noite. A brisa salgada tinha um sabor pungente em seus lábios. As mãos se ergueram para ajustar o suéter ao corpo. Estremeceu com o frio, mas se viu relutante em se retirar daquele cenário deslumbrante tão cedo.
– Não deveria estar aqui fora.
A voz de Joseph a assustou, mesmo quando sentiu as mãos longas e familiares lhe tocarem os ombros. Os olhos dourados não conseguiam ocultar a raiva e o desagrado o fazia contrair a mandíbula.
– Como conseguiu me achar tão rápido? – perguntou ela, recusando-se a se desculpar pela escapada.
– Soube onde estava tão logo deixou a casa – retrucou com voz calma. – Tenho seguranças espalhados por toda a ilha – esclareceu diante da expressão confusa de Demi. – Fui notificado no instante em que saiu para o pátio. Desde então, está sendo observada de perto. –
Ela franziu a testa enquanto olhava ao redor tentando avistar os seguranças que Joseph mencionara. – Não devia ter descido a escada sozinha e saído no escuro, a menos que estivesse acompanhada por mim.
– Isso seria impossível, já que estava grudado em sua assistente – retrucou ela em tom de voz seco. Desejara passar a impressão de que não poderia se importar menos com aquilo, mas a mágoa refletida em suas palavras a fez cerrar os punhos.
– Não lhe dei a atenção devida durante o jantar e lhe peço desculpas por isso. Tinha vários assuntos a tratar com Taylor, antes da partida dela pela manhã. Ficarei ausente de meus escritórios durante nossa estadia na ilha e, embora possa trabalhar daqui, prefiro dedicar meu tempo a você.
Joseph a puxava para perto enquanto falava, e ela se sentiu fraquejar. Odiava sentir ciúme e queria acreditar que não era uma pessoa possessiva, mas como saber? Sempre se sentira tão insegura no que se relacionava a Joseph? Esperava que não. Aquela teria sido uma existência infeliz.
Demi recostou a cabeça ao peito largo e fechou os olhos. A fragrância almiscarada que dele emanava bloqueou o sal que impregnava a atmosfera e os aromas do jardim. Um calor intenso lhe envolveu todo o corpo.
– Desculpe-me – sussurrou ela.
Joseph a afastou alguns centímetros e lhe ergueu o queixo com um dedo.
– Prometa-me que não sairá dessa forma outra vez. Não posso proteger você ou nosso filho se não seguir minhas precauções.
Demi ergueu o olhar para encará-lo, percebendo o desejo ardente se apossar dos olhos âmbar. O ar lhe ficou preso na garganta e tudo que conseguiu foi concordar, gesticulando a cabeça. Queria que ele a beijasse e tocasse.
– Conversei com o Dr. Karounis – disse ele com voz rouca. O dedo escorregando pela mandíbula delicada para lhe tocar a lateral do rosto e o contorno dos lábios.
– O que ele disse? – Demi perguntou, arfante.
Joseph se inclinou e a ergueu nos braços. Ela deixou escapar um arfar de surpresa e, em seguida, recostou a cabeça contra o peito largo.
– Que não vê nenhuma razão para eu não fazer amor com você.
– Perguntou isso a ele? – Demi guinchou, a mortificação a fazendo ruborizar e enterrar o rosto no pescoço forte.
A risada baixa que Joseph deixou escapar lhe reverberou contra os lábios.
– Jamais colocaria você ou nosso filho em risco, portanto tinha de me certificar de que não a machucaria se a levasse para a cama.
Joseph refez o caminho de volta na direção do pátio, suportando-lhe o peso sem fazer o menor esforço.
– Se há tantos seguranças observando tudo que fazemos, então não deveria estar me carregando desse jeito. Saberão o que estamos fazendo!
A risada de Joseph se propagou.
– Fica adorável quando está envergonhada, pedhaki mou. São todos homens. Entendem muito bem o que estou fazendo.
Demi gemeu, mantendo a cabeça firmemente colada ao pescoço de Joseph, incapaz de suportar a ideia de erguer o olhar e se deparar com algum segurança.
Abrindo as portas francesas com o pé, ele penetrou na casa e subiu a escada. O nervosismo de Demi  aumentou. Desejava e ao mesmo tempo temia o que estava para acontecer. Como poderia manter o controle quando bastava um toque de Joseph para estilhaçá-lo? Sua reação física a ele a deixava vulnerável, como se não fosse capaz de proteger nenhuma parte de si daquele homem. Não tinha certeza se era isso que desejava, mas até descobrir a profundidade daquele relacionamento, queria ser capaz de proteger as próprias emoções.
Joseph a pousou na cama e a encarou com olhar faiscante. Em seguida, lhe tocou o rosto e deixou que a mão escorregasse por seu corpo até se espalmar no abdômen abaulado.
Inclinando-se, lhe ergueu a camiseta e roçou os lábios no local onde se encontrava aninhado o filho de ambos. Em seguida, segurou-lhe o rosto com as duas mãos, deixou que o corpo pairasse sobre o dela.
– É isso que você deseja?
– Sim, oh, sim – ofegou ela, contorcendo-se, inquieta, ansiando para que ele cumprisse a promessa estampada em seu olhar.
– Em muitos aspectos, essa é nossa primeira vez – começou ele com voz rouca. – Não quero assustá-la.
Demi esticou os braços, puxando-lhe o rosto até que os lábios dos dois se encontrassem.
As incertezas se evaporando em face do calor que emanava da boca que violava a dela.
Joseph tomou o controle do beijo, fazendo-a se agarrar, desesperada, aos ombros largos.
– Eu o desejo – sussurrou Demi quando ele se afastou, com a respiração ofegante.
Joseph se ergueu, e ela o observou da posição onde estava na cama. Os lábios intumescidos e trêmulos. A pulsação acelerada e a excitação lhe percorrendo as veias como lava incandescente, à medida que ele desabotoava a camisa.
Quando concluiu a tarefa, Joseph atirou a peça ao chão e se concentrou no zíper da calça. Demi prendeu a respiração diante da familiaridade daquelas ações. Ela o vira fazer aquilo antes. Provocá-la. Tentá-la até que estivesse louca para que ele a possuísse.
– Você fez isso antes – murmurou Demi.
Um sorriso predador curvou os lábios sensuais enquanto a calça comprida escorregava pelas pernas musculosas.
– Isso é algo que a agrada, segundo me disse. Gosto de satisfazer minha mulher.
Por fim, a cueca de seda baixou até as coxas avantajadas, e Demi engoliu em seco quando a evidente ereção se projetou para fora. Ele era simplesmente lindo. Exalava uma força masculina que se refletia nos músculos definidos do corpo perfeito enquanto se inclinava para a frente mais uma vez.
– E agora vamos livrá-la dessas roupas, pedhaki mou.
Em um momento de pânico, Demi curvou os braços sobre o peito. Iria ele achá-la bonita?
Reagiria com a mesma intensidade que ela reagia a ele? Esforçou-se para recordar mais detalhes da forma como faziam amor, procurando mais familiaridades do que apenas o fato de Joseph se despir diante dela.
Com um movimento suave, ele lhe afastou as mãos do peito e as esticou até acima da cabeça de Demi, pressionando-as contra o colchão.
– Não esconda nada de mim. Você é linda. Quero vê-la por inteiro.
Demi umedeceu os lábios enquanto leves formigamentos lhe percorriam o corpo. Os mamilos enrijecendo no confinamento do sutiã e, de repente, desejou estar pele a pele comele, sem as barreiras das roupas ou das dúvidas.
Joseph baixou uma das mãos e começou a lhe retirar a camiseta. Os lábios encontrando a pele macia do pescoço delicado que ele explorou com mordidas leves até o lóbulo da orelha. O quarto se tornou um tanto indistinto ao redor, e Demi teve de lutar para colocar algum oxigênio para os pulmões. Simplesmente não conseguia respirar.
Era incrível a habilidade com que ele a despia. Os lábios se arredondaram em choque, fazendo com que um sorriso arrogante se estampasse no rosto de Joseph, ao mesmo tempo em que ele atirava por sobre o ombro a última peça íntima que lhe retirara.
Em seguida, ele a ergueu, a posicionou sobre os travesseiros, no meio da cama e se deitou pressionando o corpo forte ao dela. Espalmou uma das mãos com cuidado sobre o abdômen abaulado e a deixou escorregar até lhe encontrar o ponto sensível da feminilidade.
– Joseph! – Ela ofegou contra os lábios sensuais.
Quente, tenso e excitado, o corpo de Demi enrijeceu quando ele lhe capturou um dos mamilos na boca. Um soluço lhe escapou da garganta quando os dedos experientes a estimularam.
– Eu a desejo tanto! – sussurrou ele.–Senti falta disso. Somos tão bons juntos. Entregue-se a mim. Dê-me seu prazer.
Joseph a cobriu com o corpo, a pele pressionada à dela. Em seguida, introduziu uma das coxas entre as de Demi e se posicionou. Ela lhe envolveu o torso com os braços enquanto Joseph a penetrava.
Mesmo enquanto a possuía, ele a encaixava suavemente contra o corpo, tomando cuidado para não largar o peso sobre o abdômen avantajado de Demi.
E dessa forma, Joseph a levou ao paraíso. Naquele momento, pela primeira vez, ela se sentiu verdadeiramente em casa. Uma sensação de que pertencia a ela e não estava vivendo a vida de outra pessoa. Lágrimas lhe escorreram pela face e só quando ela atingiu a satisfação plena envolta naqueles braços fortes, foi que Joseph se entregou aos espasmos de prazer, deixando o corpo lentamente descansar sobre o dela.
Quando ele tentou se mover, Demi deixou escapar um protesto fraco.
– Sou muito pesado – murmurou ele enquanto se acomodava ao lado dela. Em seguida, a puxou para seus braços e lhe aninhou a cabeça sob o queixo. Escorregou a mão pela lateral do corpo de Demi, deixando-a descansar na curva de seu quadril.
Por um longo instante, os dois ofegaram em silêncio. Uma letargia envolvente a invadiu e um contentamento sonolento lhe fez pesar as pálpebras.
– Joseph?
– Sim?
– Sempre foi assim? – perguntou com voz suave.
O corpo forte paralisou contra o dela.
– Não, pedhaki mou. Isto… isto foi muito melhor.
Um sorriso curvou os lábios de Demi enquanto o sono a vencia. A fragrância e a sensação de Joseph  a envolvendo.



entao por hoje é só