terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Prazeres Proibidos Capitulo 6 parte III

Esperava ter dado o assunto por resolvido e se abaixou para comparar mais perto das colocações de azulejos.
—Muito verde, acredito — murmurou para si enquanto se erguia e deixava de lado a peça descartada. Se aproximou de novo da caixa, mas antes que pudesse selecionar uma nova peça, os dedos de Joseph rodearam a sua munheca detendo seu movimento.
—Ao menos, não pode me negar à oportunidade de fazê-la mudar de opinião— disse.
—Seria uma perda de tempo. Estou lhe deixando.
—De onde vem esse repentino desejo ir embora?
Seu dedo acariciava sua munheca e Demi sentiu como lhe acelerava o pulso. Com raiva de si mesmo, se soltou.
—Minhas razões não são de sua conta.
—Viola me contou sobre seu avô. Se a senhorita deseja conhecê-lo eu poderia lhe ser de muita ajuda nesse sentido. Se ficar aqui até que a escavação acabe, usarei minhas influencias necessárias para encontrá-lo.
Ela preferia morrer a aceitar sua ajuda.
—Não necessito desse tipo de ajuda, senhoria. Eu gostaria de conhecer meu avô porque acho isso correto, não porque se sentiria intimidada por um homem de um nível mais alto. Também, não quero ficar aqui. Tenho estado trabalhando em escavações em toda minha vida e quero mudar de ares. Quero conhecer gente nova.
—E segundo ouvi, também quer encontrar um marido.
Demi se incomodou com essas palavras. Não pode detectar nenhuma suspeita de escárnio em sua voz, mas devia estar rindo-se interiormente ante a ideia de que alguém quisesse se casar com ela.
—Não vejo nada de errado nisso.
—Se seu objetivo é se casar, senhorita Lovato, me permita dissuadi-la. Nesta vida é muito melhor não procurar complicações, se possível.
—Obrigada por sua cínica opinião sobre o tema, senhoria, mas não a compartilho. Eu gosto de acreditar que o casamento é uma combinação de amor, respeito e companhia, não é uma complicação. E como disso, há muitas outras razões por que me demito do meu posto.
—Então não gastarei saliva tratando de convencê-la de que a esqueça. A única que peço é que adiei até que minha escavação esteja acabada ou no mínimo, até que o museu esteja aberto.
Quando ela não respondeu e continuou escolhendo as pedras como se ele não estivesse falando, Joseph se aproximou mais, o bastante para que cada vez que ela mexia o braço, seu cotovelo o roçava.
—Eu pensei que gostasse de seu trabalho, senhorita Lovato.— murmurou —Acredita que era feliz aqui.
Demi se deteve, uma enorme dúvida a invadiu. Sim, ali ela tinha sido feliz, tinha desfrutado de seu trabalho; um trabalho que era agradável e familiar e que a enchia de orgulho e estava a ponto de abandonar todo esse por um mundo muito diferente. Não pode evitar se perguntar se estava fazendo o correto.
Não, no dia anterior tudo tinha mudado, sua felicidade tinha sido destruída e não queria continuar trabalhando para um homem que a respeitava tão pouco.
—Não há nada que o senhor possa dizer para me convencer de que eu fique aqui mais de um mês.
—Eu dobro seu salário.
—Não.
—Eu triplico então.
Ela interrompeu seu trabalho com um exasperado suspiro e virou a cabeça para olhá-lo.
—O senhor é incapaz de entender a palavra «não»?
—Tenho certa dificuldade com essa palavra concreta — reconheceu ele.
—Não me surpreende — respondeu ela retomando seu trabalho. —Certamente não ouvi muitas vezes.
—Raramente — aceitou Joseph. —Sou arrogante, reconheço,—continuou— e todo o resto. Eu admito, senhorita Lovato. Mas lhe peço para esquecer meus defeitos, aceite minha oferta de triplicar-lhe o salário e fique.
Demi não estava surpresa com suas sinceras tentativas de auto desprezo, mas nunca mais ia ceder a ele.
—Quanta persistência, senhor, os meninos de rua de Cairo poderiam aprender com o senhor, mas a minha resposta continua sendo não.
—Não poderia ficar no mínimo até março? Eu prometi a meus amigos que o museu estará aberto até o dia quinze desse mês. Preciso dos melhores que posso encontrar para este projeto. Como a senhorita mesma me assegurou uma vez que é a melhor restauradora disponível. Não posso encontrar ninguém tão capaz como a senhorita.
Ela não se empolgou com seus elogios.
—Esse é o problema — respondeu friamente.
—Certo. —Ele se afastou dela e não disse mais nada.
O silencio se prolongou e Demi esperava que finalmente tivesse aceitado sua demissão. No entanto, um momento antes, ele falou de novo e suas palavras sugeriram o contrario.
—Eu gostaria de chegar a um acordo.

Um comentário: