—Mas
já que o senhor perguntou pelo meu trabalho —continuou Demi, —deixe-me
dizer-lhe que estava trabalhando quando começou a chover. Estava na biblioteca,
tratando de averiguar algo sobre uns fragmentos de cerâmica, mas não pude
resistir à tentação de…
—De
se molhar—interrompeu ele. —Eu sei.
Então
a olhou e viu que isso também tinha sido um erro, porque não pode evitar o
impulso de tirar-lhe da face um fio de cabelo encharcado. Ele sentiu os dedos
sob a pele de suas bochechas quentes. Se perguntou como uma mulher que tinha
vivido tantos anos em um deserto podia ter uma pele tão lisa e suave. Acariciou
os lábios igual que ela tinha feito antes. Pareciam de veludo.
Demi
também o olhava, mas seus olhos estavam abertos não apenas de surpresa mais de
algo mais; algo semelhante ao que ele estava sentindo. Sim, o desejo também
estava presente em seu olhar, no modo em que sua entrecortada respiração
acariciava seus dedos. Era o desejo que lhe paralisava e endurecia, como um
cervo a ponto de escapar. Certamente sua mão deslizou, sentia como o coração
dela batia tão rápido como o seu.
Ele
começou a fazer, mas de repente retirou a mão.
—Vamos
entrar —disse, —está ensopada e pode pegar um resfriado. Conheço este clima
melhor que a senhorita e não vou permitir que fique doente quando há tanto
trabalho por fazer.
Joseph
se sentiu aliviado ao ver que ela não discutia sua ordem. Baixou o
guarda-chuva, acompanhou-a até a casa. Uma vez dentro, entregou o encharcado
guarda-chuva e a ensopada senhorita
Lovato a uma surpresa senhora Pendergast, a quem ordenou:
—Prepare
um banho quente e um copo de brandy para a senhorita Lovato. —Então ele se
virou para Demi disse: — A próxima vez que quiser se livrar das lembranças do
deserto, tome um banho dentro de casa, por favor. Espero que isto que não se
repita no jantar desta noite.
—Claro
que não — respondeu ela tentando manter certa dignidade apesar de estar
chovendo e formando poças no solo.
—Bem.
Então a verei esta noite.
Joseph
deu a volta e sem uma palavra a mais, retornou a seu escritório. Dizia a si
mesmo que Demi Lovato era sua empregada, uma mulher jovem e inocente. Uma
mulher a quem nunca tinha prestado atenção e que nunca, nunca tinha desejado.
Até nesse momento.
Agora, se pensava
nela, pensava com aquele ensopado vestido bege, não podia controlar o forte e
ardente desejo que se apoderava de todo seu corpo. Nem tampouco podia deixar de
ver a cara do satírico zombando dele
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