—Para
um homem, o cabelo de uma mulher nunca é algo banal. Imaginar como será solto,
como se moverá ao redor de seu colo, como será seu toque ou como ficará por
cima de seu travesseiro, é algo que na realidade pode se transformar em uma
obsessão. — Fez uma pausa para olhá-la e colocou um fio rebelde atrás da orelha
acariciando-lhe a bochecha com os nódulos. —Aconteceu comigo.
Uma
onda de calor a inundou por completo. As palavras de Joseph, suas caricias,
fizeram com que ela se imaginasse como seria seu cabelo por cima do travesseiro
dele e imediatamente se arrependeu disso. Tinha que recordar a dor que tinha
sentido ao ouvir o que de verdade pensava dela. Mas quando o olhou, a única
coisa que viu em seu olhos foi o mesmo calor, a mesma necessidade que ela
sentia.
Demi
se obrigou a não se afastar do olhar.
—Assim
que a aparência exterior de uma mulher é o que mais importa? —perguntou-lhe,
como se estivessem falando do tempo. —Para todos os homens é mais importante o
envoltório do pacote do que há em seu interior?
Ele
colocou outra forquilha em sua mão e continuou mexendo em seu cabelo.
—Os
homens não são muito profundos quando pensam nas mulheres.
—Não
parece que tenha muito bom conceito de inteligência de seu próprio gênero — disse
ela com desaprovação.
—Nós
os homens perdemos toda nossa inteligência frente às mulheres. O amor nos
transforma em idiotas ou em completos vilões. Muitas vezes, ambas as coisas.
—Por
que sempre fala do amor em uns termos tão denegridos?
—Eu?
—Fez uma pausa e apertou os lábios até formar uma fina linha. —É irônico, sabe?
A verdade é que o amor me dar pânico, maldita seja, sempre fico aterrorizado.
Por isso nunca permitirei me apaixonar.
Ela
nunca podia ter imaginado que aquele homem que caminhava como se fosse o dono
do mundo tivesse medo de algo.
—Por
que tem medo do amor?
—Desculpe
minhas palavras — disse ele desviando olhar, —um cavalheiro não deve se
maldizer frente a uma dama. — Retomou sua tarefa. —Conversas como esta
conseguem tirar o pior de mim.
—Não
respondeu minha pergunta — insistiu. —Por que o amor lhe assusta?
—A
senhorita deveria saber a resposta —respondeu ele na vez que colocava outra
forquilha e a colocava no lugar. —A senhorita também se assusta.
—Não,
a mim não.
—Oh,
sim eu acho que sim.
—Não
seja ridículo. O amor não me assusta.
—Verdade?
—Ele abaixou a mão até seu queixo e levantou até que seus olhares se
encontraram. —Por que insiste em colocar este horrível avental ou por que nunca
tira os óculos, por que usas esses vestidos tão feios e um penteado da pior
maneira? A senhorita está se escondendo.
Demi
se deu conta de que ele tinha conseguido trocar os papéis pondo ela de
defensiva e sem ele confessar nada em troca. Como desejava não ter feito essa
pergunta. Se afastou de sua caricia e baixou a vista até sua perfeita gravata.
—Sou
uma pessoa prática e me visto de acordo com meu trabalho.
—Muito
prático se alguém deseja passar totalmente despercebido.
«Como um inseto em cima
de uma folha.»
Cada
vez que se lembrava dessas palavras, sentia um vazio no estômago. Se lembrou de
todas às vezes que por medo que alguém descobrisse o que sentia por ele, ela
tinha se escondido, dissimulado. Tinha tentado passar o mais despercebida
possível. No fundo, sabia que tarde ou cedo iria para outra escavação ou a
outro projeto, e que então teria que dizer-lhe adeus para sempre.
Não
era de estranhar que tivesse lhe magoado tanto ouvir sua opinião. Talvez tenha
sido desagradável, mas tinha sido claro. Todavia, ainda que tivesse razão,
morria antes de reconhecer.
—Não
tenho medo do amor — mentiu. —Se fosse assim, não me poria em procuraria
encontrar um marido.
Joseph
não respondeu e tampouco olhou-a, mas estavam tão próximos um do outro que até
sem os óculos, podia ver perfeitamente suas características. Tinha as
sobrancelhas juntas, como se estivesse muito concentrado no que estava fazendo,
os olhos estreitos e o olhar fixo em seus dedos.
Colocou
a última forquilha e baixou os braços. Se afastou um pouco para poder observar
melhor o resultado e Demi sentiu uma horrível pontada de vulnerabilidade.
Misturar-se com o papel pintado da parede era muito mais seguro.
Ele
apertou os lábios. Se dissesse algo horrível, por mais insignificante que fosse
ela romperia seu acordo. Seu museu e sua escavação podiam ir para o inferno.
—Muito
melhor, senhorita Lovato— disse e tomou ar. —Parece… muito bonita.
Havia
algo nessas palavras, o modo inseguro em que as pronunciou, que lhe tocaram o
coração e desejou acreditar que o que ele dizia era verdade, ainda sabia que
isso era impossível.
—Dois
elogios na mesma noite? Estou impressionada com essa sua nova tendência de me
bajular.
—Eu
nunca bajulo ninguém. Simplesmente dou minha opinião sinceramente. —Tirou de
seu bolso os óculos e os ofereceu. —Se realmente quer encontrar um marido,
senhorita Lovato, deixe de se esconder. Então talvez descobriremos se é um
marido o que realmente quer.
Justo
no momento em que Demi pegou os óculos, ele deu uns passos para trás.
—Acho
que nós nos distanciamos um pouco de nossa aula de dança.
A
ideia de dançar com ele nesse momento, quando tinha todos os sentidos a flor da
pele, era intolerável. Suas palavras, suas caricias e o fato que ele sabia seu
mais profundo medo, já a tinham alterado bastante.
—Talvez
devêssemos deixá-lo para amanhã — sugeriu ela.
—De
acordo — aceitou ele, surpreendendo ela mais uma vez. Deu um passo par trás,
fez-lhe uma reverencia e deu a volta.
—Eu
gostaria de falar com a senhorita amanhã de manhã — disse já de costa. —Teremos
que começar a catalogar os artefatos que estão prontos para sua remoção a
Londres. Esteja na antika as dez. Por favor.
Demi
observava suas costas enquanto ele ia embora, sentindo ainda a caricia de seus
dedos em sua pele. Estava a ponto de sair quando compreendeu o que ele estava
dizendo.
—Amanhã
é quinta-feira, senhor —gritou, —me deu esse dia livre segundo nosso acordo.
Lembra-se?
—Sim,
assim é. —Parou na porta e voltou a olhá-la. —Nos veremos na sexta-feira.
Aproveite de seu dia livre, senhorita Lovato. —E com esta frase se foi.
Demi
continuava parada onde ele a tinha deixado, olhando surpresa para a porta
vazia. Aquele homem era imprevisível. Um dia ela era apenas um inseto e depois
tinha os olhos bonitos. Quando conseguia odiar-lhe fazia algo maravilhoso e
voltava a gostar dele de novo e quando gostava dele fazia algo desprezível e o
odiava de novo.
Demi
tocou no colo ainda sensível pelas caricias de seus dedos e percebeu que ainda
já não lhe importava o que ele pensava dela, ela nunca poderia chegar a odiá-lo.
esses dois, esses dois....
nath... EU AMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO deixar voces assim curiosas, por que acha que meu apelido é malevola? (sem a asa, vejam o filme e saberão)
bjemi
Você posta os spoilers e depois fico o tempo todo imaginando o que acontece à "volta" deles, mas não haja dúvida que bom mesmo é ler estes capítulos maravilhosos :)
ResponderExcluirE pelos vistos ela continua apaixonada...
Eu gostava da malevola mas tu acabou de quebrar o encanto e agora eu odeio ela kkkkk menina tu me faz sofrer muito se eu tiver um infarto antes dos 17 tu vai ser a responsável. Eu ainda to esperando a parte que ela recusa o pedido de casamanto e tal e enquanto isso fico imaginando o que acontece antes então pelo amor de Deus não me deixe curiosa e poste mais spoiler (sim eu odeio spoiler mas amo tb jsksjskas sou meio confusa) beijos e posta logo
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