Demi
levantou a carta e começou a ler:
Querida Demi: Se
queremos te introduzir na sociedade, você tem que aprender a dançar. Não acho
que gostaria de assistir as classes para meninas no sábado pela manhã em
Wychwood, assim que, por favor, atende meu conselho e peça ajuda a meu irmão.
Joseph não tem costume de frequentar festas, mas é um excelente dançarino e
estou segura de que não se negará a lhe ensinar a dançar valsa e um par de
quadrilhas.
Ela
lhe olhou diretamente e fez uma careta de incredulidade.
—Duvido
que o senhor aceite me ensinar nada.
Joseph
estava encantado com a ideia. Por fim tinha encontrado um modo de convencer Demi
para que ficasse em Tremore Hall mais tempo.
Era
brilhante, assim os dois conseguiriam o que queriam. Ante tal descobrimento não
pode evitar sorrir.
—Vê?
—gritou ela aborrecida ao vê-lo tão contente. Confirmou acusadoramente com a
carta que ainda tinha nas mãos. —Adora ver como minha pouca educação em artes
da alta sociedade me impede em alcançar o meu sonho. Acho que pensa que se
fracasso voltarei aqui com o rabo entre as pernas e que aceitarei ficar até que
a escavação esteja concluída.
—Não
pense tão mal de mim. Eu gostaria que ficasse porque quisesse ficar, não porque
não tivesse outra opção.
Ante
essa inesperada resposta, ela dobrou a carta e a guardou no bolsinho
—Não
acredito.
—Com
todo o poder e a influencia que tenho, se quisesse poderia obrigá-la a ficar
até que a escavação da villa estivesse finalizada. Poderia fazer sem importar
se é ou não neta de um barão. Tenho muitos defeitos, senhorita Lovato, mas
nunca gostaria de ver como alguém passa apuros na sociedade. A senhorita já
deixou bem claro que eu não lhe gosto, mas não acredita que não sou um
cavalheiro.
Ela
afastou o olhar por um segundo e logo respondeu:
—Eu
sinto, não queria insultar-lhe. É só que não posso entender o motivo de sua
amabilidade.
Desde
que Joseph tinha se tornado duque aos doze anos, ninguém lhe tinha questionado
seus motivos e ele raramente sentia a necessidade de justificar suas ações, mas
nessa ocasião decidiu que era importante fazê-lo.
—Quando
lhe disse que queria que ficasse, falei serio senhorita Lovato. Enquanto estiver
aqui, tentarei convencê-la de todos os meios, mas se depois de tudo a senhorita
quiser ir, não a obrigarei a permanecer em Tremore Hall nem um dia mais.
Prefiro que meu museu não abra a tempo que forçá-la a fazer algo que não
deseja. —Enquanto falava, Joseph viu que esse era o melhor momento para
realizar seu plano. —Como vejo que não acredita em mim, eu gostaria de
demonstrar.
—Como?
—Contrariando
o que pensa, eu não quero que a senhorita fracasse, assim que estou disposto a
atender a sugestão de Viola e ensinar-lhe a dançar. —Antes que ela pudesse
responder, continuou: — Em troca de mais tempo, claro.
—Humm.
Suponho que não teria feito esse oferecimento sem esperar nada em troca, não?
—Não,
mas devo admitir que estou sendo muito sincero com minhas intenções.
—Que
consideração de sua parte. —Ela o olhou diretamente nos olhos, cruzou os braços
e inclinou a cabeça, e perguntou: Quantos bailes? E quanto tempo quer em troca?
—continuou desgostosa.
Joseph
tinha sensação de estar discutindo os términos de um negocio financeiro. Bom,
era no fundo o que estava fazendo.
—As
danças populares são complicadas e uma jovem dama deve aprender muitos passos.
Dar-lhe-ei aulas todas as noites, lhe ensinarei a dançar valsa e as danças mais
comuns em troca de que fique até março.
—Ficarei
até quinze de dezembro.
—Duas
semanas? Não é uma oferta justa, eu não gosto nada de dançar e duas semanas a
mais não me compensa. Doze semanas, talvez.
Ela
golpeava a carta contra seu braço enquanto o olhava. Joseph sabia que ela
lutava entre o desejo de fazer um bom papel em seu debut social e a animação
que sentia em relação a ele. Ainda não sabia o que causou essa antipatia, mas
estava disposto a averiguar e a convencê-la de que ficasse mais tempo. Estava
impaciente para ouvir sua resposta.
Por
desgraça, o medo de fracassar nesse baile não era suficiente para tentá-la a
ficar por mais tempo.
—Três
semanas: ficarei aqui até o dia vinte e um de dezembro —respondeu negando com a
cabeça.
—Fevereiro.
—Não
me servirá de nada ter aulas se não posso ir a esse baile, não acha? Três
semanas.
Joseph
aceitaria tudo o que pudesse conseguir.
—É
uma adversária muito dura, senhorita Lovato, mas aceitarei as suas condições.
No dia vinte e um de dezembro será seu último dia. A verei na sala de baile
esta noite as oito. Avisarei aos músicos e a senhora Bennington.
—A
senhora Bennington? Por quê?
Ele
a olhou surpreso e respondeu:
—Por
quê? É uma dama de companhia.
—Só
no sentido mais amplo da palavra. A senhorita e eu estamos sozinhos muitas
vezes. —Ele abriu os braços mostrando ao seu redor. —Agora mesmos estamos
sozinhos. —Desviou o olhar e tomou fôlego. —Preferiria que estivéssemos só o
senhor e eu.
Joseph
começou a sentir curiosidade. Não teria a senhorita Lovato intenções românticas
a respeito dele? Não, isso não era possível. Ela nem sequer gostava dele. Ainda
que ele não se importasse. Desde que a tinha visto embaixo da chuva queria que
gostasse, mas optou por descartar esses pensamentos e disse:
—Não
estaremos sós, os músicos também estarão lá.
—Eu
sei que os músicos estarão lá, suponho que isso não pode-se evitar. Mas a
senhora Bennington é algo completamente diferente — respondeu ruborizada.
Joseph
não entendia nada.
—É
que —continuou ela— não posso suportar fazer algo errado. Eu fico com vergonha.
Joseph
se lembrou então de que seu trabalho sempre era perfeito, imaculado e de
repente entendeu tudo.
—O
que está tentando dizer que não suporta passar o ridículo na frente de outros,
que só permite que a vejam com tudo sobre controle, é isso?
—É…
sim.
—Senhorita
Lovato, é demais exigente consigo mesma, todo mundo comete erros.
—Sim,
eu sei… mas… — Fez uma pausa e mordeu o lábio inferior. Depois de um momento,
suspirou e continuo: — A verdade é que tenho um medo horrível que riam de mim
—confessou em voz baixa. —Até que eu não dance razoavelmente bem preferiria que
ninguém me visse.
Joseph
a olhou e começou a entender por que sempre era tão reservada, por que nunca
mostrava suas emoções e por que não deixava de trabalhar até que tudo estivesse
perfeito. E nesse instante teve vontade de matar seu pai. Por que era tão
insegura? Por que era incapaz de ser feliz e de rir de suas falhas? Podia
entender que seu pai a tinha arrastado pela metade do mundo, mas por mais que
tentasse nunca entenderia que não tinha se preocupado com os sentimentos e
emoções de sua filha. Quanto mais conhecia Demi, menos respeito sentia por seu
pai.
—Eu
verei seus erros — sussurrou ele com uma voz muito suave.
—É
diferente. Eu não me importo com que o senhor pensa.
Ele
caiu nas gargalhadas.
tenho que puxar a orelha de voces hein
esses dois estao flertando e nem percebem kkkk
bom postei mais um, agora nao sei quando irei novamente
Ui agora vão passar todas as noites "sozinhos" a dançar... acho que os músicos vão ver algumas coisas interessantes hehe
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