Apesar
de suas afirmações, Demi não tinha esquecido a noite que passaram juntos, nem
ele e não podia acreditar que ele pensasse nisso. Esses momentos estavam
gravados para sempre em sua mente. As lembranças de como a tinha beijado, de como
eles tinham feito amor, a gloriosa sensação de suas mãos, de sua boca. O ato em
si mesmo, o prazer e o desejo que sentiu, se lembrava toda hora. Ela nunca
poderia esquecer. Além do mais, nas duas semanas que se seguiram ao baile das
Haydon Rooms ele não permitiu que esquecesse.
No
dia seguinte da dança deles juntos, ele lhe mandou doze ramos variados de
tulipas e alecrim para dizer-lhe que admirava seus belos olhos e que se
lembrava da primeira vez que lhe disse isso. Cada ramo vinha em um bonito vaso de
cristal com um laço que tinha pendurado uma pequena forquilha de ouro para o
cabelo. Demi tocou um desses belos adornos recordando exatamente o que ele
queria que se lembrasse; o dia do penteado.
«O cabelo de uma mulher
pode se transformar em uma obsessão para um homem.»
Ele
estaria imaginando como ficariam seus cabelos sobre seu travesseiro?
Essa
noite tinha sido quando ele lhe confessou que tinha medo do amor e que temia se
apaixonar.
O
presente era tão exagerado e tão caro que o apropriado seria devolver tudo:
flores, vasos e forquilhas de cabelo. No final, ficou com as flores e devolveu
o resto, com uma nota em que lhe recordava que não podia aceitar presentes e
muito menos tão caros, porque se aceitasse todo mundo pensaria que estavam
comprometidos e não era assim.
Alguns
dias mais tarde, doze ramos de dicanias proclamavam a paixão que sentia por ela
e lhe recordava seu picnic, em que ela lhe descreveu as colinas de Creta. Mas
desta vez, só estavam atados com uns laços de seda, não tinha nem vasos nem
forquilhas para o cabelo.
No
fim de alguns dias, chegaram mais doze ramos. Estes de flores de melocotão.
«Me tens cativo»,
leu Elizabeth no livro que segurava entre as mãos e se aproximou do ramo que
Demi tinha em sua habitação para poder cheirá-las melhor.
—Também
significam «estou a sua disposição».
— Com um suspiro, se afastou do ramo e se jogou na cama de Demi. —Eu me
apaixonaria por um homem que me dissesse essas coisas.
—Está
dizendo bobagens — respondeu Demi enquanto escorria os cabelos molhados e fazia
que a água caísse nas flores que tinha sobre sua mesa. —«Estou a sua disposição» — repetiu e cobriu os cabelos com uma
toalha. — Como se Joseph pudesse pensar em algo tão ridículo.
Se
virou e ao ver o novo ramo de flores se lembrou da noite em que negociaram
sobre os óculos. Cobriu a boca com as mãos.
«Não se dar conta do
poder que tem sobre mim.»
Ao
recordar essa noite, invadiu nela de novo o desejo, aquela cálida sensação que
se apoderava de todo seu corpo quando ele a acariciava.
—Mas
isso não abranda teu coração? Nem sequer um pouquinho? —perguntou Elizabeth.
Demi
negou com a cabeça e observou preocupada sua amiga.
—Ele
não fala serio.
—Você
não acha que ele seja sincero?
—Eu
não sei! —respondeu exasperada. —Não quero mais falar do tema.
Elizabeth
não voltou a mencionar o assunto e o resto da família Fitzhugh guardou também
um respeitoso silencio, mas quando chegaram doze limoeiros indicando a
inconfundível intenção que tinha o duque de se casar com ela, sir Edward
perguntou divertido se aquelas demonstrações de afeto continuariam assim até o
Natal. Porque se essa era a intenção do duque, já temia que fossem receber doze
pinheiros.
Além
das flores que Demi recebia, chegavam cada dia na mansão cada dia centena de
cartas e convites. Tanta gente vinha visitar a Russell Square que o pequeno
salão frequentemente não podia acomodar a todos. As visitas falavam
delicadamente sobre bodas ou compromissos, mas ninguém era nunca tão atrevido
como para perguntar diretamente pelos rumores que circulavam sobre ela. Não
tinha sido anunciado nenhum compromisso, mas todo mundo interpretava o silencio
de Demi como um sinal de que queria ser discreta e ninguém acreditava que
pudesse ser verdade que ela tinha rechaçado o duque.
O
barão os visitava frequentemente durante a semana, às vezes ficava conversando
e outras vezes a convidava a dar um passeio para assim poderem se conhecer
melhor. Demi não sabia se ele fazia isso porque realmente sentia certo carinho
por ela ou se a única coisa que queria era parecer um avô atento. Em qualquer
caso, Durand estava convencido de que apesar de suas negativas, Demi seria em
breve a esposa de um duque.
Essa
convicção se via reforçada pelas páginas da sociedade nos jornais de Londres,
já que todos davam por certo que ela aceitaria a proposta de Joseph. O decoro
lhe impedia desmentir-los publicamente, assim que a única opção que ficava era
esperar que se cansassem de falar disso.
Em
qualquer caso, durante a segunda semana de seu pouco usual cortejo, as
especulações não apenas não cessaram, mas sim que aumentaram consideravelmente.
Todo mundo soube dos doze limoeiros e de que Joseph estava usando o livro de
Charlotte de la Tour como guia. No fim de alguns dias, todas as livrarias de
Londres se encheram de exemplares e muita gente ia passear por Russell Square
com a esperança de ver chegar à casa de sir Edward Fitzhugh o novo ramo de
flores que o duque mandava à senhorita Lovato.
Havia
um grande fórum de discussão sobre as origens de Demi, que eram muito
inferiores as do duque. Também se falou da fuga de seus pais e da tentativa do
barão de ocultar dizendo que sua filha tinha ido estudar na Itália. Uma ou duas
pessoas se atreviam a insinuar que seus pais não tinham se casado, mas esses
rumores se calaram em seguida.
Começaram
a circular as mais incríveis historias sobre sua vida na África e de como tinha
chegado a trabalhar para o duque, restaurando antiguidades e fazendo os
desenhos para seu museu.
Se
comentava sobre sua beleza muito comum, sua falta de dote e sua falta de
influencias. Tudo com a intenção de apontar o quão inadequada que era como
duquesa e sugerindo que talvez Tremore não estivesse acertando em sua escolha.
Demi
fazia todo o possível para ignorar as coisas horríveis que diziam sobre ela,
mas não suportava que a observassem constantemente. Não podia ir a nenhum lugar
sem ser observada analisada. Começava a entender o que Joseph lhe tinha dito a
respeito o quão pesada que podia ser sua vida.
Mas
ele continuava colocando lenha na fogueira. O dia da partida de cartas na casa
de dos Fitzhugh outro presente floral chegou a Russell Square.
—É
impossível! — disse Demi olhando como dois homens entravam com um enorme
ramalhete de flores com todas as cores do arco-íris.
Lady
Fitzhugh teve que limpar um canto inteiro da habitação para dar espaço para o
enorme ramo que no mínimo, media um metro de largura por um metro e meio de
altura e não cabia no pequeno vestíbulo. Quando tinham acabado de instalá-lo,
os dois homens que tinham feito a entrega se foram. Elizabeth e Anne examinaram
entusiasmadas as flores e Demi olhou exasperada para lady Fitzhugh.
—Que
vou fazer? —perguntou desesperada. —Ele não aceita um não como resposta.
—Você
vai rejeitar ele? —se surpreendeu Anne. —Oh, Demi, como você pode ser tão ser
tão insensível?
A
acusação lhe doeu e Elizabeth deve ter percebido, porque saiu em sua defensa.
—Se
você não o ama não tem por que se casar com ele.
—Você
não o ama? —perguntou Anne incrédula. —Por que não?
—Anne,
já é suficiente — disse lady Fitzhugh. —Os sentimentos de Demi não são de nosso
assunto. Agora, meninas, acho que é hora de irmos a casa de lady Atherton. São
quase três horas. Deixemos Demi em paz um pouquinho, Deus conhece o que lhe
convém.
Ela
olhou agradecida para lady Fitzhugh enquanto a mulher tirava suas filhas da
sala, deixando Demi sozinha com seu novo ramo. O observou durante muito tempo.
Apesar
das dezenas de flores e plantas que tinha em sua frente falavam de paixão, de
honra, de desejo que tinha de protegê-la, de cuidar dela, Demi não pode evitar
perceber de que não tinha nenhuma flor em todo esse enorme ramo que fosse uma
declaração de amor.
Não
importava muito. O próprio Joseph tinha dito que o que sentia por ela era uma
loucura temporal e ainda que tivesse ter havido uma rosa ou um ramalhete de
nomeolvides escondido em algum lugar daquele exagerado ramo, não se convenceria
de que ele sentisse por ela algo permanente e duradouro. Não havia nenhuma
flor, nenhum presente que pudesse convencer seu coração.
Joseph
sabia desde o principio que não havia maneira de cortejar Demi sem alimentar
fofocas. Mas não estava preparado para a raiva que sentia cada vez que lia algo
sobre ela nos jornais. Depois de seu baile em Haydon Rooms não tinha voltado a
visitá-la em Russell Square com a esperança de cessar assim os falatórios.
Como
não podia ir lá, passava muito tempo no clube. Uma noite, no fim de uma semana
do famoso baile, foi a Brook's e se encontrou lá com Dylan, que já tinha bebido
mais da metade garrafa de licor.
Joseph
aceitou o convite de Dylan de acompanhá-lo e se sentou. Se recostou em sua
cadeira e observou a fisionomia cansada e os olhos avermelhados de seu amigo.
—Sempre
que te vejo assim me alegro de não ter teu temperamento artístico — comentou.
—Aparentemente
eu tampouco tenho. —disse Dylan preocupado. —Não sou capaz de escrever mais de
duas notas seguidas, de modo que eu decidi sucumbir aos excessos do álcool. —
Apontou a garrafa. —Você quer me acompanhar? Pelo que eu ouvi, você também
precisa de um trago.
Joseph
não admitiu nada. Em vez disso, se limitou a pedir um copo e quando lhe
trouxeram, se serviu ignorando o olhar zombeteiro de seu amigo.
—Eu
ouvi que os floristas de Londres estão muito ocupados.
Joseph
bebeu em silencio.
—Talvez
deveria começar a mandar flores para damas. Isso seria algo novo para mim. Com
que flor você pergunta a uma mulher para dormir contigo?
Joseph
riu suavemente.
—Você
dormiu com tantas que não sei se você é capaz de se lembrar de todas.
—Não
é verdade — corrigiu Dylan. —Eu ainda não dormi com a sua, apesar do quanto eu
gostaria.
Joseph
ficou tenso e apertou o copo entre suas mãos, mas não disse nada.
Dylan
se recostou na cadeira e levantou as sobrancelhas procurando o confronto.
—As
notas da sociedade não deixam de dizer que ela não é bonita, sabia?
Dizem
que ela tem a pele muito queimada pelo sol para os padrões, que suas bochechas
são redondas demais e que seus cabelos são de um de castanho muito comum.
Acredito que para ti é cor de mel.
Joseph
não estava de bom humor para aguentar as zombarias de Dylan.
—Está
tentando me provocar?
—Confesso
que sim. Pelo menos uma vez, eu gostaria de te ver sem essa máscara de controle
ducal. Você sabia que em todos os anos que fazem que eu te conheço nunca te vi
perder o controle? Nem uma só vez. Mas vamos deixar de lado o teu caráter por
hoje e nos concentramos nos encantos da senhorita Lovato. — Bebeu mais um
pouco. —Dizem que ela não enxerga bem e que tem que usar óculos quase o tempo
todo. Todas as mulheres de Londres se perguntam como alguém tão insignificante
pode ter conquistado teu coração, mas eu acho que há muitos homens que estarão
de acordo comigo nisto… Olha, aqui está o que quero te ensinar.
Joseph
pegou a copia do The Times que tinha encima da mesa e voltou a dobrá-lo pelas
páginas de política.
—Ela
tem uma figura sensual — continuou Dylan apesar do gesto de Joseph. —Percebi de
imediato, eu sempre presto atenção nas coisas mais importantes. Olhe, os
jornais talvez tinham razão em dizer que seu rosto é comum, mas é bastante
bonito se você o olha em conjunto. É um rosto que não revela seus sentimentos
facilmente, não acha? Eu estive observando enquanto você dançava com ela e
qualquer um diria que ela não se interessa nem um pouco por ti. E seus olhos.
Deus, que cor tão linda…
Joseph
bateu na mesa com o jornal.
—Não
me pressiones mais, Moore, esta noite não estou com humor para aguentar teus
comentários satíricos.
—O
que é satírico é ver você se agonizando de mal de amor. A verdade é que
observar este romance a distancia pode ser bastante divertido. Limoeiros,
Tremore? Ninguém havia te considerado antes um idiota. A senhorita Lovato parece
não corresponder aos teus sentimentos. Como você se sente? Frustrado? Ferido?
Descontente com os deuses por terem ficado contra a você?
Joseph
começava a tremer o músculo do queixo.
—Vai
para o inferno.
—Já
estou lá, meu amigo. — Dylan voltou a encher o corpo e levantou. —Pelo inferno—
disse e bebeu todo o licor. —Agora já estamos nós dois nele.
Se
levantou da cadeira e se dispôs a ir embora, mas antes de ir se inclinou sobre
Joseph, apoiando as mãos na mesa.
—Acho
que vou compor uma peça em homenagem a senhorita Lovato— declarou em voz baixa. — «Demi, dos olhos violeta» ou algo do
estilo. Quem sabe? O melhor seria uma sonata que teria êxito já que as flores
tem fracassado…
Uma
ira como nunca tinha sentido antes se apoderou de Joseph, e o que viu logo em
seguida foi seu melhor amigo caído no assoalho com os lábios partidos. Sentiu
uma dor pulsante em seu punho e notou que vários membros do clube o estavam
segurando.
Dylan
esfregou seus lábios com a mão. Olhou seus dedos ensanguentados e sorrindo,
enfrentou Joseph.
—Você
vê, meu amigo? —murmurou. —A loucura afeta a todos. Inclusive a ti.
quem sabe agora surgem mais comentarios.....voces sumiram.
e a outra fic ja esta engatilhada, so esperando essa acabar...gente sao 26 capitulos ao todo, ou seja...ja ta acabando, entao colaborem.
Até ao sábado tenho aulas, é uma tristeza mas sempre que posso comento. Faz uma maratona até ao fim da história, ela é tão bonita :)
ResponderExcluirAgora é que a história está a avançar a largos passos, mas acho que o Joseph tem que ir falar com ela e dizer-lhe directamente que a ama porque as flores realmente não estão a ter muito resultado.
Talvez depois da cena do Joseph a Demi o vá visitar, já está na hora de se juntarem ;)
Joe tem que se declarar logo para Demi !!
ResponderExcluirtá tudo maravilhoso !! amando !!
posta logooo
beijos
que homem ciumento pelo amor de deus esse homem tem que mandar logo a rosa vermelha pra demi e para de jogo
ResponderExcluirque homem ciumento pelo amor de deus esse homem tem que mandar logo a rosa vermelha pra demi e para de jogo
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