sábado, 13 de fevereiro de 2016

Prazeres Proibidos Capitulo 21 parte III

—Ah não? —perguntou-lhe lady Fitzhugh em voz baixa e a olhou compreendendo tudo o que acontecia. Demi tinha vontade de gritar. —É um presente muito romântico, não acha?
—Sim, é — disse Anne suspirando. —Receber as atenções de um duque. Que poético!
—É romântico e poético? —perguntou Elizabeth.
—Claro que sim, tonta — exclamou Anne rindo. —É Le langage des fleurs!
—Sim, sim, mas não sou tonta, que significa?
—A linguagem das flores — explicou sua mãe. —E você, Elizabeth, saberia traduzi-lo se tivesse se aplicado mais em tuas aulas de francês. É um livro que explica o que simbolizam as plantas.
—Os apaixonados costumam se mandarem mensagens secretas entre eles — disse Anne encantada. —Está muito na moda. Então, Demi, já estão comprometidos?
—Anne! —repreendeu lady Fitzhugh. —Não tem por que nos contar, querida. Não é assunto nosso e nós respeitamos sua privacidade.
—Não estou comprometida com ele e nunca estarei. — Ela percebeu por seus rostos que não acreditavam nela. —Não há nada entre nós! Absolutamente nada!
Estava tão aborrecida que deixou o livro cair e ao fazer isso, entre suas páginas apareceu um pequeno ramalhete de flores envoltas em umas finas folhas de papel. As flores se espalharam ao redor do livro no chão.
—Você vê, Demi? —disse Anne. —Já mandou a primeira mensagem.
Demi recolheu as flores do chão e viu que acabavam de ser cortadas.
Devia tê-las colhido no caminho até lá. O pequeno ramalhete estava composto de flores de cor rosa e tinha uma única flor de um lilás escuro com tons amarelos. As movimentou entre seus dedos enquanto as outras mulheres se aproximavam dela para poder vê-las também.
—As cor de rosa são jacintos —disse-lhe Anne— e a lilás é uma columbina.
—O jacinto rosa significa que é um jogo — disse Elizabeth lendo o livro que tinha em suas mãos, — e a columbina significa «eu vou ganhar».
Tinha que reconhecer que o jogo das flores era uma ideia inteligente, mas era tão próprio dele proclamar-se ganhador antes de começar.
—Isto é tão excitante! —exclamou Elizabeth. —O próprio duque de Tremore está cortejando a nossa Demi!
—Isso é correspondência pessoal de Demi — recordou-lhe lady Fitzhugh a sua filha em um tom severo, — tão particular como se fosse uma carta. Deveria se envergonhar disso. Se desculpe com Demi e devolve o livro agora mesmo.
—Me desculpe, Demi — disse Elizabeth arrependida e devolveu-lhe o livro. —Esse assunto pertence somente a ti e ao duque.
—Não por muito tempo, querida irmã — disse Anne. —Se realmente o duque de Tremore está cortejando a nossa Demi, toda a cidade saberá daqui a alguns dias. Todo mundo está especulando sobre seu casamento desde que trouxe para limpar as esmeraldas ducais. Oh, Demi, se ainda não lhe fez o pedido, certamente tem intenção de fazer, se não, não teria te presenteado. Oh, falarão de ti em todos os jornais e de nós também.
—Receio que isso é verdade — disse resignada lady Fitzhugh, cuja atitude era totalmente oposta a de suas filhas. —Será melhor que nos preparemos para o assalto.
—Assalto? —perguntou Demi preocupada.
—Anne tem razão, querida Demi, se o duque te corteja, todos os teus movimentos serão observados e comentados, assim como os nossos. Nos encherão de visitas e falarão de nós até a satisfação nas notas de sociedade.
—Que bom — disse Elizabeth rindo. —Agora não nos faltarão pares de baile. Demi, você acha que o duque poderia nos apresentar seus amigos?
—Me envergonho de ti, Elizabeth, de verdade — disse lady Fitzhugh sentando-se ao lado de Demi e colocando afetuosamente a mão em seu braço. —Tem que entender tudo o que isto significa, querida. Você vai ser estudada, analisada e criticada. Tem que estar preparada para assumir que muitas dessas notas não sejam agradáveis. A inveja é um sentimento horrível e aqui tem em abundancia. Os duques são um bem raro e receio que as pessoas são muito gananciosas.
Demi olhou para o livro em seu colo. Ela não queria isso. Não queria que ele a cortejasse, não queria que fosse romântico, porque se fosse, ela sucumbiria inevitavelmente. Começava a pensar que talvez sentisse algo por ela e que tudo não tinha sido um recurso para satisfazer seu sentimento de honra. Ele não a amava, mas pelo modo como seu coração batia, sabia que ela poderia voltar a amá-lo.
—As fofocas não me preocupam nenhum um pouco — disse ela tentando endurecer seu coração. —Não há nada do que possam falar! Não existe nenhum romance, não estamos comprometidos e não vou me casar com ele. Quanto mais cedo todo mundo entender, melhor.
Bateu o livro com a mão e com um gesto irritado, abandou o salão deixando suas amigas surpreendidas por seu ataque de mal humor.
Um jogo requeria, no mínimo, de dois jogadores, disse a si mesma enquanto subia pela escada até seu quarto. Decidiu que simplesmente não jogaria. Não voltaria a se apaixonar por ele. Às vezes, inclusive um duque tinha que aceitar um não, como resposta.

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