—Lady
Sarah não poria nunca um de seus delicados pés em um lugar como esse. Antes ela
morre. E tampouco acho que ela tenha sido capaz de me mandar uma planta morta.
— Se interrompeu e estudou seu amigo durante um momento. —Você mudou de ideia.
E escolheu outra. Me diga que sim, eu te rogo.
—Sim,
sim é isso.
—Eu
estou ouvindo como os anjos cantam, Tremore. Você não esta brincando, não? De
qualquer modo, estou tão aliviado que não me importa. Então, quem é sua nova
escolhida? Que tipo de futura duquesa vai a um baile nas Haydon Rooms e te
manda uma planta morta? Não será uma moça do campo?
—Mais
ou menos, mas seria mais preciso dizer que é uma moça do mundo.
—Fiquei
intrigado.
—Eu
sei — respondeu Joseph caminhando até a porta com seu amigo pisando nos
calcanhares. —Estava convencido de que assim seria.
Demi
pensava que a primeira vez que ia em um baile em Londres passaria o tempo
sentada olhando como as pessoas dançavam, mas surpreendeu-se ao ver que se
equivocava e que lhe solicitavam danças em varias ocasiões. Nenhum de seus
parceiros podia se comparar com o homem que tinha lhe ensinado a dançar, mas
ela não podia evitar pensar.
—Quanto
tempo vai ficar em Londres, senhorita Lovato? —perguntou-lhe sir William
Laverton enquanto participavam em uma quadrilha. —Já visitou algum museu?
—Sim,
claro — respondeu ela tentando se concentrar em seu par e na porta do Haydon
Rooms. Uma planta gelada simbolizava a recusa de alguns avanços, mas não sabia
se Joseph iria aceitar sua resposta. Temia que aparecesse por ali em qualquer
momento.
—Sendo
filha de quem é, tenho certeza que encontrará museus fascinantes em Londres. —
Sir William continuava falando e ela voltou a tentar se concentrar no que dizia
e tratando de não bocejar. Seu par era bastante agradável, mas não á motivava.
Era o tipo de homem que não lhe partiria o coração somente em olhá-la e que era
incapaz de chegar a sua alma só em tocá-la. Deveria se alegrar disso.
A
música parou de repente e todo mundo parou de dançar. Seu parceiro tinha o
olhar fixo em algum ponto em cima de seu ombro e Demi se virou. Apesar de não
usar seus óculos, não precisou para saber quem acabava de entrar.
Todos
os sopros foram se silenciando e o são ficou em completo silencio. Inclusive
aqueles que não o conheciam podiam distinguir que se tratava de um membro da
nobreza. As pessoas começaram a se inclinar e a fazer reverencias diante dele
como salgueiros balançando ao vento.
Ainda
não podia vê-lo bem, Demi, notava que ele a estava olhando. Distinguia o
bastante como para perceber de que tinha começado a caminhar até ela, mas tinha
parado de repente.
Outro
homem seguia a Joseph e parou ao seu lado. Um homem vestido todo de negro com a
exceção da camisa branca. Tinha tal silencio que todo mundo podia ouvir o que
dizia.
—Serio,
Tremore —se queixou. —basta você chegar para acabar com a diversão. — Com um
gesto de aborrecimento continuou. —Estão todos parados. Vamos, faz os que fazem
os duques e lhe diz que podem continuar. Se não fazer isso, não vamos poder
dançar com nenhuma das damas aqui presentes.
—Isso
seria uma pena —respondeu Joseph e ela notou como ele continuava olhando-a. —Me
viciei muito em dançar ultimamente.
Ele
deixou de olhá-la um instante para saudar as pessoas ali reunidas.
—Podem
continuar.
A
música voltou a tocar e seu acompanhante continuou dançando com ela.
—O
duque de Tremore —disse sir William em um de seus encontros. —Nossa pequena
reunião não pode ter nenhum interesse para ele. Me pergunto o que faz aqui.
—Não
posso nem imaginar —mentiu ela quando voltaram a se separar.
Demi
continuou dançando com sir William e se manteve todo o tempo concentrada nos
passos, mas quando a música finalizou, viu que Joseph e seu amigo estavam com
os Fitzhugh. Não podia escapar dele.
—Senhorita
Lovato— disse ele ao saudá-la, — é um prazer voltar a vê-la. Me permita que lhe
apresente a este cavalheiro. — Apontou ao homem que estava ao seu lado. —Esse é
Dylan Moore, meu mais querido e velho amigo. Moore, ela é a senhorita Lovato.
Talvez tenha ouvido falar de Dylan, senhorita Lovato, é um dos melhores
compositores da Inglaterra.
—Você
exagera meu talento, Tremore. —O homem de negro lhe fez uma reverencia. —Tenho
entendido que é uma grande viajante e que esteve em um montão de lugares
exóticos, senhorita Lovato. Sir Joseph me contou suas aventuras no deserto com
seu famoso pai. Realmente montou num camelo?
—Muitas
vezes — respondeu ela evitando olhar Joseph. —Mas não há nada exótico nisso. Um
dia a camelo e um é dolorosamente consciente de todos os músculos que tem no
corpo. É tão pouco romântico como que te arrancassem um dente.
Todo
mundo riu, inclusive Joseph, mas quando os músicos voltaram a tocar, sua
expressão ficou seria.
—Eu
gostaria de saber mais sobre camelos, senhorita Lovato. Se não tem outro
compromisso, me concederia a honra de dançar comigo? —disse Joseph.
—Eu
não acho… — se interrompeu, consciente de que todo mundo a estava observando e
percebeu que não podia dizer que não. Se lhe rechaçasse o ofenderia
publicamente diante de todas as pessoas.
—Claro,
senhor — murmurou ela enquanto ele lhe oferecia o braço. —Será uma honra.
Demi
foi pega por ele e lhe permitiu guiá-la até a pista de dança. Sentia como todo
mundo os observava enquanto Joseph lhe colocava a mão em sua cintura e
levantava a outra. Estava certa de que tropeçaria, assim que olhava para o
solo.
—Me
olhe, Demi. Não para o assoalho.
Ela
optou por um ponto no meio. Fixou a vista em sua gravata e tentou não pensar
que todo mundo os estavam observando. Mas seu medo a fazer o ridículo
desapareceu quando começaram a tocar as primeiras notas da valsa, pois seu
corpo se recordava de todas as vezes que tinham dançado juntos e o seguiu com
facilidade.
—Me
alegra ter finalmente a oportunidade de te ver com o vestido rosa — disse ele
quando começaram a dançar. —Me lembro de quanto você estava contente no dia que
o comprou.
Surpreendida,
Demi o olhou diretamente nos olhos.
—Você
se lembra disso?
—Claro.
— Tinha algo em seus olhos, algo intenso e apaixonado. —Me lembro de tudo.
Ela
podia sentir como tremia por dentro. Tinha medo. Tinha medo de ser sua paixão
de hoje, mas não a de amanhã, medo do muito que lhe doeria se voltasse a
confiar nele e se enganasse.
—Você
esta linda —disse ele, —o rosa fica muito bem em ti.
—Não
faça isso — lhe ordenou com a voz controlada. —Não me elogie, por favor.
—Muito
bem. Mudarei de assunto e lhe direi o muito que gostei do teu presente. Eu o
recebi agora a pouco e devo confessar que nunca em minha vida tinha me sentido
tão aliviado ao receber algo.
Ele
nem sequer piscou quando ela o olhou cética, nem quando suspirou como se não
tivesse lhe acreditado.
—Estou
dizendo a verdade, tem sido muito cruel receber a planta congelada durante três
dias. Estava começando a perder a esperança de receber alguma resposta.
—Não
era minha intenção lhe causar tal inquietude — comentou ela. —Essa coisa tinha
que estar três dias no gelo para que estivesse totalmente morta.
Ele
soltou uma gargalha e ela viu como um montão de gente se virava para olhá-los.
—Shhh
— lhe repreendeu. —As pessoas estão nos olhando.
—Eu
sei — disse ele sorrindo. —As palavras não podem expressar o feliz que fiquei
em receber essa planta morta e congelada. É um sinal do muito que te importo.
—Feliz?
—lhe atacou ela. —Me sinto decepcionada. Esperava que seus sentimentos tomassem
outra direção, mas para tragédia do que para alegria.
—Nem
muito menos. Talvez quando amanhã você receber minha resposta saberá que vivo
dependente de conseguir sua atenção e seus favores.
—Oh,
pare agora, Joseph! Não gosto quando você se comporta assim.
—Assim,
como?
—Todos
esses elogios e esse desenvolvimento de sentimentos. Cheira a falsidade e isso
não é próprio de você.
—Já
te disse que quando dou minha opinião sou sempre honesto. Eu não teria dito se
não fosse verdade. Mas não culpo você por não acreditar em meus elogios — continuou
antes que ela pudesse responder. —Depois de tudo, eu não tinha sido muito
pretendente, falando de obrigações, de honra e de dever quando deveria ter
falado da paixão, do romance ou do quanto são bonitos seus olhos.
—Cale-se!
Você esta me deixando irritada.
—Você,
Demi? A mulher que me atirou uma espátula na cabeça? Não posso acreditar.
—Não
atirei em você de propósito — recordou-lhe. —Se você não tivesse feito, teria
dado.
—Não
tenho nenhuma dúvida.
Ela
voltou a abaixar a vista até sua gravata, apertou os lábios e não disse mais
nada.
—Por
que você aborrecida comigo, Demi?
Ela
não estava aborrecida. Só tentava se endurecer em frente a ele, mas a doçura de
sua voz a estava deixando nervosa. O olhou nos olhos, afastou a vista e voltou
a olhá-lo.
—Você
foi ver o barão e disse-lhe que íamos nos casar. Como você pode dizer tal coisa
se te rechacei claramente?
—Sim,
fui ver a Durand. E não, não lhe disse que íamos nos casar. Como ele é teu
parente mais próximo, disse-lhe que tinha intenção de me casar contigo e eu
pedi permissão para te cortejar honrosamente. Isso é tudo.
—Eu
sabia desde o início que ele aceitaria encantado tua solicitude.
—Sim,
claro — admitiu ele tratando de não sorrir. —Mas já te confessei faz tempo como
me aborreço quando me dizem não. Esperava que em algum momento você decidisse
passar por alto meus defeitos e que aceitasse se casar comigo.
—Eu
não quero me casar com você, já te disse isso. Por que você não pode aceitar?
—Porque
não posso deixar de pensar em você. Em nossas danças, em nossas conversas, na
primeira vez que te ouvir rir. Não posso deixar de pensar em nós dois, naquela
noite em antika — disse ele com uma voz entrecortada que lhe chegou ao coração.
—Me lembro de como tua pele estava fria a principio, de como sentia que aquecia
medida que te acariciava. Me lembro do quanto você estava linda quando estava
com a luz da lua refletindo em ti enquanto eu acariciava seus seios.
—Por
favor. — Estava se ruborizando diante de todas aquelas pessoas.
—Me
lembro de como você repetia meu nome uma e outra vez enquanto te tocava e de
quanto eu gostava de ouvir você pronunciar, me lembro de como preencheu todos
os meus sentidos até que eu já não podia nem pensar.
Ela
engoliu um soluço de dor e de fúria.
—Você
é cruel, Joseph — sussurrou-lhe chateada. —É cruel me dizer todas essas coisas
quando ambos sabemos que a única coisa que te importa é a tua determinação.
—Ambos
fizemos algo que odiamos fazer, Demi. Ambos perdemos o controle. Eu aceitei
toda a responsabilidade porque eu sabia o que estava fazendo e não fui capaz de
me deter. E você diz que eu sou cruel? Você nem sequer me permite reparar o
dano que lhe fiz. Se estou decidido é só porque quero cuidar de você. É você
que esta sendo cruel, Demi, ao me negar isso.
A
dança acabou e a música parou. Enquanto a acompanhava junto aos Fitzhugh, ele
desafiou todos os olhares e lhe sussurrou diretamente ao ouvido.
—Me
lembro de tudo e não acredito que você tenha esquecido. E se você esqueceu,
farei com que você se lembre. Juro por minha vida que eu farei.
a historia tem 26 capitulos ao todo, ou seja, falta pouco...e Joseph ta investindo pesado, acho que a Demi nao ira resistir por muito tempo.
comentem gente, a proxima historia volta a ser uma das que fiz.
bjemi
Agora até publicamente ele a corteja, isto está a avançar a largos passos e com o Joseph a ser tão querido, não dá para a Demi o recusar durante muito mais tempo :)
ResponderExcluirPosta mais!!! :)