Demi
se foi de Tremore Hall apenas vinte minutos depois de deixar Joseph em antika.
Ele não tentou vê-la antes que ela se fosse, pensou que o melhor seria era
esperar alguns dias antes de segui-la a Chiswick. Assim os dois teriam tempo
para pensar nessa situação e poderiam resolvê-la com mais calma. Ele sabia que
não tinha sido muito romântico o modo que tinha lhe feito o pedido. Se quisesse
convencer Demi, teria que melhorar nesse aspecto. Acreditando que em Enderby
seria fácil falar com ela a sós, mas quando chegou ali, sua irmã mudou todos os
seus planos.
Encontrou
Viola fazendo as malas, rodeada de um montão de baús abertos e camareiras
perambulando pela habitação.
—Ela
já se foi? —perguntou-lhe a irmã. —Que você dizer com que ela se foi?
Viola
negou com a cabeça sem se dirigir a ele.
—Não,
não, Celeste, o vestido verde de seda não, quero o verde de lã.
Então
se virou e concentrou toda a sua atenção em seu irmão, e lhe indiciou que se
sentasse.
—Nossa
querida Demi já foi para Londres. Dadas as circunstancias, lady Fitzhugh foi
amável de convidá-la e de aceitar apresentá-la em sociedade.
Joseph
franziu a testa e se sentou na cadeira sem se preocupar com os vestidos que
esmagou quando sentou.
—Que
circunstancias? —Olhou ao seu redor. —Você não vai para a cidade?
—Não,
vou para Northumberland. Hammond teve uma espécie de acidente e devo ir
imediatamente a Hammond Park. Ontem à noite recebi uma carta do doutor
Chancellor.
—Que
tipo de acidente?
—Ele
foi baleado.
—Um
acidente de caça?
—Não.
— Viola mordeu o lábio e afastou a vista. Depois de um momento voltou a olhar
Joseph diretamente nos olhos. —Participou de um duelo. Por uma mulher.
—Cretino!
—Joseph bateu com força a cadeira. —Juro que vou matá-lo por isto. Quantas
humilhações mais você vai ter que suportar?
Sua
irmã parecia magoada e ele soltou violentamente o ar que não sabia que estava
contendo. Hammond tratava sua irmã miseravelmente e esse duelo era a gota
d’água que caia no vaso. Joseph não tinha nenhuma pena pelas feridas que
tivesse sofrido seu cunhado.
—Eu
lamento, Viola, mas Hammond é o pior canalha que conheço.
—Agora
já não importa. — Ela encolheu seus ombros e continuou. —Eu estou tão contente
de poder ver Demi por alguns dias! Tivemos um ótimo tempo juntas, ela lamentou
muito que eu não pudesse acompanhá-la a Londres, depois de tudo. Passará a
temporada com os Fitzhugh.
Se
Demi ficasse na casa dos Fitzhugh ele iria ter tudo muito mais complicado. Não
poderia estar a sós com ela e teria que tentar convencê-la a vista de toda a
sociedade. Os falatórios e fofocas seriam enormes.
—Maldita
seja!
Ele
se deu conta do quão surpreendida o olhava ele irmã.
—Você
parece muito desgostoso por estas noticias, Joseph. O que esta acontecendo?
Você sabia que ela estava indo para a cidade. —Viola começou a rir. —Acaso
esperava convencê-la para que voltasse a restaurar mosaicos e vasos contigo?
Joseph
a olhou com um olhar ameaçador.
—Você
trocou confidências com a senhorita Lovato?
—Confidencias?
Não sei ao que esta se referindo. Que confidencias ela deveria ter
compartilhado comigo? Aconteceu alguma coisa?
A
grande maioria das mulheres teria faltado tempo suficiente para presumir que um
duque tinha lhe pedido em casamento, especialmente na frente a irmã deste, mas
era evidente que Demi não tinha dito nada a Viola. Sendo ele mesmo um homem
muito reservado, agradou-lhe o comportamento discreto dela, mas Viola tinha que
saber cedo ou tarde, assim que o melhor seria que ele mesmo dissesse. Antes que
lesse em uma nota de sociedade.
—Você
pediu Demi em casamento? —Um enorme sorriso iluminou-lhe o rosto e se levantou
da cadeira em que estava sentada para dar-lhe um beijo em cada bochecha. —É
maravilhoso!
—Não,
não tanto — respondeu ele enquanto Viola voltava a se sentar. —Ela me rejeitou.
—Sério?
Não posso entender por que, ela está… — Viola se calou sobre aquilo que iria
dizer e de forma suspeita, olhou seu irmão. —Eu não sei se você pediu, ou não?
Receio que simplesmente comunicou. Não adianta negar. — Antes que ele pudesse
responder, ela continuou. —Te conheço muito bem, Joseph. Você se fez de mandão
e autoritário e ela mandou você passear. — Viola começou a rir dele as
gargalhas. —Oh, já sabia que gostava dela.
—Que
bom que você esta passando tão bem com isto, mas você não deveria estar a meu
favor?
—Não
— respondeu ela sorrindo de orelha a orelha. —Estou totalmente do lado de Demi.
Nós mulheres devemos nos apoiar em situações como esta. — Não deixou que Joseph
respondesse e prosseguiu. —Há uma cosa que me intriga, se ela te recusou,
porque você esta aqui?
Ele
começava a se irritar que sua irmã achasse tão divertida suas desventuras.
—Se
você acha que eu aceitarei um não como resposta é porque não me conhece bem,
irmãzinha.
—Você
tem razão, mas Demi tem todo o direito que a cortejem, sabe? Você não pode ir
para o mundo ordenando as pessoas para que casem contigo. Um casamento não é
uma escavação. Oh, como eu gostaria de poder ficar para ver o espetáculo.
—Sim,
acho que sim — respondeu ele sem ver graça no assunto. —Não se preocupe, acho
que as notas da sociedade te contarão com todos os detalhes. Antes que me
esqueça, tenho que te perguntar uma coisa. Demi te mencionou alguma vez o nome
de seu avô? Vou ter que procurar o barão para poder fixar os términos de nosso
acordo.
—Lord
Durand. Suas propriedades estão em Durham, acredito, mas eu descobri que ele
esta agora na cidade. Sugeri a Demi que fosse visitar-lhe, mas ela me disse que
não queria. Me contou que Durand se negou a reconhecê-la. Depois da morte de
seu pai ela lhe enviou uma carta e recebeu uma resposta de um dos advogados
dele dizendo que nem era nem seria nunca a neta do barão. Seus pais fugiram,
assim que é evidente que Durand não aprovou esse casamento. Pode acreditar?
Quase chorei quando me contou. Ali estava ela, sozinha em Tánger, ou onde quer
que fosse, sem nada nem ninguém, e esse homem horrível escreveu-lhe para dizer
que não esperasse nada dele.
Joseph
se levantou. A ira inundava todo o seu corpo, mas quando falou sua voz soou
firme, serena, perfeitamente controlada.
—Não
sei por que — disse a Viola, — mas acho que Durand não se negará a reconhecê-la
depois de falar comigo.
—Sim
— concordou Viola olhando-o satisfeita, — estou convencida de que assim será.
Mas Joseph —continuou com tacto, —não acho que Durand seja teu maior problema.
Ainda tem que convencer Demi que te aceite.
Joseph
jurou que isso tampouco seria um problema. Abandonou Enderby e se dirigiu até
Londres. Jurou que Demi se tornaria sua duquesa, ainda que tivesse que
cortejá-la diante de toda a alta sociedade britânica.
—Por
todos os santos!
A
exclamação fez com que Demi deixasse de desenhar Elizabeth e Anne, que estavam
posando sentadas em frente dela em um dos salões da casa que os Fitzhugh tinham
em Londres. Se virou e viu como lady Fitzhugh, que estava sentada numa cadeira
a seu lado, olhava o cartão que acabava de entregar-lhe a empregada. Colocou a
outra mão em cima de seu coração descontrolado e se reclinou em seu assento.
—O
duque de Tremore veio nos fazer uma visita.
—Quê?
—gritaram suas duas filhas de uma vez.
—Bom,
não demorou muito — murmurou Demi.
—Com
certeza ele veio te ver, Demi! —disse Elizabeth. —Nós temos vivido toda uma
vida em Hampshire e nunca veio nos visitar.
—Deve
ser isso —continuou sua mãe batendo o cartão nos dedos. —Eu apenas falei com um
duque uma dúzia de vezes em todos esses anos e nunca nos tinha feito essa
honra. —Guardou o cartão no bolso e se endireitou na cadeira. —Mande-o entrar,
Mary. A um duque não se faz esperar.
Demi
se deu conta que rápido a empregada abandonou a habitação, lady Fitzhugh e suas
filham verificaram seus penteados e arrumaram os vestidos para receber o tão
ilustre convidado. Ela não fez nada disso, ao contrario, pensou que era uma
pena que esse dia não usasse o cabelo recolhido naquele coque que ele tanto
odiava. Quando viu que Elizabeth fazia gestos para que ela tirasse os óculos,
ela a ignorou e os deixou nos olhos.
Quando
Joseph entrou na habitação, ela se levantou e lhe fez uma reverencia, igual a
todas, logo se refugiou atrás de seu caderno de desenho enquanto lady Fitzhugh
lhe apresentava as suas filhas e o convidava para se sentar.
Por
cima do caderno, Demi observou as expressões de Anne e Elizabeth, abobalhadas
olhando-o, enquanto Joseph se sentava a seu lado. Olhar aquelas meninas era
como se ver refletida em um espelho. Porque que tinha ficado com essa mesma
cara no dia que o conheceu. Era uma mistura de nervosismo, vergonha e tolice.
Ele estava lindíssimo, estava muito elegante e parecia o grande duque que era.
Usava um casaco azul com uma calça de um azul mais escuro, em cima, uma capa
com pequenas listras douradas e como sempre, uma imaculada e impecável camisa branca.
Apostaria que as meninas Fitzhugh se perguntavam se estavam sonhando.
«Acho que está mais que
acostumado a causar este tipo de reações femininas por onde quer que vá»,
pensou Demi e então se deu conta de que tinha apertado tão forte o lápis contra
o papel que tinha estragado o retrato de Elizabeth.
—Toca
a campainha para que nos tragam um pouco de chá, Anne — ordenou lady Fitzhugh a
sua filha mais velha, que parecia incapaz de se mover.
—Não,
por favor, não se preocupe comigo — disse Joseph. —Não posso ficar muito tempo.
Visitei minha irmã justo antes que ela fosse a Northumberland e me contou que a
senhorita Lovato estava com as senhoras
na cidade. Só queria apresentar meus respeitos.
Joseph vai APRONTAR! pobre Demi.
presentinho de carnaval guys
bjemi
Ah adoro, adoro, adoro :)
ResponderExcluirAgora vai começar o jogo, desta vez à vista de todos.
Mal posso esperar pelo próximo capítulo.
Tou com pena da Demi. Adorei poste logo 😆
ResponderExcluirTou com pena da Demi. Adorei poste logo 😆
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