sábado, 13 de fevereiro de 2016

Prazeres Proibidos Capitulo 22 parte I

A previsão de lady Fitzhugh de que sua casa se encheria de visitas começou a se concretizar na tarde seguinte. O primeiro a visitar Demi foi lord Durand.
Ela não estava de bom humor para receber visitas. Junto com Elizabeth acabava de chegar em casa depois de um longo passeio por Montagu House, onde não lhe tinham deixado entrar no museu porque não tinha concluído seu pedido com antecedência. O fato de que ela fosse à filha de sir Henry Lovato, cujos descobrimentos constituíam a maior parte da exposição, não tinha impressionado suficientemente aos encarregados para romper suas estritas normas de admissão. Assim que, quando chegou à casa de Russell Square e se encontrou com lord Durand que estava esperando-a na sala, seu humor não melhorou.
Ficou petrificada de pé na escada, sua mão agarrada com força ao seu corrimão.
—Lord Durand? —repetiu olhando confundida a Mary enquanto entregava seu casou e seu chapéu. —Por que veio me ver?
A empregada pegou suas coisas e respondeu.
—Não sei, senhorita, mas lady Fitzhugh me pediu que eu lhe dissesse quando chegasse.
Antes que Demi pudesse responder, lady Fitzhugh, que deve ter ouvido suas vozes, saiu da sala e desceu rapidamente da escada.
—Lord Durand está aqui — sussurrou a Demi. —Ele está esperando-a mais de meia hora. —Tocou com carinho o braço de Demi. —Ele me disse que é teu avô, o pai de tua mãe e que acaba de saber disso. Isso é verdade, Demi?
—Sim — admitiu Demi e começou a subir com ela a escada. —Mas nos ignorou durante anos e eu nunca o vi em toda a minha vida. Por que ele quer me ver precisamente agora?
—Disse que deseja falar contigo. Parece ansioso para conhecê-la e para que não seja tudo tão estranho, sir Edward e eu gostaríamos de estar presentes na reunião. O barão está de acordo, se você não se importa, claro.
—Não, não, claro. Suponho que não posso me negar a vê-lo, apesar de que ele se negou a me ver.
—Ele fez isso? —Lady Fitzhugh estranhou. —Hoje ele parece ter muita vontade em te ver. Mas em qualquer caso, não acho que foi a decisão mais acertada, querida. Ele já reconheceu Edward e eu somos uma família.
—Ah é? —perguntou na hora que lady Fitzhugh abria a porta da sala e entrava nela. Demi a seguiu.
A primeira imagem do barão a deixou surpreendida e se deteve na porta. Demi não esperava que fosse um homem bonito. Tinha imaginado uma espécie de ancião de mandíbula desencavada e expressão maléfica. Em vez disso, se tratava de um homem alto, elegante, com o cabelo prateado e que apesar de sua idade, continuava sendo muito bonito. Essa surpresa se incrementou ao ouvir suas primeiras palavras.
—Minha queridíssima neta — exclamou e se aproximou para pegar-lhe as mãos. —Fico tão feliz em poder te ver finalmente. Venha, venha, deixa eu te olhar. — Examinou-a de cima a baixo e logo a pegou pelo braço para guiá-la até o sofá que tinha perto do fogo, de frente da cadeira que estava sentada lady Fitzhugh. —Tenho tanta vontade que passemos um agradável tempo juntos.
Demi soltou-se e preferiu se sentar perto de lady Fitzhugh, para assim poder olhá-lo diretamente nos olhos. Mas antes que pudesse perguntar-lhe nada, o barão falou:
—Estou tão contente por você, querida menina. Deixa que eu seja o primeiro a felicitá-la.
Ela piscou surpresa.
—Perdão? Por que me felicita?
—Pelo teu compromisso com o duque de Tremore, claro.
Demi não podia acreditar.
—Não sei do que se refere. Não estou comprometida com o duque.
O barão, não pareceu impressionado por suas palavras.
—Claro, claro, eu entendo. O duque já me explicou o quão impetuosa que foi sua proposta e pediu para te cortejar como você merece antes de tornar oficial o compromisso de vocês.
—Ele disse isso? —perguntou ela apertando os dentes.
—Sim e eu entendo perfeitamente. Você tem todo o direito a querer que te conquistem, mesmo que ele seja um duque.
—Não tenho nenhuma intenção de me casar com ele — respondeu ela sem conseguir distinguir se irritava-se mais com Joseph ou com o barão. Nesses momentos estava igualmente farta dos dois.
O barão piscou-lhe um olho.
—Poucas jovens se atreveriam fazer um duque esperar, mas ele parece estar bastante apaixonado por você e já esta bastante resignado com a ideia. De todos os modos, deixa que eu te dei um conselho, querida. Não faça ele esperar muito. A final, ele é um duque.
Demi tinha a sensação de que iria ouvir essa frase bastante frequentemente.
—Não vou me casar com ele — insistiu ela. —Não fale de um compromisso que não existe, eu lhe rogo.
—É inútil que você tente manter em segredo, o próprio duque me disse que tinha intenção de fazer público que esta te cortejando. Você é minha neta e como cavalheiro tenho o dever e a obrigação em cuidar de ti. Te darei conselhos de como prosseguir com este cortejo, ainda que agora já seja um pouco inútil, pois já dei meu consentimento ao duque.
Demi começava a ficar farta de tratar com cavalheiros honoráveis.
—Eu não quero ser sua obrigação, senhor.
Antes que ele pudesse responder, se atreveu a perguntar-lhe a única coisa que realmente queria saber.
—Por que ocultou que minha mãe fugiu com meu pai e como conseguiu manter em segredo seu casamento?
O barão olhou a sir Edward e a lady Fitzhugh. Parecia aborrecido pela mudança de assunto e se incomodou de ter que responder essas perguntas, mas ainda assim respondeu.
—Minha filha era muito jovem, só tinha dezessete anos. Não dei minha aprovação no casamento. A grande diferença social fazia que para ela fosse uma união muito desvantajosa. Quando fugiram, decidi evitar a todo custa o escândalo e disse a todo mundo que Jane tinha ido a Itália estudar arte.
Demi se sentia satisfeita de que ele tivesse disposto a contar a verdade sobre seus pais, mas era como se estivesse falando um discurso perfeitamente ensaiado.
—Eu fiz o melhor que pude.
Demi cruzou os braços e o encarou seria.
—Verdade?
O barão se mexeu desconfortavelmente na cadeira, mas Demi não se afetou.
—Por que então não tentou corrigir seu erro e me reconhecer quando lhe pedi? Já sei que meu pai era um órfão sem família nem influencias, mas era um homem brilhante. Era um cavalheiro e sua filha o amava. O senhor sabia que eu era sua neta e apesar disso se negou a me reconhecer. Não tem vergonha de ter nos tratado assim?
O barão não pode raciocinar diante daquela avalanche de acusações. Ele parecia irritado por ter que tocar nesse assunto em sua primeira visita. Mas quando falou não estava aborrecido, mas agitou as mãos surpreso.
—Demi, não é como você diz.
—Ah não?
—Não, não. —Voltou a olhar incomodado para sir Edward e para lady Fitzhugh, mas eles não lhe ofereciam ajuda. Lady Fitzhugh costurava e sir Edward atiçava o fogo. Nenhum dos dois parecia estar escutando sua conversa e nem tossindo forçado o barão conseguiu captar a atenção deles.
Sem nenhuma vontade o barão voltou a encarar Demi, que mantinha um estoico silencio.
—Teu pai estava em Durham, perto de minha propriedade de Cramond. Ia a dar ali umas conferencias sobre antiguidades romanas. Minha filha assistiu essas conferencias e começaram a se encontrar em segredo. Uma semana mais tarde, vieram me ver e me comunicaram que tinham intenção de se casarem. Não faz falta que te diga que não aprovei.
—A deserdou?
Ele negou com a cabeça no mesmo instante.
—Não, não. Mas estava furioso. Teu pai era um órfão sem família e sem influencias. Era quase vinte anos mais velho que minha Jane e não tinha dinheiro para poder mantê-la como ela merecia, nem tampouco os filhos que teriam. Se tivessem vindo morar comigo os teria perdoado, mas ele queria que tua mãe o seguisse por todo o Mediterrâneo. Além do mais, estava convencido de que em uma semana não tinha tido muito tempo de se apaixonar. Minha filha e eu discutimos. Ela e teu pai fugiram na mesma noite e alguns dias depois embarcaram para Edimburgo com destino a Nápoles. Nunca voltei a ver minha filha. Minha mulher também já morreu e não tenho mais filhos. Você pode chegar a entender o quão amargo e traído que me sinto?
—O senhor disse que não a deserdou, mas fez sim. Eliminou-a de seu coração e nunca respondeu nenhuma de suas cartas. Como tampouco respondeu a minha.
Ele piscou diante a brutalidade de suas palavras.
—Espero que algum dia você entenda.
Demi se apoiou na cadeira, sem chegar a compreender seu ponto de vista.
—Não, não entendo. Não apenas abandonou sua filha, mas também me abandonou. Eu lhe escrevi pedindo ajuda e a única coisa que recebi foi uma carta de seus advogados. Quer que lhe diga o que dizia?
Ele tratou de responder, mas ela não o permitiu.
—Dizia, de um modo muito explícito, que eu não podia ser sua neta —continuou — e que qualquer outra tentativa de entrar em contato com o senhor para obter seu dinheiro seria inútil. Meu pai tinha acabado de morrer. Estava no meio do deserto do Marrocos, sem dinheiro, sem família, sem ninguém que me ajudasse. Lhe escrevi desde Tánger e durante dois meses esperei sua resposta tentando sobreviver com o pouco que tinha. Todas as antiguidades que papai tinha descoberto em Volubilis já as tinha vendido ao duque de Tremore ou a um museu de Roma e o pouco dinheiro que papai tinha para gastos já tinha se acabado.
Se dava conta que se estava ficando nervosa e muito emotiva, mas não se importava. Queria que soubesse como tinha-lhe ferido sua indiferença.
—Me vi obrigada a vender os livros e a equipe de meu pai para poder comprar comida e ter um lugar onde dormir, mas esperei, tinha a esperança de que meu avô, de que o senhor, me ajudaria. Entretanto, não ajudou. Me abandonou e me deixou sozinha, sem dinheiro e sem proteção. Sorte que o duque de Tremore queria contratar meu pai e mandou duas passagens para Inglaterra. Fui para Hampshire e trabalhei para ganhar meu sustento. O senhor me pergunta se posso entender o que fez e minha resposta é não. Não posso entendê-lo e acho que será impossível perdoá-lo.
—Sendo tão jovem você dar sua opinião muito convencida — gritou ele irritado. —Eu vim aqui de boa fé, com a intenção de corrigir o péssimo modo como me comportei contigo.
—Só veio aqui porque acha que vou me casar com um duque. Não há nenhum compromisso. Assim que…
—Talvez — interrompeu sir Edward pela primeira vez desde o inicio da conversa — deveríamos falar deste assunto a sós, lord Durand. Acho que as mulheres e acredito que o senhor está de acordo, são criaturas muito emotivas e não permitem que a razão intervenha em seu discurso.
Demi se sentiu ultrajada, mas lady Fitzhugh pôs uma mão em seu braço e quando ela se virou para olhá-la, lady Fitzhugh disse:
—Tranquila.
—Talvez tenha razão, sir Edward — disse Durand.
—Fantástico! Vamos para o meu estúdio? — Apontou a porta e os dois homens saíram juntos deixando as mulheres sozinhas.
Demi ficou de pé logo quando cruzaram a porta e começou a andar pela habitação.
—Isto é humilhante. Sei perfeitamente que a única coisa que fez vir aqui hoje é porque acha que vou me casar com o duque. Que homem tão horrível! E como o duque se atreve a ir à casa de Durand e falar-lhe tudo isso? Ele sabe que não vou me casar com ele, quando o recusei fui bastante clara a respeito.
—Demi, se senta.
Ela viu que lady Fitzhugh a estava observando tão seria que decidiu dar-lhe atenção e se sentar.
—Então na verdade o duque te pediu em casamento.
—Sim. — Temerosa de que lady Fitzhugh pudesse dizer-lhe, continuou: — Por favor, não me diga que fui uma estúpida ao recusá-lo. Eu…
—Não, não, Demi, eu nunca me intrometeria em algo tão delicado. Você deve ter suas razões para ter feito isso. Respeito se que não quer falar disso é tua escolha. Eu só te perguntava se era verdade que o duque lhe tinha proposto casamento, porque se sim eu gostaria de te dar um conselho. Se você me permite.
Demi a olhou surpresa e um pouco intrigada. Ela tinha muita estima a lady Fitzhugh e não queria ouvi-la dizer que tinha se equivocado ao rechaçar um duque.
—Conselho?
—Sim. —A mulher cruzou as mãos sobre seu colo e guardou um momento de silencio. Depois começou a falar: — Antes de mais nada, quero que você sabia que tenho-lhe muito carinho, querida. Você tem sido uma excelente companhia para minhas filhas, já que sendo mais velha que elas tem conseguido transmitir-lhes certa serenidade e responsabilidade. Mas eu sou mais velha que você e esses anos me fizeram mais sábia ou assim espero. Por favor, permite que te dei um conselho e entende que o faço só pensando em ti e em sua felicidade.
—Claro, pode me dar todos os conselhos que quiser. A senhora tem sido muito amável comigo, abriu as portas de sua casa para mim, tem sido minha amiga e… — e interrompeu sua voz e demorou um momento em poder continuar. —Lady Fitzhugh, eu estou tão agradecida. A senhora tem me tratado como se fosse mais um membro da família e as palavras não podem expressar…
—Tranquila, filha — disse, dando uns tapinhas carinhosos em sua mão. —E me chame de Elinor, querida. E você tem que saber que para mim você já é um membro da minha família —continuou sorrindo, —ainda que talvez você não goste tanto de mim quando ouvires o que tenho para te dizer.
Demi se preparou para o inevitável.
—Vai me dizer que deveria ser mais pronta e aceitar a proposta do duque.
—Não, não, você já é adulta o suficiente para saber o que há em seu coração e em sua cabeça. Além do mais, ser duquesa é uma enorme responsabilidade e entendo perfeitamente sua reticência a ocupar esse posto. Não estou segura de que eu quisesse para uma de minhas filhas. Não, meu conselho se refere ao barão.
—Ao barão?

Demi mostrando as garras diretamente ao avô....
comentem pessoal. pleaseee
bjemi

2 comentários:

  1. Agora é que a barraca está armada... aquele avô da Demi tem muita lata, ele devia ter-se importado logo com a neta, não apenas após saber que ela pode ser duquesa, enfim...
    O Joe vai continuar a ter que suar muito para conseguir dar a volta à Demi, mas aos pouquinhos ele vai lá :)
    Adorei ler logo dois capítulos, posta mais :)

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  2. Eita que a demi soltou os cachorros pra cima do avô, e o Joe pra não perder tempo já foi lá falar com ele que pediu a demi em casamento esse homem realmente vai jogar com todas as armas que tem

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