terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Prazeres Proibidos Capitulo 18 parte I

Joseph decidiu se concentrar em seu trabalho. Frequentava a seus habituais encontros com os membros do Clube de Antiquários que estavam na cidade e cumpria com todas as suas obrigações. Só controlar o projeto do museu o tinha ocupado desde que o sol nascia até chegar à noite. Tudo para manter a mente em outra parte e deixar de pensar naqueles olhos cor de lavanda e o desejo que eles lhe despertavam.
Mas ali, de pé no meio sala albergaria a maior coleção de objetos romano britânicos do mundo, cada afresco, cada mosaico, cada ânfora, recordavam aquilo de que ele queria escapar.
Que tinha aquela mulher que não podia tirá-la da cabeça? Alguns meses atrás apenas olhava para ela. Teve uma época em que era incapaz de se lembrar dela a não ser que tivesse de pé na frente dele. Recordava como incomodava-lhe ouvi-la gaguejar ao tentar explicar-lhe sua última tradução do latim ou ao descrever-lhe os detalhes mais ínfimos de um mosaico. Ela obedecia todas as suas ordens sem protestar, não importava ou exigentes ou poucos razoável que estas fossem; ela sempre as cumpria com perfeição. Na verdade, se comportava como qualquer outro membro do serviço: sem queixas, sem perguntas e cobrando um salário pelo trabalho bem feito.
Então se demitiu e disse-lhe na cara que ela não gostava dele e que não queria trabalhar para ele nem mais um dia. Nesse momento, cinco meses depois de sua chegada, ela se transformou diante de seus olhos. Se tornou alguém desconhecido, alguém quem não se importava com seu título nem sua posição. Ele acreditava que ela sempre tinha sido assim, mas por medo de perder seu emprego, tinha se escondido atrás de uma máscara de eficiência. Quando tinha se apresentado a primeira oportunidade de sair dali, tinha aceitado sem hesitar e desde então ele tinha se visto obrigado a recorrer a todo o sua inteligência para tentar convencê-la de que ficasse tempo.
E tudo por quê? Porque ela não gostava dele. Mas tinha gostado que a abraçasse; tinha gostado que a beijasse; tanto como ele.
Joseph sabia que ele sim gostava dela. Demais. A desejava como nunca antes tinha desejado outra mulher. Era tudo tão inesperado, tão incrível. Tinha estado equivocado a respeito de Demi a principio e agora ela invadia cada canto de sua mente. Maldita honra! Por que não tinha aproveitado a oportunidade de fazer amor com ela? Pelo menos assim deixaria de imaginar o que sentiria se fizesse e talvez pudesse afastar de sua mente essa obsessão e se concentrar em seu trabalho. Olhou o afresco que tinha a sua frente e suas cores envelhecidas; o cacho de uvas que tinha sido roxo e agora era de cor lavanda. Ele bateu com o punho na mesa.
—Que vá pra o inferno!
—Você me chamava? —perguntou uma voz masculina no corredor.
—Dylan Moore! —exclamou Joseph reconhecendo essa voz sem ter que levantar a vista. Tomou fôlego e agradecido pela interrupção, afastou a vista da pintura.
—Isto que você chama de museu, Tremore? —disse Dylan olhando ao seu redor. —Parece mais com um mausoléu, está tudo cheio de pedras e de estatuas. Mas olhe, inclusive tem um sarcófago.
—Vejo que continua sem cortar o cabelo — comentou Joseph, se afastando da mesa. —Até quando vai resistir os ditames da moda?
—Ainda não decidi — respondeu seu amigo sorrindo. —Meu mordomo me repreende por isso constantemente, acho que é até capaz de me drogar e cortá-lo enquanto durmo. Mas estou decidido que vai voltar a moda as cabeleiras longas nos cavalheiros. Por favor, Tremore, esses janotas de Londres necessitam de alguém que os guie.
Ninguém podia acusar Dylan de janota. Era o compositor mais famoso de Inglaterra e sua aparência era sempre um pouco chocante. Até o ponto que quando alguém o via pela primeira vez, ficava tão impactado que não podia nem raciocinar. Foi tudo muito estudado.
Era tão alto como Joseph e usava uma cabeleira vasta e negra que chegava aos ombros; sempre despenteada, como se acabasse de se levantar da cama. Seus olhos também eram negros, com umas invisíveis pupilas tão escuras que lady Jersey o tinha apelidado de o moderno Mefistófeles. A comparação tinha caído como uma luva. Suas sobrancelhas se arqueavam zombando, enquanto seus lábios sorriam sedutores. O encanto dos anjos e a sorte do demônio.
Se vestia de acordo com seu apelido e alimentava essa imagem de Mefistófeles usando sempre roupas negras, qualquer que fosse a ocasião. Seu casaco negro com forro dourado era conhecido por todos, igual que era o seu comportamento que a cada ano se tornava mais escandaloso. Dylan era selvagem, rebelde e sempre convidavam-lhe todas as festas. Mas também era o compositor das melodias mais belas que Joseph tinha escutado em sua vida. Se conheceram em Cambridge e eram amigos íntimos desde então.
—Por que você chamava o demônio, Tremore? Suponho que por algo relacionado com o trabalho, isso é a única que pode fazer, trabalhar. — Dylan nunca tinha sido capaz de ficar quieto, assim, que começou a caminhar pela sala observando os objetos expostos. —Ou talvez a ideia de colocar as esmeraldas ducais ao redor do colo de certa dama está fazendo você soltar maldizeres?
—Eu não posso ter uma vida privada? —perguntou Joseph exasperado. —Até onde chegaram os rumores?
—Na semana passada apareceu no jornal uma lista das possíveis candidatas. Que esperava meu amigo? Achava que podia levar as esmeraldas a uma joalheria de Bond Street sem que ninguém soubesse?
—Foi uma bobagem, eu sei.
—Muito grande —continuou Dylan e parou de caminhar para encarar diretamente a seu amigo. —Vamos, desembucha. Quem é a afortunada dama?
—Lady Sarah Monforth.
Seu amigo, incrédulo, olhou-o fixamente e afastou um par de estatuas até ficar de frente para ele.
—Você esta brincando comigo, Tremore. Me diz a verdade.
—Te disse a verdade. Ela estará em Paris até o natal, então eu ainda não lhe falei. Te peço por favor que mantenha isso em segredo.
—Estou muito chocado para guardar. Posso saber por que precisamente você, que é um homem inteligente, vai se casar com uma boba de tal calibre?
—É uma união vantajosa para ambos.
—Sem dúvida. Seu nome era o primeiro da lista. —Dylan pegou uma faca de bronze que estava sobre a mesa e a observou atentamente por um instante, logo devolveu-a seu lugar. —Sabendo como sei que odeia o casamento tanto como eu, suponho que vai fazer para ter um herdeiro.
Joseph estava irritando. Não gostava que seus amigos se metessem em seus assuntos.
—Tem algo para se opor?
—Você vai ter que dormir com ela — disse Dylan olhando-o nos olhos e fazendo uma cara de nojo. —Lady Sarah é uma dessas mulheres que apesar de serem bonitas, não tem nenhum ápice de sensualidade em todo seu corpo.
—Você fala como o hedonista que é, eu estou sendo prático.
A risada de Dylan ecoou por todo o museu.
—Meu Deus, Tremore, como eu gostaria de ser como você. Você é tão responsável, tão disciplinado e tem tanta determinação que consegue sempre o que quer. Suponho que já tenha informado a Deus de que precisa de pelo menos três filhos homens para assegurar a descendência de Tremore.
Joseph já estava acostumado ao cáustico sentido de humor de Dylan e se negava a morder a isca.
—Estou muito contente de te ver, amigo.
—Confesso que eu também. Nós passamos sempre muito bem quando se decide visitar a capital. Que vamos fazer desta vez? Poderíamos ir a Seven Dials para fumar ópio. Eu fui faz uns dias e foi uma experiência indescritível. Acho que inclusive me inspirou para compor cinco novos concertos.
Joseph sabia que era provável que Dylan estivesse dizendo a verdade. Visitar Seven Dials e fumar ópio era a típica situação perigosa que Dylan gostava. Ele sempre fazia coisas assim.
—Ou talvez poderíamos invadir os bordéis, Tremore. Pelo que eu sei, nesse tempo tem sido bastante inteligente para não se apaixonar por uma atriz e depois de tudo, dentro de pouco tempo vai se casar com uma mulher tão erótica como esta peça aqui —disse, apontando a estatua que tinha do lado. —Assim que me diz, visitamos as prostitutas esta noite?
Por um instante Joseph esteve tentado em aceitar. A melhor, um período com uma cortesã de Londres era o que necessitava para se livrar daquela tensão, daquela necessidade que o consumia por dentro. Depois de tudo, se o que necessitava era estar com uma mulher, em meia hora uma prostituta podia resolver.
—Uma ideia tentadora, Moore —admitiu, —mas não posso. Já tenho um compromisso.
—Não seja chato. Levo dias trabalhando em uma nova ópera e faz mais de uma semana que não estou com uma mulher.
A mão de Joseph roçou a borda do afresco que tinha na mesa e inclinou a cabeça para examinar mais de perto o desenho. Fechou os olhos e cheirava um pouco a essência de gardênia. A preferida dela.

ta apaixonadoooooo ta apaixonadoooo
mas nao percebeu ainda....e essa Sarah deve estar pensando que vai mesmo se tornar a duquesa.
bjemi

2 comentários:

  1. Ele já não lhe consegue resistir (à Demi claro) :)
    Espero que a Lady Sarah fique em Paris para sempre hehe

    ResponderExcluir