Demetria estava
se vestindo quando Joseph entrou no quarto. Ela olhou rapidamente para ele e
desviou o olhar. Ele tinha uma expressão
contra a qual ela não queria brigar no momento. As
olheiras de seu rosto demonstravam cansaço, más seu olhar expressava eloquente
determinação.
Ele havia
tomado alguma decisão. E por que ela tinha tanta certeza de que brigaria com
ele por causa disso? Ela não sabia, mas seus instintos a avisavam para ficar
apostos.
Ele colocou a
mão sobre o ombro dela e ela teve de brigar contra uma ação retaguarda que
seria a resposta natural do seu corpo ao toque dele. Queria encostar-se nele,
roçar sua extensão, mas sabia que só podia contar com a própria força.
O polegar dele
roçou a curva do pescoço dela.
— Como está se
sentindo, cara? Afastando-se do toque insidioso, ela sorriu diante da pergunta
que já ouvira inúmeras vezes naquele dia.
— Bem.
Ele suspirou e
se moveu para o outro lado do quarto.
— Por que não
acredito em você? — ele perguntou, enquanto começava a tirar o terno.
— Porque
suspeita de tudo — ela debochou, sem olhar para ele. O contato visual com sua
forma espetacular não fazia bem para o autocontrole dela. Mesmo quando a
possibilidade de fazer amor estivesse tão fora dos limites.
— Talvez isso
seja justificável — ele respondeu, com um tom baixo de que ela não gostava.
Ela olhou para
ele, mas ele não a estava olhando, pois retirava a camisa. O coração dela
acelerou quando viu aquele lindo corpo desnudado. Uma forte onda de possessão
tomou conta dela, e tudo o que não podia fazer era cruzar aquele quarto e tocar
aquela pele nua para declará-la sua.
O lado
primitivo dela não compreendia a necessidade de encerrar o casamento.
— O que quer
dizer? — ela perguntou com o tom de voz um pouco elevado.
Joseph virou
para olhar bem na hora em que ela devorava seu corpo com o olhar, mas não
percebeu.
Ele abotoou a
camisa enquanto a desafiava com os olhos.
— Você escondeu
muita coisa de mim nos últimos meses. Uma dor que devia ter me revelado. Uma
hemorragia que poderia ter sido perigosa. Posso ser perdoado por não acreditar
que você esteja bem agora.
O julgamento
complacente dele a irritou. Ela o estava protegendo, droga.
— Quer saber a
verdade? — ela perguntou repentinamente, fulminando-o com os olhos. —Estou com
tanta cólica que quero me deitar e morrer, mas não vou fazer isso, e falar para
você não vai mudar nada.
Ele empalideceu diante daquelas palavras, mas não deu sinais
de que recuaria.
— Não posso
consertar o que desconheço.
Tipicamente um
macho Scorsolini, achando que tinha controle sobre tudo o que conhecia no
universo.
— Você não pode
consertar isso mesmo. E por isso ela agradecia. Ela se virou para sair e quase
esbarrou nele.
Ele a segurou
com as mãos em seus ombros, com uma expressão sorridente.
— Talvez não
possa livrá-la dessa doença, mas posso pedir que tragam uma bandeja para que
coma na cama.
Era tão
tentador, mas não podia se entregar à endometriose agora.
— Não.
Ele franziu o
cenho, apertando os olhos em desaprovação.
— Por que não?
— Não quero que
sua família fique especulando sobre a minha saúde. Eles já estão sob muita
tensão e preocupação.
— E você
também.
— É minha
escolha, Joseph.
— E se eu tirar
essa escolha de você? Não fora um comentário vazio. Ela podia ver nos olhos
dele. Ele continuaria a provocação.
— Não me
ameace. Ele murmurou algo em tom de desgosto.
— Não estou a
ameaçando. Estou tentando cuidar de você como deveria ter feito nos últimos
meses.
Oh, não... Um
homem Scorsolini no modo culpado era terrível.
— Isso nunca
foi sua função, Joseph. Não preciso que cuide de mim. Não sou criança.
— Como pode
dizer que não é minha função? É minha esposa. Minha responsabilidade.
— Um príncipe
não pode ter essa visão da vida.
— Este príncipe
tem.
Ele não tinha
ideia do quanto ela desejara ouvir isso antes, mas já havia aprendido que uma
princesa não podia contar com mimos quando estava doente. Pelo menos não do
marido. Nem de ninguém, se tivesse deveres a cumprir.
— Isso é
novidade.
— Talvez — ele
reconheceu, sem se desculpar. — Mas ainda é o certo a ser feito.
— Não, não é.
Isso significa que você se preocupa com tudo e ainda me inclui na sua lista de
fardos, mas não vou deixar. Ouviu? Você já
tem preocupações demais.
— Não vou
ignorá-la porque tenho outras coisas que exigem minha atenção também.
— Por que não?
Já fez isso antes.
A boca dele se
acomodou em um traço firme.
— Isso não é
verdade. Ela se afastou.
— Você tem
muita percepção.
— Houve vezes
em que tive de colocá-la em segundo lugar, sim, mas fui forçado pelas
circunstâncias. Nunca a esqueci ou ignorei nos meus pensamentos e na minha
consideração.
Ele soava como
se fosse importante que ela acreditasse nele, mas ela não estava pronta para
outra discussão sobre o casamento agora. Ela não exagerou quando disse que
estava com dor, e a discussão não estava ajudando.
— Precisamos
nos apressar ou vamos nos atrasar para o jantar.
— Prefiro que
fique aqui e descanse.
— Não.
Ele suspirou
novamente.
— Não quer que
minha família se preocupe com você, mas tudo bem se eu me preocupar por você
não se cuidar direito.
— Não estou
fazendo nada para arriscar minha saúde — ela falou com exasperação.
— Está sentindo
dor, não devia se esforçar tanto.
— Jantar com a
sua família não é algo que considero esforço.
— Por que está
acostumada a colocar os deveres em primeiro lugar?
— Não foi o que
disse em Nova York.
— Foi
exatamente o que eu disse, se você se lembra. Por isso seu comportamento me
assustou e preocupou tanto.
— Não agiu como
se estivesse preocupado, mas irritado. Na realidade, furioso.
— Estava com
raiva. Acreditei que tivesse razões diferentes da sua doença para fazer aquilo.
Ela parou com a
mão na maçaneta, curiosa. Que motivações ele teria atribuído ao comportamento
dela que o haviam deixado tão furioso por ter ido a Nova York?
— Que razões?
— Nada que eu
queira falar agora.
De alguma
forma, ela sabia que ele estava escondendo algo... talvez importante.
— Mas eu quero
discutir isso. — Então o alarme do jantar soou no
interfone e ela franziu a testa. — Vamos falar sobre isso
depois do jantar.
— Não há
necessidade. Não é importante.
— Para mim é —
mas talvez ela fosse tomar os remédios para dor antes.
Ele deu o braço
a ela.
— Vamos?
Ela pegou o
braço dele, incapaz de esconder a eletricidade provocada pelo toque.
— Sem mais
discussões sobre eu estar fora da cama?
— Estou
poupando energia — ele abriu a porta.
— Para quê?
— Para a nossa
discussão depois do jantar.
— Mas você
falou que não queria discutir aquele assunto — ela não acreditava que ele
estava cedendo tão facilmente a uma conversa que lhe era tão desagradável.
Era tão
atípico. Ela tinha toda intenção de pedir para ele esclarecer, mas daria muito
trabalho.
— Não quero,
mas temos outros itens na agenda.
— Como?
— Como o fato
de que não haverá divórcio. Não havia como responder, pois eles encontraram
Miley e Liam no
corredor e caminharam juntos. Nicholas e Selena aguardavam quando eles
chegaram.
Ele sorriu ao
ver Joseph com Demetria.
— Fico contente
por ter decidido fazer uma refeição decente para variar.
— Eu tenho
comido — falou Joseph.
— Com muito
estresse, no ambiente de trabalho ou na sua mesa. O tempo com a família é mais
relaxante.
Joseph sorriu,
fazendo com que o coração de Demetria revirasse no peito.
— Tem certeza?
Sua afeição
pelos irmãos era bastante forte. Tudo o que queria era que isso saísse
facilmente dela, mas nunca conseguiu, e agora tinha essa ideia estapafúrdia de
que continuariam casados. Mas ela sabia que seria pelas razões mais erradas...
razões que nunca poderia aceitar.
A culpa dos
Scorsolini estava agindo. Mas isso não era suficiente para carregar um
casamento que enfrentaria os desafios que o deles enfrentaria. Não por muito
tempo.
— Mas é claro —
falou Nicholas. — Você negaria?
— Não —
respondeu Joseph seriamente. — A semana foi muito
agitada.
Nicholas e Liam
aquiesceram. Liam falou:
— Gostaria de
poder fazer mais pelos deveres do papai.
— Mas não pode
— Joseph sorriu. — Eu sou o herdeiro. Sozinho, devo fechar várias lacunas
deixadas pela estada dele no hospital.
— Eu esqueço da
pressão a que todos vocês são submetidos quando estou com Nicholas na Itália. O
mundo parece tão normal lá. Mas no momento em que chegamos aqui, o fardo que
todos vocês carregam fica aparente — Selena sacudiu a cabeça. — Rezo sempre
para ser mais fácil para os nossos filhos.
— Acho que será
— falou Liam.
— Sim —
Nicholas acrescentou. — Precisa lembrar disso, amante, que nosso filho tem
apenas um príncipe, e não um rei como pai.
— Isso é
verdade — comentou Liam —, mas mesmo os filhos de Joseph terão a vantagem de
uma família mais extensa para ajudar na divisão dos deveres.
— Mas os filhos
de Joseph ainda terão que enfrentar momentos mais difíceis que os nossos.
Liam concordou
com um suspiro.
— Eu me sinto
egoísta com a minha gratidão, mas agradeço por meu filho não ter que crescer
para ser o rei de Isole dei Re um dia.
— Será estranho
saber que nossos filhos escolherão os próprios caminhos, enquanto os primos
terão o futuro mais determinado pelo nascimento — falou Miley, preocupada.
— Você se
incomodava, quando criança, de ver que não tinha alternativa a não ser
tornar-se o rei? — perguntou Selena a Joseph, enquanto todos iam para a sala de
jantar.
Joseph aguardou
até acomodar Demetria à mesa para responder. Então olhou para Selena.
— Nunca me
rebelei contra o meu destino. Lembro-me desde cedo de saber que um dia eu seria
o rei e que essa função trazia sérias responsabilidades. Muitas vezes, isso
quis dizer que eu tinha de colocar minha vida particular em segundo plano.
Demetria sentiu
que havia uma mensagem para ela nessas palavras.
— Não invejo a
posição de Demetria — falou Miley com um sorriso para a cunhada. — Deve ser
muito difícil dividir o marido assim com todo o país.
Demetria não
podia negar as palavras, mas havia algo de muito errado nelas também. Se Joseph
a amasse, ela não achava que compartilhá-lo com o povo de Isole dei Rei seria
ruim.
— É uma função
difícil, mas minha esposa sempre esteve à altura
— falou Joseph, demonstrando aprovação por ela com a voz.
Ela virou para
olhar para ele e, por vários segundos, os demais ocupantes da mesa pareciam ter
desaparecido. Havia apenas ela e Joseph, e uma mensagem estava sendo trocada
entre eles sem palavras.
Por uma razão
que ela desconhecia, lágrimas começaram a queimar seus olhos.
— Não posso me
arrepender de ter me casado com você.
— Não quero que
se arrependa — então ele se inclinou para frente e fez algo que jamais fez.
Ele a beijou
suavemente no meio dos lábios na frente da família. Depois, ele se levantou e
começou a conversar com os irmãos como se nada de extraordinário tivesse
acontecido.
Mas Demetria
sentiu o mundo girar.
O jantar foi
festivo, mas à medida que o tempo passava, ficava mais difícil para Demetria
segurar a dor. A cólica estava ficando muito forte novamente, quase
debilitadora. Provavelmente porque não havia tomado nenhum remédio o dia todo
para não ficar muito tonta a ponto não conseguir dar conta das obrigações.
Talvez devesse
ter tomado antes do jantar, mas detestava divagar no meio das conversas. E suas
cunhadas eram muito astutas. Teriam percebido algo ... diferente de Joseph.
Tentando
encontrar uma posição mais confortável, ela se revirou na cadeira pela terceira
vez em dez minutos. Em vez de amenizar a dor, o movimento a piorou e ela teve
de segurar um engasgo. Mas não conseguiu esconder o estremecimento.
Joseph se
levantou de repente.
- Acho que
Demetria e eu vamos nos recolher mais cedo.
Liam franziu a
testa.
- Mas ainda não
serviram a sobremesa.
- Estamos
cansados e precisamos descansar.
Ele deu o braço
a Demetria com a expressão de um falcão sobre a sua presa.
Ela sabia que
não tinha alternativa e não discutiu. Joseph esperou que saíssem da sala para
atacar.
Ele a pegou no
colo contra o seu peito e isso a fez sentir-se segura e cuidada como falou que
não precisava.
Mentirosa. Era
exatamente o que queria.
- Coloque-me no
chão -:- ela protestou, apesar disso. - Posso andar - mas não seria tão bom se
o fizesse. - E se um dos seus irmãos ou dos empregados vir você me carregando
assim? Haverá especulações.
- Nunca soube
que você tivesse tanto medo de fofoca.
-Não tenho.
- Então me
explique por que todas as suas consultas foram nos Estados Unidos.
- Estava
tentando evitar um ataque da mídia. Não queria que viesse à tona antes do
divórcio. Você ficaria mal aos olhos do público. As pessoas comuns não entendem
o que é ser da realeza.
- Como não
haverá mais divórcio, sua preocupação é infundada.
- Está sendo um
teimoso e não me importo com o que diz. Não quero que sua família se preocupe
com bobagem.
- Sua doença
não é uma bobagem. E pare de se agitar. Calma. Qualquer empregado ou irmão que
me veja carregando você assim vai achar que estou com pressa de ir para o mau
caminho com você.
- Isso está
fora de cogitação - não que ela não o desejasse ... sempre desejava, mas a dor
era um forte impeditivo para fazer amor.
Ele parou na
escada e olhou para ela.
- Realmente
acha que eu a seduziria nessas condições?
Ele parecia
extremamente chateado com ela. Ela sorriu.
- Não, claro
que não. Não sei por que falei isso. Ela realmente não queria. Ela estava certa
de que ele nunca faria nada para machucá-la fisicamente. Ela se lembrou da dor
de quando ele tirou sua virgindade e sentiu uma familiar emoção. Era um homem
tão bom e a última coisa que queria fazer era deixá-Io.
Passou meses
criando defesas contra ele, enumerando seus defeitos para que não ficasse
tentada a brigar pelo casamento, mas todas essas defesas estavam ruindo. Doeria
muito deixar o homem que tanto amava.
— Ótimo, porque
apenas um canalha ignoraria o desconforto de sua menstruação e sua dor para
tentar algo assim.
— Nunca falei
coisas assim de você.
— Talvez não
com tantas palavras... — Ele aquiesceu mas deixou claro que ela o convencera de
que pensava assim.
Ela olhou
perplexa para a expressão dura dele.
— Nunca sugeri
que via você assim.
— Como você
acha então considerar o divórcio como a única opção depois que descobriu que
tinha endometriose?
— Prática.
Chamo isso de praticidade — a única solução que fazia sentido. Particularmente
agora, que ela sabia que ele estava entediado com ela. Isso veio ao encontro da
realidade de que seu valor para ele era unicamente sexual. Mas, mesmo sabendo
que era verdade, parte dela se rebelava.
Parte dela... a
parte muito tola... simplesmente se recusava a
acreditar.
Ele não falou
nada, mas sua expressão não era agradável.
Quando eles
chegaram a seus aposentos, ele a levou direto para o quarto.
— Vou pegar
seus remédios.
Ele a deitou na
cama e pegou os remédios e ela os tomou, como na noite anterior.
— Essa é a sua
versão para mimo?
— Está se
sentindo mimada? Independentemente da dor, ela sorriu.
— Sim.
— Então, sim.
— Obrigada.
— Não me
agradeça. É seu direito.
— Então está
sendo tão cuidadoso comigo por dever?
— Diga-me uma
coisa, cara.
— Sim?
— Até os
últimos meses, sua resposta na cama e sua generosidade com seu corpo eram tudo
que um homem poderia desejar.
— Foi o que
você disse — ele a valorizava por isso.
— Isso era
resultado do seu dever?
— Não, claro
que não. Como pode me perguntar isso?
— Com tanta
facilidade quanto você me pergunta se o que faço por você agora é puramente
obrigação.
— Você não me
ama, Joseph.
— Eu me importo
com você. Sempre me importei.
— Eu também
achava isso... no começo.
— O que mudou?
— Não sei.
Talvez nada.
— Mas, ainda
assim, você se convenceu de que não me importo.
— Você falou
que estava entediado.
— Estava
irritado. Era mentira.
Ela não
acreditava nele, mas se inclinou diante de mais um ataque de dor antes de
falar. Ele a deitou mais.
— Demetria?
O aperto no
abdome relaxou um pouco e ela conseguiu se ajeitar, respirando ofegante para
suportar a dor.
— Está muito
ruim? — ele perguntou.
— Sim.
— Que tal ir
para o hospital?
— Não.
— Não está sendo razoável.
— Discutir não
ajuda. Ele cerrou os dentes.
— Não devíamos
ter ido jantar.
— Se eu me
lembro, você propôs que eu jantasse aqui, e não você.
— Mas,
naturalmente, eu teria ficado com você. Não havia nada de natural nisso. Na
realidade, todo esse paparico era atípico na relação deles.
— Por quê?
— Está doente.
— E você tem
obrigações com a família.
— Que eu fiquei
contente em ignorar em favor das minhas obrigações no escritório, na semana
passada. Fiquei no palácio por você.
— Não entendo
por quê.
— É minha
esposa — ele falava isso como se explicasse tudo.
— Eu era sua
esposa há dois anos também, quando fiquei gripada, e você não ficou comigo. Na
realidade, você me pediu para ir para outro quarto a fim de me recuperar e não
haver risco de contaminá-lo. Era a sua esposa ano passado, quando fiquei
resfriada e você me deixou aos cuidados dos empregados para ir para a Itália a
trabalho.
Ele olhou para
ela como se não entendesse a correlação.
— As
circunstâncias eram diferentes.
— Como?
— Você não
estava morrendo de dor e sabíamos que o mal-estar logo acabaria.
— E os deveres
foram mais importantes do que qualquer gesto que expressasse carinho e
ternura...
— Queria que eu
me tornasse seu enfermeiro? Não vi esse desejo em você na época. É uma pessoa
muito independente quando está doente. Mas acho que é assim de uma forma geral,
extremamente independente, sem contar com a teimosia.
— Obrigada. E
não sou independente.
— Ah, é. Tão
independente que resolveu tomar decisões por conta própria sobre o nosso
casamento sem consultar o outro principal interessado antes.
— Foi para isso
que fui para Nova York... para consultar.
— Um pedido de
divórcio não é uma consulta.
— Eu não ia
começar dessa forma, mas você me colocou de uma forma defensiva pelo fato de
ter ido para lá.
— Eu havia
chegado a uma conclusão equivocada e me deixei levar por ela, desculpe. — Ele
falou como se estivesse constrangido, e ela se lembrou do comentário antes do
jantar.
— Que conclusão
falsa?
— Prefiro não falar sobre isso.
— Que
péssimo... só de imaginar o que faria você sentir-se tão desconfortável está me
fazendo esquecer a cólica.
Ele falou algo
que ela não entendeu, mas ele não conseguiu esconder a irritação quando se
encostou na cabeceira da cama.
Diante do olhar
inquisitório dela, ele deu de ombros:
— Se vai me
detonar, quero estar em uma posição confortável.
Ela escondeu um
sorriso inesperado. Ele pareceu bem carrancudo.
— Conte sobre
suas falsas conclusões.
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