— De certa
forma, sim.
— Explique de
que forma.
— Não pareço
mais terrível? — ela perguntou com um pouco do seu antigo senso de humor.
— Parece tão
cansada que mal consegue ficar acordada e devíamos deixar para amanhã, mas não
posso.
— Nem eu — ela
admitiu. Queria contar a verdade Queria que ele parasse de olhar para ela como
se fossem inimigos.
— Tenho
endometriose.
— O que é isso?
Ela tentou
concentrar a mente confusa para descrever tecnicamente.
— É uma doença
ligada ao meu ciclo menstrual.
— Consegui
perceber isso.
— Sim, bem...
Não sou um médico. Não é fácil para mim explicar doenças.
— Desculpa, eu
não devia ter sido sarcástico.
— Certo — ela
estava contente por ele não a estar encarando, pois achava que não suportaria
se tivesse de ver a reação dele.
— Eu... um...
— Comece pelo começo. O que causa a dor?
— Em termos
clínicos, é como se houvesse tecido similar ao uterino em outras áreas da minha
pélvis... bem, pode ser de outras áreas, mas é pouco provável.
— Che chosa! —
ele perguntou, parecendo impressionado.
— Você teve
educação sexual na escola?
— Isole dei Re
determina que o sistema de ensino público cobre algumas informações nos últimos
anos antes da universidade.
— E você
estudou em escola pública? — ela perguntou interessada, sem ter atentado para
esse ponto antes.
— Si. Claro. Se
é boa para as outras pessoas, é boa para nós. Chega de falar de escola,
explique sobre esse tecido que mencionou.
— Bem, como eu
ia dizendo, você se lembra das fotos na escola sobre o sistema reprodutor
feminino?
— Sim.
— Ótimo.
Pequenos pontos de tecido na parte externa das trompas de Falópio ou nos
ovários... ou nas paredes vaginais.
Os músculos da
coxa dele estavam duros de tensão.
— Quer dizer
que eles se desenvolveram em todas essas partes em você?
— Sim.
Ele estremeceu.
Ela suspirou.
— Podia ser
pior. Na realidade, tenho sorte. — Mas não tanta quanto as mulheres que
permaneceram férteis.
— Não me parece
com sorte. Então essas lesões causam dor?
— Não são
cortes... é o desenvolvimento do tecido, mas ele é preenchido com sangue
durante o ciclo menstrual. Não tem para onde o tecido ir, e isso causa dor.
Muita dor — ela acrescentou.
— Essa dor...
dificulta a transa, não?
Ela bateu no
lábio e assentiu.
— É por isso
que vem se esquivando de mim tantas vezes nos últimos meses? — ele perguntou,
com a voz curiosamente neutra.
— Sim — ela
falou, suspirando.
— Não entendo
por que o divórcio. Certamente sabe que, se tivesse me contado sobre a dor, eu
não teria insistido no sexo.
Se fosse assim
tão simples...
— Sim, eu sabia
disso. — Mas saber disso não mudava o fato de que sem sexo ela não valia nada
para ele.
Ele poderia
ficar casado com ela sem o problema de infertilidade, mas não ficaria feliz com
isso. Ela refletia se não tinha dado uma mancada ao contar. Tinha a ligeira
suspeita de que a raiva dele o havia tornado mais
honesto do que nunca.
— Então, por
que o divórcio?
— Meu médico
falou que de trinta a quarenta por cento das mulheres com endometriose se
tornam inférteis.
Ele respirou
fundo.
— O que quer
dizer que sessenta por cento não se tornam.
— Não estou
entre elas.
— O que está
dizendo?
— O médico me
contou que praticamente não há chances de eu engravidar sem uma fertilização in
vitro e, mesmo assim, não há garantias.
— Mas você fez
exames de fertilidade antes do casamento.
— A
endometriose não é previsível. Eles não sabem o que causa a doença. Não há
marcas que apareçam nos exames antes da manifestação, portanto os médicos não
tinham como saber que eu teria isso, menos ainda sobre o impacto na minha
capacidade de engravidar.
— E seu médico
está certo sobre o impacto da doença em sua capacidade reprodutiva?
— Sim.
Houve um
silêncio entre ambos que ela não podia suportar, então falou:
— Alguns
pesquisadores estimam que essa seja a causa de até cinquenta por cento da
infertilidade feminina.
O que não dizia
nada sobre a devastação emocional que aquilo causava. Os números frios eram
apenas isso até que se aplicavam ao corpo de uma mulher que teria a vida toda
alterada por causa da doença.
— Então,
obviamente muitas mulheres têm esse problema.
— Sim — ela
podia até fornecer vários números, mas eles não importavam.
O problema
existia e, por mais que desejasse o contrário, não poderia mudar.
— Quando
começou?
— Não tenho
certeza. Meu médico diz que as pílulas anticoncepcionais são um dos remédios
prescritos. Pode ter começado em qualquer momento desde que nos casamos...
mesmo antes, mas eu não sabia que as cólicas que eu tinha eram tão incomuns.
— Os exames...
— Já falei, não
há exames que comprovem. Os exames de fertilidade de rotina só teriam acusado
se eu estivesse doente antes do casamento, mas eu não estava.
— Então, pode
ter ficado doente a qualquer momento?
— Sim, mas
normalmente só se manifesta quando a mulher tem
vinte e poucos anos.
— Entendo.
— Entende? —
Ela esperava que sim.
— Como
descobriu que sofria disso agora?
— Pela dor.
— Sinto muito.
— Eu também.
Depois que parei de tomar as pílulas, passei a sangrar mais e a sentir mais
cólicas.
— Nunca falou
nada.
— Não era um
peso para você carregar.
— Como pode
dizer isso? Sou seu marido.
— Mas sou
responsável por mim mesma.
— Então achou
que não precisava saber o que estava acontecendo?
— Inicialmente
não, mas... — ela suspirou e contou sobre quando acordou sobre uma poça de
sangue no banheiro. — Depois disso, vi que tinha que descobrir o que estava
errado.
— Mesmo assim,
guardou para si mesma a descoberta.
— Fui educada
assim.
— Não acredito
que seus pais esperariam que lidasse com algo dessa natureza por conta própria.
— Então você
não os conhece como imagina. — De repente, morta de cansaço, ela recostou
novamente nele.
As bombas para
dor estavam causando o efeito previsível e seu cérebro estava ficando confuso.
Felizmente, ela falou quase tudo que tinha a ser dito.
— Talvez — ele
admitiu, surpreendendo-a. Normalmente era arrogante demais para admitir que
estava errado. — O diagnóstico foi completamente confirmado?
— Sim — ela
virou a cabeça na direção dele e fechou os olhos com o corpo tão relaxado que
quase adormeceu.
Ele falou algo,
mas ela não entendeu.
— Demetria...
— Hmmm...
— Não está
acompanhando.
— Os remédios
me deixam zonza. Quero dormir agora.
Ela não
precisou falar duas vezes. Ele a levantou da banheira e cuidou dela como se
fosse uma criança. Ele a secou e vestiu, assegurando-se de prepará-la para o
sangue da noite.
Então, ele a
levou para o quarto e a deitou na cama.
Ele falou algo
a que ela não respondeu. Estava muito ocupada se
aninhando no travesseiro e adormecendo. Registrou vagamente
ter sido abraçada por ele antes de se entregar ao total esquecimento.
Joseph olhou
para o relatório do detetive sobre a sua mesa sem muita atenção. Não trazia
grandes revelações. Não depois da noite anterior. Agora ele sabia... tudo. Não
havia outro homem. Demetria não fora infiel nem queria se divorciar dele porque
queria uma relação melhor.
Queria o
divórcio e o fim do casamento porque a doença estranha a deixava virtualmente
estéril.
Ela não via
futuro para eles, mas ele se rebelava inteiramente contra essa perspectiva.
Não deixaria
que ela partisse.
Só que ele
suspeitava que as coisas não se passariam como ele queria. Demetria podia ser
incrivelmente teimosa e havia decidido que o casamento não era mais viável
porque não podia garantir que lhe desse filhos, um herdeiro para o trono. Mesmo
se ele pudesse convencê-la de que não via a situação dessa forma, que queria
que ela ficasse, ela poderia insistir em partir pelo bem de Isole dei Re.
Ela levava seus
deveres ao país adotado muito a sério. Passou vários meses escondendo sua
doença para proteger seus habitantes e a família real do turbilhão que seria a
especulação sobre a sua saúde. Ele não podia acreditar que fora estúpido o
bastante para achar que ela tivesse um caso.
Mesmo que se
apaixonasse, ela era tão intensamente ciente de seus deveres que jamais faria
alguma coisa comprometesse sua posição. Saber disso não o deixava mais tranquilo.
Não quando ela
se recusou a continuar a conversa naquela manhã. Insistiu que não tinha tempo,
pois precisava visitar o pai antes de começar a agenda do dia. E ela riu com
sarcasmo quando ele sugeriu que ela ficasse na cama descansando.
— Estou lidando
com isso há meses e não tenho o hábito de me esquivar de minhas
responsabilidades por causa disso.
— Mas está
doente — e ele não sabia, droga.
— Estava doente
no mês passado também, mas não fiquei de cama.
— Talvez
devesse ter ficado.
— Isso está
vindo do homem que me arrasou por eu ter cancelado meus compromissos para ir a
Nova York encontrá-lo?
Joseph sabia
que sua reação a este fato o atormentaria por muito tempo.
— Eu não sabia
que isso estava em jogo.
— Nada estava
em jogo.
— Poderia ter
dito isso quando pediu o divórcio, não?
— Posso dizer quando sei que é verdade. Fui infeliz no
momento de lhe contar. Devia ter esperado que você voltasse.
— Não, devia
ter me contado assim que soube. — E definitivamente antes de ter pedido o
divórcio, mas não diria isso.
Atribuir sua
reação violenta ao fato de ter pensado que ela tinha um caso não ajudaria em
nada. Tinha de pagar por seus pecados com humildade... embora isso não fosse
fácil. Não era um estado natural para ele.
— Você não
estava por aqui para eu contar — ela falou com uma inesperada raiva em seus
olhos verdes. — Não nesse momento do mês. Você sempre teve o cuidado de
planejar suas viagens de negócios de acordo com a minha disponibilidade sexual.
Ela soava como
se não passasse de uma conveniência sexual.
— Não era
assim.
— Era e é
exatamente assim. Tem feito isso praticamente desde o início do nosso
casamento.
— Mas não era
porque eu a visse como uma conveniência sexual. — Ele começou a programar as
viagens dessa forma quando percebeu que Demetria ficava constrangida de transar
menstruada. Ele sempre a desejava, então a melhor solução era sair do caminho
da tentação.
— Podia ter me
enganado.
— Aparentemente
enganei. Ela deu de ombros.
— Tenho que ir.
Mas ele não
podia deixar a situação dessa forma. Tinha de esclarecê-la.
— Eu não
viajava sempre que você ficava menstruada. Podia ter me falado, mas optou por
esconder.
— Você não
facilitou as coisas, não é?
— O que diabos
quer dizer com isso?
— Você tem
xingado muito ultimamente — ela comentou.
— E você vem
mentindo para mim há meses.
— Escondendo...
não é a mesma coisa. Pergunte a qualquer político.
— Mas não é
política. É minha mulher.
— Sou uma
princesa... no mundo de hoje, isso equivale a ser uma política.
— É princesa
porque é minha mulher. Nosso relacionamento vem antes.
— Como
aconteceu em Nova York? — ela perguntou, enquanto se encaminhava para a porta.
— Você me pegou
de surpresa.
Ela abriu a
porta com uma expressão desafiadora.
— Joseph, você
sempre tem dificuldade de enxergar em se
tratando do nosso relacionamento. Você vê o que quer ver,
percebe apenas o que é conveniente e desconsidera completamente todo o resto.
Tentar reescrever nossa curta história pelos meus sentimentos ou pelo seu
orgulho não vai mudar nada.
— Pensei que
fosse muito feliz como minha esposa. Pelo menos até estes últimos meses.
— Eu era, mas
isso não altera o fato de você ter colaborado tanto para que eu escondesse minha
doença de você. Por que foi tão fácil, Joseph? Por que foi difícil perceber que
alguns meses era tudo que eu podia fazer para aguentar?
Ele não tinha
resposta, seu estômago estava revirado diante da pergunta e seu coração,
apertado de forma dolorosa. Ela saiu do quarto. Não havia mais perguntas. Sem
mais cenas, apenas uma saída digna... algo em que era muito boa.
Ele conseguiu
ir almoçar no palácio, mas ela o tratava como a um estranho. Liam, Miley e
Denise também estavam presentes e ele recebeu alguns olhares estranhos deles,
mas ninguém se intrometeu.
Joseph
imaginava como podia estar tão óbvio que eles tinham um problema e ninguém
comentar a respeito, mas não se lembrava das coisas de forma diferente. Eram
uma família real e não expunham suas preocupações em público, mas quando
chegara ao ponto em que ele não podia perguntar à esposa por que estava sendo
evasiva?
Ele fez
suposições sobre o assunto, mas não podia ter passado mais longe. Achava que
ela estivesse tendo um caso e isso o torturava. Mas ele nunca perguntou por que
ela não queria fazer amor com a mesma frequência, por que ficava fora do ar
algumas vezes em que conversavam e por que começou a rejeitá-lo.
Por que não
perguntou?
A resposta
fácil era que ele não queria ouvir o que esperava que fosse a resposta, mas era
mais complicado que isso. Tinha a ver com uma regra velada da família de não se
discutirem desprazeres. Uma regra sobre a qual ele não tinha consciência até
agora.
Os Scorsolini
eram homens de ação, mas conversar sobre algo abstrato como sentimentos era um
pecado para eles. E admitir fraqueza era algo ainda pior. Admitir que ele
estava preocupado e que sentia falta da generosa paixão da mulher na cama teria
ido além de sua capacidade.
O que isso
significava? Que ele estava tentando fingir que nada havia mudado, quando, de
fato, tudo havia mudado.
Enquanto estava
só, sua esposa lutou contra essa horrível e dolorosa doença e não contou a
ninguém. Porque ninguém perguntou. Ele não perguntou. Ele sentiu a culpa o
consumindo. Devia saber que algo estava
errado, mesmo sem perguntar. Ela estava com a razão...
ele facilitou muito para ela esconder a doença, mas não porque não se
importasse.
Ele conseguiria
convencê-la disso?
Ele tinha a
impressão de que ela achava que ele não gostava dela, e nada podia estar mais
longe da verdade. Ele pensou que ela estava ficando entediada com a transa
deles, quando, na realidade, estava simplesmente se protegendo. Ela não
percebia que um homem precisava saber disso?
Olhando para o
relatório, ele tinha de reconhecer que, aparentemente, fora uma grande coisa
ela ter escondido alguns fatos dele durante os três anos de casamento. Fatos
que ela, obviamente, não percebia que ele devia saber.
Ele não
compreendia o porquê de ela ter um médico secreto em Miami. Ela dizia que ia a
esse médico desde antes do casamento para tratar qualquer coisa de natureza
delicada. Quantas consultas marcou secretamente, quantas viagens fez para se
consultar?
E como conseguiu
fazer isso se viajava acompanhada de seguranças? Ele não gostava da sensação de
haver todo um lado da esposa que ele não sabia existir. Ele não gostava nem um
pouco dessa situação.
Ela disse que o
médico era discreto e por isso o procurara. Não queria fofocas nos tabloides,
mas isso não explicava sua reticência em contar a verdade a Joseph. Era seu
marido, mas ela o tratava como adversário. Não confiava nele.
Ela podia não
ter outro homem na vida, mas Joseph também não ocupava o local que era seu. E
se os comentários dela nos últimos meses fossem um indício, ela também não
acreditava que tivesse o papel adequado nas prioridades dele. O casamento deles
estava com problemas em aspectos totalmente diferentes do que ele supunha, mas
não havia mais problemas.
Ela não estava
atendendo a essas necessidades agora e tinha alguma ideia descuidada de acabar
com tudo de uma vez. Queria acabar com o casamento porque seu corpo não
cooperaria com sua função de prover um herdeiro para ele. Parecia pensar que
ele aceitaria e aprovaria essa chamada solução. Mas não havia nenhuma honra em
abandonar uma mulher porque ela não podia ter filhos. E ele fora um homem
criado para salvar a honra.
Ela aprenderia
que um Scorsolini não desistia diante das adversidades.
E ai que acharam?
Olha nosso princepe determinado
ResponderExcluirSó queria uma maratona
Muito bom...... tbm queria uma maratona ..
ResponderExcluirAí finalmente ele sabe. Agora vamos ver o que vai desenrolar daí, pq pelo jeito ela ainda quer ir em bora e ele não quer que ela vá. Posta logo
ResponderExcluirOlá! Que trabalho milagroso de grande Amiso, eu sou Jose Nuno, minha esposa me deixou porque tenho câncer no corpo, então enviei um email para o Dr.Amiso e explique tudo para ele, ele cura a doença e devolve minha esposa de volta para mim, Eu também disse ao meu amigo que sua esposa está se divorciando em três dias, ele também o contatou e viu sua esposa ligar para o advogado 2 dias antes do dia do negócio e disse a ele que ela não estava se divorciando do marido novamente. com relação à questão do divórcio, acredite: agora eles estão vivendo felizes como nunca antes. caso você esteja passando por um problema conjugal, entre em contato com Dr.Amiso pelo herbalisthome01@gmail.com
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