— Era uma
conclusão que fazia sentido na época.
— Você está me
enrolando. Fale-me qual foi.
— Achei que
você tivesse conhecido outra pessoa.
— O quê?
Ele corou
ligeiramente.
— Fiquei
obcecado pela ideia de você ter conhecido outro homem. Seu pedido de divórcio
só piorou.
— Por quê? —
ela perguntou atônita.
— Eu não
conseguia pensar em outra razão para você querer se divorciar.
— Mas...
— Você começou
a me recusar sexualmente. Eu não entendia.
— Isso doía.
— Mas você não
me falou. Tive de tirar minhas próprias conclusões.
— E concluiu
que eu tinha um amante.
— Não consegui
chegar tão longe, não conseguia imaginar isso.
— Obrigada...
eu acho.
— Você começou
a divagar em nossas conversas... como se estivesse pensando em outra coisa.
— Os remédios.
— Sim.
— Pensei que
nem tivesse notado.
— Notei,
acredite.
— Mas decidiu
que a razão era meu coração ter se tornado infiel a você, se não meu corpo.
— Eu não podia
assegurar que já possuía seu coração.
— O que quer
dizer com isso?
— Nunca disse que me ama.
— O amor não
era uma exigência em nosso acordo de casamento.
— Não, não era.
Inexplicavelmente,
ela tinha a impressão de que ele queria que fosse... para ela. Mas por que
desejaria o amor dela se não sentia nada profundo por ela? Não fazia sentido.
Assim como esse novo desejo dele de paparicá-la porque estava doente.
Ou fazia
sentido?
— Acho que
entendi.
— Fico
contente.
— Não o fato de
você ter acreditado que eu havia conhecido outra pessoa — ela rapidamente tirou
esse conforto dele. — Mas acho que entendo sua necessidade de me mimar agora.
— Por que está
doente?
— Porque está
se sentindo culpado por ter pensado que eu era infiel.
— Essa não é a
razão para eu querer cuidar de você agora.
— Mas você se
sente culpado.
Uma vez na vida
era muito fácil ler os pensamentos dele. Estavam escritos em todas as
expressões sofridas dele.
— Sim. Eu devia
ter percebido que estava doente.
— Pelo menos
notou que meu comportamento não estava normal.
— Claro que
sim.
— Não há nada
de claro sobre isso. Achei que você não se importava por eu ter começado a
rejeitá-lo na cama.
Ele olhou para
ela como se ela tivesse perdido a cabeça.
— Isso é um
absurdo. Naturalmente me importava, mas não seria uma criança petulante em
relação a isso. Se uma mulher diz não, é não.
— E por que
minha rejeição não era importante?
— Claro que era
importante.
— Mas você
preferiu achar que eu era imoral a perguntar.
— Eu perguntei.
Então ela lembrou.
— E eu não quis
falar sobre isso, mas estava ocorrendo há meses. Por que esperou tanto?
Ele se
movimentou na cama, com o rosto expressando forte passividade.
— Meu orgulho
ficava arrasado quando eu era rejeitado sexualmente por você. Falar sobre isso
só pioraria as coisas. Eu me sentiria como se estivesse implorando um favor
seu.
— Isso é um
absurdo.
— Não é. É
verdade. Por que acha que viajei tanto quando estava
menstruada?
— Porque era
conveniente.
— Você não
espera muito de mim, não é?
— Não é
verdade.
— Acho que é,
mas não é o que estamos discutindo, portanto deixa pra lá. Eu organizava meus
planos de viagem para que coincidissem com suas menstruações, pois havia
deixado claro que o mais leve toque nessa fase a deixava desconfortável. Eu
considerei um grande desafio manter minhas mãos longe de você e a melhor
solução foi sair totalmente da cama. Pode acreditar ou não... mas organizei
minha programação pelo seu bem, e não pelo meu.
— Você não tem
problemas em não me tocar fora do quarto?
— Se realmente
pensa assim, está cega. Eu a tocaria o tempo todo, mas não é adequado para um
rei tocar sua mulher dessa forma.
— Ainda não é
rei.
— Mas serei. E
por conta de minha futura posição, tenho padrões para o meu comportamento.
Atingir esses padrões me desafia, especialmente quando se trata de você. O
único local que me permito ficar completamente livre é no nosso quarto. E acho
muito difícil policiar meu comportamento aqui também — ele falou, como se
admitisse um grave pecado.
— Eu não havia
percebido...
— Em minha
própria defesa, achei que soubesse.
— Como podia?
— Pensei que
meu desejo por você fosse óbvio.
— Não era óbvio
quando você aceitou a rejeição tão facilmente e agiu como se nada de diferente
estivesse ocorrendo entre nós. Pensei que não tivesse importância.
— Agora sabe
que não é assim.
— Sim, sei que
sexo é um elemento fundamental na nossa relação.
— Fala disso
como se fosse uma coisa ruim.
Ela mordeu o
lábio e desviou o olhar. Até que ponto poderia ser honesta? Seu casamento havia
acabado, mesmo que ele não quisesse reconhecer. Fazia algum sentido remexer em
antigas feridas? Mas, novamente, ela não havia ficado muito tempo escondendo
coisas dele?
Ela se virou
para encará-lo.
— Eu gostaria
que você se importasse comigo em um nível além do sexual.
— O que é mais
íntimo que sexo?
— Não sei como
explicar — ela admitiu. — É que eu queria ser importante por você pelo que
sou... não apenas por causa do prazer que
encontra no meu corpo, ou pelo meu bom desempenho no
papel de esposa.
— Quer que eu a
ame.
— Talvez — ela
deu de ombros. — Talvez nada menos que amor teria me satisfeito, mas isso não
tem mais importância.
— Não quer mais
o meu amor? É por isso que briga contra os meus mimos, como chama? Está
contente em ficar sem mim?
— Não quero
brigar pela sua atenção — ela falou enquanto bocejava, pelo efeito dos
remédios. — É que isso ocorreu como uma surpresa.
A verdade era
que gostava disso. Muito. Se permitisse a si mesma acostumar-se, seria ainda
mais difícil partir, mas, ao mesmo tempo, ela não conseguia ter força de
vontade suficiente para impedi-lo.
— Estou
contente por estar comigo agora — ela falou suavemente. — Mesmo se devesse
estar em outro lugar. Sei que tem muitas responsabilidades agora para se
preocupar comigo, mas não consigo deixar de gostar dessa atenção. Acho que isso
me enfraquece.
Na realidade,
ela falava para si mesma, mas ele respondeu.
— Não, não
enfraquece. Faz de você um ser humano — ele parecia satisfeito com alguma
coisa, mas ela não sabia precisar o quê.
Ela suspirou.
— Pode ser, mas
você não pode ficar me ligando várias vezes por dia ou continuar bancando o
enfermeiro.
— Precisa parar
de querer cuidar de todos no mundo. Posso lidar com as ligações telefônicas e,
se eu não me importar com você, quem se importará? Você se recusa a contar para
outras pessoas sobre a sua doença.
Ele tinha uma
certa razão, mas ela não podia deixar barato. Estava tentando fazer tudo
parecer tão simples, e não era. Só que seu cérebro confuso estava tendo
dificuldade de conectar as ideias. Ela se lembrou de uma coisa.
— Não teve
tempo para me ligar antes.
— Eu ligava...
até você parar de atender todas as minhas ligações.
Ela olhou para
ele, lembrando vagamente e tentando clarear a mente. Era verdade. Ele costumava
ligar várias vezes por dia, de qualquer lugar do mundo. Não havia nenhuma razão
específica para as ligações, a não ser um breve contato. Ele falaria sobre a
sua agenda e perguntaria sobre os compromissos dela. Na realidade, grande parte
da comunicação deles foi feita assim. Só quando ele parou de ligar que ela
notou. Ela começou a ignorar as ligações ou até mesmo desligar... porque ele
não dizia a coisa certa.
— Parecia que
estava apenas verificando se eu cumpria bem meu papel de princesa. As ligações
eram muito impessoais.
E isso doía, assim como quando ele parou de ligar.
— Como poderia
tê-las feito de forma mais pessoal?
Olhando para
trás, ela via que, para ele, as ligações eram pessoais, eram sua forma de ficar
com ela quando os deveres os separavam. A garganta dela apertou de emoção.
— Podia
dizer... só uma vez... que sentia minha falta.
— Sinto muito
por não ter verbalizado isso. Pensei que as ligações por si passariam a
mensagem.
— Ligava porque
sentia saudade? — ela perguntou, chocada diante dessa possibilidade.
— Si. Por que
outra razão eu ligaria para tratar de assuntos tão sem importância?
— Não sei. Meu
cérebro está ficando confuso. Ele franziu a testa e se levantou.
— Se seguir o
padrão de ontem à noite, não conseguirá mais conversar em vinte minutos, e tem
uma coisa que quero discutir antes que apague.
— Ontem foi
pior porque perdi muito sangue e dormi pouco — ela comentou.
— Se é o que
diz — ele começou a retirar os sapatos dela. — Você falou que cirurgia é a cura
adequada para endometriose?
— Não
exatamente a cura, mas quase. É minha melhor alternativa para levar uma vida
mais perto do normal e sem dor. — Ele tirou os sapatos dela e depois a
meia-calça. O olhar dele ardia de paixão quando ele viu as pernas expostas
dela, mas o toque foi quase totalmente impessoal.
— O que eles
fazem? Só precisam retirar seu sistema reprodutor?
Pelo menos essa
conversa era fácil. Ela pesquisou tanto as alternativas que poderia falar sobre
elas, mesmo sonolenta.
— Não, agora
não mais. Eles podem remover o tecido extra por meio de uma cirurgia a laser. O
tempo de recuperação é mínimo e não precisarei passar a noite no hospital
depois.
— Mas passará.
— Passarei? —
ela perguntou delicadamente, com os olhos pequenos.
O olhar que ele
lançou dizia que ela podia discutir o quanto quisesse, mas já havia tomado uma
decisão.
— Mesmo as
cirurgias a laser trazem risco e são traumáticas ao corpo. Não concordo com
essa abordagem médica de querer se livrar tão cedo dos pacientes.
— Tenho certeza
de que isso tem mais a ver com as empresas de
seguro que com as preferências médicas. Se quiser pagar
por isso, não tenho dúvida de que o hospital vai querer que eu fique. — Ela
imaginou que isso aliviaria a culpa dele.
— E essa
cirurgia... é garantida?
— Não, mas como
eu falei... é minha melhor alternativa. Um grande porcentual de mulheres que
opta por isso acaba tendo reincidências mais tarde.
— Parece um
preço baixo a pagar, se for aliviar a dor e o tipo de sangramento que você vem
tendo.
— Concordo.
Ele estava
retirando o vestido dela e ela permitia. Independentemente do que tivesse dito
em contrário, era maravilhoso vê-lo cuidando assim dela. Especialmente porque
ela sabia que logo não estaria mais ali para esfregar suas costas em um banho
sensual.
— Precisa se
cuidar para dormir?
Ela estava
passando a perna para o lado da cama.
— Sim.
Mas, antes de
levantar por conta própria, ele novamente a levantou e a conduziu ao banheiro.
Ele deixou que ela cuidasse das coisas e estava nu na cama, trabalhando, quando
ela voltou.
— Não precisa
ir dormir só porque vou.
— Garanto que
não é nada demais, depois da semana que tive.
Ela assentiu,
muito tonta para discutir.
— Pelo menos,
vai tentar dormir antes da meia-noite?
— Quer que eu
tente? — ele perguntou, como se a ideia o satisfizesse.
— Sim, não
quero que tenha infartos como seu pai.
— Isso seria
falta de sorte, não? Afinal, quem governaria o país se os dois estivessem
convalescendo?
— Minha mente
está rodando, mas não estava pensando no bem de Isole dei Re — ela falou com
mais ternura do que o faria sem o efeito dos remédios. — Eu me preocupo com
você. Eu... vou dormir.
Ela subiu na
cama, sem acreditar que quase havia declarado seu amor a ele.
Joseph
trabalhava ao lado da adormecida Demetria, com a mente dividida entre os
deveres e sua esposa. Se ao menos ela soubesse que esse não era um estado
emocional tão incomum. Mas, da maneira como ela havia falado, era como se ele
se preocupasse com ela apenas num nível periférico.
E ele permitiu
que ela acreditasse nisso. Foi uma decisão consciente, mas ele não havia
previsto as consequências. Ele estava se protegendo de seguir o caminho do pai.
Nunca quis um amor que transfor-
masse um homem forte em uma farsa. Depois da conversa com
o pai no hospital, talvez ele tenha entendido o que orientou o rei Paul anos
atrás, mas a compreensão não trouxe a paz.
O resultado foi
o mesmo. O amor tornava os homens uns tolos.
Mas será que
negar a emoção terna de sua relação com Demetria significou alguma melhoria na
vulnerabilidade que o amor causava? Ainda se sentia vulnerável... ainda sentia
medo de perdê-la. Não melhorou nada... e, depois da conclusão errada sobre o
comportamento dela, ele se sentia um idiota.
Mais que um
idiota: sentia-se como um monstro cruel. Nunca fora sua intenção ferir Demetria
por ter se casado com ele. Ele acreditava que estava oferecendo a ela uma vida
boa e pensava que seria um bom marido. Não um marido normal — um rei não
poderia ser assim —, mas um marido bom, acima de tudo.
Ele não havia
previsto os acontecimentos atuais, mas mesmo assim... falhar de forma tão grave
em seu primeiro teste real como marido era de amargar. Ele não lidava bem com
as falhas. Nunca falhava, pois trabalhava muito para evitar isso. Mas não havia
dúvidas de que havia julgado mal a mulher e, ao fazê-lo, causou-lhe ainda mais
sofrimento.
Também destruiu
laços fracos que, se não consertasse, terminariam com seu casamento. Ele não
aceitaria isso, mas não sabia exatamente o que fazer para corrigir o problema.
Sentia-se impotente e não gostava disso.
Um príncipe a
caminho do trono não podia sentir-se impotente.
Não estaria
assim se ela se importasse com ele... o amor dela poderia ser um vínculo a
uni-los, mesmo se ele tivesse cometido alguns erros horríveis de julgamento.
Mas ela não o amava. Embora, por um momento... um pouco antes de Demetria ir
dormir, ele pensou que ela falaria que o amava. E queria ter ouvido essas
palavras. Muito.
Mas ela não as
pronunciou e ele ficara pensando que talvez tivesse sido sua imaginação. Mesmo
se ela lhe tivesse amado antes — e ele achava possível —não amava mais.
Por que doía
tanto reconhecer isso?
Como ela
lembrou, o amor não era parte do acordo do casamento.
Mas ele queria
seu amor. Ele... precisava dele. De alguma forma, tinha de convencê-la a
continuar casada... e talvez se o fizesse, daria a si próprio outra chance
diante do amor que aquecera sua alma antes de ele perceber sua existência. Ela
havia se casado com ele apaixonada e somente agora, olhando para o passado, ele
percebia isso.
Ela
provavelmente pensava que ele não se importava, mas estava errada. Importava-se
muito. Estava equivocada também sobre o divórcio ser
a única solução para o dilema deles. Assim como estava
errada ao dizer que as ligações dele não significavam sua expressão de saudade.
Só agora ele percebia o quanto ela havia interpretado mal as coisas, e ele não
sabia como consertar.
Ele fora
treinado para ser um governante, mas não fora ensinado a abrandar as emoções de
uma mulher, a convencê-la do seu afeto. Ele e Demetria não viam o mundo da
mesma forma e ele cometeu o erro de pensar que sim. Por causa da forma como ela
foi educada. Mas ainda era uma mulher, diferente dele, e seus pensamentos
seguiam uma lógica diferente da dele.
Ele supôs que
ela soubesse muitas coisas que, voltando no tempo, ele tinha de admitir que não
eram óbvias para ela como eram para ele. Ele não sabia se isso era parte das
divergências entre homem e mulher ou se era algo exclusivo de suas
personalidades, mas não importava. Ela fez pressuposições errôneas, assim como
ele. Se ele pudesse admitir as falhas das próprias suposições — e todos
aceitavam que ele era bastante teimoso —, ela também poderia.
— Deve estar
brincando. Fazer a cirurgia agora é impossível.
Em um raro
momento de solidão, Demetria estava relaxando em um dos seus locais favoritos
nos fundos do palácio, quando Joseph a encontrou. O sol aquecia sua pele
enquanto uma leve brisa soprava seus cabelos. Era gostoso e pacífico... mas não
mais. Agora Demetria tinha um metro e oitenta de energia masculina vibrando na
sua frente.
Joseph
sentou-se na praia ao lado dela e sua vitalidade chamava atenção dos sentidos
dela em um nível que não tinha nada a ver com razão ou lógica.
— O médico
falou que não haverá problemas se você fizer a cirurgia quando a menstruação
cessar por completo, e isso ocorrerá em cerca de dois dias.
Ela não estava
acostumada a essa discussão franca, pois há quase três anos só tratavam disso
na cama. Mesmo assim, havia coisas de que ela simplesmente não falava. Ele
havia quebrado qualquer tabu no casamento deles quando cuidou dela na outra
noite, e não tinha a menor vontade de voltar a ter a anterior relação fechada.
Aceitando essa
verdade com toda graça que podia reunir, ela argumentou.
— Essa não é a
única coisa a considerar. Seu pai está vindo para casa hoje e ainda
convalescerá por um tempo.
Joseph ficou
tenso e sua boca esboçou um traço de preocupação.
— Está dizendo
que prefere esperar até ele se restabelecer completamente? — ele perguntou,
incrédulo.
— Bem, pelo menos até ele ficar bem o suficiente para
começar a reassumir seus deveres.
— Isso será
daqui a seis semanas — ele falou.
— Sim, eu sei.
Joseph
acariciou a nuca de Demetria com uma expressão severa.
— Não vou
permitir que passe por outra menstruação dessa forma.
— É meu corpo —
mas as palavras vieram sem que pensasse. O toque dele provocava sensações nela
que ele nem sabia.
Ela não estava
acostumada à afeição casual e não sabia como agir agora.
— Si. É seu
corpo... um corpo lindo e generoso e é meu privilégio e minha responsabilidade
garantir que cuide bem dele.
— Você é meu
marido, e não meu pai.
— Seu pai teria
ignorado sua dor. Eu, não.
Ele estava
certo, mas, de alguma forma, essa lembrança não a machucava mais como antes.
— Não quero que
seu pai fique chateado. Joseph largou a nuca de Demetria e pegou sua mão.
Ele alinhou os
dedos deles.
— Suas mãos são
tão pequenas, tão delicadas... tão lindas.
O ar congelou
no peito dela por um segundo e ela inspirou quando seu coração começou a
saltitar. Ele havia comentado várias vezes, enquanto faziam amor, o quanto
gostava das mãos dela em seu corpo, mas nunca havia falado algo assim fora do
quarto.
— Hum... seu
pai...
Joseph
entrelaçou a mão na dela e sorriu, desconcertando-a ainda mais.
— Paul está
bem. Sob a minha solicitação, ele ficou mais dias no hospital do que o
inicialmente previsto. Durante esse tempo, ele vem descansando e tendo suas
ligações restritas, mas tem se levantado e caminhado, visitado outros
pacientes. Está se recuperando bem.
— Mas ainda
está fraco.
— Não deixe que
ele a ouça.
Demetria tinha
de reconhecer a justiça desse aviso.
— E tudo o que
Denise pode fazer para mantê-lo no hospital e descansando por longos períodos.
— Precisamente.
Só agradeço pelo fato de mamãe ter decidido que essa é a hora de voltar para a
vida dele, pois acho que nenhum de nós teria sido bem-sucedido.
— Eles formam
um bom casal.
— Sim. Pena que levaram tanto tempo para descobrir.
— A
infidelidade não é algo fácil de ignorar.
— Nenhum dos
dois ignorou, eu sei... mas parece que ela superou o passado.
— Fico contente
— ela adorava os dois e ficou muito contente por terem se reencontrado.
— Eu também,
mas não acho que você vai fugir da conversa. Conversei com seu médico em Miami
e ele concordou em vir para cá em quatro dias para realizar a operação.
— Você não tem
o direito de ligar para ele — ela reclamou. — E não quero fazer a cirurgia
aqui.
Joseph olhou
para ela e toda a sua amabilidade havia desaparecido, embora o toque de sua mão
permanecesse gentil... como se, mesmo enraivecido, ele ainda a acariciasse.
— Você não
tinha o direito de manter sua doença em segredo de mim. Podia ter feito a
cirurgia há meses.
— Já falei por
que agi assim.
— Não concordo
com suas razões. Devia ter me contado. Essa é a verdade.
— As vezes,
você é arrogante demais para conversar.
— Só às vezes.
Ela riu. Não
conseguiu evitar. Ele estava sendo autoritário, mas era para o bem dela, e não
para magoá-la. Ela sabia disso.
— É que às
vezes me dá vontade de esganá-lo.
— Não consigo
imaginar minha pequena e adequada esposa esganando nada. — Ele falou perto do
ouvido dela e seus lábios lhe deram um suave beijo na testa.
Ela levou três
segundos para conseguir responder. Como sabia que deveria lutar contra o
impacto daquele beijo, ela se forçou a enfrentar um lado difícil da realidade.
— Uma esposa
adequada poderia lhe dar um filho. Eu não poderei e, se fizer a cirurgia aqui,
todo mundo ficará sabendo. Você será considerado sem coração e egoísta quando
nos separarmos.
Em um movimento
totalmente inesperado, ele a agarrou pela cintura, colocou-a no colo e
segurou-lhe o seu rosto, de forma que não tivesse escolha, a não ser encará-lo.
— Não haverá
separação e, se tentar me deixar, serei rotulado como coisa pior que isso.
— O que quer
dizer? — ela perguntou, constrangida pela fraqueza de sua voz.
— Não vai me
deixar, Demetria.
— Não está falando em sequestro... não pode estar. — Mas,
pelo olhar dele, ela podia dizer que ele estava pensando nisso. — Isso é
ridículo, Joseph. Não é um dos seus ancestrais saqueadores.
— Quem disse
que meus ancestrais eram saqueadores?
— Eram piratas,
pura e simplesmente. Usaram sua recompensa obtida de forma ilícita para
estabelecer um país, mas não foram os pilares da sociedade descendente.
— Está dizendo
que sou um pirata sob a minha camada de civilidade? — ele perguntou, soando
horrivelmente dessa forma.
— Não... estou
tentando lembrá-lo que é um desses descendentes civilizados e racionais — ela
olhou dentro dos olhos dele e o que viu lhe causou arrepios.
— Eu teria
concordado com você... antes, mas, nas últimas semanas, eu descobri uma até
então desconhecida veia de primitiva possessão relacionada a você que remonta
efetivamente a meus ancestrais.
— Então percebe
que está aí...
— Sim. E você
deve perceber também, o que quer dizer que deve notar o quanto seria estúpido
me deixar.
Ela olhou para
a complacente certeza dele.
— Se eu
decidir, eu vou.
Ela queria
dizer isso mesmo. Talvez não fosse descendente de piratas sicilianos, mas tinha
o sangue dos romanos nas veias, bem como uma boa dose da segurança americana.
como prometido, os 2 capitulos que citei no face
Que bom que ele finalmente tá cuidando dela. Agora amiga pra de brigar e deixa ele cuidar de você, e resolver logo isso
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