— Não decida ir
embora — o protesto na voz dele era mais impressionante que o fato de ter se
permitido revelar sua veia primitiva de forma tão espalhafatosa.
— O que fará? —
ela perguntou suavemente, tentando ler a expressão dele, mas sem compreender o
que via.
Ele ficou em
silêncio por alguns segundos e suspirou.
— Eu a
seguirei.
Ela riu, pois
era um absurdo. Era mais orgulhoso que seu pai e, se Paul fora incapaz de se
curvar para pedir desculpas por um comportamento que ele reconhecia como
repreensível, Joseph nunca deixaria de caçar sua esposa fujona. Além disso, ele
não poderia, mesmo se tentasse.
— Seus deveres
não permitiriam e você nunca se rebaixaria para ir atrás de mim como um
cachorrinho.
— Os cachorrinhos são inofensivos. Eu não. Não duvide...
Eu a seguiria.
— Mas os seus
deveres...
— Meu primeiro
dever é minha esposa... e nosso casamento. Não deixarei que parta.
Ele deixaria...
se ela realmente quisesse. Com veia primitiva ou não... ele era um homem
moderno. Mas o que ele dizia ali era que não facilitaria. Ela não sabia se
tinha forças para lutar contra o desejo dos dois para que ficasse. Porém, ela
não estava mais certa de que teria forças para permanecer em um casamento em
que não era amada.
Doía, tanto
quanto a endometriose. Ela havia aprendido algo na noite anterior. Sua dor e
sua vulnerabilidade que resultavam de amar sem ser amada fizeram com que ela
interpretasse mal as ações dele, provocando mais dor em seu sofrido coração.
Sem o amor dele, ela não continuaria a fazer a mesma coisa?
Mesmo que
quisesse com todas as suas forças evitar.
Ela colocou sua
mão sobre a mão dele.
— Precisa ser
razoável. Por favor, Joseph.
— Você é que
não está sendo razoável. É perigoso e tolo esperar para fazer a cirurgia. E é
muito limitador da sua parte achar que temos de nos divorciar.
— Sou estéril.
Não posso lhe dar um herdeiro.
— Seu médico
diz que a fertilização in vitro apresenta taxas de setenta por cento de sucesso
em pacientes com endometriose.
— Isso não é
garantia.
— Assim como a
concepção normal.
— Mas você terá
mais chances de ter filhos com uma mulher que não tenha endometriose.
— Não quero
outra mulher!
Ela recolheu a
mão e se inclinou para trás em um movimento brusco, atordoada diante da
veemência dele.
— Isso é apenas
sua culpa falando mais alto.
Ele sacudiu a
cabeça e seu olhar foi tomado de uma forte raiva.
— Não é culpa.
Você é minha esposa. Quero que continue como minha esposa. Se não há outro
homem, por que reluta tanto?
— Não há outro
homem — ela exclamou. — Não acredito que vamos voltar a esse assunto.
— Então, por
quê?
— É pelo bem do
país, Joseph. Você veria isso se pensasse com o cérebro, e não com o orgulho.
— Não — ele
olhou para ela de forma ameaçadora. — O bem do
país será obtido se você permanecer como minha esposa.
Ela não podia
acreditar que ele estivesse sendo tão teimoso.
— Não, se eu
não posso lhe dar filhos.
— Se não pode,
tenho irmãos e um sobrinho para assumir o trono.
— Você ouviu
seus irmãos ontem à noite. Não querem que um de seus filhos sofra as pressões
de crescer para ser o rei.
— Porém — ele
falou, sem o menor gesto de desculpa —, eles podem não ter nascido primeiro,
mas são filhos do rei. Se eu morrer antes de ter um filho, Liam teria de
assumir minha função e seu filho herdaria o trono.
Ela colocou as
duas mãos no peito dele, precisando sentir o calor dele sob os seus dedos.
— Não fale
sobre morrer.
— Não fale que
vai me deixar.
— Não é a mesma
coisa.
— Não. E pior,
pois um homem não escolhe quando vai morrer, mas está falando em matar
conscientemente nosso casamento e sair da minha vida.
— Para o seu
próprio bem. Não entende isso? — ela apelava, com a voz trêmula.
— Entendo que acredite
que seja para o meu bem, mas está errada.
— Mas...
— Pare de
discutir comigo. Você assumiu um compromisso vitalício comigo, princesa
Demetria Scorsolini. Não permitirei que o descumpra. Não permitirei que me
deixe.
— Não pode me
impedir.
— Posso. Mesmo
se você fugir, não vou me casar novamente. Não haverá outras chances de
herdeiros para mim.
— Quando
concluirmos o divórcio, você mudará de ideia — ela falou magoada, pois sabia
que seria verdade.
— Não haverá
divórcio. Talvez eu não seja tão arcaico a ponto de prendê-la fisicamente
contra a sua vontade, mas nenhum de nós vai se casar novamente.
— Não pode
impedir isso.
— Posso ser
impotente para impedir certas coisas, minha pequena e intransigente esposa, mas
estamos falando das leis de divórcio de Isole dei Re, e não das dos Estados
Unidos. Não pode se divorciar de um membro da família real sem o consentimento
dele. Não vou lhe dar o consentimento. Nunca.
— Isso é
arcaico.
— Pode ser — ele deu de ombros, obviamente não ofendido
com o julgamento. — Mas é a nossa lei. E nos casamos aqui, Demetria... e não
nos Estados Unidos. Lembre-se disso.
— Mas...
— Nada de mas —
ele parecia extremamente contente com a declaração, como se tivesse tirado um
forte peso das costas.
Ela não
entendia. Certamente, para ela, o casamento era um peso.
— Você quer ser
pai.
Ele sorriu e
colocou uma das mãos gentilmente sobre o abdome dela.
— Sim, e
gostaria muito que você carregasse meu filho, mas podemos adotar um, se não
puder conceber. Será uma excelente mãe se tirar essa ideia de divórcio da
cabeça.
— Não podemos
adotar — ela engasgou. — E quanto ao progenitor?
— Claro que
podemos. Quanto à ascensão ao trono, terei de nomear meu sobrinho como
sucessor, mas isso pode ser feito. Somos uma realeza moderna, e não meus
ancestrais.
— Nem parece o
mesmo homem que acabou de me falar sobre uma lei arcaica.
— Já falamos
demais sobre esse divórcio. — Ele a levantou cuidadosamente do seu colo e
colocou-a no banco. Então, ele se levantou e olhou nos olhos dela com censura.
— Você é uma das pessoas com mais compaixão que conheço, mas parece não se
importar em passar como um trator por cima dos meus sentimentos e ideais. Se
tudo o que queria era um doador de esperma quando nos casamos, por que não foi
a um banco de esperma?
— O quê? — Ele
perdera a cabeça? — Não penso em você como um doador de esperma!
— Mas no
momento em que descobre que não posso engravidá-la, você quer se divorciar.
— Não é pelo
meu bem, mas pelo seu — ela enfatizou, mas começava a duvidar da validade dos
próprios argumentos.
Ele claramente
não queria o divórcio. Se era culpa, senso de responsabilidade, orgulho ou
apenas puro desejo físico, ele queria continuar casado... com ela. Ela não
havia previsto essa reação.
Ele ainda olhava
para ela.
— Não será para
o meu bem se eu estarei infeliz.
— O divórcio o
deixaria infeliz?
— Que diabos
pensa que estou falando aqui? Ela olhou para ele, sem saber o que dizer.
— Diga alguma coisa.
— Estou
chocada.
— E isso me
irrita. O que fiz para você acreditar que nosso casamento não significa nada
para mim?
— Casamo-nos
por conveniência. E não por amor. Eu sabia quando me pediu para ser sua esposa.
Eu cumpria suas exigências. Todas elas.
— Está certa...
Casei com você porque era a mulher ideal para mim. Sendo este o caso, o que a
fez pensar que eu não nutria sentimentos por você? Claro que tenho. — Mas ele
parecia surpreso com as próprias palavras, como se ele tivesse tido algum tipo
de revelação interior.
Ela se recusou
a especular o que poderia ter sido. Machucara-se muito recentemente para
acreditar em ilusões românticas.
— Você é tudo
que eu sempre quis em uma mulher e mais, cara — ele falou mais calmamente.
— Mas não me
ama.
— O que é o
amor, se não é o que temos?
Pelo menos para
isso, Demetria tinha uma resposta pronta.
— É o que seus
irmãos têm pelas esposas deles. Já vi um homem Scorsolini apaixonado... Não é
da mesma forma que você é comigo.
— Então, o que
acha que sinto por você?
— Desejo. Acho
que gosta de mim... ou pelo menos gostava. Acho que sente culpa agora... porque
queria ter percebido minha doença antes e mesmo porque foi cruel quando pedi o
divórcio sem lhe dar explicação.
— Mas tem
certeza de que não a amo?
— Sim.
— Acho que
estamos quites — ele falou, suspirando. — Mas as coisas vão mudar aqui.
Com essa
declaração, ele virou e saiu.
Com o retorno
do rei Paul para casa, a situação ficou muito agitada durante o resto do dia
para Demetria pensar nas palavras de Joseph. Porém, à noite, quando estava
sozinha nos aposentos deles, enquanto Joseph trabalhava representando o pai,
ela remoía aquilo intensamente.
Ela sugeriu
acompanhá-lo ao jantar, mas Joseph se recusou, e não seria dissuadido por nada.
Ela teve de garantir a ele que estava melhor, o que era verdade, antes de ele
ir. O que foi uma guinada para ele.
Os deveres
vinham em primeiro lugar para Joseph Scorsolini.
Vinham...
talvez ainda viessem. Ele falou que o dever dele mais importante era o
casamento, mas nem sempre fora assim. Ela sabia. Havia muitas evidências
contrárias. O que havia mudado? Ou talvez ela estivesse teimando em acreditar
que tudo tivesse mudado. Será que a culpa era forte o suficiente para motivar
alguém a mudar da forma como Joseph estava
mudando? Parecia um forte esforço, mesmo para um
Scorsolini.
Além disso, o
que ele quisera dizer mais cedo?
Ao dizer que
estavam quites, ele estava afirmando que concordava com ela e que também achava
que não a amava? Ou dizia que não acreditava que ela o amasse? E em qualquer um
dos casos... o que queria dizer com "as coisas vão mudar"?
Independentemente da forma como ela encarava isso, o amor estava entrando no
acordo do casamento... por decisão de Joseph.
Embora
resistisse, ela acabou contando à família sobre a sua doença no dia seguinte.
Também revelou que faria uma cirurgia, e quando. Em um ato que seria totalmente
fora de cogitação, Joseph continuou, contando que, embora a cirurgia fosse
cuidar dos sintomas dela, ela já havia sofrido muito com a doença e que, sem
uma fertilização in vitro, provavelmente se tornaria estéril.
Os irmãos dele
e o pai ficaram claramente atônitos com a abertura dele, mas as outras mulheres
trataram da notícia como se fosse algo que toda a família devesse saber. Mas,
como Demetria pensou, as notícias causaram menos alvoroço na família com Denise
por perto.
Todos estavam
presentes na reunião familiar.
Demetria estava
sentada no canto, perto da sogra. Joseph a puxara para perto, em vez de
deixá-la pegar uma poltrona, o que era um hábito comum. Então, ele passou o
braço sobre os ombros dela com descarada possessão. Era bom, mas estranho.
Os lindos olhos
escuros de Denise se encheram de emoção.
— Sabia que
havia algo errado, mas hesitei em falar. Sinto muito. Deve ter sentido dor
muitas vezes, e, ainda por cima, escondeu.
Demetria não
pôde negar, mas não queria que a sogra se sentisse culpada por isso. Não era
culpa de Denise que a endometriose causasse tanta dor. Nem de ninguém mais.
— Está tudo
bem. Se tivesse dito alguma coisa, não teria mudado nada.
— Ao contrário,
se tivéssemos conhecimento antes, você poderia ter começado logo o tratamento.
Ela olhou para
Joseph.
— Não é culpa
da sua mãe.
— Não falei que
era, mas, se tivesse contado antes, teria sido melhor para nós e muita coisa
poderia ter sido evitada.
Ela não
acreditava que ele estivesse falando sobre isso na frente da família.
— Não vamos
tocar nesse assunto agora — ela sussurrou.
— Se é o que
quer, mas é a verdade.
Ela mal conseguiu controlar um suspiro de irritação.
Liam riu do
outro lado da sala e Miley o cutucou.
— O que é tão
divertido, fratello mio?
— Demetria está
irritada com você.
— Acha
engraçado? — perguntou Joseph, sem achar graça.
— Tem de
admitir que não é típico dela — falou Nicholas, com diversão nos olhos.
Demetria olhou
para os dois, imaginando o que havia acontecido com eles.
— Acham uma
piada o fato de eu estar chateada com meu marido? — ela perguntou, intrigada.
Em geral, eles
eram mais sensíveis que isso. Eram Scorsolini, o que significava que não eram
os mais intuitivos quando o assunto era emoção, mas aquilo era estranho.
Selena mordeu o
lábio e sorriu, encolhendo os ombros.
— Você precisa
admitir que não é do seu temperamento, querida.
— No dia em que
seu pai e Joseph me fritaram, você ficou muito irritada com eles, mas foi
bastante sutil. Uma clássica princesa — Miley sorriu. — Para dizer a verdade,
fiquei admirada.
Demetria não
sabia o que dizer. Eles estavam certos... Quando escondia as emoções, ela não
era nada. Mas por que eles achavam isso engraçado?
— Quando você
está irritada com meu irmão, não esconde o fato — falou Joseph a Miley.
Joseph olhou
para Demetria.
— Nosso
casamento não é tão diferente dos deles. Naquele momento, quando ele se
comportava com ela da mesma forma como os irmãos agiam com as esposas, ela não
sabia o que dizer...
— Não, não acho
que seu casamento seja tão diferente — falou Denise, com uma expressão
implacável. — Mas eu imaginava quando você acordaria para isso, filho.
— Posso
assegurar que estou bem acordado agora — respondeu Joseph, enquanto se permitia
piscar para a madrasta, longe de estar ofendido com o comentário.
Era quase como
se houvesse outro nível de comunicação silenciosa entre eles. Como se a
conversa não fosse totalmente nova para os dois.
Mas Demetria
engasgou. Estava querendo dizer que a amava?
Ele voltou a
atenção para ela e seus olhos estavam totalmente vulneráveis.
— O que foi?
Percebeu as similaridades?
— Não... hum...
não. Denise sacudiu a cabeça.
— Com a sua educação, isso não é surpreendente, mas,
querida, precisa parar de olhar para o nosso Joseph com olhos de filha de
diplomata e começar a vê-lo com os olhos de uma mulher que quer acreditar no
coração dele e no próprio.
Denise tinha
toda a sua atenção agora.
— O que quer
dizer quando fala da minha educação?
— Você não
conheceu o amor incondicional... Acho que, na realidade, conheceu muito pouco
do amor. Está acostumada a supor que não há amor, quando, na realidade, há.
Por nenhuma
razão que pudesse discernir, Demetria sentiu um aperto no peito de emoção.
— Não entendo.
— Todos amamos
você, é isso o que digo — Denise apertou a mão de Demetria.
Liam sorriu.
— Sim e, embora
eu fique honrado se meu filho subir ao trono dos Scorsolini, vou torcer para a
fertilização de vocês dar certo.
— Porque não
quer que ele sofra as pressões de reinar um país? — perguntou Demetria,
dolorosamente incerta sobre permanecer casada com Joseph.
— Porque
qualquer criança nascida de você e do meu irmão será abençoada e uma linda
contribuição a este mundo.
— Isso foi
lindo e muito verdadeiro — Denise sorriu em aprovação a Liam e virou-se para
ajeitar o cobertor que cobria as pernas do rei.
— Pare de me
paparicar, amore. Estou bem. Desde que fique comigo, estarei bem.
— E agora que
vão anunciar que vão se casar de novo? — perguntou Selena.
O rei apenas
sorriu.
— Sim, meus
filhos, é exatamente o que vai acontecer.
— Que maravilha!
Quando será o casamento? — perguntou Nicholas.
— Em três
meses... quando será seguro fazer uma festa de casamento — respondeu o rei
Paul.
Depois disso,
seguiram-se beijos e abraços de felicitações. A atenção foi totalmente desviada
de Joseph e Demetria, e ela ficou agradecida.
Mais tarde, ela
estava acordada no escuro, sua mente rodando sobre o que Denise havia falado e
a forma estranha como Joseph vinha se comportando. Mesmo agora, ele dormia de
frente para ela, com a cabeça acima da sua no travesseiro, uma das mãos no
ombro dela e a outra em seu
quadril. Estava presa, como se ele tivesse medo que
escapasse.
— Explique como
acha que um Scorsolini apaixonado se comporta — a voz rouca dele vinda da
escuridão a assustou.
— Pensei que
estivesse dormindo.
— Não estou.
—
Aparentemente.
— Então, fale.
— Por quê?
— Por favor,
tesoro mio, não jogue comigo.
— Não estou
jogando, apenas não entendo que ideia é essa.
— Você me falou
que tem certeza de que eu não a amo porque não sou um marido para você como
meus irmãos são para as suas esposas. Quero saber especificamente onde falhei.
Ela sentiu-se
sem ar.
— Por quê?
— Para poder
corrigir.
— Quer que eu
acredite que me ama? — ela perguntou suavemente.
— Isso não é
óbvio?
— Talvez
devesse ser, mas não... não na realidade.
— É como Denise
falou... você está tão desacostumada a receber amor que não o reconhece.
— Quero ser
amada — ela admitiu com uma vulnerabilidade que jamais demonstraria antes de
todo o acontecimento.
—- Eu amo você,
Demetria, e um dia saberá disso.
Não, não era
possível, mas por que ele dizia isso? Culpa podia provocar muitas coisas, mas
não uma falsa confissão de amor. Ela achava que não.
— Está dizendo
que me ama porque deve fazê-lo... está tentando se redimir de alguma coisa?
— Não. — E isso
foi tudo. Um simples não. Ele não ficou ofendido ou tentou convencê-la com
outras palavras.
E havia algo
totalmente convincente naquela simplicidade...
— Eu...
— Está incerta.
Entendo isso. Eu não percebi que a amava quando nos casamos. Pode ser perdoada
por não saber disso também. Denise percebeu, mas também notou que eu brigava
contra isso. Porca miséria... eu era tão idiota que sequer notei seu amor por
mim, mas notei quando ele se foi.
— Se foi? — ela
perguntou, sem forças, mexendo a cabeça para conseguir ver o rosto dele.
Ela podia sentir o olhar dele a fulminando, embora ambos
estivessem no escuro.
— Sim. Acha que
eu não perceberia? Garanto que não sou tão bobo assim. A forma como você
costumava me olhar como se eu fosse tudo o que sempre quis... a forma como
ficava excitada quando eu entrava neste quarto. Acabou — a voz dele trazia uma
dor que ela conhecia bem. — Só rezo a Deus para que nós ajude, e conto com os
conselhos da família. Vou conseguir recuperar o seu amor.
— Pediu
conselhos à sua família... aos seus irmãos... sobre como conquistar meu amor?
— Sim, embora
nenhum deles seja muito esperto nessa área.
— O que
disseram?
— Liam sugeriu
que eu insistisse na cama, mas essa não é uma opção e eu não quero transar até
que seja seguro para você.
— Oh...
— Nicholas
sugeriu que eu fosse honesto com você, mas tenho feito isso há dias, sem
sucesso.
— Comunicação
honesta é essencial para uma relação. — Mas a pessoa com quem se comunicava
deveria acreditar em você, e não em motivos excusos... como ela vinha fazendo
com ele.
Seria verdade?
Ele a amava? Ela esteve errada sobre tantas coisas, assim como ele, mas Joseph
aparentemente, queria consertar seus erros. Queria que ela se sentisse amada.
— Foi isso que
Denise falou, mas o papai acha que você precisa de provas. Novamente, não achei
esse conselho muito útil. Não sei que prova posso lhe dar.
Ela sorriu
diante do tom desconcertado da voz dele.
— Seus irmãos
não tinham uma sugestão para isso?
— Como eu
disse, nada que eu pudesse usar.
— A cama não é
o único lugar para expressar amor — mas agora ela via que era o local em que
ele o fazia com mais conforto.
— Sei disso.
Reservei todo o meu afeto e a liberação das minhas emoções para o quarto, mas
isso só a convenceu de que só servia na cama para mim. E não é verdade, amore.
Por favor, acredite que sempre foi importante para mim de todas as formas que
uma mulher pode impressionar um homem. Eu poderia cortar minha própria língua
por algumas das coisas que eu falei depois que você pediu o divórcio. Você
acreditou em todas elas muito facilmente, mas depois não acreditou quando falei
que elas haviam sido geradas por raiva e mágoa. Eu tenho sido muito negligente
como marido, e acabei a convencendo da minha falta de sentimentos por você. Não
percebi tudo isso antes que fosse tarde demais.
— Tarde demais?
— Acordei para
muitas coisas tarde demais — a tristeza na voz dele era muito real e profunda
para ser ignorada.
Ele realmente a
amava. Ele não havia percebido e, de sua maneira típica, não se deixara levar
pelas emoções. Mas ele percebia isso agora e estava magoado.
Assim como ela
também ficou magoada.
Ela sentia como
se a agonia dele estivesse dentro do seu coração. E se ela perguntasse... ele
diria que também podia sentir a dor provocada pela endometriose em Demetria,
pois ele a amava e a dor dela também era dele.
A evidência
sempre esteve ali, mas ela atribuía a todos os motivos possíveis, menos aos
verdadeiros... ele a amava.
Ela virou de
lado para vê-lo completamente e acendeu a luz de cabeceira. Eles ficaram
iluminados e ela pôde ver sua face molhada.
Ela o tocou,
incapaz de acreditar que ele estava chorando por ela. Homens como Joseph não
choravam. Nunca.
— Não é tarde
demais — ela sussurrou.
O forte corpo
que se aninhava junto ao dela de repente ficou rígido, e o lindo rosto dele
trazia uma esperança cuja visão lhe era dolorosa.
— Não?
— Não.
— O... — ele
respirou fundo e continuou. — O que exatamente está tentando dizer?
— Eu imaginava
o que fazia de Selena uma moça tão especial... por que ela podia ser amada
pelos pais, por Nicholas, mas eu estava destinada a não ser amada pelas pessoas
mais importantes para mim.
— Selena é
especial, mas Demetria... para .mim, você é infinitamente mais preciosa. Amo
você e passarei o resto da minha vida provando isso. Seus pais são muito
estúpidos.
— Não. Ambos
são muito inteligentes.
— Não quando se
trata de amor. Você é incrível e a grande bênção da minha vida. O fato de eles
não poderem reconhecer isso faz deles idiotas.
— Você não
reconheceu inicialmente.
— Reconheci,
mas não rotulei os sentimentos que tinha por você como amor, pois não queria
ficar vulnerável.
— Como seu pai.
— Si.
— Todos
aprendemos com nossos pais.
— Mas podemos
desaprender com eles também. Amo você, Demetria, e isso não faz de mim um tolo ou fraco. Isso me
dá força e me enche de prazer quando penso no dia em que vou compartilhar isso
com você. E vamos, Demetria. Porque mesmo que você não me fale o que meus
irmãos fazem, eu vou descobrir e você saberá que é amada.
— Quer
continuar casado comigo mesmo que isso signifique não ter seu próprio filho
como herdeiro de Isole dei Rei?
— Si. É
verdade. Finalmente, acredita em mim?
— Oh, acredito...
— E a crença a deixava atordoada. — Amo você, Joseph. Ontem, hoje e sempre.
A mão que
repousava sobre o seu quadril apertou-a quase dolorosamente.
— Não pode.
— Posso e amo —
ela pegou todo o ar que tinha e saltou em águas desconhecidas. — Acredito que
você me ame também. Realmente.
— Amo você,
minha preciosa esposa. Amo. Graças a Deus, acredita em mim... Graças a Deus. —
Ele fechou os olhos como se enviasse esses agradecimentos aos anjos e os
reabriu. — De hoje em diante, você nunca mais vai duvidar disso. Palavra de
príncipe.
— Acredito em
você - ela falou novamente, com o coração borbulhando por um tipo de felicidade
que nunca havia experimentado.
Ele se inclinou
e a beijou. Foi o encontro mais comovente dos lábios deles, pois afirmou de uma
forma totalmente não-sexual que eles eram a metade um do outro. Para sempre.
calma
calma
calma
caaaalllmmmaaaaa
ainda falta o Epilogo