quarta-feira, 1 de maio de 2019

ESPLENDOR DA HONRA Capitulo 19


E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará
João, 8, 32
Por muito irônico que pudesse parecer, o atraque sofrido por Demétria ajudou na reconciliação de Miley e Liam.
Demétria tinha insistido em jantar com a família e seu convidado. Quando ela e Joseph entraram no salão, Miley já estava sentada à mesa. Liam ia e vinha diante da lareira, parecendo estar profundamente mergulhado em seus pensamentos.
Joseph suspirou, e Demétria soube com isso que ele não estava com humor para suportar outra cena de Miley. Demétria ia dizer para ele ter um pouco de paciência, mas decidiu que seria melhor não fazê-lo. Ela também não estava com humor para discórdias.
Quando Miley viu Demétria, deixou escapar um sonoro suspiro, esquecendo-se por completo de Liam.
- O que aconteceu com você? Silenus finalmente jogou você no chão? - perguntou.
Demétria franziu o cenho na direção de Joseph.
- Antes de sairmos do nosso quarto, lembro bem de você me dizer que meu aspecto era normal - sussurrou.
- Eu menti - respondeu Joseph, sorrindo.
- Eu deveria ter me olhado no espelho de Miley - devolveu Demétria -. Sua irmã está parece que vai vomitar a qualquer momento. Acha que vou fazer todos os presentes perderem o apetite?
Joseph sacudiu a cabeça.
- Uma invasão não estragaria meu apetite. Eu usei todas as minhas forças tentando agradar você ...
Demétria deu-lhe uma suave cotovelada para que ele ficasse em silêncio, porque estavam bem perto de Miley e ela poderia ouvir.
- Eu preciso que você me ame - murmurou -. Agora já esqueci por completo o asqueroso contato do sacerdote. Essa foi a única razão pela qual me mostrei um pouco... atrevida.
- Atrevida? - Joseph soltou uma risita -. Demétria, meu amor, você se converteu em uma...
Demétria deu-lhe outra cotovelada, desta vez com mais força que antes, e então se virou para Liam e Miley.
Foi Liam, de fato, quem se encarregou de dar uma explicação a Miley sobre as feridas sofridas por Demétria.
- Oh, Demétria, você tem um aspecto realmente terrível - confessou Miley em tom de simpatia.
- Mentir é um pecado - disse Demétria a Joseph, fulminando-o com o olhar.
Joseph pediu que o nome do padre Lawrence não fosse mencionado durante o jantar, e todos honraram seu pedido. Miley também voltou a ignorar Liam.
O barão cumprimentou a irmã de Joseph quando todos se levantaram da mesa. Miley respondeu com um comentário descortês.
A paciência de Joseph se esgotou.
- Quero falar com vocês dois - ele ordenou e seu tom de voz era cortante.
Miley olhou assustada, Liam parecia confuso e Demétria parecia querer sorrir.
Todos o seguiram até a lareira. Joseph se sentou em seu assento, mas quando Liam se dispôs a ocupar uma cadeira, Joseph disse:
- Não, Liam. Fique de pé ao lado de Miley. - virou-se para sua irmã e disse -: Você confia em que em mim para saber o que é melhor para você?
Miley assentiu lentamente. Ela arregalou os olhos, pensou Demétria,
- Então deixe que Liam beije você - disse Joseph -. Agora.
- O quê? - perguntou Miley, que parecia estupefata.
Joseph franziu o cenho ante sua reação.
- Quando minha esposa foi atacada por Lawrence, ela quis que eu apagasse a lembrança de sua memória. Você nunca foi tocada ou beijada por um homem que lhe amasse, Miley. Eu sugiro que agora você permita que Liam beije você e, em seguida, decida se sentiu repulsa ou encantamento.
Demétria pensou que aquele era um plano maravilhoso.
Miley estava começando a enrubescer de desconforto.
- Na frente de todos? - perguntou, com uma voz que soou como um grasnido.
Liam sorriu e segurou sua mão.
- Eu beijaria você na frente do mundo inteiro se você me permitisse – disse para ela.
Joseph pensou que Liam estava indo muito longe ao dizer a Miley que podia permitir ou não que ele a beijasse, mas se guardou seus pensamentos.
Além disso, sua ordem finalmente estava sendo cumprida. Antes que Miley pudesse recuar, Liam se inclinou sobre ela e depositou um casto beijo sobre seus lábios.
A irmã de Joseph olhou para Liam para contemplá-lo com o olhar confuso. E então ele voltou a beijá-la. Suas mãos nunca chegaram a tocá-la, mas mesmo assim sua boca manteve Miley cativa.
Demétria sentiu-se tola diante do casal. Ela caminhou até Joseph, sentou-se no baço de seu assento e tratou de olhar o teto em vez daquelas duas pessoas que se beijavam com tanto entusiasmo.
Quando Liam deu um passo atrás, Demétria olhou para Miley. A irmã de Joseph parecia ruborizada, envergonhada e sinceramente assustada.
- Ele não beija como Mor...
A cor desapareceu imediatamente de seu rosto diante do terrível erro que estava prestes a cometer, e voltou o olhar para Demétria em busca de ajuda.
- Liam tem que saber, Miley.
Joseph e Liam compartilharam um cenho franzido. Nenhum dos dois sabia do que Demétria estava falando.
- Eu não posso contar isso para ele - murmurou Miley. – Você poderia cumprir esse terrível dever em meu lugar? Por favor, Demétria. Eu lhe imploro.
- Se você permitir que eu conte a Joseph também - disse Demétria.
Miley olhou para seu irmão. Voltou a olhar novamente para Liam e disse:
- Quando souber toda a verdade do que me aconteceu, não vai querer nunca mais voltar a me beijar. Sinto muito, Liam. Deveria ter...
Miley começou a chorar. Liam quis tomá-la em seus braços, mas ela sacudiu a cabeça.
- Eu realmente amo você, Liam. Mas sinto tanto...
Com aquelas palavras de despedida, Miley saiu correndo do salão.
Demétria não gostou nada da promessa que tinha feito. Sabia que estava a ponto de causar muita dor tanto para seu marido como para Liam. Os dois homens gostavam de Miley.
- Liam, por favor, sente-se e ouça-me - pediu. Sua voz soava tensa e preocupada -. Joseph prometa que não ficará zangado comigo por ter ocultado isso de você. Miley me fez prometer para poder compartilhar seu secreto comigo.
- Não ficarei zangado - anunciou Joseph.
Demétria assentiu. Ela não pode suportar olhar para Liam enquanto contava toda a verdade a respeito de Miley, por isso permaneceu olhando para chão pelo tempo que falou. Insistiu no fato de Miley ter se sentido terrivelmente decepcionada ao ver que Liam não se juntou a ela na corte, e que por essa razão tinha sido uma presa fácil para as artimanhas de Sebastian.
- Eu acredito que na verdade ela tratava de lhe punir - disse a Liam -. Embora duvide que ela tenha consciência disso.
Demétria se arriscou a lançar um rápido olhar a Liam, viu que ele assentia com a cabeça, e depois olhou para Joseph. Depois contou o resto, sem esconder nada, e quando falou da traição de Morcar, ela realmente esperou ouvir os gritos de ira de um dos dois ou de ambos.
Nenhum dos dois barões disse uma única palavra.
Quando seu relato chegou ao fim, Liam se levantou e saiu do salão muito devagar.
- O que você vai fazer? - perguntou Demétria a Joseph. Percebeu que estava chorando e limpou as lágrimas do rosto, estremecendo quando bateu em seu hematomas.
- Não sei - respondeu Joseph falando em voz baixa e, também, cheia de fúria.
Joseph sacudiu a cabeça, e um pensamento passou de repente em sua cabeça.
- Era Morcar o homem que você queria matar, não?
Demétria franziu o cenho.
- Você me disse que ia matar um homem - insistiu Joseph -. Lembra-se? Você estava se referindo a Morcar, não é?
Demétria assentiu.
- Eu tinha que fazê-lo pagar por sua traição, mas a honra me obrigava a guardar o secreto de Miley - sussurrou -. Eu não sabia o que fazer, Joseph. É dever de Deus ocupar-se dos pecadores. Eu bem sei disso. E eu não deveria querer matar Morcar. Mas eu quero fazê-lo, que Deus me ajude, mas quero fazê-lo...
Joseph a puxou para o seu colo e a abraçou meigamente. Entendia a delicada tortura que sua esposa enfrentava.
Os dois permaneceram em silêncio durante uns minutos. Demétria pensou em Liam. O que ele faria agora, partiria ou continuaria a cortejar Miley?
Joseph usou aquele tempo para recuperar o controle de suas emoções. Não culpava Miley por aquele amor passageiro, que a fez sucumbir à fascinação de Sebastian. Sua irmã era tão inocente que não podia ser considerada culpada pelo que aconteceu, mas Sebastian deliberadamente ceifou aquela inocência.
- Eu vou me ocupar de Morcar - disse finalmente a Demétria.
- Você não o fará!
Foi Liam quem gritou a negativa. Tanto Demétria como Joseph viram quando ele correu e parou na frente deles. Sua ira não podia ser mais evidente, porque ele tremia por inteiro.
- Eu vou matá-lo, e também matarei você, Joseph, se você se atrever a me negar esse direito.
Demétria deixou escapar uma exclamação abafada e olhou para o Joseph. Sua expressão não dizia se ele se sentia insultado ou furioso.
Joseph contemplou Liam em silêncio, durante um momento que lhes pareceu muito longo. Ele assentiu lentamente.
- Sim, Liam, é seu direito. Eu estarei atrás de você quando o desafiar.
Um súbito desânimo se apropriou do Liam. Sentou-se na cadeira que havia diante de Joseph.
- Demétria? Poderia, por favor, dizer a Miley que eu gostaria de falar com ela?
Demétria assentiu. Apressou-se a fazer o que ele havia pedido, mas já tinha conseguido enlouquecer de preocupação antes de chegar ao quarto de Miley.
Miley tinha chegado à conclusão de que Liam iria deixá-la.
- Foi melhor assim - disse a Demétria entre soluços -. Beijar é uma coisa, mas isso é tudo o que poderei chegar permitir. Nunca poderia deixar que ele viesse a minha cama.
- Não sabe se poderia ou não - replicou Demétria -. Não será fácil, Miley, mas Liam é um homem paciente.
- Não tem importância - disse Miley -. Ele vai me deixar.
Miley estava errado, porque Liam esperava por ela no lance final dos degraus, agarrou-a pelo braço sem dizer uma palavra e a levou consigo escada abaixo.
Joseph foi para até Demétria e a tomou em seus braços.
- Você está exausta, esposa. É hora de ir para a cama.
- Será melhor esperar pelo retorno de Miley. Ela pode precisar de mim - protestou Demétria, quando Joseph começou a subir pela escada.
- Eu preciso de você agora, Demétria. Liam cuidará de Miley.
Ela assentiu.
- Demétria, amanhã terei que deixá-la. Será por poucos dias - acrescentou antes de que ela pudesse interrompê-lo.
- Aonde você vai? - perguntou Demétria -. Você tem assuntos importantes a tratar? - inquiriu a seguir, fazendo todo o possível para que sua voz soasse interessada e não decepcionada.
Não esperava que seu marido passasse cada momento com ela. Afinal, Joseph era um homem importante.
- Eu tenho uma questão que requer minha atenção - respondeu Joseph, deliberadamente reduzida ao mínimo sua explicação. Demétria já tinha passado por suficiente tortura hoje. Joseph não queria acrescentar outra preocupação, e sabia que se falasse aquela mesma noite do pedido do rei, então sua esposa não poderia desfrutar de nenhum descanso.
Maude estava descendo pela escada quando Joseph dobrou a esquina. A criada disse que cuidaria imediatamente do banho da baronesa, mas Joseph sacudiu a cabeça e disse a Maude que ele cuidaria daquele trabalho.
Maude fez uma reverência.
- Maude, hoje seu filho fez algo muito valente - disse Joseph então.
A mulher sorriu de orelha a orelha. Ela já sabia sobre o ato de bravura de seu filho. O pequeno tinha feito seus pais se sentirem orgulhosos dele. Ora, ele salvou a vida da baronesa!.
- Eu tenho que pensar em uma recompensa apropriada para semelhante bravura - disse Joseph.
Maude pareceu muito afligida para poder falar. Fez outra reverência, e então conseguiu gaguejar sua gratidão.
- Eu realmente agradeço, meu senhor. Meu Willie tem muito carinho pela baronesa. Às vezes ele atrapalha um pouco, a todo o momento correndo de um lado para o outro atrás dela, mas a baronesa não parece se importar e sempre tem uma palavra de carinho para o meu menino.
- É um menino muito inteligente - disse Joseph, elogiando-o.
Sua adulação, que certamente era um acontecimento incomum, acrescentado ao feito dele estar lhe dirigindo a palavra, fez Maude se sentir atordoada. Voltou a agradecer a seu senhor, recolheu sua saia e subiu a toda pressa escada acima. Gerty estaria impaciente para escutar aquela história, e Maude certamente estava decidida a ser primeira a contar.
Demétria passou a mão pela bochecha de seu marido.
- Você é um homem muito bom, Joseph - sussurrou -. Essa é outra das muitas razões pelas eu amo tanto você.
Joseph encolheu os ombros, forçando Demétria a se agarrar nele para não perder o equilíbrio.
- Eu só cumpro com meu dever - comentou.
Demétria sorriu, e pensou que seu marido era tão incapaz de aceitar um elogio como parecia ter acontecido com Maude.
- Meu banho foi negado - disse, provocando-o -. Provavelmente terei que nadar em seu lago. O que me diz disso? - acrescentou.
- Digo que é um bom plano, esposa. Eu nadarei com você.
- Eu só estava lhe provocando - apressou-se a dizer Demétria, estremecendo -. Não quero nadar no seu lago. Quando era pequena, mergulhei-me dentro do lago. Não era muito profundo e eu sabia nadar. Mas os dedos de meus pés afundaram no barro e mina roupa pesava como dez pedras, no mínimo, antes de eu conseguir sair dali. De fato, ao sair eu precisei de outro banho. O barro tinha grudado inclusive no meu cabelo.
Joseph riu.
- Em primeiro lugar, meu lago tem o fundo rochoso na maioria dos lugares - disse -. E você não deve nadar com suas roupas, Demétria. Estou surpreso por você não ter-se afogado.
Sua esposa não parecia muito convencida dos méritos de seu lago.
- A água é muito clara. Você quase pode ver o fundo - disse Joseph.
Eles chegaram ao quarto. Demétria já estava despida, esperando na cama por Joseph antes de seu marido tirar sua túnica.
- Não quer nadar comigo? - ele perguntou com um sorriso.
- Não - disse Demétria -. Existem soldados lá fora. Santo Deus, Liam e Miley também estão lá fora. Ficar diante deles sem roupa não seria decente. O que quer que você esteja pensando, Joseph, para sugerir semelhante...
- Demétria, ninguém vai ao lago de noite. Além disso, não há suficiente lua para que...
Demétria o interrompeu com um súbito suspiro de surpresa.
- O que está fazendo, Joseph?
Era óbvio, inclusive para ela. Seu marido estava de pé junto à cama e segurava sua capa.
- Cubra-se com isso. Vou levá-la ao lago - sugeriu.
Demétria mordeu o lábio com indecisão. Realmente queria nadar. A noite estava quente e pegajosa, mas a ideia de ser vista por alguém também era uma preocupação a se levar em conta.
Joseph esperou pacientemente até que Demétria escolhesse. Pensou que naquele momento ela estava terrivelmente atraente. Somente uma fina manta a cobria, e as pontas de seus seios ficavam em evidência.
- Você disse que eu parecia estar exausta - murmurou Demétria -. Talvez...
- Eu menti.
- Mentir para mim é pecado - comentou Demétria. Puxou a manta, segurando-a diante dela como um escudo contra Joseph -. Meu sabão está dentro da sua arca - disse.
Demétria pensou em enviá-lo para alguma missão, assim ela poderia se envolver na capa com privacidade. Ela ainda não estava acostumada a ficar nua na frente dele.
Joseph sorriu e foi à arca para buscar o sabão. Demétria tratou de agarrar a capa antes que ele se virasse, mas não foi rápida o bastante.
Seu marido já voltava para a lateral da cama. A capa de Demétria foi depositada em seu braço. O pacote de sabão estava em uma mão e um pequeno espelho circular em outra.
Ele estendeu o espelho para Demétria.
- Você tem um olho preto para combinar com o que você deu em Kevin - observou.
- Eu nunca dei um olho preto a Kevin - Demétria protestou - Você está me provocando.
Demétria agarrou o espelho e olhou seu rosto.
Demétria gritou.
Joseph riu.
- Pareço um Ciclope! - gritou. Ela deixou cair o espelho e começou a puxar seu cabelo para a frente sobre o lado ferido de seu rosto -. Como pode suportar me beijar? - perguntou -. Tenho um círculo negro ao redor do olho e...
Sua voz soava como se estivesse choramingando. O sorriso de Joseph desapareceu quando ele se inclinou para frente, obrigando-a a levantar o queixo com a palma da mão e o olhasse. Sua expressão se tornou seria.
- Porque eu amo você, Demétria. Você é tudo o que eu quis em minha vida e muito, muito mais. Pensa que um arroxeado ou dois poderiam mudar o que sente meu coração? Realmente acredita que meu amor poderia ser tão superficial?
Demétria sacudiu a cabeça. Ela separou lentamente o lençol e depois ficou de pé junto a seu marido.
Agora já não se mostrava tímida na frente dele. Joseph a amava, e aquilo era a única coisa que importava.
- Eu gostaria de ir ao seu lago, Joseph. Mas será melhor que nos apressarmos, antes que eu comece a implorar para fazer amor com você.
Joseph envolveu o queixo com as mãos e a beijou.
- Eu vou fazer amor com você, Demétria.
Demétria ficou emocionada com aquela promessa e o olhar sombrio em seus olhos. Ela ouviu seu próprio suspiro, sentiu um nó quente em seu estômago começando a se espalhar dentro dela.
Joseph a envolveu na capa, tomou em seus braços e a levou do quarto.
Não encontraram ninguém quando foram para o lago. Joseph também tinha razão porque naquela noite não havia lua suficiente.
Levou-a até o outro extremo do lago. Demétria provou a água com os dedos do pé e percebeu que estava muito fria.
Joseph disse que ela se acostumaria. Demétria permaneceu imóvel junto dele, segurando firmemente a capa ao redor de seu corpo com uma mão, enquanto o via casualmente retirar suas roupas.
Joseph se lançou à água com um impecável mergulho. Demétria se sentou na beirada, e em seguida entrou no lago. Levaria sua capa se Joseph tivesse permitido. Seu marido veio à superfície perto dela, tirou a capa de suas mãos e jogou-o sobre a grama.
Levou alguns minutos para se acostumar à água, mas a sensação de estar nadando sem roupa era muito erótica. Demétria, que se sentia bem libertina, assim disse a Joseph e admitiu timidamente que a sensação era bastante agradável.
Demétria correu com o banho, lavando o cabelo, enxaguando-o com um breve mergulho. Quando voltou à superfície pela terceira vez, Joseph estava na frente dela.
Ele só ia falar com ela, mas Demétria estava sorrindo para ele com um olhar fascinante em seus olhos. A água lambia seu seios. Os mamilos endureceram, chamando-o. As mãos de Joseph os cobriram.
Demétria se apoiou nele, jogando a cabeça para trás para receber seu beijo. Era uma tentação que ele não queria resistir. Joseph tomou avidamente a boca de sua esposa. Sua língua se introduziu na boca de Demétria. Úmida. Selvagem. Tão previsivelmente indisciplinada.
Joseph teria permitido aquele único beijo e depois teria levado Demétria de volta a seus aposentos para fazer amor, mas naquele momento a barriga de Demétria se esfregou contra ele e suas mãos se moveram com ousadia dentro da água para capturar a excitação que dominava Joseph.
Ele a estreitou com os braços, atraindo-a para ele. O beijo se aprofundou, consumindo-os.
Ela foi tão feroz quanto ele. Suas mãos foram aos ombros de Joseph, acariciando-o de forma selvagem. Joseph levantou a mais alto, até que seus seios estavam esfregando contra seu peito. Suas pernas se moviam sem descanso contra ele. Seu doce gemido de desejo o enlouqueceu.
Joseph sussurrou seus desejos com voz enrouquecida pela excitação. Quando Demétria rodeou seu quadril com suas coxas, ele a penetrou lentamente, cauteloso e profundamente.
Demétria se empurrava contra ele, exigindo com as unhas de seus dedos.
- Joseph... - ela implorou.
Ele beijou sua têmpora.
- Estou tentando ser gentil com você, Demétria - sussurrou com voz enrouquecida.
- Mais tarde, Joseph - choramingou Demétria -. Deixe a gentileza para mais tarde.
Joseph se deixou arrastar por sua necessidade. Mostrou-se impetuoso e enérgico, dando tanto prazer a Demétria como dava a ele mesmo. Quando a sentiu arquear-se contra ele no momento culminante, Joseph cobriu sua boca com a dele para capturar os gemidos de Demétria. Sua semente a encheu e Joseph se agarrou a ela enquanto o tremor do êxtase culminava sua explosão.
Demétria se apoiou nele, com seu corpo subitamente enfraquecido pela satisfação. Sua respiração esquentava o pescoço de Joseph, que sorriu com um orgulhoso prazer.
- Parece uma autêntica selvagem, Demétria - disse.
Ela riu, deleitada por aquele elogio, até que se lembrou de onde estavam.
- Santo Deus, Joseph! Será que alguém nos viu?
Parecia horrorizada e escondeu seu rosto no vão do pescoço de Joseph, que riu suavemente.
- Ninguém nos viu, meu amor - sussurrou.
- Tem certeza?
- É obvio. Não há suficiente luz.
- Graças a Deus - respondeu Demétria.
Demétria se sentiu imensamente aliviada, até que Joseph voltou a falar.
- Mas você gemeu o suficiente para despertar os mortos. Você geme demais, meu amor. Quanto mais você se deixa dominar pela paixão, mais forte você geme.
- Oh, Deus.
Demétria tratou de mergulhar na água, mas Joseph não permitiu. Riu, um som profundamente sensual, então continuou zombando dela carinhosamente.
- Não estou me queixando, querida. Desde que seu fogo seja para mim, vou deixar você gemer o quanto quiser.
Justo quando ela estava prestes a dizer como ele soava pecaminosamente arrogante, Joseph deixou-se cair deliberadamente para trás. Sua esposa só teve tempo de prender a respiração.
Joseph voltou a beijá-la, agora debaixo da água. Ela dava um beliscão cada vez que precisava tragar o ar.
Demétria não sabia como brincar dentro d’água. Quando Joseph respingou água com a mão, ela se ofendeu. Joseph teve que lhe mostrar como respingá-lo de volta. Ela pensou que era um jogo bobo tentar afogar o outro, mas já ela estava rindo no momento em que terminou seu comentário, e tratava de colocar a cabeça de Joseph na água, empurrando-o com o pé.
Mas foi ela que perdeu o equilíbrio. Quando Joseph a tirou da água, Demétria tossia, engasgava e tentava brigar com ele ao mesmo tempo.
Eles ficaram quase uma hora no lago. Joseph ensinou como nadar corretamente, embora no começo a sua instrução parecesse insultá-la.
- Você parece estar prestes a se afogar quando nada.
Demétria não se sentiu muito ofendida, e inclusive chegou a beijá-lo para mostrar que ele não havia ferido seus sentimentos.
Quando Joseph finalmente a levou de volta ao quarto, Demétria estava exausta.
Joseph, entretanto, tinha vontade de falar. Deitou-se na cama, com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça, e observou como sua esposa escovava o cabelo.
Ambos estavam nus, e nenhum deles se sentia constrangido.
- Demétria, fui convidado a ir conversar com o meu rei - comentou Joseph. Manteve sua voz cuidadosamente controlada, tentando dar a impressão de que estava aborrecido com aquele pedido -. É para lá que irei amanhã.
- Convidado? - a escova foi esquecido quando Demétria franziu o cenho para Joseph.
- Uma convocação, então - admitiu Joseph -. Eu teria dito isso antes, mas não queria preocupá-la.
- Eu também estou metida nisto, não? Joseph, não vou ser ignorada ou deixada de lado. Eu tenho o direito de saber o que está acontecendo.
- Eu não a ignorei nem a deixei que lado - respondeu Joseph -. Eu só estava tentando protegê-la.
- Será perigoso? - perguntou, e nem mesmo deu tempo para Joseph responder -. É obvio que será perigoso. Quando nós partiremos?
- Não partiremos. Você ficará aqui. Será mais seguro para você.
Demétria parecia estar disposta a discutir com ele. Joseph sacudiu a cabeça e disse:
- Se tiver que me preocupar com você, minha concentração estará seriamente comprometida. Já tomei minha decisão, Demétria. Você ficará aqui.
- E você voltará para mim?
Sua pergunta deixou Joseph surpreso.
- É óbvio.
- Quando?
- Não sei quanto tempo isso levará, Demétria.
- Semanas, meses, anos?
Joseph viu o medo nos olhos dela, e se lembrou da época em que Demétria foi ignorada por sua família. Joseph puxou Demétria para cima dele e a beijou.
- Eu sempre voltarei para você, Demétria. É minha esposa, pelo amor de Deus.
- Sua esposa... - sussurrou Demétria -. Toda vez que eu tiver medo, ou começar a me preocupar com o futuro, vou lembrar que estou atada a você. - Joseph sorriu. Demétria já não parecia assustada -. Se permitir que lhe matem, encontrarei sua tumba e cuspirei sobre ela - ela o ameaçou.
- Nesse caso terei muito cuidado.
- Você me promete?
- Eu prometo a você.
Demétria tomou meigamente o rosto de seu marido entre suas mãos.
- Leve meu coração com você, meu amado captor.
- Não, Demétria. Sou eu seu prisioneiro de corpo e alma.
E depois ele honrou seu juramento, voltando a fazer amor com ela.
Joseph já estava vestido antes que as primeiras luzes do amanhecer riscassem o céu. Ele mandou chamar Anthony e o esperou no salão.
Quando seu vassalo entrou no recinto, Joseph estava quebrando o selo daquela carta do monastério, a qual não havia dado nenhuma atenção até agora.
Anthony se sentou à mesa na frente dele e esperou que seu senhor terminasse de ler a carta. Gerty entrou com uma bandeja cheia de pão e queijo.
O vassalo já tinha comido boa parte de seu alimento antes de Joseph terminar de ler a carta. As novidades obviamente não tinham agradado seu senhor. Joseph jogou o pergaminho em cima da mesa e descarregou um murro sobre o tampo.
- As novidades não são do seu agrado? - perguntou Anthony.
- É como eu suspeitava. Não existe nenhum padre Lawrence.
- Mas o homem que você matou...
- Foi enviado por Sebastian - disse Joseph -. Isso eu já sabia, mas ainda assim acreditei que fosse um sacerdote.
- Bem, ao menos então não você matou um homem do Senhor - disse Anthony, acompanhando aquela observação com um encolhimento de ombros -. E tampouco pôde fazer um relatório a Sebastian, Joseph. Lawrence não saiu desta fortaleza desde que chegou aqui. Se o tivesse feito, eu teria sabido.
- Se eu tivesse prestando atenção a essas coisas, não teria demorado tanto tempo para perceber que ele se comportava de maneira estranha. Minha falta de atenção quase custou a vida a minha esposa.
- Ela não culpa você - comentou Anthony -. E além disso a coisa poderia ter sido ainda muito pior do que foi, Joseph. Lawrence poderia ter ouvido todas nossas confissões - acrescentou, estremecendo-se ante aquele pensamento tão obsceno.
- Eu também não me casei - disse Joseph, voltando a atingir a mesa com o punho.
O pergaminho saltou pelos ares e acabou caindo junto à jarra cheia de flores silvestres.
- Santo Deus, não tinha pensado nisso - disse Anthony.
- Demétria também não - respondeu Joseph -. Mas ela o fará, e quando o fizer terá um ataque de nervos. Se houvesse tempo para isso, eu encontraria um sacerdote e me casaria com Demétria antes de ir...
- Levaria semanas...
Joseph assentiu.
- Você disse a Demétria aonde vai? - perguntou Anthony.
- Sim, mas não vou falar de nosso impostor. Quando retornar, trarei comigo um sacerdote. Vou dizer para ela que não estamos casados, um minuto antes de voltar a casar com ela. Inferno, que confusão!
Anthony sorriu. Seu senhor tinha razão. Demétria teria um ataque de nervos.
Joseph se obrigou a deixar de lado a questão de falsidade de Lawrence. Ele repassou sobre seus planos com seu vassalo, tentando cobrir todas as eventualidades.
- Você foi treinado pelo melhor. Confio plenamente em sua capacidade - disse a Anthony, assim que terminou de dar suas instruções.
Era uma tentativa de criar ânimo, ao mesmo tempo em que era um elogio dirigido a si mesmo, já que Joseph havia treinado Anthony. O vassalo sorriu.
- Deixa aqui soldados em número suficiente para conquistar a Inglaterra - observou.
- Você ainda não viu Liam?
Anthony sacudiu a cabeça.
- Os homens estão reunidos diante dos estábulos - observou -. Ele pode estar ali, esperando.
Joseph se levantou e foi aos estábulos com seu vassalo. Uma vez ali, o barão se dirigiu a seus homens e os advertiu de que possivelmente estivessem cavalgando para uma armadilha. Depois, se virou para aqueles que não iriam com ele e falou.
- Sebastian pode muito bem estar esperando que eu vá, para atacar a fortaleza.
Quando ele terminou de falar com seus homens, Joseph retornou ao salão. Demétria estava descendo os degraus e sorriu para ele. Joseph a tomou em seus braços e a beijou.
- Lembre-se que me prometeu tomar cuidado - sussurrou Demétria quando ele a soltou.
- Eu prometo - respondeu Joseph, passando o braço por seus ombros e caminhando para fora. No trajeto para os estábulos tiveram que passar diante da igreja, e Joseph se deteve para contemplar os danos causados pelo fogo -. Terei que reconstruir o vestíbulo - disse.
A menção à igreja fez com que Demétria se lembrasse da carta.
- Você tem tempo para me mostrar a carta que enviaram do monastério do padre Lawrence, Joseph? Confesso que morro de curiosidade.
- Eu já li a carta.
- Você sabe ler! Eu já suspeitava disso, mas você nunca mencionou sua habilidade. Ora, justo quando eu penso que lhe conheço bem, você diz ou faz alguma coisa que me surpreende.
- E isso quer dizer que não sou tão previsível como você imaginava? - perguntou Joseph com um sorriso.
Demétria assentiu.
- Em certos assuntos você sempre é previsível. OH, eu gostaria que você não estivesse partindo. Queria que você me ensinasse a me defender. Se eu pudesse me proteger por mim mesma tão bem como Ansel, provavelmente você me deixaria ir com você.
- Não deixaria - respondeu Joseph -. Mas eu prometo que vou começar sua instrução assim que eu retornar.
O comentário tinha como objetivo apaziguar Demétria, e Joseph decidiu que realmente havia alguns truques de defesa que toda mulher deveria saber. O pedido de sua esposa possivelmente não fosse tão ridículo, afinal. Demétria não era muito forte, mas sua determinação o impressionava.
Joseph reparou em que o barão Liam ainda não tinha chegado. Já que ele tinha alguns minutos a mais para passar com sua esposa, virou-se para ela e disse:
- Vou dar sua primeira lição agora mesmo. Você usa a mão direita, assim tem que levar a adaga do lado esquerdo de seu corpo - acrescentou, pegando sua adaga e pendurando-a em um laço no cinturão de Demétria acima da curva de seu quadril esquerdo.
- Por quê?
- Porque dessa maneira fica muito mais fácil para empunhar a arma. Às vezes, esposa, cada segundo conta.
- Você leva sua espada no lado direito do corpo, Joseph. Sei que sempre prefere empunhar sua espada com a mão esquerda. Os degraus! Esta lição tem alguma coisa a ver com o fato de os degraus terem sido construídos do lado esquerdo da parede em vez do lado direito?
Joseph assentiu.
- Meu pai também acostumava a usar a mão esquerda antes da direita. Quando um inimigo invade sua casa, chega a você vindo de baixo e não de acima. Meu pai contava com uma vantagem maior. Podia usar a mão direita para manter o equilíbrio apoiando-se na parede, e lutar com a mão esquerda.
- Seu pai era muito ardiloso - observou Demétria -. A maioria dos homens utiliza a mão direita, não? Que ideia maravilhosa ir contra a tradição e mandar construir sua casa da maneira de acordo com suas especificações!
- Para falar a verdade, meu pai pegou emprestada a ideia de um de seus tios - disse Joseph.
Joseph acreditava ter conseguido afastar a atenção de Demétria da carta. Mas estava errado, porque Demétria em seguida voltou a abordar esse assunto.
- O que dizia a carta, Joseph?
- Nada importante - replicou Joseph -. Lawrence deixou o monastério quando foi enviado à fortaleza de Sebastian.
Era difícil mentir para sua esposa, mas sua intenção era boa. Joseph estava tentando evitar que Demétria se preocupasse enquanto ele estivesse fora.
- Provavelmente ela era um bom homem até que meu irmão abusou dele - comentou Demétria -. Vou providenciar para que seu corpo seja enviado ao monastério imediatamente, Joseph. Eles vão querer lhe dar um enterro adequado.
- Não! - disse ele, percebendo que havia gritado -. O que queria dizer era que já foram feitos todos os acertos necessários.
Demétria ficou confusa pela grosseria de Joseph. O barão Liam foi até eles para saudá-los, atraindo sua atenção.
- Miley e eu nos casaremos assim que tenhamos terminado nosso trabalho - anunciou Liam -. Por fim, ela aceitou.
Demétria sorriu e Joseph deu uma palmada no ombro de Liam.
- Onde está Miley? - perguntou depois.
- Em seu quarto, chorando. Já me despedi dela - acrescentou Liam com um sorriso.
- Tem certeza de que quer se casar com ela, Liam? Minha irmã passa a maior parte de seus dias chorando.
- Joseph! - protestou Demétria.
Liam riu.
- Espero que ela gaste todas suas lágrimas antes de nos casarmos.
De repente Joseph se virou para Demétria, tomou-a em seus braços e a beijou antes que ela soubesse o que ele ia fazer.
- Estarei em casa antes que você perceba que eu fui - disse.
Demétria tratou de sorrir. Não ia chorar. Isso não seria nada decoroso, não com os soldados já desfilando junto deles.
Ficou no centro do pátio e viu seu marido partir.
Anthony foi até Demétria e se deteve junto dela.
- Ele voltará para todos nós - disse Demétria -. Ele me deu sua palavra, Anthony.
- É um homem honrado, Demétria. Não quebrará sua promessa.
- Terei que me manter ocupada - disse Demétria ao vassalo -. Joseph prometeu que me ensinar métodos de defesa.
- Métodos de defesa? - repetiu Anthony, mostrando sua confusão.
- Sim. Gostaria de saber como me proteger por mim mesma - explicou Demétria, fazendo soar deliberadamente como se isso tivesse sido ideia de seu marido. Demétria sabia que era mais fácil obter a cooperação de Anthony se ele acreditasse que Joseph assim desejava. Ela não achava que estivesse sendo enganosa -. Possivelmente você poderia me dar uma lição ou duas. O que acha, Anthony? Poderia me dedicar um pouco de seu tempo a cada dia para me ensinar as artes de defesa?
As artes de defesa?
O vassalo olhou fixamente para Demétria e percebeu que ela não podia ter falado mais a sério.
Demétria teve a impressão de que Anthony não estava nada entusiasmado com seu pedido.
- Acho que vou falar com Ned. Ele poderia me fazer um bom arco, e também flecha, é claro. Se eu treinar minha mente para esta tarefa, eu acredito que poderia ser muito útil em algum momento.
Anthony teve vontade de fazer o sinal da cruz. Não podia fazê-lo, naturalmente, porque sua senhora estava olhando para ele para contemplá-lo com uma expressão esperançosa nos olhos.
- Falarei com Ned - prometeu Anthony, que tinha um bom coração para negar o que ela estava pedindo.
Demétria agradeceu com entusiasmo. O vassalo se inclinou diante ela e se foi.
Agora Anthony tinha um novo problema para pensar. Sua primeira obrigação consistia em cuidar da esposa de Joseph, e de repente ela havia imposto outro dever. No futuro ia ter que proteger seus homens de Demétria.
Apesar de tudo, seu senso de humor conseguiu salvar seu desespero. Quando chegou à cabana do ferreiro, Anthony já se estava rindo. Que o céu ajudasse a todos! Assim que a semana chegasse ao fim, provavelmente todos teriam algumas flechas no traseiro.


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