Uma resposta suave
acalma a ira.
Provérbios, 15, 1
Demétria
esteve dormindo por quase vinte e quatro horas seguidas. Quando por fim abriu
os olhos, o aposento estava mergulhado nas sombras do entardecer, apenas com
algumas poucas franjas de sol, filtrando-se através das portinholas de madeira.
Demétria viu todo, um pouco confuso, e se sentiu tão desorientada que não
conseguia se lembrar de onde estava.
Tratou
de se sentar na cama e fez uma careta ao sentir o incômodo que aquele movimento
lhe causou; então se lembrou até o último detalhe do ocorrido.
Deus,
sentia-se realmente horrível! Cada músculo de seu corpo doía. Demétria pensou
que possivelmente alguém tivesse batido um pau em suas costas, ou usado uma
varinha de ferro quente em um dos lados sua perna. Seu estômago grunhia, mas
Demétria não queria comer nada. Não, só tinha uma sede terrível e tudo lhe
ardia. A única coisa que queria fazer agora era tirar toda aquela roupa e
plantar-se nua diante da janela aberta.
A
ideia lhe pareceu realmente maravilhosa. Tentou se levantar da cama para ir
abrir as portinholas, mas então descobriu que estava tão fraca que nem sequer
podia se separar dos cobertores de um chute. Continuou tentando, até que
percebeu que não usava suas roupas. Alguém as tinha tirado, embora esse fato
ofendesse o sentido de pudor de Demétria, não era tão alarmante quanto perceber
que ela não tinha nem ideia de como aquilo tinha acontecido.
Agora
Demétria usava um tipo de camisa de algodão branco, uma peça de roupa
indecente, com certeza, porque parcamente conseguia cobrir seus joelhos. Mesmo
assim, as mangas eram muito longas. Quando tentou dobrar um pouco o tecido para
aproximá-la a seus punhos, Demétria se lembrou de onde tinha visto semelhante
peça antes. Ora, aquilo era uma camisa de homem! E a julgar por suas proporções
gigantescas, obviamente pertencia a Joseph. Era o mesmo traje, disso não
restava dúvida. Joseph usava uma camisa idêntica quando dormiu junto dela
dentro da tenda na noite anterior… ou agora já fazia duas noites disso?
Demétria se sentia muito sonolenta para poder se lembrar. Decidiu fechar os
olhos durante outro minuto para continuar pensando nisso.
Então
teve um sonho dos mais aprazíveis. Demétria voltava a ter onze anos e estava
vivendo com seu querido tio, o padre Berton. O padre Robert e o padre Samuel
tinham vindo à mansão do barão de Grinstead para fazer uma visita a seu tio e
apresentar seu respeito ao ancião Morton, senhor da mansão de Grinstead. Além
dos camponeses que se encarregavam de trabalhar na pequena propriedade do barão
Morton, Demétria era a única pessoa jovem que residia ali. Estava rodeada por
homens amáveis e bondosos, todos eles bastante velhos que poderiam ser seus
avós. Tanto o padre Robert como o padre Samuel vinham do monastério de
Claremont, e lorde Morton lhes oferecia uma acomodação permanente em sua
mansão. O idoso barão não tinha demorado em se afeiçoar aos amigos do padre
Berton. Ambos eram excelentes jogadores de xadrez, e os dois o gostavam de
ouvir o barão contar suas favoritas histórias do passado. Demétria estava
rodeada de anciões decididos a mimá-la e a consideravam uma criança bem
talentosa. Os três se alternavam entre eles para ensiná-la a ler e escrever, e
o sonho de Demétria terminou se concentrando em uma tarde em que esteve
particularmente cheia de paz. Estava sentada à mesa e lia para seus “tios” as
últimas linhas que tinha escrito. Um fogo ardia dentro da lareira, e nos
aposentos reinava uma atmosfera cálida e tranquila. Demétria estava contando uma
história que não tinha nada de comum, a das aventuras de seu herói favorito,
Ulisses. O poderoso guerreiro fazia companhia durante seu sonho, inclinando-se
sobre o ombro de Demétria e sorrindo amavelmente, enquanto ela voltava a contar
os maravilhosos acontecimentos que tinham ocorrido durante sua longa viagem.
Quando
voltou a despertar, certa de que só tinham transcorrido alguns minutos desde
que havia decidido descansar, mas Demétria percebeu que alguém tinha, na
verdade, mantido suas pálpebras fechadas.
-
Como pude permitir ser tratada desta maneira? - murmurou em voz alta, sem
dirigir sua indignação a ninguém em particular.
E,
além disso, a amarra estava molhada. Demétria arrancou aquela contensão
ofensiva, resmungando um xingamento digno de um camponês obsceno. O mais
curioso de tudo aquilo foi que então pareceu ouvir alguém rindo. Demétria
tentava se concentrar no som, quando sua mente subitamente se distraiu com
alguma coisa. Maldição, estavam colocando outra contensão em sua testa! Aquilo
não tinha absolutamente nenhum sentido. Acaso não acabava de tirar a primeira
amarra que tinham-lhe colocado? Demétria sacudiu a cabeça, sentindo-se incapaz
de poder entender toda aquela confusão.
Alguém
falou com ela, mas Demétria não pôde entender o que estavam lhe dizendo. Se
deixasse de sussurrar e de formar cada palavra confundindo-a com as demais,
tudo seria muito mais fácil. Demétria pensou que quem quer que estivesse lhe
dirigindo a palavra estava sendo terrivelmente descortês, e gritou aquela
opinião.
Um
instante depois se lembrou subitamente do calor que tinha sentido quando o peso
de outro cobertor caiu bruscamente sobre seus ombros. Demétria sabia que tinha
que chegar à janela e respirar um pouco daquele saudável ar frio. Era o único
que podia salvá-la daquele espantoso calor. Se não soubesse que aquilo era
impossível, teria pensado que estava no purgatório. Mas ela era uma garota
muito boa, e, portanto, não seria certo estar no purgatório. Não, porque
Demétria ia para o céu, acontecesse o que acontecesse.
Por
que não podia abrir os olhos? Então sentiu que alguém puxava seus ombros, e um
instante depois a água fresca entrou em contato com seus lábios ressecados.
Demétria tentou beber um longo gole, mas a água se desvaneceu subitamente antes
que seus lábios pudessem saboreá-la, o que lhe pareceu apenas algumas gotas.
Demétria decidiu que alguém estava brincando cruelmente com ela e franziu o
cenho com toda a ferocidade com que foi capaz, dadas as circunstâncias em que
se encontrava.
De
repente, tudo se tornou tão claro como o cristal. Estava no Hades, não no
purgatório, e se achava a mercê de todos os monstros e demônios que tinham
tratado de enganar Ulisses. Agora tentavam enganá-la também. Bom, disse a si
mesma, não iria consentir.
A
ideia daqueles demônios não preocupou Demétria. O efeito que teve foi
justamente o contrário, já que ficou furiosa. Seus tios tinham mentido para
ela. As histórias de Ulisses não eram falsas ou lendas passadas de geração em
geração. Os monstros realmente existiam. Demétria podia senti-los em torno
dela, rodeando-a enquanto esperavam que abrisse seus olhos.
Mas
onde estava Ulisses? Como se atrevia a deixá-la só para enfrentar seus
demônios? Acaso não entendia o que devia fazer? Será que ninguém tinha falado
de seus próprios triunfos?
De
repente sentiu que a mão de alguém tocava sua coxa, interrompendo com esse
contato o curso cheio de desgosto que seguiam seus pensamentos. Demétria tirou
a nova amarra que estava abrasando seus olhos e virou a cabeça justo a tempo de
ver quem estava ajoelhado perto de sua cama. Então ela gritou, em uma reação
instintiva à presença daquele horrível gigante torto que a olhava com um
sorriso zombador em seu distorcido rosto, e então se lembrou que estava
furiosa, não assustada. Sim, tinha certeza de que aquele era um dos Ciclopes,
provavelmente o líder, Polifemo, o mais desprezível de todos eles, e que tinha
a intenção de fazer algo realmente terrível caso ela permitisse.
Demétria
fechou o punho com toda sua força, apressando-se a dar um forte golpe no
gigante. Tinha escolhido como alvo seu nariz e falhou por alguns centímetros,
mas se sentiu satisfeita por tê-lo acertado. A ação a deixou esgotada e se
deixou cair novamente sobre o colchão, sentindo-se subitamente tão fraca como
uma gatinha. Mesmo assim em seu rosto havia um sorriso de satisfação, porque
pôde ouvir com toda clareza como Polifemo deixava escapar um uivo de
desconforto.
Virou
a cabeça para que seu rosto não ficasse voltada na direção do Ciclope,
firmemente resolvida a desdenhar do monstro enquanto ele tocava em sua coxa.
Olhou para a lareira. E então o viu. Ora, mas estava ali de pé diante o fogo,
com a luz das chamas resplandecendo ao redor de seu magnífico corpo! Era muito
maior do que ela imaginava, e também muito mais atraente. Mas então, tentou se
lembrar disso, ele não era mortal. Demétria supôs que esse fato explicava o
tamanho de suas proporções e a mística luz que resplandecia ao redor dele.
-
Pode-se saber onde você esteve? - perguntou com um grito que pretendia ganhar a
atenção dele.
Demétria
não tinha certeza se os guerreiros mitológicos podiam conversar com meros
mortais e supôs rapidamente que aquele não podia, ou que ao menos não queria
fazê-lo, porque se limitou a continuar contemplando-a, sem se mover de onde
estava e não deu uma única palavra como resposta a sua pergunta.
Demétria
pensou em tentar outra vez, embora a tarefa fosse terrivelmente exasperante.
Havia um Ciclope bem ao lado dela, pelo amor de Deus, e embora o guerreiro não
pudesse falar com ela, podia ver que havia um trabalho a ser feito.
-
Coloque mãos à obra, Ulisses - exigiu Demétria, assinalando com o dedo o
monstro que estava ajoelhado perto dela.
Maldição,
se ele não ficasse ali parado com o olhar confuso. Apesar de todo seu tamanho e
poder, ele não parecia ser muito inteligente.
-
Devo lutar todas as batalhas sozinha? - quis caber Demétria, levantando a voz
até que os músculos de seu pescoço começaram a doer pelo esforço. Lágrimas de
ira nublaram sua vista, mas isso era algo que ela não podia evitar. Ulisses
estava tentando desvanecer entre a luz, algo que Demétria pensou ser muito
indelicado da parte dele.
Não
podia permitir que ele desaparecesse. Mentecapto ou não era tudo o que ela
tinha. Demétria tratou de apaziguá-lo.
-
Prometo perdoá-lo por todas as vezes que você permitiu que Sebastian me
maltratasse - disse -, mas não vou perdoá-lo se me deixar sozinha agora.
Ulisses
não parecia estar muito interessado em ganhar seu perdão. Demétria quase não
podia vê-lo mais, sabia que não demoraria para desaparecer e compreendeu que se
quisesse conseguir alguma ajuda dele, então teria que incrementar suas ameaças.
-
Se me deixar, Ulisses, enviarei alguém a sua procura para ensiná-lo boas
maneiras. Sim - acrescentou, entusiasmando-se com sua ameaça -. Enviarei o mais
temível todos os guerreiros. Vá embora e verá o que acontece! Se você não se
livrar dele - declarou, fazendo uma pausa na ameaça para apontar dramaticamente
ao Ciclope durante um longo instante -, enviarei Joseph atrás de você.
Demétria
se sentia tão satisfeita de si mesma que fechou os olhos com um suspiro. Fingiu
que enviaria Joseph atrás dele, sem dúvida tinha colocado o temor de Zeus, à
mais magnífica de todas as criaturas, o poderoso Ulisses. Estava tão orgulhosa
de sua astúcia que deixou escapar um arquejo pouco elegante.
Voltou
a fechar os olhos, sentindo-se como se acabasse de ganhar uma batalha muito
importante. E tudo com palavras amáveis e delicadas, lembrou a si mesma. Não
tinha utilizado nenhum tipo de força.
-
Eu sempre sou uma donzela muito doce e carinhosa - gritou -. Que me enforquem
se não for!
Durante
três longos dias e noites, Demétria esteve lutando com aqueles monstros que
apareciam, de repente, para tentar levá-la a Hades. Ulisses sempre estava ali,
do seu lado, ajudando-a a rechaçar cada um dos ataques quando ela assim lhe
pedia.
Às
vezes, o teimoso gigante, inclusive, chegava a conversar com ela. Gostava muito
de fazer perguntas a respeito de seu passado, e quando ela entendia o que ele
estava perguntando, respondia-lhe imediatamente. O que parecia interessar muito
a Ulisses, acima de tudo, era um período muito específico de sua infância. Ele
queria que ela contasse como tinham sido as coisas depois a morte de sua mãe,
quando Sebastian passou a ser seu tutor.
Demétria
não suportava ter que responder a essas perguntas. Só queria falar de sua vida
com o padre Berton, mas também não queria que Ulisses se zangasse com ela e a
deixasse. Por esta razão, suportava seu amável interrogatório.
-
Não quero falar dele.
A
veemência da declaração de Demétria fez com que Joseph despertasse
sobressaltado. Não sabia a respeito do que ela poderia estar delirando agora,
mas se apressou em ir para sua cama. Sentou-se junto dela e pegou em seus
braços.
-
Silêncio, agora - sussurrou -. Volte a dormir, Demétria.
-
Quando me fez voltar da casa do padre Berton, Sebastian sempre se comportava de
uma maneira horrível. A cada noite, ele entrava no meu quarto. Ficava em pé
ali, aos pés da cama. Eu podia sentir como ele me olhava. Pensava que se eu
abrisse os olhos... Ficava muito assustada.
-
Agora não pense em Sebastian - disse Joseph. Ele se esticou na cama assim que
ela começou a chorar e a tomou em seus braços.
Embora
ele tivesse o cuidado de esconder sua reação, por dentro Joseph estava tremendo
de raiva. Sabia que Demétria não entendia o que estava dizendo, mas ele
compreendia muito bem. Tranquila por aquele contato, Demétria logo voltou
dormir. Mas não descansou por muito tempo e despertou para encontrar Ulisses
que continuava ali, velando por ela. Quando ele estava ao seu lado, Demétria
não tinha medo. Ulisses era o guerreiro mais maravilhoso que poderia imaginar.
Era forte e arrogante, embora não reprovasse aquele pequeno defeito, e tinha um
coração muito bom.
Também
era muito peralta. Seu jogo favorito era mudar sua aparência. Aquilo acontecia
tão depressa, que Demétria nem sequer tinha tempo de chegar a suspirar de
surpresa. Em um momento fingia ser Joseph, e no momento seguinte já voltava a
ser Ulisses. E em uma ocasião, quando era noite fechada e Demétria teve mais
medo que nunca, chegou ao extremo de se converter em Aquiles, apenas para
diverti-la. Estava sentado ali, em uma cadeira de respaldo reto, que era muito
pequena para sua estatura e tamanho, e olhava para Demétria da maneira mais
peculiar que pudesse imaginar.
Aquiles
não havia calçado suas botas. Aquilo preocupou Demétria, e em seguida se
apressou em lhe advertir que deveria proteger seus calcanhares de qualquer
ferida. O conselho pareceu deixar Aquiles bastante confuso, forçando Demétria a
lembrá-lo que sua mãe tinha mergulhado sua cabeça nas águas mágicas da lagoa
Estígia, tornando-o todo seu corpo jamais vulnerável, salvo pelo pequeno pedaço
de carne que havia na parte de trás de seu calcanhar, lugar no qual ela o havia
segurado para que não fosse arrastado, por aquelas águas turbulentas.
-
A água não chegou a tocar seus calcanhares, e aí é onde você é mais vulnerável
- explicou -. Entende o que quero dizer?
Demétria
em seguida chegou à conclusão de que ele não a entendia, absolutamente. A
expressão de perplexidade que tinha colocado em seu rosto, assim indicava.
Possivelmente sua mãe não se importou em lhe contar essa história. Demétria
suspirou e o olhou com olhos cheios de compaixão. Sabia muito bem o que iria
acontecer com Aquiles, mas mesmo assim faltou coragem para dizer que tivesse
muito cuidado com as flechas perdidas. Supôs que ele não demoraria a descobrir
quão perigosas essas flechas podiam ser.
Já
tinha começado a chorar pelo futuro de Aquiles, quando de repente viu que ele
se levantava e ia na direção dela. Mas agora não era Aquiles. Não, era Joseph,
tomando-a em seus braços e consolando-a. O que mais a surpreendeu foi que ele a
tocava exatamente como Ulisses.
Demétria
convenceu Joseph a ir para cama ao lado dela, e então, imediatamente, rolou
sobre ele. Apoiou a cabeça em seu peito para que ele pudesse olhá-la nos olhos.
-
Meus cabelos são como uma cortina - ela disse -, escondendo sua face de todo
mundo exceto de mim. O que você diz sobre isso, Joseph?
-
Então agora eu volto a ser Joseph, não? - questionou ele -. Não sabe o que está
dizendo, Demétria. Está ardendo em febre. Essa é minha opinião - acrescentou.
-
Vai chamar um padre? - perguntou Demétria. A pergunta que acabava de fazer a
entristeceu, e seus olhos encheram de lágrimas.
-
Você gostaria que o fizesse? - perguntou Joseph.
-
Não - abaixou-se à direita de seu rosto -. Se um padre fosse chamado, eu
saberia que estava morrendo. Eu ainda não estou preparada para morrer Joseph.
Há tanto ainda a ser feito.
-
E o que você gostaria de fazer? - perguntou Joseph, rindo de sua expressão
feroz.
Então
Demétria se inclinou sobre ele e esfregou seu nariz contra o queixo de Joseph.
-
Acredito que eu gostaria de beijar você, Joseph - disse -. Isso vai fazê-lo
ficar zangado?
-
Tem que descansar, Demétria - disse Joseph. Tentou rolar para o lado, mas
Demétria demonstrou ser capaz de agarrar-se a ele como uma videira. Joseph não
a forçou, temendo que com isso pudesse lhe fazer algum mal, acidentalmente. O
certo era que ele gostava que Demétria estivesse exatamente onde estava.
-
Se você me beijar só uma vez, então descansarei - ela prometeu. Não lhe deu
tempo para responder, porque pegou suavemente o rosto de Joseph entre suas mãos
e pressionou o seu junto ao dele.
Deus,
ela realmente o beijou. A boca Demétria estava quente, aberta, e não podia ser
mais excitante. O beijo foi tão apaixonado e estava tão cheio de desejo, que
Joseph não pôde evitar, correspondendo-o. Seus braços deslizaram lentamente ao
redor da cintura de Demétria. Quando sentiu o calor de sua pele, Joseph
percebeu que a saia de Demétria tinha subido ao longo de seu corpo. As mãos de
Joseph acariciaram aquela nádega suave, e não demorou muito tempo para ele
também ficar preso em sua própria febre.
Demétria
era selvagem e totalmente indisciplinada enquanto o beijava. Sua boca se
inclinou sobre a de Joseph, e sua língua penetrou e acariciou até que ela ficou
sem fôlego.
-
Quando beijo você, não quero parar. Isso é pecaminoso, não é? - perguntou a
Joseph.
Ele
percebeu que aquela admissão não parecia causar nenhum remorso especial em
Demétria, e supôs que a febre a tivesse liberado de suas inibições.
-
Tenho você deitado sobre suas costas, Joseph - disse Demétria -. Se quisesse,
poderia fazer com você o que me desse vontade.
Joseph
suspirou com exasperação. Mas logo o suspiro se converteu em um gemido quando
Demétria agarrou sua mão e a colocou, com ousadia, em cima de um de seus seios.
-
Não, Demétria - murmurou ele, embora não afastasse sua mão. Deus, ela estava
tão quente. O mamilo endureceu quando o polegar de Joseph o esfregou
instintivamente. Ele voltou a gemer -. Não é o momento mais apropriado para
amar. Você não sabe o que está fazendo comigo, sabe? - perguntou então,
assustado ao perceber que sua voz soava tão áspera como o vento que uivava
fora.
Demétria,
em seguida, começou a chorar.
-
Joseph? Diga-me que você se importa comigo. Ainda que seja uma mentira, diga-me
de qualquer maneira.
-
Sim, Demétria, eu me importo com você - respondeu Joseph, cingiu sua cintura
com os braços, atraindo-a suavemente para ele -. Essa é a verdade.
Sabia
que tinha que colocar um pouco de distância entre eles, ou do contrário
perderia aquela doce batalha de tortura. Mas não pôde evitar e voltou a
beijá-la.
Aquele
gesto pareceu apaziguar Demétria. Antes que o trêmulo Joseph pudesse respirar
novamente, Demétria adormeceu.
A
febre passou a tomar conta da mente de Demétria por completo, e da vida de
Joseph. Não se atrevia a deixá-la só com Nicholas ou Kevin, porque não queria
que nenhum de seus irmãos pudesse chegar receber os beijos de Demétria, quando
sua apaixonada natureza voltasse a aparecer. Ninguém mais iria oferecer consolo
a Demétria, além dele, durante aqueles momentos carentes de inibição.
Finalmente,
os demônios deixaram Demétria na terceira noite. Na manhã do quarto dia,
despertou sentindo-se tão espremida como um dos panos molhados que limpavam o
chão. Joseph estava sentado na cadeira que havia junto à lareira. Parecia
exausto. Demétria se perguntou se teria adoecido. Preparava-se para perguntar
quando, de repente, ele percebeu que ela olhava para ele. Levantou-se de um
salto com a rapidez de um lobo e foi para a cama, parando ao lado dela.
Demétria surpreendeu-se ver que ele parecia aliviado.
-
Você teve febre - anunciou Joseph secamente.
-
É por isso que minha garganta dói - disse Demétria. Deus, quase não reconhecia
sua própria voz. Soava rouca, e sentia como se tivesse a garganta em carne
viva.
Percorreu
os aposentos com o olhar e viu a desordem que a rodeava. Sacudiu a cabeça,
visivelmente confusa. Teria acontecido uma batalha por ali enquanto ela dormia?
Quando
se virou para perguntar a Joseph por aquele caos, viu que ele a olhava com uma
expressão divertida.
-
Está com dor de garganta? - ele perguntou.
-
Você acha divertido que minha garganta esteja doendo? - perguntou Demétria,
pouco contente por ela reação tão descortês.
Joseph
sacudiu a cabeça, negando seu questionamento. Demétria não ficou nada
convencida. Joseph ainda estava sorrindo.
Céus,
naquela manhã ele estava realmente muito arrumado. Joseph vestia roupa preta,
uma cor que era evidentemente austera, mas quando sorria aqueles olhos cinza
não pareciam frios ou aterradores. Lembrava alguém, mas não sabia quem poderia
ser. Demétria estava certa de que se tivesse conhecido qualquer homem,
remotamente parecido com o barão de Wexton, iria se lembrar. Mesmo assim, havia
uma vaga lembrança de alguém mais que...
Joseph
interrompeu sua concentração.
-
Agora que está acordada, enviarei uma criada, para que cuide de você. Não sairá
deste quarto até que esteja curada, Demétria.
-
Estive muito doente? - perguntou Demétria.
-
Sim, esteve muito doente - admitiu Joseph. Depois deu meia volta e caminhou em
direção à porta.
Demétria
pensou que ele parecia ter muita pressa em afastar-se dela. Empurrou dos olhos
uma mecha do cabelo e contemplou as costas de Joseph.
-
Deus, devo estar tão bagunçada como um esfregão - murmurou para si mesma.
-
Sim, você está - respondeu Joseph.
Ela
pôde ouvir o sorriso que havia em sua voz, mas mesmo assim sua descortesia fez
que franzisse o cenho.
-
Joseph, por quanto tempo eu tive febre?
-
Mais de três dias, Demétria.
Virou-se
para ver como ela reagia. Demétria parecia assustada.
-
Não se lembra de absolutamente nada, lembra? - ele perguntou.
Demétria
sacudiu a cabeça, sentindo-se totalmente atônita porque, agora, ele voltava a
sorrir. Realmente, Joseph era um homem diferente, que encontrava humor nas
coisas mais estranhas.
-
Joseph?
-
Sim?
Demétria
ouviu a exasperação que havia em sua voz começou a ficar aborrecida.
-
Você esteve aqui durante os três dias? Neste quarto, comigo?
Joseph
já tinha começado a fechar a porta atrás dele. Demétria não acreditou que fosse
responder à pergunta que acabava de fazer, até que de repente ouviu soar sua
voz, firme e precisa.
-
Não.
E
bateu a porta atrás dele com um golpe seco.
Demétria
não acreditava que Joseph tivesse dito a verdade. Não podia se lembrar do que
havia acontecido, mas mesmo assim, instintivamente, sabia que Joseph não havia
se separado dela em nenhum momento.
Por
que tinha negado?
-
Que homem contraditório você é - Demétria murmurou.
E
havia um sorriso na voz dela.
postei e sai correndo
Muito alucinada radinha haahahah
ResponderExcluirAmei esse momento deles dois durante a febre e ele querendo esconder dela.
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