O doutor conseguiu
estancar a hemorragia, mas estava sacudindo a cabeça enquanto lavava as mãos.
—Perdeu muito sangue
— disse com seriedade. — Ficará debilitada.
—Mas irá se
recuperar? — Perguntou ansioso Adam.
O doutor Winters
elevou os ombros em um melancólico encolhimento.
—Só podemos ter
esperanças.
Não gostando daquela
resposta, Adam o empurrou para passar e se sentou em uma cadeira junto à cama
da esposa. Pegou a flácida mão e a sustentou na dele.
—Irá se recuperar —
disse em voz rouca. — Tem que fazê‐lo.
Lady Rudland clareou
a garganta.
—Doutor Winters, tem
alguma ideia do que causou tanto sangue?
—Poderia ser um rasgo
no útero. Provavelmente ao expulsar a placenta.
—É algo comum?
O doutor assentiu.
—Creio que devo ir.
Há outra mulher na região que está esperando e preciso dormir um pouco se quero
atendê‐la apropriadamente.
—Mas Demetria... — As
palavras de Lady Rudland se apagaram quando olhou a nora com consternação e
medo.
—Não há nada mais que
possa fazer por ela. Só podemos esperar e rezar para que seu corpo cure o rasgo
e não volte a sangrar.
—E se sangrar? —
Perguntou Adam monotonamente.
—Se o fizer,
pressionem ataduras limpas contra ela como eu fiz. E mande alguém me buscar.
—Se o fizermos, há
alguma maldita possibilidade de que chegue a tempo? — perguntou Adam mordaz, a
dor e o terror rompendo toda cortesia.
O doutor decidiu não
responder. Inclinou a cabeça.
—Lady Rudland. Lorde Adam.
Quando a porta se
fechou, Lady Rudland cruzou o aposento até chegar ao lado do filho.
—Adam — disse em tom
tranquilizador. — Deveria descansar um pouco.
Esteve de pé toda a
noite.
—Igual a você.
—Sim, mas eu... —
suas palavras se apagaram. Se seu marido estivesse moribundo, ela quereria
estar com ele. Plantou um beijo no alto da cabeça de Adam.
— O deixarei sozinho
com ela.
Ele se virou, seus
olhos brilhavam perigosamente.
—Maldito seja tudo,
mãe! Não estou aqui para me despedir. Não há necessidade de falar como se ela
estivesse morrendo.
—Claro que não. — Mas
seus olhos, cheios de piedade e pena, diziam algo diferente. Deixou o recinto
em silêncio.
Adam baixou a cabeça
e olhou o pálido rosto de Demetria, um músculo se moveu espasmodicamente em sua
garganta.
—Deveria ter dito que
te amava — disse com voz rouca. — Deveria ter dito isso. É tudo o que queria
escutar, não é? E fui muito estúpido para me dar conta. Acho que a amei todo
este tempo, meu amor. Desde o começo. Desde aquele dia na carruagem quando me
disse por fim que me amava. Estava...
Deteve‐se,
acreditando ter visto um movimento em seu rosto. Mas foi só sua própria sombra
movendo‐se por sua pele enquanto se balançava para frente e para trás.
—Estava tão surpreso
— disse, uma vez que voltou a recuperar a voz. — Tão surpreso porque alguém
pudesse me amar e não desejar nenhum tipo de poder sobre mim. Tão surpreso de
que pudesse me amar e não querer me mudar. E eu... Eu não pensei que pudesse
voltar a amar. Mas estava enganado! — Flexionou as mãos nervosamente, e teve que
resistir a urgência de tomá‐la pelos ombros e sacudi‐la.
—Eu estava enganado
droga, e não foi tua culpa. Não foi sua culpa, amor. Foi minha. Ou talvez de Camille,
mas definitivamente não sua. — Elevou outra vez a mão e a levou aos lábios. —
Nunca foi sua culpa, amor — disse de maneira suplicante. — Assim volta para
mim. Por favor. Juro está me assustando. Não quer me assustar, não é? Garanto
que não é um espetáculo bonito.
Não houve resposta.
Desejou que ela tossisse, ou que se inquietasse, mudasse de posição, ou
qualquer coisa. Mas só continuou ali deitada, tão quieta, tão imóvel que um
momento de absoluto terror desceu sobre ele e frenético girou sua mão para sentir
a pulsação no interior de seu pulso. Adam suspirou aliviado. Ali estava. Era fraca,
mas estava ali.
Deixou sair um bocejo
cansado. Estava esgotado e as pálpebras fechavam, mas não se permitiria dormir.
Precisava estar com ela. Precisava vê‐la, ouvi‐la
respirar, simplesmente ver a forma em que a luz brincava com sua pele.
—Está muito escuro —
murmurou, ficando de pé. — Isto parece um maldito necrotério. — Procurou pelo
quarto, revolvendo gavetas e armários até que achou algumas velas mais. As
acendeu rapidamente e as pôs nos suportes. Ainda continuava muito escuro.
Aproximou‐se a grandes passos até a porta, abriu‐a de
repente e gritou.
— Brearley! Mãe! Selena!
Imediatamente oito
pessoas responderam a sua chamada, todas temendo o pior.
—Preciso de mais
velas — disse Adam, sua voz desmentia seu terror e seu cansaço. Umas quantas
donzelas correram com prontidão.
—Mas isto já está
bastante iluminado — disse Selena, colocando a cabeça no quarto. Conteve o
fôlego quando viu Demetria, sua melhor amiga desde a infância, deitada tão
quieta. — Vai ficar bem? — Sussurrou.
—Vai ficar bem —
espetou Adam. — Sempre que pudermos ter um pouco de luz aqui.
Selena clareou
garganta.
—Eu gostaria de
entrar e dizer algo.
—Ela não vai morrer!
— Explodiu Adam. — Ouviu? Não vai morrer. Não há necessidade de falar dessa
forma. Não tem que lhe dizer adeus.
—Mas se o faz —
persistiu Selena, as lágrimas lhe rodavam bochechas abaixo. —
Sentir‐me‐ia...
O controle de Adam quebrou, e empurrou a irmã contra a parede.
—Não vai morrer —
disse com voz baixa e mortífera. — Apreciaria se deixasse de agir como se
fosse.
Selena assentiu a
puxões.
Adam a soltou de
improviso e logo olhou as mãos como se fossem objetos estranhos.
—Meu Deus — disse
confuso. — O que está acontecendo comigo?
—Não ocorre nada, Adam
— disse Selena tranquilizadora, tocando‐o com cautela no ombro. —
Tem todo o direito de estar tenso.
—Não, não é verdade.
Não quando necessita que seja forte por ela. — Voltou a entrar em passadas no
recinto e se sentou uma vez mais com a esposa. — Agora mesmo não importa —
murmurou, engolindo compulsivamente. — Nada importa exceto Demetria.
Uma criada com cara
de sono entrou no quarto com algumas velas.
—Acenda todas —
ordenou Adam. — Quero que aqui dentro esteja tão iluminado como se fosse dia.
Ouviu? Iluminado como o dia. — Virou‐se de volta para
Demetria e passou a
mão pela testa dela. — Sempre gostou dos dias ensolarados. –
Ficou horrorizado ao
ouvir‐se e olhou freneticamente a irmã. — Quero dizer, adora os dias
ensolarados.
Selena, incapaz de
ver o irmão em tal estado de tristeza, assentiu e partiu em silêncio.
Poucas horas depois,
Lady Rudland entrou no recinto levando um pequeno vulto envolto em uma suave
manta rosada.
—Trouxe sua filha —
disse brandamente.
Adam elevou a vista,
emocionado ao dar‐se conta de que se esqueceu por completo da existência daquela
pequena pessoa. Olhou‐a com incredulidade.
—É tão pequena.
Sua mãe sorriu.
—Os bebês normalmente
chegam assim.
—Eu sei, mas...
Parece‐se com ela. — Alargou seu dedo indicador para a mãozinha. Seus
pequenos dedos o agarraram com surpreendente firmeza. Adam elevou a vista para
a mãe, a maravilha ante aquela nova vida escrita em seu sombrio rosto. — Posso
segurá‐la?
—Claro. — Lady
Rudland colocou o vulto nos braços dele. — É sua já sabe.
—É não é verdade? —
Baixou a vista para o rosado rosto e tocou o nariz. —
Tudo bem? Bem vinda
ao mundo, princesa.
—Princesa? — Disse
Lady Rudland divertida. — Que apelido tão gracioso!
Adam negou com a
cabeça.
—Não, não é gracioso.
É absolutamente perfeito. — Voltou a subir a vista para a mãe. — Por quanto
tempo será assim pequena?
—OH, não sei. Ao
menos por um tempo. — Cruzou o quarto até a janela, e abriu as cortinas. — O
sol está começando a sair. Selena me disse que queria um pouco de luz no
quarto.
Assentiu sem poder
tirar os olhos de sua filha.
Ela deixou de retocar
a janela e se virou de novo para ele.
—OH, Adam... Tem os
olhos marrons.
—Sério? — Voltou a
olhar o bebê. Tinha os olhos fechados, dormia. — Sabia que seria assim.
—Bom, não iria querer
decepcionar o papai em seu primeiro dia, não é mesmo?
—Ou a mãe. — Adam
passeou a vista sobre Demetria, ainda mortalmente pálida, logo abraçou aquele
novo bebê mais perto.
Lady Rudland olhou
diretamente os olhos azuis de seu filho, tão parecidos com os dela, e disse:
—Creio que Demetria
esperava olhos azuis.
Adam engoliu saliva,
incômodo. Demetria o quis durante tanto tempo e tão bem, e ele a tinha
rejeitado. Agora talvez a perdesse e ela nunca saberia que ele se deu conta de
quão idiota tinha sido. Nunca saberia que a amava.
—Suponho que sim —
disse com voz afogada pela emoção. — Terá que esperar o próximo.
Lady Rudland mordeu o
lábio.
—É obvio querido —
disse consoladora. — Pensou em nomes?
Elevou a vista
surpreso, como se a ideia de um nome nunca tivesse lhe ocorrido.
—Eu... Não. Esqueci.
— Admitiu.
—Selena e eu pensamos
em alguns nomes bonitos. O que você acha de Julianna? Ou Claire. Sugeri Fiona,
mas Selena não gostou.
—Demetria nunca
permitiria que sua filha se chamasse Fiona — disse sem entusiasmo. — Sempre
odiou Fiona Bennet.
—Aquela pequena que
vivia perto de Haverbreaks? Nunca soube.
—É um ponto
discutível, mãe. Não vou pôr um nome nela sem consultar
Demetria.
Lady Rudland voltou a
engolir.
—É obvio querido.
Eu... O deixarei agora. Para que possa ficar um tempo a sós com sua família.
Adam olhou a esposa e
em seguida a filha.
CONTINUA.
algo me diz que estou sendo cruel
but
A-D-O-R-OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! MUAHAHAHAHAHA
Ahhh cara vc tá sendo muito cruel ...... posta logo por favor 🙏
ResponderExcluirQue crueldade kkk
ResponderExcluirQuero mais logo por favor