sábado, 3 de novembro de 2018

O Diário Secreto da Senhorita Demetria Cheever Capitulo 20


O doutor conseguiu estancar a hemorragia, mas estava sacudindo a cabeça enquanto lavava as mãos.
—Perdeu muito sangue — disse com seriedade. — Ficará debilitada.
—Mas irá se recuperar? — Perguntou ansioso Adam.
O doutor Winters elevou os ombros em um melancólico encolhimento.
—Só podemos ter esperanças.
Não gostando daquela resposta, Adam o empurrou para passar e se sentou em uma cadeira junto à cama da esposa. Pegou a flácida mão e a sustentou na dele.
—Irá se recuperar — disse em voz rouca. — Tem que fazêlo.
Lady Rudland clareou a garganta.
—Doutor Winters, tem alguma ideia do que causou tanto sangue?
—Poderia ser um rasgo no útero. Provavelmente ao expulsar a placenta.
—É algo comum?
O doutor assentiu.
—Creio que devo ir. Há outra mulher na região que está esperando e preciso dormir um pouco se quero atendêla apropriadamente.
—Mas Demetria... — As palavras de Lady Rudland se apagaram quando olhou a nora com consternação e medo.
—Não há nada mais que possa fazer por ela. Só podemos esperar e rezar para que seu corpo cure o rasgo e não volte a sangrar.
—E se sangrar? — Perguntou Adam monotonamente.
—Se o fizer, pressionem ataduras limpas contra ela como eu fiz. E mande alguém me buscar.
—Se o fizermos, há alguma maldita possibilidade de que chegue a tempo? — perguntou Adam mordaz, a dor e o terror rompendo toda cortesia.
O doutor decidiu não responder. Inclinou a cabeça.
—Lady Rudland. Lorde Adam.
Quando a porta se fechou, Lady Rudland cruzou o aposento até chegar ao lado do filho.
—Adam — disse em tom tranquilizador. — Deveria descansar um pouco.
Esteve de pé toda a noite.
—Igual a você.
—Sim, mas eu... — suas palavras se apagaram. Se seu marido estivesse moribundo, ela quereria estar com ele. Plantou um beijo no alto da cabeça de Adam.
— O deixarei sozinho com ela.
Ele se virou, seus olhos brilhavam perigosamente.
—Maldito seja tudo, mãe! Não estou aqui para me despedir. Não há necessidade de falar como se ela estivesse morrendo.
—Claro que não. — Mas seus olhos, cheios de piedade e pena, diziam algo diferente. Deixou o recinto em silêncio.
Adam baixou a cabeça e olhou o pálido rosto de Demetria, um músculo se moveu espasmodicamente em sua garganta.
—Deveria ter dito que te amava — disse com voz rouca. — Deveria ter dito isso. É tudo o que queria escutar, não é? E fui muito estúpido para me dar conta. Acho que a amei todo este tempo, meu amor. Desde o começo. Desde aquele dia na carruagem quando me disse por fim que me amava. Estava...
Detevese, acreditando ter visto um movimento em seu rosto. Mas foi só sua própria sombra movendose por sua pele enquanto se balançava para frente e para trás.
—Estava tão surpreso — disse, uma vez que voltou a recuperar a voz. — Tão surpreso porque alguém pudesse me amar e não desejar nenhum tipo de poder sobre mim. Tão surpreso de que pudesse me amar e não querer me mudar. E eu... Eu não pensei que pudesse voltar a amar. Mas estava enganado! — Flexionou as mãos nervosamente, e teve que resistir a urgência de tomála pelos ombros e sacudila.
—Eu estava enganado droga, e não foi tua culpa. Não foi sua culpa, amor. Foi minha. Ou talvez de Camille, mas definitivamente não sua. — Elevou outra vez a mão e a levou aos lábios. — Nunca foi sua culpa, amor — disse de maneira suplicante. — Assim volta para mim. Por favor. Juro está me assustando. Não quer me assustar, não é? Garanto que não é um espetáculo bonito.
Não houve resposta. Desejou que ela tossisse, ou que se inquietasse, mudasse de posição, ou qualquer coisa. Mas só continuou ali deitada, tão quieta, tão imóvel que um momento de absoluto terror desceu sobre ele e frenético girou sua mão para sentir a pulsação no interior de seu pulso. Adam suspirou aliviado. Ali estava. Era fraca, mas estava ali.
Deixou sair um bocejo cansado. Estava esgotado e as pálpebras fechavam, mas não se permitiria dormir. Precisava estar com ela. Precisava vêla, ouvila respirar, simplesmente ver a forma em que a luz brincava com sua pele.
—Está muito escuro — murmurou, ficando de pé. — Isto parece um maldito necrotério. — Procurou pelo quarto, revolvendo gavetas e armários até que achou algumas velas mais. As acendeu rapidamente e as pôs nos suportes. Ainda continuava muito escuro. Aproximouse a grandes passos até a porta, abriua de repente e gritou.
— Brearley! Mãe! Selena!
Imediatamente oito pessoas responderam a sua chamada, todas temendo o pior.
—Preciso de mais velas — disse Adam, sua voz desmentia seu terror e seu cansaço. Umas quantas donzelas correram com prontidão.
—Mas isto já está bastante iluminado — disse Selena, colocando a cabeça no quarto. Conteve o fôlego quando viu Demetria, sua melhor amiga desde a infância, deitada tão quieta. — Vai ficar bem? — Sussurrou.
—Vai ficar bem — espetou Adam. — Sempre que pudermos ter um pouco de luz aqui.
Selena clareou garganta.
—Eu gostaria de entrar e dizer algo.
—Ela não vai morrer! — Explodiu Adam. — Ouviu? Não vai morrer. Não há necessidade de falar dessa forma. Não tem que lhe dizer adeus.
—Mas se o faz — persistiu Selena, as lágrimas lhe rodavam bochechas abaixo. —
Sentirmeia... O controle de Adam quebrou, e empurrou a irmã contra a parede.
—Não vai morrer — disse com voz baixa e mortífera. — Apreciaria se deixasse de agir como se fosse.
Selena assentiu a puxões.
Adam a soltou de improviso e logo olhou as mãos como se fossem objetos estranhos.
—Meu Deus — disse confuso. — O que está acontecendo comigo?
—Não ocorre nada, Adam — disse Selena tranquilizadora, tocandoo com cautela no ombro. — Tem todo o direito de estar tenso.
—Não, não é verdade. Não quando necessita que seja forte por ela. — Voltou a entrar em passadas no recinto e se sentou uma vez mais com a esposa. — Agora mesmo não importa — murmurou, engolindo compulsivamente. — Nada importa exceto Demetria.
Uma criada com cara de sono entrou no quarto com algumas velas.
—Acenda todas — ordenou Adam. — Quero que aqui dentro esteja tão iluminado como se fosse dia. Ouviu? Iluminado como o dia. — Virouse de volta para
Demetria e passou a mão pela testa dela. — Sempre gostou dos dias ensolarados. –
Ficou horrorizado ao ouvirse e olhou freneticamente a irmã. — Quero dizer, adora os dias ensolarados.
Selena, incapaz de ver o irmão em tal estado de tristeza, assentiu e partiu em silêncio.
Poucas horas depois, Lady Rudland entrou no recinto levando um pequeno vulto envolto em uma suave manta rosada.
—Trouxe sua filha — disse brandamente.
Adam elevou a vista, emocionado ao darse conta de que se esqueceu por completo da existência daquela pequena pessoa. Olhoua com incredulidade.
—É tão pequena.
Sua mãe sorriu.
—Os bebês normalmente chegam assim.
—Eu sei, mas... Parecese com ela. — Alargou seu dedo indicador para a mãozinha. Seus pequenos dedos o agarraram com surpreendente firmeza. Adam elevou a vista para a mãe, a maravilha ante aquela nova vida escrita em seu sombrio rosto. — Posso segurála?
—Claro. — Lady Rudland colocou o vulto nos braços dele. — É sua já sabe.
—É não é verdade? — Baixou a vista para o rosado rosto e tocou o nariz. —
Tudo bem? Bem vinda ao mundo, princesa.
—Princesa? — Disse Lady Rudland divertida. — Que apelido tão gracioso!
Adam negou com a cabeça.
—Não, não é gracioso. É absolutamente perfeito. — Voltou a subir a vista para a mãe. — Por quanto tempo será assim pequena?
—OH, não sei. Ao menos por um tempo. — Cruzou o quarto até a janela, e abriu as cortinas. — O sol está começando a sair. Selena me disse que queria um pouco de luz no quarto.
Assentiu sem poder tirar os olhos de sua filha.
Ela deixou de retocar a janela e se virou de novo para ele.
—OH, Adam... Tem os olhos marrons.
—Sério? — Voltou a olhar o bebê. Tinha os olhos fechados, dormia. — Sabia que seria assim.
—Bom, não iria querer decepcionar o papai em seu primeiro dia, não é mesmo?
—Ou a mãe. — Adam passeou a vista sobre Demetria, ainda mortalmente pálida, logo abraçou aquele novo bebê mais perto.
Lady Rudland olhou diretamente os olhos azuis de seu filho, tão parecidos com os dela, e disse:
—Creio que Demetria esperava olhos azuis.
Adam engoliu saliva, incômodo. Demetria o quis durante tanto tempo e tão bem, e ele a tinha rejeitado. Agora talvez a perdesse e ela nunca saberia que ele se deu conta de quão idiota tinha sido. Nunca saberia que a amava.
—Suponho que sim — disse com voz afogada pela emoção. — Terá que esperar o próximo.
Lady Rudland mordeu o lábio.
—É obvio querido — disse consoladora. — Pensou em nomes?
Elevou a vista surpreso, como se a ideia de um nome nunca tivesse lhe ocorrido.
—Eu... Não. Esqueci. — Admitiu.
—Selena e eu pensamos em alguns nomes bonitos. O que você acha de Julianna? Ou Claire. Sugeri Fiona, mas Selena não gostou.
—Demetria nunca permitiria que sua filha se chamasse Fiona — disse sem entusiasmo. — Sempre odiou Fiona Bennet.
—Aquela pequena que vivia perto de Haverbreaks? Nunca soube.
—É um ponto discutível, mãe. Não vou pôr um nome nela sem consultar
Demetria.
Lady Rudland voltou a engolir.
—É obvio querido. Eu... O deixarei agora. Para que possa ficar um tempo a sós com sua família.
Adam olhou a esposa e em seguida a filha.


CONTINUA.
algo me diz que estou sendo cruel
but
A-D-O-R-OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! MUAHAHAHAHAHA

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