sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O Diário Secreto da Senhorita Demetria Cheever Capitulo 20 FINAL


—Esta é sua mamãe — sussurrou. — Está muito cansada. Custou grande esforço te fazer sair. Não sei por que. Não é muito grande. —Para demonstrar seu argumento, tocou um de seus pequenos dedos. — Não acho que tenha te visto ainda. Sei que gostaria. A sustentaria abraçaria e te beijaria. Sabe por quê? —enxugou uma lágrima com estupidez. — Porque te ama, essa é a razão. Apostaria que te ama mais do que me ama. E acho que deve me amar bastante porque nem sempre agi como deveria.
Lançou um furtivo olhar a Demetria para garantir que não havia acordado antes de acrescentar.
—Os homens podem ser idiotas. Somos tolos e estúpidos e raramente abrimos os olhos o suficiente para ver as benções que temos na frente de nossas caras. Mas eu te vejo — acrescentou sorridente a filha. — E vejo sua mãe, e espero que seu coração seja o bastante forte para me perdoar pela aquela última vez. Entretanto, acho que sim o é. Sua mamãe tem um grande coração.
O bebê gorjeou, fazendo Adam sorrir de prazer.
—Vejo que está de acordo comigo. É muito inteligente para ter só um dia. Mas claro, não vejo por que teria que me surpreender. Sua mamãe também é muito inteligente.
O bebê fez gorjeios.
—Adulame, princesa. Mas desta vez, deixarei que pense que eu também sou inteligente. — Olhou Demetria e sussurrou. — Só um de nós precisa saber quão idiota fui.
O bebê fez outro som, levando Adam a acreditar que a filha deveria ser a menina mais inteligente de todas as Ilhas Britânicas.
—Quer conhecer sua mãe, princesa? Bom, por que não a apresentamos. —Seus movimentos eram torpes, pois nunca antes tinha sustentado um bebê, mas de algum jeito conseguiu colocar a filha na curva do braço de Demetria. — Aqui vamos. Mmm está quentinha aí, hein? Eu gostaria de mudar meu lugar contigo. Sua mamãe tem uma pele realmente suave. — Alargou a mão e tocou a bochecha do bebê. — Embora não tão suave como a tua. Você, pequena, é assombrosamente perfeita.
O bebê começou a removerse e depois de um momento deixou sair um forte pranto.
—OH, querida — murmurou Adam, completamente perdido. Recolheua e a embalou contra o ombro, tomando grande cuidado em segurar a cabeça como viu sua mãe fazer. — Calma; calma. Shhh. Calma. Está bem.
Era óbvio que suas súplicas não estavam sortindo efeito porque a pequena bramou em seu ouvido.
Bateram na porta e Lady Rudland olhou dentro.
—Quer que a segure, Adam?
Negou com a cabeça, pouco disposto a separarse da filha.
—Acho que tem fome. A ama de leite está no quarto do lado.
—OH. Claro. — Pareceu vagamente envergonhando enquanto entregava o bebê a sua mãe. — Aqui está.
Estava a sós de novo com Demetria. Ela não se moveu para nada durante toda sua vigília, exceto pelo leve movimento de ascensão e descida do peito.
—É de amanhã, Demetria — disse, tomando suas mãos entre as dele novamente e tratando de fazêla voltar a si. — É hora de acordar. Fará? Se não o fizer por você, então faça por mim. Estou terrivelmente cansado, mas você sabe que não posso ir dormir até que você acorde.
Mas não se moveu. Não virou em seu sono e não roncou, estava aterrandoo.
—Demetria — disse, ouvindo o pânico em sua voz. — É suficiente. Ouviu? É suficiente. Necessita...
Derrubouse, incapaz de seguir em frente por mais tempo. Apertou a mão dela e afastou o olhar. As lágrimas nublaram sua visão. Como seguiria em frente sem ela?
Como ele criaria a filha, sozinho? Como saberia que nome lhe pôr? E o pior de tudo, como poderia viver com ele mesmo sabendo que morreu sem ter escutado o quanto a amava?
Com clara determinação, secou as lágrimas e se virou para ela.
—Amo você, Demetria — disse forte, esperando poder penetrar em sua bruma, inclusive embora nunca despertasse. Sua voz soou premente. — Amo você. Você. Não pelo que faz por mim nem pelo que me faz sentir. Simplesmente te amo.
Um leve som saiu dos lábios dela, foi tão suave que a princípio Adam pensou que tivesse imaginado.
—Disse algo? — Seus olhos inspecionaram freneticamente seu rosto, procurando algum sinal de movimento. Os lábios dela tremeram de novo e o coração dele saltou de emoção. — O que foi Demetria? Por favor, só diga outra vez. Não a ouvi da primeira vez.
Aproximou a orelha a seus lábios.
Sua voz era frágil, mas a palavra soou forte e clara.
—Bom.
Adam começou a rir. Não pôde evitar. Como podia Demetria ser tão sábia enquanto se supunha estar em seu leito de morte?
—Ficará bem, não?
O queixo dela só se moveu um milímetro, mas era definitivamente um assentimento.
Dando rédea solta a sua alegria e a seu alívio, correu para a porta e gritou as boas notícias para que o resto da casa as ouvisse. Como era lógico sua mãe, Selena e muitos dos serventes vieram correndo até o corredor.
—Ela está bem — ofegou, sem ter em conta que seu rosto estava úmido pelas lágrimas. — Está bem.
—Adam. — A palavra veio como um grasnido da cama.
—O que foi meu amor?
Ficou ao seu lado.
—Caroline — disse brandamente, usando toda sua força para curvar os lábios em um sorriso. — Chamea Caroline.
Ele levantou a mão dela com as suas e depositou um cortês beijo.
—Caroline será. Deume uma menina perfeita.
—Sempre consegue o que quer — sussurrou ela.
Olhoua com carinho, dandose conta de repente da extensão do milagre que a trouxe de volta da morte.
—Sim — disse roucamente. — Parece que sempre consigo.
*****
Dias depois, Demetria já se sentia melhor. Tal e como pediu, foi levada à cama que ela e Adam compartilharam durante o primeiro mês de casamento. Os arredores a reconfortavam e queria mostrar ao marido que queria um verdadeiro casamento.
Deviam estar unidos. Era simples assim.
Ainda estava de cama, mas havia recuperado grande parte da força e suas bochechas estavam tingidas com um saudável rubor rosado. Embora isso pudesse ser porque estava apaixonada. Demetria nunca havia se sentido daquela forma antes.
Adam parecia não poder dizer duas frases sem mencionar isso e Caroline tirou tanto amor de ambos, que era indescritível.
Selena e Lady Rudland a mimaram em excesso, muito, mas Adam tratava de não deixálas se intrometer muito, querendo a esposa completamente para ele. Estava sentado ao seu lado um dia quando ela despertou de uma sesta.
—Boa tarde — murmurou.
—Tarde de verdade? — Ela deixou escapar um bocejo.
—Passa do meiodia, ao menos.
—Meu Deus. Nunca antes me senti tão descansada.
—Merece isso — assegurou os olhos azuis brilharam com intenso amor. Cada um dos minutos.
—Como está o bebê?
Adam sorriu, ela conseguia fazer essa pergunta dentro do primeiro minuto de qualquer conversa.
—Muito bem. Tem muito bons pulmões, devo dizer.
—É muito doce, não?
Ele assentiu.
—Igual á mãe.
—OH, não sou tão doce.
Ele deu um pequeno beijo no nariz dela.
—Sob esse grande temperamento que tem, é muito doce. Acredite em mim. Eu a saboreei.
Ela ruborizou.
—É incorrigível.
—Sou feliz — corrigiua — verdadeiramente e realmente feliz.
—Adam?
Olhoua atentamente, escutando a excitação na voz dela.
—O que meu amor?
—O que aconteceu?
—Não estou seguro de entender o que quer dizer.
Ela abriu a boca e logo a fechou, obviamente tentando encontrar as palavras certas.
—Por que... De repente se deu conta...?
—De que a amo?
Ela assentiu em silêncio.
—Não sei. Acho que esteve dentro de mim todo este tempo. Só que estava muito cego para ver.
Ela engoliu nervosamente.
—Foi quando quase morri?
Não sabia por que. Mas a ideia de que ele não pudesse darse conta de que a amava antes que fosse separada dele não lhe caiu bem.
Ele negou com a cabeça.
—Foi quando teve Caroline, eu a senti chorar e o som foi tão... Tão... Não posso descrever, mas a amei imediatamente... Oh Demetria, a paternidade é a coisa mais incrível. Quando a tenho em meus braços... Desejaria que pudesse sentir o que significa para mim.
—Creio que seja como a maternidade. — Disse ela inteligentemente. Tocoulhe os lábios com seu dedo indicador.
—Espera um momento. Deixeme terminar minha história. Tenho amigos que têm crianças e eles disseram quão extraordinários era ter uma nova vida que formasse parte de nós, de sua própria carne e sangue. Mas eu... – Clareou a garganta. — Deime conta de que não a amava porque era parte de mim, mas sim a amava porque era parte de você.
Os olhos de Demetria se encheram de lágrimas.
—OH, Adam.
—Não, me deixe terminar. Não sei o que fiz ou disse para te merecer, Demetria, mas agora que a tenho, não vou deixála ir. Amo muito você — engoliu saliva, afogandose com as palavras — Muito.
—OH, Adam, eu também te amo. Sabe disso, não?
Ele assentiu.
—Agradeço por isso. É o presente mais maravilhoso que pude receber.
—Seremos verdadeiramente felizes, não é?
Ele sorriu vacilante.
—Além do imaginável, amor, além do imaginável.
—E teremos mais filhos?
A expressão dele se tornou severa.
—Só com a condição de que não volte a me dar outro susto como este. Além disso, o melhor caminho para evitar os filhos é a abstinência e não acho que possa ser capaz de conseguir isso.
Ela ruborizou, mas também disse:
—Bom.
Aproximouse dela e lhe deu um beijo tão apaixonado quanto provocador.
—Devo deixála descansar — disse a contra gosto afastandose dela.
—Não, não. Por favor, não vá. Não estou cansada.
—Está segura?
Que maravilhoso era ter alguém cuidando dela.
—Sim, estou segura. Mas queria que me trouxesse algo. Se não importar?
—Claro que não. O que é?
Ela assinalou com o dedo.
—Há uma caixa coberta de seda em minha escrivaninha na sala de estar.
Dentro há uma chave.
Adam levantou as sobrancelhas interrogativamente, mas seguiu as instruções.
—A caixa verde? — Perguntou.
—Sim.
—Aqui está — disse enquanto voltava para o quarto trazendo a chave.
—Bem. Agora se voltar para minha escrivaninha, encontrará uma grande caixa de madeira na parte traseira da gaveta.
Ele voltou para a sala de estar.
—Aqui tem. Deus, como pesa. O que tem aqui? Pedras?
—Livros.
—Livros? Que tipo de livros é tão apreciado para têlos sob chave?
—São meus diários.
Reapareceu, carregando a caixa com ambas as mãos.
—Seus diários? Nunca soube.
—Foi sua sugestão.
Ele se virou.
—Não foi.
—Sim foi. Quando nos conhecemos. Falei a respeito de Fiona Bennet e de quão horrível era e me disse que escrevesse um diário.
—Fiz?
—Mmmmmm. E lembro exatamente tudo o que me disse. E te perguntei por que devia ter um diário e me disse: "porque algum dia crescerá interiormente e será tão bela como agora é inteligente. E então poderá voltar a olhar seu diário e se dar conta de quão tolas são as meninas pequenas como Fiona Bennet. E rirá quando recordar que sua mãe dizia que suas pernas começavam dos ombros. E talvez reserve algum sorriso para mim quando lembrar o bonito batepapo que tivemos hoje".
Ele a olhou impressionado, feixes de lembranças vieram a ele.
—E você disse que guardaria um grande sorriso para mim.
Ela assentiu.
—Memorizei palavra por palavra. Foi à coisa mais doce que ouvi de alguém.
—Meu Deus, Demetria — respirou reverente. — De verdade me ama, não é assim?
Ela assentiu.
—Desde aquele dia. Traga a caixa aqui.
Deixou a caixa sobre a cama e lhe deu a chave. Ela abriu a caixa e tirou alguns livros. Alguns deles eram de pele de couro e alguns outros estavam encapados com um tecido floral de menina, mas ela pegou o mais simples de todo um pequeno caderno parecido aos que ele costumava usar quando era estudante.
—Este foi o primeiro — disse ela, passando os dedos na capa de modo reverente. — De verdade te amei todo este tempo. Veja.
Ele olhou a primeira página.
2 DE MARÇO DE 1810.
Hoje me apaixonei.
Uma lágrima brotou dos olhos dele.
—Eu também, meu amor, eu também.
FIM


tem uma enquete no grupo do blog no face sobre a proxima fic.. encerra hoje, entao quem nao votou, vai la, amanha digo qual a fic escolhida.
bjemi

Um comentário:

  1. Nossa que final lindo demais, adorei. Não vejo a hora de ver qual é a próxima fic

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