À manhã seguinte, Adam
posou um suave beijo na testa de sua esposa.
—Está certa de que
ficará bem sem mim?
Demetria engoliu e
assentiu, contendo as lágrimas que prometeu não derramar.
O céu ainda estava
escuro, mas Adam queria partir cedo a Londres. Ela estava sentada na cama, as
mãos descansando em seu ventre enquanto o olhava se vestir.
—Seu ajudante de
quarto terá um ataque de apoplexia — disse, tentando brincar com ele. — Sabe
que acha que não sabe como se vestir apropriadamente.
Vestido só com a
calça, Adam caminhou para seu lado e se sentou na beira da cama.
—Está segura que não
se importa que eu vá?
—Claro que me
importa. Preferiria te ter aqui. — Um sorriso cambaleante tocou seu rosto. —
Mas ficarei bem. E talvez adiante mais trabalho sem você aqui me distraindo.
—Oh? E sou tão
incomodo?
—Muito. Embora —
sorriu envergonhada — não posso ser "distraída" muito --ultimamente.
—Mmm. Triste, mas
certo. Eu, infelizmente, estou distraído todo o tempo. —
Cavou seu queixo com
os dedos e desceu os lábios sobre os dela em um apaixonado e tenro beijo. —
Cada vez que a vejo — murmurou.
—Cada vez? —
Perguntou ela duvidosamente. Ele assentiu solenemente. — Mas pareço uma vaca.
—Mmm‐hmm
— os lábios dele nunca deixaram os dela. — Mas uma vaca muito atraente.
—Desgraçado! —
Empurrou‐o e golpeou divertidamente no ombro.
Ele sorriu
malvadamente em resposta.
—Parece que esta
viagem a Londres será benéfica para minha saúde. Ou pelo menos para meu corpo.
Sou afortunado de não me machucar facilmente.
Ela fez uma careta e
mostrou a língua.
Ele estalou a dele
antes de levantar e cruzar o aposento.
—Vejo que a
maternidade não trouxe maturidade consigo.
Seu travesseiro
cruzou o quarto.
Adam esteve de volta
ao seu lado em um instante, seu corpo estendido na cama sobre o dela.
—Talvez devesse ficar
só para ter rédea firme sobre você.
—Talvez devesse.
Beijou‐a de
novo, desta vez mal reservando paixão e emoção.
—Te disse — murmurou
enquanto seus lábios exploravam o suave e liso rosto,— quanto adoro estar
casado contigo?
—Hoje não.
—É cedo ainda. Sem
dúvida pode desculpar meu descuido. — Capturou o lóbulo de sua orelha entre
seus dentes. — Certamente disse isso ontem.
E no dia anterior,
pensou Demetria agridocemente. E no dia anterior a esse também, mas nunca havia
dito que a amava. Por que sempre era "Amo estar contigo" e "Amo
fazer coisas contigo" e nunca "Amo você"? Parecia ser capaz de
dizer, "Adoro você". "Adoro estar casado contigo", era obviamente
mais seguro.
Adam captou o
melancólico olhar em seus olhos.
—Há algo errado,
princesa?
—Não, não — mentiu. —
Nada. É só... Vou sentir saudades, isso é tudo.
—Eu também vou sentir
saudades. — Beijou‐a uma última vez e logo se levantou e colocou a camisa.
Demetria o observou
enquanto se movia pelo quarto, reunindo seus pertences.
Suas mãos se
apertaram sob os cobertores, enroscando os lençóis em espirais de raiva. Não
diria nada a menos que ela fizesse primeira. E por que ele deveria?
Obviamente estava
perfeitamente contente com as coisas como estavam. Teria que forçar o assunto,
mas estava tão assustada. Tão assustada de que não a arrastasse a seus braços e
dissesse que só esteve esperando que ela dissesse quanto o amava outra vez. Mas
sobre tudo, estava aterrorizada de que engolisse incômodo e dissesse algo que
começasse com: "Sabe quanto eu gosto de você Demetria..."
Esse pensamento foi
tão gelado que tremeu a respiração tomada por um suspiro temeroso.
—Está segura de que
se sente bem? — Perguntou Adam em um tom de voz preocupado.
Quão fácil seria
mentir. Só umas poucas palavras e ficaria ao seu lado, sustentando‐a
carinhosamente de noite e beijando‐a tão meigamente que quase
podia acreditar que a amava. Mas se havia uma coisa que precisava entre eles,
era a verdade, assim só assentiu.
—Estou bem Adam,
sério. Foi só um tipo de despertar tremulo. Meu corpo ainda está adormecido,
suponho.
—Como deveria estar o
resto. Não quero que se sobrecarregue enquanto não estou. Sairá de contas em
menos de dois meses.
Ela sorriu
ironicamente.
—Um fato que é pouco
provável que esqueça.
—Bem. Tem meu bebê
aí, depois de tudo. — Adam colocou seu casaco e se inclinou para lhe dar um
beijo de despedida.
—É meu bebê, também.
—Mmm, eu sei. —
Endireitou‐se disposto a partir. — É por isso que já a amo tanto.
—Adam!
Ele se virou. Sua voz
soou estranha, quase temerosa.
—O que foi Demetria?
—Só queria dizer...
Isso queria que soubesse...
—O que foi Demetria?
—Só queria que
soubesse que te amo. — As palavras explodiram de sua boca em uma pressa brusca,
como se estivesse temerosa de que se diminuísse a velocidade perdesse a
coragem.
Ele congelou e se
sentiu como se seu corpo não fosse o dele. Tinha estado esperando por isso. Não
era assim? Não era uma boa coisa? Não queria seu amor?
Seus olhos
encontraram com os dela, e pôde escutar o que estava pensando...
Não rompa meu
coração, Adam. Por favor, não o rompa.
Os lábios de Adam se
separaram. Esteve dizendo a si mesmo nos últimos meses que queria que ela
dissesse outra vez, mas agora que tinha feito, sentiu‐se como
se uma corda se apertasse ao redor de seu pescoço. Não podia respirar. Não podia
pensar. E certamente não podia ver bem porque tudo o que podia ver eram aqueles
grandes olhos marrons que brilhavam tão desesperados.
—Demetria, eu... —
Engasgou‐se com as palavras. Por que não podia dizer? Não sentia isso? Por
que era tão difícil?
—Não, Adam — disse
com voz tremula. — Não diga nada. Só esqueça.
Algo deu tombos em
sua garganta, mas conseguiu dizer.
—Sabe quanto carinho
eu sinto por você.
—Divirta‐se
em Londres.
Sua voz era calma,
extraordinariamente, e soube que não podia deixá‐la assim.
—Demetria, por favor.
—Não fale! — Gritou.
— Não quero ouvir desculpas e não quero ouvir suas trivialidades! Não quero
ouvir nada!
Exceto te amo.
As palavras não ditas
pairavam no ar entre eles. Adam pôde senti‐las deslizando longe e mais
longe dele, e se sentia impotente para deter o buraco que se abria entre eles.
Sabia o que tinha que fazer, e não deveria ser difícil. Eram sós três pequenas palavras,
por Deus. E queria dizê‐las. Mas estava parado na beira de algo, e não podia dar esse
último passo a frente.
Não era racional. Não
tinha sentido. Não sabia se estava assustado por amá‐la ou
por que ela o amasse. Não sabia se estava assustado. Talvez só estivesse morto
por dentro, seu coração muito golpeado por seu primeiro matrimônio para
comportar‐se de uma forma lógica e normal.
—Carinho — começou,
tratando de pensar em algo que a fizesse feliz de novo.
Ou se não fosse
possível, pelo menos que levasse algo da devastação de seus olhos.
—Não me chame assim —
disse em uma voz tão baixa que quase não pôde ouvi‐la.
— Chame‐me por meu nome.
Queria gritar. Quis
chiar. Queria sacudi‐la pelos ombros e fazê‐la entender que ele não
entendia. Mas não sabia como fazer nenhuma dessas coisas, assim só assentiu e
disse:
—Então a verei em
poucas semanas.
Ela assentiu. Uma
vez. E logo olhou ao longe.
—Espero que sim.
—Adeus — disse
suavemente e fechou a porta atrás dele.
********
—Há muito que pode
fazer com o verde — disse Selena enquanto apontava às cortinas desfiadas no
salão oeste. — E sempre ficou bem de verde.
—Não vou vestir as
cortinas — replicou Demetria.
—Sei, mas queremos
luzir o melhor possível em seu salão de desenho, não acha?
—Creio que sim —
respondeu Demetria, incomodando Selena por seu afetado discurso.
—OH, chega. Se não
quer meu conselho não deveria ter me convidado. —Os lábios de Selena se
curvaram em um sorriso ingênuo. — Mas me alegro tanto que o tenha feito. Senti
saudades de você terrivelmente, Demetria. Haverbreaks é terrivelmente
aborrecido no inverno. Fiona Bennet não deixa de me visitar.
—Uma horrível
circunstância — concordou Demetria.
—Fiquei tentada a
aceitar seus convites por puro aborrecimento.
—OH, não o faça.
—Não está ainda
rancorosa pelo incidente da fita em meu décimo aniversário não é?
Demetria sustentou o
polegar e indicador afastados por perto do meio centímetro.
—Só um pouco assim.
—Deus, esqueça isso.
Depois de tudo, conseguiu Adam. E justo debaixo de nossos narizes. — Selena
ainda estava ligeiramente chateada de que o irmão e a melhor amiga estivessem
se cortejando sem seu conhecimento. — Embora deva dizer, é uma bestialidade por
parte dele ir a Londres e deixá‐la aqui sozinha.
Demetria sorriu
forçadamente enquanto manuseava o tecido da saia.
—Não é tão ruim —
murmurou.
—Mas seu tempo está
tão próximo — protestou Selena. — Não deveria ter deixado você sozinha.
—Não deixou — disse Demetria
firmemente, tentando mudar de assunto. —
Você está aqui, não é
assim?
—Sim, sim, e ficaria
para o nascimento se pudesse, mas mamãe diz que não é apropriado para uma dama
não casada.
—Não posso pensar em
nada mais apropriado — replicou Demetria. — Não é como se não fosse estar nesta
mesma situação em alguns anos.
—Primeiro preciso de
um marido — recordou Selena.
—Não vejo nenhum
problema com isso. Quanta oferta recebeu este ano? Seis?
—Oito.
—Então não se queixe.
—Não estou, é só...
Oh, esquece, ela diz que devo ficar em Roseadle. Só que não permite que eu
fique contigo.
—As cortinas —
recordou Demetria.
—Sim, claro — disse Selena
energicamente, outra vez de volta aos negócios. —
Se colocarmos o
tapete verde, as cortinas podem ser uma cor que contraste. Talvez uma cor
secundária da fábrica de tapeçaria.
Demetria assentiu e
sorriu quando era apropriado, mas sua mente estava longe.
Em Londres para ser
exata. Seu marido importunava seus pensamentos cada segundo do dia. Falava de
um assunto com a governanta quando seu sorriso dançava ante seus olhos. Não
podia terminar o livro que estava lendo porque o som de sua risada seguia
flutuando em seus ouvidos. Á noite, quando estava quase dormindo, o suave toque
de pluma de seu beijo brincava com seus lábios até que ela ansiava o quente
corpo ao lado dela.
—Demetria? Demetria!
Demetria ouviu Selena
repetir seu nome impacientemente.
—O que? Oh, sinto
muito Livvy. Minha mente estava a quilômetros de distância.
—Sei. Raramente
parece estar em Roseadle nestes dias.
Demetria fingiu um
sentido suspiro.
—É o bebê, imagino.
Deixa‐me sentimental. — Em outros dois meses, pensou tristemente, não
poderia culpar o bebê de seus momentâneos lapsos de razão e então, o que faria?
Sorriu brandamente a Selena. — O que queria me dizer?
—Simplesmente estava
dizendo que se você não gostar do verde, talvez pudéssemos refazer a sala em
uma cor rosa cinzento. Poderia chamá‐lo de sala rosa. O que
combinaria com Roseadle.
—Não acha que seria
muito feminino? — Perguntou Demetria. — Adam usa também um pouco esta sala.
—Hmm. Isso é um
problema.
Demetria nem sequer
se deu conta de que estava apertando os punhos até que as unhas cravaram em sua
palma. Gracioso, como se a mera menção de seu nome pudesse incomodá‐la.
—Por outro lado —
disse seus olhos entrecerrados perigosamente. — Sempre gostei do rosa cinzento.
Façamos.
—Está segura? — Agora
Selena duvidava. — Adam...
—Esquece Adam — Demetria
disse com suficiente veemência para fazer Selena levantar as sobrancelhas. — Se
ele quisesse dizer algo sobre a decoração, não deveria ter ido a Londres.
—Não deveria se
exaltar — disse Selena pacificamente. — Estou segura de que ele sente muita
saudade.
—Tolices.
Provavelmente não pensou em mim para nada.
*****
Ela estava
atormentando‐o.
Adam tinha pensado,
depois de quatro intermináveis dias em uma carruagem fechada, que poderia
afastar Demetria de seus pensamentos quando chegasse a
Londres e a todas
suas distrações.
Mas estava
equivocado.
A última conversa se
reproduzia em sua mente, uma e outra e outra vez, mas cada vez que Adam tentava
afastar tais pensamentos, de pretender dizer algo mais, que tinha pensado em
algo mais a dizer, toda a questão desaparecia. A lembrança se dissolvia e tudo
o que ficava eram seus olhos, grandes e marrons e cheios de dor.
Era uma emoção pouco
familiar, a culpa. Queimava e formigava, e o agarrou pela garganta. A raiva era
muito, muito mais fácil. A raiva era limpa. Era precisa. E nunca era a respeito
dele.
Tinha sido a respeito
da Camille. Era a respeito de seus muitos homens. Mas nunca foi a respeito
dele.
Mas isto... Isto era
algo mais. E não havia forma de que pudesse viver assim.
Podiam ser felizes
outra vez, não? Ele certamente tinha sido feliz antes. Ela também. Podia
queixar‐se a respeito dos sentimentos dele, mas sabia que havia sido feliz.
E ela seria feliz de
novo, prometeu. Uma vez que Demetria aceitasse que se importava em cada forma
que conhecia. Poderiam voltar para a confortável existência que forjaram desde
o casamento. Teriam o bebê. Seria uma família. Fariam amor com as mãos e
lábios, contudo menos com palavras.
Tinha conseguido
ganhar antes. Poderia fazê‐lo outra vez.
Duas semanas depois, Demetria
estava sentada em seu novo salão rosa tentando ler um livro, mas passando muito
mais tempo olhando pela janela. Adam havia dito que chegaria aos próximos dias
e ela não podia controlar o correr de seu coração cada vez que escutava um som
que soava como uma carruagem subindo pela entrada.
O sol deslizou sob o
horizonte antes que se desse, conta de que não tinha virado uma única página do
livro. Um preocupado servente lhe trouxe o jantar que havia se esquecido de
pedir e Demetria mal tinha terminado o prato de sopa antes de adormecer no
sofá.
Horas depois, a
carruagem pela qual esteve esperando tão diligentemente fez um alto diante da
casa e Adam, cansado da viagem embora ansioso para ver a esposa, saltou para
fora. Alcançou uma de suas bolsas e retirou um pacote, deixando o resto da
bagagem no veículo para que o lacaio a trouxesse. Olhou a casa e notou que não havia
luz em seu quarto. Esperava que Demetria não estivesse já dormindo, não tinha coração
para despertá‐la, mas realmente queria falar com ela essa noite e tratar de compensá‐la.
Chutou o chão nos
degraus dianteiros, tentando tirar o barro das botas. O mordomo, que estava
esperando‐o quase tanto tempo como Demetria, abriu a porta antes que Adam
pudesse tocar.
—Boa noite, Brearley
— disse Adam afavelmente.
—Posso ser o primeiro
em lhe dar as boas‐vindas, meu senhor?
—Obrigado. Minha
esposa ainda está acordada?
—Acredito que está no
salão rosa, meu senhor. Lendo, acredito.
Adam retirou o
casaco.
—Certamente gosta de
fazer isso.
—Somos afortunados de
ter uma dama tão educada — adicionou Brearley.
Adam piscou.
—Não temos um salão
rosa, Brearley.
—Temos agora, meu
senhor. No que antes era o salão oeste.
—Oh? Então ela o
decorou. Bom; bom para ela. Quero que pense neste lugar como seu lar.
—Como todos nós, meu
senhor.
Adam sorriu. Demetria
tinha despertado uma feroz lealdade entre o pessoal da casa. As criadas
positivamente a adoravam.
—Irei surpreendê‐la
agora. — Andou a pernadas através do corredor dianteiro, girando à direita até
que alcançou o que costumava ser o salão oeste. A porta estava ligeiramente
entreaberta, e Adam podia ver o brilho de uma vela. Mulher tola.
Deveria saber que
necessitava mais de uma vela para ler.
Ele empurrou a porta
alguns centímetros mais e colocou a cabeça. Demetria estava deitada no sofá, a
boca suave e ligeiramente aberta enquanto dormia. Um livro estava sobre o
ventre e uma refeição meio terminada estava na mesa perto dela.
Parecia tão adoravelmente
inocente, seu coração doía. Tinha sentido saudades dela em sua viagem, pensado
nela, e sua desfavorável partida, quase cada minuto de cada dia. Mas não havia
pensado que se deu conta de quão profundo e elementar era seu desejo até nesse
mesmo momento, quando a viu de novo, os olhos fechados, o peito subindo e
descendo suavemente no sono.
Havia dito a si mesmo
que não a despertaria, mas isso, raciocinou, foi quando pensou que estaria no
quarto. Teria que acordá‐la para ir para cama, assim poderia ser ele quem a levasse.
Caminhou até o sofá,
empurrou o jantar a um lado e o pôs em cima da mesa, deixando seu pacote
descansar em seu colo.
—Acorda cari... —
Deteve‐se, tardiamente recordando como havia ordenado que não usasse mais
apelidos carinhosos. Tocou seu ombro. — Acorde Demetria.
Ela piscou.
—Adam? — Sua voz
soava aturdida.
—Olá, princesa. — Que
o pendurassem se não queria que a chamasse assim.
Queria usar um
apelido, e faria.
—Eu quase... —
Bocejou. — Quase desisto de te esperar.
—Disse que chegaria
hoje.
—Mas as estradas...
—Não estavam tão mal.
— Sorriu a ela. Sua mente adormecida não recordava ainda que estivesse
incomodada com ele, e não via nenhuma razão para lembrar.
Tocou a bochecha
dela.
— Senti saudades.
Demetria bocejou
outra vez.
—Sentiu?
—Muita. — Fez uma
pausa. — Sentiu saudades?
—Eu... Sim. — Mentir
não tinha propósito, entendeu. Ele já sabia que o amava.
— Foi tudo bem em
Londres? — Perguntou educadamente.
—Preferiria que
estivesse comigo — replicou, e soou muito moderado, como se suas orações
estivessem cuidadosamente escolhidas para não ofender. E logo na mesma voz
educada. — Ficou bem enquanto não estive?
—Selena veio por um
par de dias.
—Sério?
Demetria assentiu. E
logo disse:
—Além disso,
entretanto, tive muito tempo para pensar.
Houve um longo
silencio, e logo:
—Percebo.
Ela olhou enquanto
deixava o pacote, parava e logo caminhava onde a solitária vela estava
consumindo‐se.
—Está um pouco escuro
aqui — disse, mas havia algo afetado a respeito disso,
e ela desejava poder
ver o rosto dele enquanto levantava a vela e usava sua luz para iluminar mais.
—Dormi enquanto ainda
caia o crepúsculo — disse, por que... Bom, porque parecia haver certo acordo
tácito entre eles para manter tudo cordial, cuidadosa e civilizadamente e todo
o resto que significava que evitavam algo real.
—Sério? — Replicou. —
Anoitece mais cedo agora. Devia estar muito cansada.
—É exaustivo carregar
uma pessoa extra em mim.
Ele sorriu.
Finalmente.
—Não será por muito
tempo.
—Não, mas quero que
este último mês seja o mais prazeroso possível.
As palavras
penduraram no ar. Ela não quis dizer inocentemente e ele não interpretou mal.
—O que quer dizer com
isso? — Perguntou cada palavra tão suave e precisa que ela não pôde perder sua
séria intenção.
—Quero dizer... — Engoliu
nervosamente, desejando estar de pé com as mãos nos quadris, ou os braços
cruzados, ou algo, menos nesta posição completamente vulnerável deitada no
sofá. — Significa que não posso continuar como estávamos antes.
—Pensei que éramos
felizes — disse com cautela.
—Éramos. Eu era.
Quero dizer... Mas não era.
—Era ou não era,
princesa. Um ou outro.
—Ambos — disse,
odiando o tom sem caráter de sua voz. — Não entende? —E logo o olhou. — Não,
vejo que não.
—Não entendo o que
quer que eu faça — disse rotundamente. Mas ambos sabiam que estava mentindo.
—Preciso saber onde
estamos Adam.
—Maldita seja mulher.
É minha esposa. O que mais precisa saber?
—Preciso saber que me
ama! — Explodiu, ficando em pé com estupidez. Ele não replicou, ele só ficou
parado ali com um músculo retorcendo em sua bochecha, então ela acrescentou. —
Ou preciso saber que não ama.
—Que demônio
significa isso?
—Significa que quero
saber o que sente Adam. Preciso saber o que sente por mim. Se não... Se não...
— Ela apertou os fechados olhos e retorceu as mãos, tentando entender
exatamente o que era que queria dizer. — Não importa se não se preocupa
— disse finalmente. —
Mas devo saber.
—De que diabo está
falando? — Arrastou seus dedos furiosamente por seu cabelo. — Cada minuto do
dia eu digo que te adoro.
—Não diz que me
adora. Diz que adora estar casado comigo.
—Qual é a diferença?
— Quase gritou.
—Talvez só goste de
estar casado.
—Depois de Camille? —
Cuspiu.
—Sinto muito — disse,
porque sentia. Por isso. Mas não pelo resto. — Há uma diferença — disse em uma
voz baixa. — Uma grande. Quero saber se importa comigo, não só pela forma em
que te faço sentir.
Ele descansou as mãos
no parapeito, inclinando‐se pesadamente enquanto olhava pela janela. Ela só podia ver suas
costas, mas o ouviu dizer claramente:
—Não sei do que está
falando.
—Não quer saber —
explodiu. — Tem medo de pensar nisso. Você...
Adam se virou e a
calou com um olhar que era tão duro como nenhum que alguma vez tivesse visto.
Inclusive na noite quando a beijou pela primeira vez, quando estava sentado
sozinho, embebedando‐se depois de sepultar Camille, não o viu assim.
Andou para ela, com
movimentos lentos e fervendo de raiva.
—Não sou um marido
dominante, mas minha indulgência não se estende a ser chamado de covarde.
Escolha suas palavras com grande cuidado, esposa.
—E você pode escolher
suas atitudes com maior cuidado — respondeu, seu tom se deslizou ao longo de
suas costas. — Não sou uma pequena tola — seu corpo inteiro tremeu enquanto
lutava pelas palavras — como se pudesse me tratar como se não tivesse cérebro.
—OH, pelo amor de
Deus, Demetria. Quando a tratei assim? Quando? Diga‐me, porque
estou condenadamente curioso.
Demetria gaguejou
incapaz de fazer frente ao desafio. Finalmente disse:
—Eu não gosto que
falem comigo em tom arrogante, Adam.
—Então não me
provoque — sua expressão estava perigosamente perto da gozação.
—Que não o provoque?
— Estalou incredulamente, avançando para ele. Você não me provoque!
—Não fiz nada, Demetria.
Um minuto pensei que éramos felizmente felizes e no próximo vem para mim feita
uma fúria, me acusando de Deus sabe que horrível crime, e...
Detiveram‐se
quando sentiu os dedos dela freneticamente cravados em seus braços.
—Pensava que éramos
felizes? — Sussurrou
Por um momento,
quando a olhou era quase como se estivesse meramente surpreendida.
—É obvio que sim —
disse. — Digo isso todo o tempo. — Mas logo se deu uma sacudida, arregalou os
olhos e a empurrou longe. — OH, esqueci. Tudo o que fiz tudo o que disse... Nada
importou. Não quer saber que sou feliz contigo. Não se importa se eu gosto de
estar contigo. Somente quer saber como me sinto.
E logo, porque ela
não podia evitar não dizer, sussurrou:
—Como se sente a
respeito de mim?
Foi como se o tivesse
arrebentado com um alfinete. Tinha sido todo movimento e energia, as palavras
derramando‐se em tom zombador de sua boca, e agora... Agora só ficou ali, sem
fazer um ruído, só contemplando‐a como se tivesse liberado a Medusa em sua sala.
—Demetria, eu...
Eu...
—Você o que Adam?
Você o que?
—Eu... Oh, Cristo, Demetria,
isto não é justo.
—Não pode dizer. —
Seus olhos se encheram de horror. Até esse momento tinha conservado a esperança
de que ele simplesmente soltasse que talvez só estivesse pensando muito
duramente a respeito disso, e quando o momento fosse correto e suas paixões
fossem altas, as palavras se derramariam de seus lábios, e se daria conta de
que a amava. — Deus — suspirou Demetria. A pequena parte de seu coração que
sempre acreditou que a amaria murchou e morreu no espaço de um segundo,
destroçando a maior parte de sua alma com ela. — Deus — disse outra vez.— Não
pode dizer.
Adam viu o vazio em
seus olhos e soube que a tinha perdido.
—Não quero te ferir —
disse fracamente.
—É muito tarde. —Suas
palavras se agarraram a sua garganta, e caminhou lentamente à porta.
—Espere!
Deteve‐se e
virou.
Ele a alcançou e
levantou o pacote que havia trazido consigo.
—Tome — disse,
embotado e plano. — Trouxe isto.
Demetria tomou o
pacote de sua mão, contemplando suas costas enquanto saía a grandes passos da
sala. Com as mãos tremendo, desembrulhou‐o. A Morte d'Arthur.
A mesma cópia que
tinha desejado tão ferventemente da livraria de cavalheiros.
—Oh, Adam —
sussurrou. — Por que tinha que ir e fazer algo tão doce? Por que não pode
somente me deixar te odiar?
Muitas horas depois,
quando limpou o livro com seu lenço, encontrou‐se esperando que suas
salgadas lágrimas não tivessem arruinado permanentemente a capa de couro.
7 DE
JUNHO DE 1820
Ladies
Rudland e Selena chegaram hoje para esperar o nascimento do "herdeiro",
como todo o clã Bevelstoke o chama. O doutor não parece pensar que o terei até
dentro de um mês, mas Lady Rudland disse que não queria nenhum risco.
Estou
segura que notaram que Adam e eu não compartilhamos mais o quarto.
É
pouco comum, é obvio que os casais casados compartilhem o quarto, mas a última
vez que estiveram aqui o fazia e está segura que se perguntam a respeito da separação.
Passaram duas semanas já desde que mudei meus pertences.
Minha
cama está cheia de correntes de ar e fria. Odeio.
Não
estou nem sequer emocionada pelo nascimento do meninoentão
ACABOU A FELICIDADE!
não briguem comigo, isso é uma adaptação, não tenho nada a ver com o fim do romance ok!
HEHEHEHE BJEMI
Que triste, Adam e um frouxo, ele no fundo sabe que a ama, mas tem medo por causa da puta da Camile
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