domingo, 14 de outubro de 2018

O Diário Secreto da Senhorita Demetria Cheever Capitulo 18

À manhã seguinte, Adam posou um suave beijo na testa de sua esposa.
—Está certa de que ficará bem sem mim?
Demetria engoliu e assentiu, contendo as lágrimas que prometeu não derramar.
O céu ainda estava escuro, mas Adam queria partir cedo a Londres. Ela estava sentada na cama, as mãos descansando em seu ventre enquanto o olhava se vestir.
—Seu ajudante de quarto terá um ataque de apoplexia — disse, tentando brincar com ele. — Sabe que acha que não sabe como se vestir apropriadamente.
Vestido só com a calça, Adam caminhou para seu lado e se sentou na beira da cama.
—Está segura que não se importa que eu vá?
—Claro que me importa. Preferiria te ter aqui. — Um sorriso cambaleante tocou seu rosto. — Mas ficarei bem. E talvez adiante mais trabalho sem você aqui me distraindo.
—Oh? E sou tão incomodo?
—Muito. Embora — sorriu envergonhada — não posso ser "distraída" muito --ultimamente.
—Mmm. Triste, mas certo. Eu, infelizmente, estou distraído todo o tempo. —
Cavou seu queixo com os dedos e desceu os lábios sobre os dela em um apaixonado e tenro beijo. — Cada vez que a vejo — murmurou.
—Cada vez? — Perguntou ela duvidosamente. Ele assentiu solenemente. — Mas pareço uma vaca.
—Mmmhmm — os lábios dele nunca deixaram os dela. — Mas uma vaca muito atraente.
—Desgraçado! — Empurrouo e golpeou divertidamente no ombro.
Ele sorriu malvadamente em resposta.
—Parece que esta viagem a Londres será benéfica para minha saúde. Ou pelo menos para meu corpo. Sou afortunado de não me machucar facilmente.
Ela fez uma careta e mostrou a língua.
Ele estalou a dele antes de levantar e cruzar o aposento.
—Vejo que a maternidade não trouxe maturidade consigo.
Seu travesseiro cruzou o quarto.
Adam esteve de volta ao seu lado em um instante, seu corpo estendido na cama sobre o dela.
—Talvez devesse ficar só para ter rédea firme sobre você.
—Talvez devesse.
Beijoua de novo, desta vez mal reservando paixão e emoção.
—Te disse — murmurou enquanto seus lábios exploravam o suave e liso rosto,— quanto adoro estar casado contigo?
—Hoje não.
—É cedo ainda. Sem dúvida pode desculpar meu descuido. — Capturou o lóbulo de sua orelha entre seus dentes. — Certamente disse isso ontem.
E no dia anterior, pensou Demetria agridocemente. E no dia anterior a esse também, mas nunca havia dito que a amava. Por que sempre era "Amo estar contigo" e "Amo fazer coisas contigo" e nunca "Amo você"? Parecia ser capaz de dizer, "Adoro você". "Adoro estar casado contigo", era obviamente mais seguro.
Adam captou o melancólico olhar em seus olhos.
—Há algo errado, princesa?
—Não, não — mentiu. — Nada. É só... Vou sentir saudades, isso é tudo.
—Eu também vou sentir saudades. — Beijoua uma última vez e logo se levantou e colocou a camisa.
Demetria o observou enquanto se movia pelo quarto, reunindo seus pertences.
Suas mãos se apertaram sob os cobertores, enroscando os lençóis em espirais de raiva. Não diria nada a menos que ela fizesse primeira. E por que ele deveria?
Obviamente estava perfeitamente contente com as coisas como estavam. Teria que forçar o assunto, mas estava tão assustada. Tão assustada de que não a arrastasse a seus braços e dissesse que só esteve esperando que ela dissesse quanto o amava outra vez. Mas sobre tudo, estava aterrorizada de que engolisse incômodo e dissesse algo que começasse com: "Sabe quanto eu gosto de você Demetria..."
Esse pensamento foi tão gelado que tremeu a respiração tomada por um suspiro temeroso.
—Está segura de que se sente bem? — Perguntou Adam em um tom de voz preocupado.
Quão fácil seria mentir. Só umas poucas palavras e ficaria ao seu lado, sustentandoa carinhosamente de noite e beijandoa tão meigamente que quase podia acreditar que a amava. Mas se havia uma coisa que precisava entre eles, era a verdade, assim só assentiu.
—Estou bem Adam, sério. Foi só um tipo de despertar tremulo. Meu corpo ainda está adormecido, suponho.
—Como deveria estar o resto. Não quero que se sobrecarregue enquanto não estou. Sairá de contas em menos de dois meses.
Ela sorriu ironicamente.
—Um fato que é pouco provável que esqueça.
—Bem. Tem meu bebê aí, depois de tudo. — Adam colocou seu casaco e se inclinou para lhe dar um beijo de despedida.
—É meu bebê, também.
—Mmm, eu sei. — Endireitouse disposto a partir. — É por isso que já a amo tanto.
—Adam!
Ele se virou. Sua voz soou estranha, quase temerosa.
—O que foi Demetria?
—Só queria dizer... Isso queria que soubesse...
—O que foi Demetria?
—Só queria que soubesse que te amo. — As palavras explodiram de sua boca em uma pressa brusca, como se estivesse temerosa de que se diminuísse a velocidade perdesse a coragem.
Ele congelou e se sentiu como se seu corpo não fosse o dele. Tinha estado esperando por isso. Não era assim? Não era uma boa coisa? Não queria seu amor?
Seus olhos encontraram com os dela, e pôde escutar o que estava pensando...
Não rompa meu coração, Adam. Por favor, não o rompa.
Os lábios de Adam se separaram. Esteve dizendo a si mesmo nos últimos meses que queria que ela dissesse outra vez, mas agora que tinha feito, sentiuse como se uma corda se apertasse ao redor de seu pescoço. Não podia respirar. Não podia pensar. E certamente não podia ver bem porque tudo o que podia ver eram aqueles grandes olhos marrons que brilhavam tão desesperados.
—Demetria, eu... — Engasgouse com as palavras. Por que não podia dizer? Não sentia isso? Por que era tão difícil?
—Não, Adam — disse com voz tremula. — Não diga nada. Só esqueça.
Algo deu tombos em sua garganta, mas conseguiu dizer.
—Sabe quanto carinho eu sinto por você.
—Divirtase em Londres.
Sua voz era calma, extraordinariamente, e soube que não podia deixála assim.
—Demetria, por favor.
—Não fale! — Gritou. — Não quero ouvir desculpas e não quero ouvir suas trivialidades! Não quero ouvir nada!
Exceto te amo.
As palavras não ditas pairavam no ar entre eles. Adam pôde sentilas deslizando longe e mais longe dele, e se sentia impotente para deter o buraco que se abria entre eles. Sabia o que tinha que fazer, e não deveria ser difícil. Eram sós três pequenas palavras, por Deus. E queria dizêlas. Mas estava parado na beira de algo, e não podia dar esse último passo a frente.
Não era racional. Não tinha sentido. Não sabia se estava assustado por amála ou por que ela o amasse. Não sabia se estava assustado. Talvez só estivesse morto por dentro, seu coração muito golpeado por seu primeiro matrimônio para comportarse de uma forma lógica e normal.
—Carinho — começou, tratando de pensar em algo que a fizesse feliz de novo.
Ou se não fosse possível, pelo menos que levasse algo da devastação de seus olhos.
—Não me chame assim — disse em uma voz tão baixa que quase não pôde ouvila. — Chameme por meu nome.
Queria gritar. Quis chiar. Queria sacudila pelos ombros e fazêla entender que ele não entendia. Mas não sabia como fazer nenhuma dessas coisas, assim só assentiu e disse:
—Então a verei em poucas semanas.
Ela assentiu. Uma vez. E logo olhou ao longe.
—Espero que sim.
—Adeus — disse suavemente e fechou a porta atrás dele.
********
—Há muito que pode fazer com o verde — disse Selena enquanto apontava às cortinas desfiadas no salão oeste. — E sempre ficou bem de verde.
—Não vou vestir as cortinas — replicou Demetria.
—Sei, mas queremos luzir o melhor possível em seu salão de desenho, não acha?
—Creio que sim — respondeu Demetria, incomodando Selena por seu afetado discurso.
—OH, chega. Se não quer meu conselho não deveria ter me convidado. —Os lábios de Selena se curvaram em um sorriso ingênuo. — Mas me alegro tanto que o tenha feito. Senti saudades de você terrivelmente, Demetria. Haverbreaks é terrivelmente aborrecido no inverno. Fiona Bennet não deixa de me visitar.
—Uma horrível circunstância — concordou Demetria.
—Fiquei tentada a aceitar seus convites por puro aborrecimento.
—OH, não o faça.
—Não está ainda rancorosa pelo incidente da fita em meu décimo aniversário não é?
Demetria sustentou o polegar e indicador afastados por perto do meio centímetro.
—Só um pouco assim.
—Deus, esqueça isso. Depois de tudo, conseguiu Adam. E justo debaixo de nossos narizes. — Selena ainda estava ligeiramente chateada de que o irmão e a melhor amiga estivessem se cortejando sem seu conhecimento. — Embora deva dizer, é uma bestialidade por parte dele ir a Londres e deixála aqui sozinha.
Demetria sorriu forçadamente enquanto manuseava o tecido da saia.
—Não é tão ruim — murmurou.
—Mas seu tempo está tão próximo — protestou Selena. — Não deveria ter deixado você sozinha.
—Não deixou — disse Demetria firmemente, tentando mudar de assunto. —
Você está aqui, não é assim?
—Sim, sim, e ficaria para o nascimento se pudesse, mas mamãe diz que não é apropriado para uma dama não casada.
—Não posso pensar em nada mais apropriado — replicou Demetria. — Não é como se não fosse estar nesta mesma situação em alguns anos.
—Primeiro preciso de um marido — recordou Selena.
—Não vejo nenhum problema com isso. Quanta oferta recebeu este ano? Seis?
—Oito.
—Então não se queixe.
—Não estou, é só... Oh, esquece, ela diz que devo ficar em Roseadle. Só que não permite que eu fique contigo.
—As cortinas — recordou Demetria.
—Sim, claro — disse Selena energicamente, outra vez de volta aos negócios. —
Se colocarmos o tapete verde, as cortinas podem ser uma cor que contraste. Talvez uma cor secundária da fábrica de tapeçaria.
Demetria assentiu e sorriu quando era apropriado, mas sua mente estava longe.
Em Londres para ser exata. Seu marido importunava seus pensamentos cada segundo do dia. Falava de um assunto com a governanta quando seu sorriso dançava ante seus olhos. Não podia terminar o livro que estava lendo porque o som de sua risada seguia flutuando em seus ouvidos. Á noite, quando estava quase dormindo, o suave toque de pluma de seu beijo brincava com seus lábios até que ela ansiava o quente corpo ao lado dela.
—Demetria? Demetria!
Demetria ouviu Selena repetir seu nome impacientemente.
—O que? Oh, sinto muito Livvy. Minha mente estava a quilômetros de distância.
—Sei. Raramente parece estar em Roseadle nestes dias.
Demetria fingiu um sentido suspiro.
—É o bebê, imagino. Deixame sentimental. — Em outros dois meses, pensou tristemente, não poderia culpar o bebê de seus momentâneos lapsos de razão e então, o que faria? Sorriu brandamente a Selena. — O que queria me dizer?
—Simplesmente estava dizendo que se você não gostar do verde, talvez pudéssemos refazer a sala em uma cor rosa cinzento. Poderia chamálo de sala rosa. O que combinaria com Roseadle.
—Não acha que seria muito feminino? — Perguntou Demetria. — Adam usa também um pouco esta sala.
—Hmm. Isso é um problema.
Demetria nem sequer se deu conta de que estava apertando os punhos até que as unhas cravaram em sua palma. Gracioso, como se a mera menção de seu nome pudesse incomodála.
—Por outro lado — disse seus olhos entrecerrados perigosamente. — Sempre gostei do rosa cinzento. Façamos.
—Está segura? — Agora Selena duvidava. — Adam...
—Esquece Adam — Demetria disse com suficiente veemência para fazer Selena levantar as sobrancelhas. — Se ele quisesse dizer algo sobre a decoração, não deveria ter ido a Londres.
—Não deveria se exaltar — disse Selena pacificamente. — Estou segura de que ele sente muita saudade.
—Tolices. Provavelmente não pensou em mim para nada.
*****
Ela estava atormentandoo.
Adam tinha pensado, depois de quatro intermináveis dias em uma carruagem fechada, que poderia afastar Demetria de seus pensamentos quando chegasse a
Londres e a todas suas distrações.
Mas estava equivocado.
A última conversa se reproduzia em sua mente, uma e outra e outra vez, mas cada vez que Adam tentava afastar tais pensamentos, de pretender dizer algo mais, que tinha pensado em algo mais a dizer, toda a questão desaparecia. A lembrança se dissolvia e tudo o que ficava eram seus olhos, grandes e marrons e cheios de dor.
Era uma emoção pouco familiar, a culpa. Queimava e formigava, e o agarrou pela garganta. A raiva era muito, muito mais fácil. A raiva era limpa. Era precisa. E nunca era a respeito dele.
Tinha sido a respeito da Camille. Era a respeito de seus muitos homens. Mas nunca foi a respeito dele.
Mas isto... Isto era algo mais. E não havia forma de que pudesse viver assim.
Podiam ser felizes outra vez, não? Ele certamente tinha sido feliz antes. Ela também. Podia queixarse a respeito dos sentimentos dele, mas sabia que havia sido feliz.
E ela seria feliz de novo, prometeu. Uma vez que Demetria aceitasse que se importava em cada forma que conhecia. Poderiam voltar para a confortável existência que forjaram desde o casamento. Teriam o bebê. Seria uma família. Fariam amor com as mãos e lábios, contudo menos com palavras.
Tinha conseguido ganhar antes. Poderia fazêlo outra vez.
Duas semanas depois, Demetria estava sentada em seu novo salão rosa tentando ler um livro, mas passando muito mais tempo olhando pela janela. Adam havia dito que chegaria aos próximos dias e ela não podia controlar o correr de seu coração cada vez que escutava um som que soava como uma carruagem subindo pela entrada.
O sol deslizou sob o horizonte antes que se desse, conta de que não tinha virado uma única página do livro. Um preocupado servente lhe trouxe o jantar que havia se esquecido de pedir e Demetria mal tinha terminado o prato de sopa antes de adormecer no sofá.
Horas depois, a carruagem pela qual esteve esperando tão diligentemente fez um alto diante da casa e Adam, cansado da viagem embora ansioso para ver a esposa, saltou para fora. Alcançou uma de suas bolsas e retirou um pacote, deixando o resto da bagagem no veículo para que o lacaio a trouxesse. Olhou a casa e notou que não havia luz em seu quarto. Esperava que Demetria não estivesse já dormindo, não tinha coração para despertála, mas realmente queria falar com ela essa noite e tratar de compensála.
Chutou o chão nos degraus dianteiros, tentando tirar o barro das botas. O mordomo, que estava esperandoo quase tanto tempo como Demetria, abriu a porta antes que Adam pudesse tocar.
—Boa noite, Brearley — disse Adam afavelmente.
—Posso ser o primeiro em lhe dar as boasvindas, meu senhor?
—Obrigado. Minha esposa ainda está acordada?
—Acredito que está no salão rosa, meu senhor. Lendo, acredito.
Adam retirou o casaco.
—Certamente gosta de fazer isso.
—Somos afortunados de ter uma dama tão educada — adicionou Brearley.
Adam piscou.
—Não temos um salão rosa, Brearley.
—Temos agora, meu senhor. No que antes era o salão oeste.
—Oh? Então ela o decorou. Bom; bom para ela. Quero que pense neste lugar como seu lar.
—Como todos nós, meu senhor.
Adam sorriu. Demetria tinha despertado uma feroz lealdade entre o pessoal da casa. As criadas positivamente a adoravam.
—Irei surpreendêla agora. — Andou a pernadas através do corredor dianteiro, girando à direita até que alcançou o que costumava ser o salão oeste. A porta estava ligeiramente entreaberta, e Adam podia ver o brilho de uma vela. Mulher tola.
Deveria saber que necessitava mais de uma vela para ler.
Ele empurrou a porta alguns centímetros mais e colocou a cabeça. Demetria estava deitada no sofá, a boca suave e ligeiramente aberta enquanto dormia. Um livro estava sobre o ventre e uma refeição meio terminada estava na mesa perto dela.
Parecia tão adoravelmente inocente, seu coração doía. Tinha sentido saudades dela em sua viagem, pensado nela, e sua desfavorável partida, quase cada minuto de cada dia. Mas não havia pensado que se deu conta de quão profundo e elementar era seu desejo até nesse mesmo momento, quando a viu de novo, os olhos fechados, o peito subindo e descendo suavemente no sono.
Havia dito a si mesmo que não a despertaria, mas isso, raciocinou, foi quando pensou que estaria no quarto. Teria que acordála para ir para cama, assim poderia ser ele quem a levasse.
Caminhou até o sofá, empurrou o jantar a um lado e o pôs em cima da mesa, deixando seu pacote descansar em seu colo.
—Acorda cari... — Detevese, tardiamente recordando como havia ordenado que não usasse mais apelidos carinhosos. Tocou seu ombro. — Acorde Demetria.
Ela piscou.
—Adam? — Sua voz soava aturdida.
—Olá, princesa. — Que o pendurassem se não queria que a chamasse assim.
Queria usar um apelido, e faria.
—Eu quase... — Bocejou. — Quase desisto de te esperar.
—Disse que chegaria hoje.
—Mas as estradas...
—Não estavam tão mal. — Sorriu a ela. Sua mente adormecida não recordava ainda que estivesse incomodada com ele, e não via nenhuma razão para lembrar.
Tocou a bochecha dela.
— Senti saudades.
Demetria bocejou outra vez.
—Sentiu?
—Muita. — Fez uma pausa. — Sentiu saudades?
—Eu... Sim. — Mentir não tinha propósito, entendeu. Ele já sabia que o amava.
— Foi tudo bem em Londres? — Perguntou educadamente.
—Preferiria que estivesse comigo — replicou, e soou muito moderado, como se suas orações estivessem cuidadosamente escolhidas para não ofender. E logo na mesma voz educada. — Ficou bem enquanto não estive?
—Selena veio por um par de dias.
—Sério?
Demetria assentiu. E logo disse:
—Além disso, entretanto, tive muito tempo para pensar.
Houve um longo silencio, e logo:
—Percebo.
Ela olhou enquanto deixava o pacote, parava e logo caminhava onde a solitária vela estava consumindose.
—Está um pouco escuro aqui — disse, mas havia algo afetado a respeito disso,
e ela desejava poder ver o rosto dele enquanto levantava a vela e usava sua luz para iluminar mais.
—Dormi enquanto ainda caia o crepúsculo — disse, por que... Bom, porque parecia haver certo acordo tácito entre eles para manter tudo cordial, cuidadosa e civilizadamente e todo o resto que significava que evitavam algo real.
—Sério? — Replicou. — Anoitece mais cedo agora. Devia estar muito cansada.
—É exaustivo carregar uma pessoa extra em mim.
Ele sorriu. Finalmente.
—Não será por muito tempo.
—Não, mas quero que este último mês seja o mais prazeroso possível.
As palavras penduraram no ar. Ela não quis dizer inocentemente e ele não interpretou mal.
—O que quer dizer com isso? — Perguntou cada palavra tão suave e precisa que ela não pôde perder sua séria intenção.
—Quero dizer... — Engoliu nervosamente, desejando estar de pé com as mãos nos quadris, ou os braços cruzados, ou algo, menos nesta posição completamente vulnerável deitada no sofá. — Significa que não posso continuar como estávamos antes.
—Pensei que éramos felizes — disse com cautela.
—Éramos. Eu era. Quero dizer... Mas não era.
—Era ou não era, princesa. Um ou outro.
—Ambos — disse, odiando o tom sem caráter de sua voz. — Não entende? —E logo o olhou. — Não, vejo que não.
—Não entendo o que quer que eu faça — disse rotundamente. Mas ambos sabiam que estava mentindo.
—Preciso saber onde estamos Adam.
—Maldita seja mulher. É minha esposa. O que mais precisa saber?
—Preciso saber que me ama! — Explodiu, ficando em pé com estupidez. Ele não replicou, ele só ficou parado ali com um músculo retorcendo em sua bochecha, então ela acrescentou. — Ou preciso saber que não ama.
—Que demônio significa isso?
—Significa que quero saber o que sente Adam. Preciso saber o que sente por mim. Se não... Se não... — Ela apertou os fechados olhos e retorceu as mãos, tentando entender exatamente o que era que queria dizer. — Não importa se não se preocupa
— disse finalmente. — Mas devo saber.
—De que diabo está falando? — Arrastou seus dedos furiosamente por seu cabelo. — Cada minuto do dia eu digo que te adoro.
—Não diz que me adora. Diz que adora estar casado comigo.
—Qual é a diferença? — Quase gritou.
—Talvez só goste de estar casado.
—Depois de Camille? — Cuspiu.
—Sinto muito — disse, porque sentia. Por isso. Mas não pelo resto. — Há uma diferença — disse em uma voz baixa. — Uma grande. Quero saber se importa comigo, não só pela forma em que te faço sentir.
Ele descansou as mãos no parapeito, inclinandose pesadamente enquanto olhava pela janela. Ela só podia ver suas costas, mas o ouviu dizer claramente:
—Não sei do que está falando.
—Não quer saber — explodiu. — Tem medo de pensar nisso. Você...
Adam se virou e a calou com um olhar que era tão duro como nenhum que alguma vez tivesse visto. Inclusive na noite quando a beijou pela primeira vez, quando estava sentado sozinho, embebedandose depois de sepultar Camille, não o viu assim.
Andou para ela, com movimentos lentos e fervendo de raiva.
—Não sou um marido dominante, mas minha indulgência não se estende a ser chamado de covarde. Escolha suas palavras com grande cuidado, esposa.
—E você pode escolher suas atitudes com maior cuidado — respondeu, seu tom se deslizou ao longo de suas costas. — Não sou uma pequena tola — seu corpo inteiro tremeu enquanto lutava pelas palavras — como se pudesse me tratar como se não tivesse cérebro.
—OH, pelo amor de Deus, Demetria. Quando a tratei assim? Quando? Digame, porque estou condenadamente curioso.
Demetria gaguejou incapaz de fazer frente ao desafio. Finalmente disse:
—Eu não gosto que falem comigo em tom arrogante, Adam.
—Então não me provoque — sua expressão estava perigosamente perto da gozação.
—Que não o provoque? — Estalou incredulamente, avançando para ele. Você não me provoque!
—Não fiz nada, Demetria. Um minuto pensei que éramos felizmente felizes e no próximo vem para mim feita uma fúria, me acusando de Deus sabe que horrível crime, e...
Detiveramse quando sentiu os dedos dela freneticamente cravados em seus braços.
—Pensava que éramos felizes? — Sussurrou
Por um momento, quando a olhou era quase como se estivesse meramente surpreendida.
—É obvio que sim — disse. — Digo isso todo o tempo. — Mas logo se deu uma sacudida, arregalou os olhos e a empurrou longe. — OH, esqueci. Tudo o que fiz tudo o que disse... Nada importou. Não quer saber que sou feliz contigo. Não se importa se eu gosto de estar contigo. Somente quer saber como me sinto.
E logo, porque ela não podia evitar não dizer, sussurrou:
—Como se sente a respeito de mim?
Foi como se o tivesse arrebentado com um alfinete. Tinha sido todo movimento e energia, as palavras derramandose em tom zombador de sua boca, e agora... Agora só ficou ali, sem fazer um ruído, só contemplandoa como se tivesse liberado a Medusa em sua sala.
—Demetria, eu... Eu...
—Você o que Adam? Você o que?
—Eu... Oh, Cristo, Demetria, isto não é justo.
—Não pode dizer. — Seus olhos se encheram de horror. Até esse momento tinha conservado a esperança de que ele simplesmente soltasse que talvez só estivesse pensando muito duramente a respeito disso, e quando o momento fosse correto e suas paixões fossem altas, as palavras se derramariam de seus lábios, e se daria conta de que a amava. — Deus — suspirou Demetria. A pequena parte de seu coração que sempre acreditou que a amaria murchou e morreu no espaço de um segundo, destroçando a maior parte de sua alma com ela. — Deus — disse outra vez.— Não pode dizer.
Adam viu o vazio em seus olhos e soube que a tinha perdido.
—Não quero te ferir — disse fracamente.
—É muito tarde. —Suas palavras se agarraram a sua garganta, e caminhou lentamente à porta.
—Espere!
Detevese e virou.
Ele a alcançou e levantou o pacote que havia trazido consigo.
—Tome — disse, embotado e plano. — Trouxe isto.
Demetria tomou o pacote de sua mão, contemplando suas costas enquanto saía a grandes passos da sala. Com as mãos tremendo, desembrulhouo. A Morte d'Arthur.
A mesma cópia que tinha desejado tão ferventemente da livraria de cavalheiros.
—Oh, Adam — sussurrou. — Por que tinha que ir e fazer algo tão doce? Por que não pode somente me deixar te odiar?
Muitas horas depois, quando limpou o livro com seu lenço, encontrouse esperando que suas salgadas lágrimas não tivessem arruinado permanentemente a capa de couro.
7 DE JUNHO DE 1820
Ladies Rudland e Selena chegaram hoje para esperar o nascimento do "herdeiro", como todo o clã Bevelstoke o chama. O doutor não parece pensar que o terei até dentro de um mês, mas Lady Rudland disse que não queria nenhum risco.
Estou segura que notaram que Adam e eu não compartilhamos mais o quarto.
É pouco comum, é obvio que os casais casados compartilhem o quarto, mas a última vez que estiveram aqui o fazia e está segura que se perguntam a respeito da separação. Passaram duas semanas já desde que mudei meus pertences.
Minha cama está cheia de correntes de ar e fria. Odeio.
Não estou nem sequer emocionada pelo nascimento do menino



então
ACABOU A FELICIDADE!
não briguem comigo, isso é uma adaptação, não tenho nada a ver com o fim do romance ok!
HEHEHEHE BJEMI

Um comentário:

  1. Que triste, Adam e um frouxo, ele no fundo sabe que a ama, mas tem medo por causa da puta da Camile

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