Joseph
adentrou o Imperial Park Hotel dispensando os funcionários que se apressavam em
cumprimentá-lo. As portas do elevador estavam sendo mantidas abertas para que
ele entrasse e fosse levado ao último andar. Instantes depois, Joseph penetrava
na suíte luxuosa geralmente reservada aos hóspedes VIP. O irmão o encontrou na
sala de estar e ele o encarou com expressão furiosa.
–
Por que não a levou de volta ao apartamento? – Joseph quis saber.
–
Ela se tornou histérica à simples menção de voltar para lá – justificou Kevin.
– Estava disposta a correr o mais rápido e para o mais longe possível. Tive de
prometer que não a levaria de volta para a cobertura. – Joseph soltou um
xingamento baixo e fechou os olhos.
Em
seguida, ergueu a mão e beliscou o nariz em um gesto extenuado. – Ela está à
beira de um colapso – prosseguiu Kevin. –Traga aquela terapeuta até aqui para
conversar com Demi. Talvez ela possa ajudá-la.
Joseph
encarou o irmão com o olhar penetrante.
–
Parece preocupado com ela.
–
Demi está gerando meu sobrinho. – Os lábios de Kevin se contraíram em uma linha
fina. – É como você disse. Não há nenhum sentimento de culpa na expressão ou
nas ações de Demi. Ela age como se tivesse sofrido a mais profunda das mágoas.
Foi triste vê-la naquele jeito. De repente, queria fazer tudo que fosse
possível para protegê-la daquela dor.
–
Onde ela está agora? – perguntou Joseph.
–
Dormindo – respondeu o irmão. – Ela adormeceu no caminho para cá e nem se mexeu
quando a carreguei pelo elevador e a coloquei na cama.
Joseph
se encaminhou ao quarto, determinado a se certificar de que ela estava segura.
Cruzou
o aposento imerso em penumbra e estacou ao lado da cama. Mesmo durante o sono,
atesta de Demi se encontrava franzida em uma expressão de desespero.
Esticando
o braço, ele lhe tocou o rosto e lhe afastou um cacho de cabelos macios para
trás da orelha. Demi não se mexeu. O rosto pálido estava recostado contra o
travesseiro, emoldurado pelos cachos escuros. Olheiras profundas se destacavam
acima das maçãs descoradas do rosto e a vermelhidão das pálpebras deixava claro
que ela estivera chorando.
Joseph
sentiu uma pontada de dor aguda no peito diante daqueles sinais de estresse.
Enquanto
retornava à sala de estar, retirou o celular do bolso para chamar a terapeuta.
Quando
terminou, fechou o aparelho e se dirigiu a Kevin.
–
Onde a encontrou?
Kevin
lhe entregou um drinque.
–
Ela estava em um jardim a alguns quarteirões de seu apartamento. – O irmão
exibiu uma expressão pesarosa quando o encarou. – Estava descalça, sem um
casaco ou suéter. Parecia perdida, sem se dar conta do que acontecia ao seu
redor.
Joseph
praguejou mais uma vez.
–
Tem estado assim desde que recuperou a memória. Theos mou, não sei o que fazer.
–
Nunca
se sentira tão perdido.
–
Ainda crê que Demi seja culpada? – Kevin perguntou em tom de voz baixo.
–
Não sei – admitiu Joseph. – Às vezes, penso que isso não importa. – Dirigiu o
olhar ao irmão esperando encontrar censura. Em vez disso, Kevin lhe devolveu um
olhar compreensivo.
–
Quando a vi sentada naquele banco, também achei que não importava – retrucou
com voz suave.
A
terapeuta chegou alguns minutos depois. Joseph a colocou a par de tudo que aconteceu
desde que haviam chegado a Nova York. Apesar do constrangimento que sentia em expor
detalhes tão íntimos para a mulher, queria deixá-la ciente de tudo que fosse
necessário para que pudesse ajudar Demi. Ele contou toda a história à
terapeuta. Desde o confronto que tivera com Demi, vários meses antes, até o
presente.
Para
crédito da profissional, ela não esboçou nenhuma reação. Recebeu calmamente as informações
e pediu para ver Demi.
–
Ela está descansando, mas pode entrar e esperar que ela acorde. Não quero que
ela fique ainda mais aborrecida e tente fugir.
A
terapeuta anuiu e seguiu Joseph na direção do quarto. Quando os dois entraram,
Demi
se mexeu. Joseph deu um passo para a frente em um gesto automático, mas a terapeuta
ergueu a mão para fazê-lo parar.
–
Deixe-me conversar com ela – disse em tom de voz suave.
Apesar
do desejo de estar perto de Demi, ele anuiu com um gesto breve diante do pedido
da terapeuta e girou para se retirar. Porém, não foi muito longe. Saiu do
quarto e se encostou à porta, deixando-a entreaberta para que pudesse ouvir o
que estava sendo dito.
Seguiu-se
um longo período de silêncio, antes de ele ouvir o murmurar de vozes. A princípio,
era a terapeuta quem mais falava enquanto a tranquilizava. Após algum tempo, escutou
a voz trêmula de Demi e apurou os ouvidos para captar o que ela dizia.
–
Fui ao médico no dia em que Joseph chegaria do exterior. Quando descobri que estava
grávida, foi um grande choque. Fiquei preocupada com a reação que ele teria.
Queria questioná-lo sobre nosso relacionamento… o que ele sentia por mim.
–
Continue. – A terapeuta encorajou.
As
perguntas que Demi lhe fizera naquela noite agora faziam sentido, e as próximas
palavras o fizeram se encolher.
–
Ele me disse que não existia nenhum relacionamento entre nós. Que eu era sua
amante. Uma mulher a quem pagava para fazer sexo – Demi acrescentou com voz
fraca. Joseph teve vontade de protestar. Marchar para dentro daquele quarto e
dizer que nunca a considerara alguém a quem ele pagava para fazer sexo. – E
então, ele me acusou de… – A voz de Demi morreu, e Joseph escutou um soluço
baixo ecoar no quarto.
–
Está tudo bem – tranquilizou a terapeuta.
–
Joseph disse que eu o havia roubado. Que havia me apropriado dos projetos de um
de seus hotéis e os entregado a seu concorrente. E me expulsou do apartamento.
–
E você os roubou?
–
Você é a primeira pessoa que me perguntou isso – disse Demi abatida. Mais uma
vez
Joseph
se encolheu como se tivessem lhe desferido um golpe mortal. Demi tinha razão.
Ele
não perguntara. Tudo que fez foi julgá-la e condená-la. – Fiquei perplexa.
Ainda não consigo entender. Nunca vi os papéis que ele atirou sobre mim. Não
sei por que ele pensou que eu os peguei ou como foi capaz sequer de pensar em
um absurdo como esse. – As lágrimas que Joseph ouvia na voz fraca e magoada
tiveram o feito de pequenas adagas se cravando em seu peito. A tensão lhe crescia
no íntimo até pensar ser capaz de explodir. Uma sensação horripilante lhe
percorreu a espinha. O que fizera? – E então…
Mais
uma vez Demi se calou vencida pelos soluços. Seguiu-se outro silêncio
prolongado, no qual a terapeuta sussurrou palavras tranquilizadoras.
–
Conte-me o que aconteceu a seguir.
–
Saí do apartamento, mas sabia que teria de voltar no dia seguinte, depois que Joseph
se acalmasse para chamá-lo à razão e lhe dizer que estava grávida. Achava que
se tivesse a chance de conversar com ele, faria com que reconhecesse o erro que
estava cometendo.
–
E o que aconteceu? – perguntou a terapeuta com voz suave.
Joseph
pressionou o corpo tenso à porta, fervilhando em expectativa.
–
Um homem colocou um saco sobre a minha cabeça e me forçou a entrar em um carro.
Fui levada para algum lugar da cidade e informada de que permaneceria refém até
que pagassem o resgate. Fiquei aterrorizada. Estava grávida e tive medo que
fizessem algum mal a mim ou ao meu bebê. – As mãos de Joseph se cerraram em
punhos enquanto lutava contra a raiva que se erguia dentro dele. – Eles fizeram
duas propostas de resgate – sussurrou Demi. –Joseph recusou as duas. Deixou-me
lá. Oh, Deus! Ele me deixou nas mãos daqueles homens. Eu não valia nem mesmo
meio milhão de dólares para ele. – Soluços emergiram da garganta de Demi e se
transformaram em pranto.
Joseph
se viu paralisado pela incredulidade. Mãe de Deus! Nunca havia recebido nenhum
pedido de resgate. Nunca! Sentiu uma golfada de fel lhe subir à garganta.
Girando, recostou a testa à parede e ergueu o punho cerrado para pousá-lo a
alguns centímetros de distância da cabeça. Sentiu a umidade no rosto, mas não
fez nenhum movimento para limpar as lágrimas.
Instantes
depois, a terapeuta saiu do quarto e ergueu o olhar para encará-lo. Joseph esperava
ver condenação, mas encontrou apenas compaixão no semblante da mulher.
–
Eu a sedei. Ela estava quase histérica. Demi precisa descansar acima de
qualquer outra coisa. A realidade que se apresenta diante dela é muito
dolorosa, portanto ela recua. Esse mesmo instinto de autopreservação é que
induziu a amnésia. Agora, que não possui mais esse recurso protetor, está
lutando para lidar com tudo isso da forma que encontra. Seja gentil e compreensivo
com ela. Não a pressione muito. – A mulher lhe deu palmadas leves no braço enquanto
se afastava. – Telefone-me se precisar de mim. Virei imediatamente.
–
Obrigado – respondeu Joseph com voz rouca.
Quando
a terapeuta partiu, ele se deixou afundar no sofá da sala de estar.
–
Deus do céu! – exclamou desolado.
–
Eu ouvi – disse Kevin com expressão pesarosa.
–
Ela nunca roubou nada. – Joseph fechou os olhos e passou uma das mãos pelos cabelos.
– Theos! Nunca recebi nenhum pedido de resgate. Demi pensa… pensa que a deixei à
mercê daqueles animais, que a detestava a ponto de me recusar a pagar meio
milhão de dólares para que a libertassem.
Kevin
colocou a mão sobre o ombro de Joseph em um gesto confortador.
–
Temos muito o que investigar.
Joseph
anuiu. Os pensamentos se aprofundando enquanto deixava de lado a angústia produzida
pelas revelações de Demi e se forçava a repassar os eventos daquela noite na cabeça.
Quando a percepção o atingiu, se mostrou tão assustadoramente clara que o fez
se amaldiçoar por não ter juntado as peças do quebra-cabeça antes. Estava tão
furioso, tão ferido com o que considerara ser uma traição de Demi!
–
Taylor – disse conciso.
Kevin
ergueu uma das sobrancelhas.
–
Sua assistente?
–
Ela esteve na cobertura pouco antes de eu encontrar os papéis na bolsa de Demi.
Taylor deve tê-los plantado lá.
Outro
pensamento lhe ocorreu. Um que o deixou nauseado. Qualquer pedido de resgate seria
feito para seu escritório. Suas residências eram mantidas em sigilo total. Demi
afirmara que ele ignorara os pedidos de resgate, mas agora percebia que tais
pedidos deveriam ter sido entregues e interceptados. Por Taylor.
Joseph
se ergueu e girou para encarar o irmão.
–
Fique aqui com Demi. Certifique-se de que ela não saia daqui e que seja bem cuidada.
Enviarei
um médico para examiná-la.
Kevin
também se levantou.
–
Para onde está indo, meu irmão?
–
Descobrir se o que suspeito é verdade – retrucou ele em um tom de voz baixo e
letal.
–
Espere! – Joseph estacou e voltou a encarar Kevin. – Deveria chamar a polícia.
Se a confrontar e ela confessar, de nada adiantará. Apenas você saberá.
Joseph
cerrou os punhos pela frustração, mas sabia que o irmão estava certo. Não queria
que Taylor escapasse impune depois do que fizera. Ele poderia lhe tornar a vida
um inferno, mas ainda assim ela estaria livre. Queria justiça.
Joseph
caminhava de um lado para o outro no confinamento do seu escritório em Nova
York
enquanto esperava Taylor chegar. Não queria estar ali. Desejava estar ao lado
de
Demi.
Kevin ficara com ela, e ele fervilhava impaciente. O estado de Demi não se alterara.
Mesmo quando acordara, se mostrara distante, desfocada, não parecendo estar
ali.
Era
como se ela tivesse se retirado para um lugar onde ele não pudesse mais
feri-la.
Joseph
fechou os olhos e tentou se focar na tarefa que tinha pela frente. Quando ouviu
Taylor
entrar, enrijeceu a coluna. Era tudo que podia fazer para não gritar com ela ou
lhe quebrar o pescoço fino. Recorreu a todo seu estoque de forças para injetar
um sorriso nos lábios e agir como se nada estivesse errado, como se não odiasse
até mesmo o chão que aquela mulher pisava.
–
Queria falar comigo? – Taylor perguntou ofegante.
–
Sim – murmurou Joseph, deixando o olhar lhe percorrer o corpo de modo
sugestivo, mesmo enquanto tinha calafrios de repugnância.
Os
olhos da assistente se iluminaram e ela logo adotou uma postura sensual.
–
Só agora percebi até onde foi para atrair minha atenção – disse ele com uma
risada abafada. – As mulheres costumam dizer que os homens são obtusos, mas
acho que me excedi nessa categoria.
A
confusão se estampou no rosto de Taylor, mas ela se esforçou para manter um
semblante inocente. Não poderia saber a que ele estava se referindo, mas em
breve tudo ficaria muito claro. Joseph observou a linguagem corporal da
assistente. Os olhos eram as janelas da cretina desalmada que era.
–
Por que simplesmente não disse que me queria? – perguntou ele com voz sensual.
– Isso teria nos poupado muitos problemas. Em vez disso, fiquei preso a um
relacionamento que não queria, embora aprecie seus esforços para me livrar
dele. – Taylor relaxou e um sorriso frio lhe curvou os lábios. Era estranho,
mas Joseph nunca se dera conta de como aquela mulher era repulsiva. – Como
planejou isso tudo? – perguntou com voz sedosa.
Joseph
escutou, horrorizado, enquanto a assistente relatava tudo que fizera para fazer
parecer que Demi roubara os projetos. O sequestro havia sido um bônus, mas,
quando o pedido de resgate chegou ao escritório, vira a oportunidade de se
livrar de Demi de uma vez por todas.
Estava
tão ansiosa em provar sua devoção a Joseph que não percebeu que admitira ter vendido
os projetos para o concorrente.
–
Então, você roubou os projetos e os entregou a Marcelli. – A voz de Joseph
tinha a temperatura de um iceberg e ela se encolheu diante daquele tom. O rosto
empalideceu quando percebeu o que acabara de confessar. – E então incriminou Demi,
pensando que não apenas lucraria vendendo meus projetos para o concorrente,
como se livraria de Demi para que pudesse ocupar seu lugar. – A boca de Taylor
se abriu e fechou e Joseph percebeu que a assistente se dera conta de que ele a
induzira a confessar e que estava furioso. – Depois, quando os pedidos de
resgate chegaram ao meu escritório, você os destruiu esperando o quê, Taylor,
que eles a matassem? Que a removessem permanentemente do cenário?
A
raiva o fazia tremer. Taylor não passava de uma névoa vermelha diante de seu
olhar irado. Tudo que Joseph conseguia ver era Demi, sozinha e assustada.
Esperando um filho seu e vulnerável. Pensando não só que ele a odiava, mas que
também a abandonara.
Tinha
vontade de chorar.
Taylor
pareceu se recompor e o encarava com olhar sarcástico.
–
Você nunca conseguirá provar isso.
–
Não preciso – retrucou em tom de voz suave, pressionando o pequeno botão do interfone
em sua mesa. – Pode entrar, detetive.
Taylor
oscilou quando três policiais entraram na sala, com expressões austeras.
–
Não pode fazer isso! – grasniu ela. – Eu o amo, Joseph. Seria capaz de qualquer
coisa por você.
Com
um movimento negativo de cabeça, Joseph lhe virou as costas enquanto ela era escoltada
para fora do escritório, com as mãos algemadas. Não queria ouvir o que aquela mulher
dizia. Tudo que desejava era voltar para junto de Demi.
–
Desculpe-me, agape mou – sussurrou ele.
Demi
estava levemente ciente de estar sendo carregada nos braços outra vez. Não por
Joseph.
Estava intimamente familiarizada com seu toque para saber que não se tratava dele.
Por um instante, entrou em pânico, mas depois ouviu palavras confortadoras em
grego e em inglês.
–
Relaxe, irmãzinha. Você está segura.
–
Para onde estamos indo? – perguntou ela com voz fraca.
–
Para um lugar seguro – respondeu ele com voz suave. – Joseph não permitirá que nada
de mal lhe aconteça.
Demi
teve vontade de protestar, dizer que Joseph não seria capaz de fazer nada por ela,
mas não conseguia reunir forças. Em algum momento, ouviu a voz de Joseph e amaldiçoou
o fato de se sentir imediatamente segura e ter o pânico suavizado.
Sentiu
o roçar de lábios contra sua testa e, em seguida, mãos firmes a acomodando na
cama.
Dedos
lhe acariciaram os cabelos e a envolveram em um casulo de calor reconfortante.
–
Você está segura, agape mou. Nunca mais permitirei que ninguém lhe faça nenhum mal.
–
Não me chame assim – gritou ela. – Nunca mais. – Ainda assim, Demi se apegou à promessa
de Joseph, mesmo que o coração gritasse em protesto. Aquele homem mentira para
ela. Não podia acreditar em nada que ele dissesse. Mas mesmo contra sua
vontade, se sentiu relaxar e imergir em um sono sem sonhos.
Quando
Demi tornou a acordar, sentiu o cérebro aguçado, como não acontecia desde que recobrara
a memória. A névoa que lhe cobria a mente se dissipara. Aquilo era bem-vindo, embora
praguejasse contra aquele estado de consciência ao mesmo tempo. A confusão
havia evaporado, mas com aquela nova clareza veio a inevitável tristeza.
Sentia-se
alerta como se tivesse dormido durante uma semana. E talvez tivesse. Não tinha noção
do tempo que se passara. Embora seu passado não fosse mais um mistério, os
eventos dos últimos dias se encontravam fragmentados.
Com
um suspiro relutante, Demi afastou as cobertas e atirou as pernas para fora da
cama.
Quando
olhou ao redor, percebeu que não tinha noção de onde estava. O quarto era
espaçoso e agradável, com várias janelas que permitiam a entrada da luz
natural.
Demi
se ergueu e caminhou em direção ao banheiro da suíte, os olhos se arregalando diante
do tamanho e da suntuosidade. Observou a banheira de hidromassagem com olhar cobiçoso.
Embora não soubesse quantos dias haviam se passado, pois tudo se encontrava envolto
em um borrão, tinha certeza de que não tomava banho havia algum tempo e mal
podia esperar para se sentir limpa e refrescada.
Apoiando
o pé no degrau que dava para a banheira, inclinou-se para a frente e girou a torneira
para enchê-la de água. Quando ergueu o olhar, se deparou com Joseph parado à soleira
da porta e um arquejo lhe escapou da garganta.
Projetando-se
imediatamente para a frente, ele lhe segurou o braço para equilibrá-la.
–
Desculpe-me se a assustei, pedhaki mou. Não era essa minha intenção. Fiquei
preocupado quando vim ver como estava e não a encontrei na cama.
–
Queria apenas tomar um banho – retrucou em voz baixa.
–
Não quero que fique aqui sozinha – disse ele. – Pedirei a Srta. Cahill para vir
até aqui, portanto se precisar de alguma coisa, basta chamá-la.
Demi
fechou os olhos por um instante e inspirou profundamente.
–
Por favor, basta de mentiras entre nós. Não há necessidade de fingir que sou
importante para você…
A
desolação se estampou nos olhos âmbar, e o rosto bronzeado adotou uma coloração
acinzentada.
–
Você é muito importante para mim, agape mou.
Antes
que ela pudesse responder, Joseph se retirou do toalete e, dentro de instantes,
Patrice
entrou. Em questão de minutos, Demi se encontrou despida e acomodada na
banheira aquecida. Não muito quente, assegurou Patrice, pois banhos muito
quentes não faziam bem para mulheres grávidas.
Quando
emergiu sob as bolhas fragrantes, Demi recostou-se à lateral da banheira e ergueu
o olhar a Patrice.
–
Onde estamos? E como cheguei aqui? Pensei que você estava em Atenas com o Dr.
Karounis.
–
O Sr. Jonas pediu para que eu voltasse para tomar conta de você – revelou a enfermeira
em tom tranquilizador. – Parecia desesperado. A ideia de retornar àquele apartamento
a aborrecia tanto que ele resolveu trazê-la para cá.
–
E que lugar é este? – Demi quis saber.
–
A casa dele – informou Patrice paciente. – Estamos a mais ou menos uma hora da
cidade.
Aqui
é mais calmo e silencioso. Ele achou que você gostaria.
Lágrimas
enevoaram a visão de Demi. E ela pensara não ter mais lágrimas para derramar!
Não
sabia que Joseph possuía uma casa fora da cidade. Assim como a ilha, aquele era
mais um lugar em que nunca estivera durante todo o tempo em que se relacionara
com ele.
Mais
uma prova de que nunca ocupara um lugar importante na vida de Joseph.
–
Ele está muito preocupado com você – disse Patrice com o semblante se
suavizando pela compaixão. – Todos estamos.
Demi
negou com a cabeça. Joseph a detestava. Nunca a amara, e ela fora tola demais para
não perceber isso.
–
O que farei? – sussurrou ela para ninguém em particular. Fora uma idiota em ter
aberto mão de seu apartamento, emprego e todos os meios de que disponha para
cuidar de si mesma quando fora morar com Joseph. Estivera cega demais pelo amor
e pela certeza de que teria um futuro com ele.
–
Está na hora de sair da banheira – disse Patrice em tom de voz gentil. –
Precisa se secar para descer e comer.
Demi
permitiu que a enfermeira a paparicasse. Patrice a secou e a vestiu com uma
calça comprida confortável e uma blusa de gestante. Demi acariciou o ventre
abaulado e sussurrou um pedido de desculpas ao filho ainda não nascido. Não
podia se dar ao luxo de colapsar. Seu bebê dependia dela.
Joseph
estava esperando quando ela saiu do quarto. Sem nada dizer, ele lhe segurou o cotovelo
e a ajudou a descer a escada. Demi permitiu, muito entorpecida para protestar.
Ela também optou pelo silêncio. As emoções se encontravam muito conturbadas
para tentar ter uma conversa sensata.
Os
dois se acomodaram em uma pequena mesa que dava vista para um jardim meticulosamente
cuidado. A luz clara da manhã incidia através das portas de vidro e ela se sentiu
aquecida pelos raios de sol.
Joseph
pousou um prato abarrotado de comida em frente a ela e se acomodou na cadeira oposta.
Demi buliu no garfo e começou a afastar a comida de um lado para o outro do
prato, evitando-lhe o olhar.
Quando
ele suspirou, Demi ergueu o olhar para encontrá-lo a observando. A expressão do
belo rosto sombria como se tivesse passado por um verdadeiro calvário. Ela
quase soltou uma risada diante do absurdo daquele pensamento. Mas para seu
horror, sentiu ardência nos olhos e o rosto de Joseph começou a embaçar.
–
Temos de conversar. Há muita coisa que quero lhe dizer. – A voz grave soava estranhamente
estrangulada. – Mas antes tem de se alimentar para recuperar as forças. Sua saúde
e a de nosso filho vêm em primeiro lugar.
Demi
baixou a cabeça, recusando-se a lhe sustentar o olhar por mais tempo. Concentrou-se
em comer e logo percebeu que estava de fato com fome.
Demi
estava tomando o último gole de suco, quando ouviu uma porta se fechando a distância
e, em seguida, os passos determinados de alguém pelo chão. Ela se virou para
ver Kevin entrar na sala, com expressão séria.
Antes
que ele pudesse dizer qualquer coisa, Joseph cravou o olhar no irmão e disse com
a rigidez do aço na voz:
–
Seja o que for, pode esperar até que Demi termine a refeição.
Kevin
lançou um olhar preocupado na direção dela e anuiu em concordância com o irmão.
A
raiva fez a garganta de Demi se contrair. O que quer que desejassem conversar,
era óbvio que não pretendiam discutir na frente dela. Mas por que o fariam?
Achavam que ela era a pessoa que os havia roubado.
Demi
se ergueu em um impulso e atirou o guardanapo na mesa. Sem dizer nenhuma palavra,
girou e se retirou.
–
Demi, não vá – protestou Joseph.
Virando-se,
ela lhe dirigiu um olhar furioso.
–
Fiquem à vontade para conversar. Detesto atrapalhar. Afinal, alguém que o roubou
e traiu sua confiança não é digno de escutar sua conversa.
–
Theos, não se trata disso. Demi? Espere, droga! – Mas ela o ignorou e seguiu em
frente.
Joseph
a observou partir e soltou um xingamento. Sentia-se estrangulado pela
impotência.
Como
poderia esperar que tudo se resolvesse entre os dois? Girou na direção de Kevin,
que também a observava se retirar e franziu a testa. – O que o trouxe aqui com
essa urgência? –perguntou.
Kevin
enfiou a mão no bolso do paletó e de lá retirou um jornal dobrado. Em seguida,
o atirou sobre a mesa em frente a Joseph.
–
Isso.
Joseph
o desdobrou e xingou em quatro idiomas. A primeira página estampava Demi sendo
carregada por Kevin no dia em que fugira do apartamento. Logo abaixo, estavam as
fotos dele e de Taylor com uma reportagem que detalhava cada faceta da saga
dramática de seu relacionamento com Demi.
Joseph
atirou o jornal longe.
–
Isso foi obra de Taylor. Nenhum dos meus homens falou com a imprensa.
Kevin
anuiu em concordância.
–
Como fez com que fosse presa por roubo e pela fraude de interceptar os pedidos
de resgate, Taylor deve ter pensando que não tinha nada a perder e tudo a
ganhar dando ao público sua versão do suposto relacionamento entre vocês dois.
Joseph
se deixou afundar na cadeira e descansou os cotovelos sobre a mesa.
–
Amaldiçoo o dia que contratei aquela mulher. Demi poderia ter morrido por causa
da minha
estupidez.
–
Você a ama.
Aquela
não era uma pergunta e Joseph não a tratou como tal. Era simplesmente a constatação
de um fato. Ele a amava, mas conseguira acabar com o amor de Demi não uma, mas
duas vezes.
Joseph
anuiu e enterrou o rosto nas mãos.
–
Não a culparia se ela nunca me perdoasse. Como Demi poderia se nem mesmo eu me perdoo?
–
Vá falar com ela. Conserte as coisas entre vocês.
Joseph
se levantou. Sim. Estava na hora de tentar acertar as coisas com Demi. Se isso fosse
possível.
e o misterio foi resolvido, era a Taylor a culpada
gente,,, estao surpresos que esta acabando a fic?
farei uma enquete domingo depois das 18:00 na pagina do blog no face,
a proxima historia.
bjemi guys
Aleluia essa piranha foi presa!!!
ResponderExcluirEntendo o lado do Joseph, mas Demi tem que dá uns fora nele mesmo, pra ele sofrer um pouco aí depois pode perdoar
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Graças que a máscara dessa vaca caiu ������������
ResponderExcluirPosta logo
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