Na
manhã seguinte, Joseph se levantou cedo.
Deu um beijo suave na testa de Demi e lhe disse que ao meio-dia viria buscá-la.
Ela bocejou, sonolenta, murmurou uma despedida e se virou para o lado para
voltar a dormir. A risada baixa de Joseph lhe verberou nos ouvidos enquanto
escorregava para o esquecimento do sono.
Quando
despertou outra vez, apertou os olhos contra a luz do sol e consultou o relógio
no criado mudo. Ainda dispunha de algumas horas até o compromisso com Joseph e
não tinha nenhuma intenção de passá-las sentada naquele apartamento.
Com
tantos seguranças de Joseph disponíveis, deveria haver algum que lhe oferecesse
um meio de transporte. Poderia requisitar um deles e sair sozinha, embora não
tivesse ideia para onde ir.
E
então, outro pensamento lhe ocorreu. A julgar pela obstinação de Joseph com segurança,
duvidava que tivesse ido a qualquer lugar sem seus guarda-costas durante todo aquele
tempo em que estavam juntos. Se esse fosse o caso, certamente um deles teria
ideia dos lugares que ela costumava visitar e das coisas que gostava de fazer.
Animada
com aquela ideia, apressou-se a entrar debaixo do chuveiro. Trinta minutos depois,
desceu pelo elevador até o saguão para sair. Avistou um homem parrudo, parado à
porta e o reconheceu como sendo o homem que Joseph chamava de Stavros.
No
mesmo instante, o segurança se colocou em alerta ao vê-la se aproximar.
–
Srta. Lovato – disse com acentuado sotaque grego. – Em que posso ajudá-la?
Demi
percebeu a forma como homem se interpôs na porta, de modo que ela não pudesse sair
e quase soltou uma risada.
–
Tenho certeza de que Joseph lhe contou que eu… perdi a memória. – O homem anuiu
e sua expressão se suavizou. – O que estava imaginando era se poderia me
informar se eu dispunha de segurança antes do acidente.
–
Eu cuidava pessoalmente de sua proteção – disse Stavros.
–
Ah, que bom! Então, talvez possa me ajudar. Gostaria de sair, mas não sei ao
certo para onde. Quero dizer, não sei a quais lugares eu gostava de ir e já
que, sem dúvida, me seguia para todos os lugares, talvez possa me levar a
alguns deles hoje.
O
homem hesitou por alguns instantes, como se considerasse o pedido. Em seguida,
retirou o telefone celular do bolso, apertou um botão e o encostou ao ouvido.
Falou algumas palavras rápidas em grego, concordou algumas vezes e lhe estendeu
o telefone.
–
O Sr. Jonas gostaria de falar com a
senhorita.
–
Ah, pelo amor de Deus! – Demi resfolegou enquanto aceitava o aparelho. – Não
perdeu tempo em me trair, certo? – perguntou ela encarando com olhar acusatório
o segurança, que não parecia nem um pouco arrependido.
A
risada de Joseph lhe soou ao ouvido.
–
Que tipo de problema está causando, agape mou?
Demi
deixou escapar um suspiro que soou meio ridículo de tão sonhador. Depois que utilizara
aquele tratamento carinhoso pela primeira vez, Joseph o repetia com crescente frequência. E toda vez
aquelas palavras afetuosas e vibrantes tinham a capacidade de fazê-la se
derreter.
–
Quero sair um pouco. Estarei de volta a tempo de nosso almoço. Prometo.
–
Aproveite sua manhã, mas tome cuidado e não se canse muito. Se achar que vai se
atrasar, peça a Stavros que me telefone, e eu a encontrarei onde estiver, para
que não tenha de voltar ao apartamento.
Demi
sorriu e murmurou uma concordância. Em seguida, desligou e devolveu o telefone
a Stavros.
–
Precisamos ter uma conversa sobre falar mais do que se deve.
O
homem nem sequer pestanejou.
–
Posso assegurá-la, Srta. Lovato, que já tivemos essa conversa no passado.
Demi
sorriu e viu o segurança levar a mão ao pequeno dispositivo que trazia na
orelha e disparar várias ordens em grego.
Em
alguns instantes, um carro estacionou em frente à calçada e outro segurança
saltou para lhe abrir a porta. Stavros a guiou para fora do prédio e a acomodou
confortavelmente no carro, antes de ocupar o banco da frente, com o outro
segurança.
O
vidro que separava os bancos traseiro e dianteiro baixou e Stavros girou para
lhe lançar o olhar por sobre o ombro.
–
Para onde gostaria de ir, Srta. Lovato?
–
Não sei – retrucou ela com uma risada. – Poderia fazer um tour pelos lugares
que eu costumava ir.
O
segurança anuiu, e o carro se juntou ao tráfego intenso das ruas de Nova York.
A primeiraparada foi em uma cafeteria a poucos quarteirões de distância do
apartamento. Era óbvio queStavros não esperava que ela descesse do veículo,
porque, quando ela comunicou suaintenção, ele comprimiu os lábios em uma linha
desaprovadora. Porém, acompanhado do outrohomem, a escoltou para dentro do
pequeno estabelecimento.
O
ambiente era aconchegante e fervilhava com conversas e risadas. Parecia
convidativo eDemi podia facilmente se imaginar em um lugar como aquele. Ainda
assim, não lhe suscitounenhuma recordação. Com um suspiro profundo, ela girou e
disse a Stavros que estava prontapara partir.
O
próximo lugar foi um pequeno mercado e Demi dirigiu um olhar surpreso ao segurança.
–
A senhorita gostava de cozinhar para o Sr.
Jonas, especialmente depois que ele retornava de uma longa viagem
internacional. Nós vínhamos aqui para comprar os ingredientes necessários. E a
senhorita me fazia carregar todas as sacolas – acrescentou comum breve sorriso.
–
Eu era tão desagradável? – provocou ela.
–
Era um prazer acompanhá-la em suas saídas – afirmou Stavros.
–
Ora, parece que você gostava de mim. – Demi sorriu para o homem atarracado,
tentando captar qualquer vestígio de reconhecimento, algum lampejo daquele tipo
de brincadeira no passado. – Para onde vamos agora?
Visitaram
a biblioteca e uma pequena loja de artes e, embora tais lugares refletissem seu
estilo, Demi nada conseguiu se recordar. Quando o carro estacou em frente a um
parque, um momento de pânico a fez sentir um aperto no peito.
–
A senhorita está bem? – Stavros perguntou. Demi ergueu o olhar para encontrá-lo
parado ao lado da porta aberta, esperando que ela saísse do carro. – Talvez
seja melho rretornarmos agora. Está quase na hora de seu almoço com o Sr. Jonas.
–
Não. – Demi se apressou em dizer, saindo do carro. Não. Queria ficar ali.
Precisava estar ali. Algo naquele lugar lhe causara uma agitação na mente,
mesmo que desagradável.
Demi
caminhou pelo parque, ajustando a capa ao corpo. Na verdade, não estava frio. O
sol da tarde brilhava quente, mas ainda assim, calafrios lhe percorriam o corpo
e se propagavam até sua alma.
Stavros
e o outro segurança a flanqueavam alguns passos atrás e lhe veio à mente o
breve pensamento de que ela parecia mais importante do que realmente era. O olhar
de Demi se fixou em um banco de pedra diante de uma estátua e ela se dirigiu
para lá, sem saber o que a atraía para aquele ponto.
Sentou-se
e espalmou as mãos sobre a superfície fria de pedra. Olhou para a frente e
sentiu um lampejo de tristeza. Aquilo não fazia sentido, mas sabia que havia se
sentado ali antes, temendo alguma coisa. Insegura.
Ergueu
as mãos para cobrir o rosto e se inclinou para a frente, encolhendo-se no
banco.
No
mesmo instante, sentiu a mão forte lhe tocar o ombro e a voz preocupada de
Stavros ecoar em seus ouvidos.
–
A senhorita está se sentindo bem? É necessário telefonar para o Sr. Jonas?
Talvez seja melhor levá-la para um hospital.
Demi
negou com a cabeça e ergueu o olhar.
–
Não. Estou bem. É que tenho certeza de que estive aqui antes. Posso sentir
isso.
Stavros
anuiu, embora o olhar ainda refletisse preocupação.
–
Sempre dizia que este era seu ponto de reflexão.
–
Parece que eu tinha muito em que pensar – murmurou ela.
O
segurança consultou o relógio de pulso.
–
Deixe-me telefonar para o Sr. Jonas e lhe dizer para nos encontrar no
restaurante.
Assim,
não perderemos tempo retornando ao apartamento quando poderia estar se alimentando.
Demi
não objetou quando ele a ajudou a se erguer do banco. Em vez de caminhar atrás dela,
segurou-lhe o cotovelo no trajeto até o carro.
–
Por favor, não preocupe Joseph – pediu ela enquanto o segurança a acomodava no carro.
– Senão, ele me obrigará a voltar para o apartamento me deitar na cama.
–
Lugar onde provavelmente deveria estar.
Demi
fez uma careta.
–
Você não é nada divertido. Tenho de fazer compras e escolher meu vestido de
noiva. Não posso fazer isso na cama.
Stavros
parecia estar se esforçando para disfarçar um sorriso enquanto fechava a porta.
Instantes
depois, o vidro que separava os bancos desceu e o segurança a encarou.
–
Se o Sr. Jonas perguntar, direi simplesmente que tivemos uma manhã tranquila na
cidade.
–
Eu sabia que havia uma razão para eu gostar de você – disse ela animada,
recuperando o bom humor.
Quando
chegaram ao restaurante, Joseph os encontrou ao lado do carro. Dispensou
Stavros
prontamente, dizendo-lhe que o motorista o levaria às compras com Demi.
Durante
o almoço, Joseph a questionou sobre o passeio matutino e ela relatou todos os lugares
que visitaram. Porém, quando perguntou como sua foi a manhã no trabalho, ele se
mostrou vago e reservado. Não desejando estragar o dia, Demi mudou de assunto,
referindo-se às compras que fariam.
–
Essa recepção a que compareceremos é muito sofisticada? – perguntou ela,
saboreando outra garfada da excelente massa.
Joseph
ergueu uma das sobrancelhas.
–
Depende de sua definição de sofisticação.
–
Ah, então posso usar meu jeans e blusa de gestante – brincou ela com doçura na
voz.
Joseph
soltou uma risada.
–
Embora não tenha nada contra você usar calça jeans, não gostaria que os outros
a vissem em algo que exibe os contornos de seu gracioso traseiro.
–
Então, devo ir bem vestida? – perguntou com um suspiro.
–
Não se preocupe com isso, pedhaki mou. Escolherei o vestido perfeito para você.
–
Não usarei sapatos de salto alto – disse ela resoluta. – Não há a menor chance
de eu ficar vagando pela festa empoleirada sobre dois palitos de dente.
–
Claro que não – concordou Joseph em um tom que sugeria ter sido uma insanidade
tal ideia. – Estou certo de que não é aconselhável mulheres grávidas se
sujeitarem a tamanha tortura. E se caísse?
–
Talvez fosse melhor eu ir descalça – sugeriu com expressão travessa.
Joseph
soltou uma risada.
–
E talvez seja melhor mantê-la trancada a chave em casa.
Demi
engoliu a última garfada da massa e,
relutante, afastou o prato para o lado.
–
Estava maravilhosa e acabei comendo demais.
–
Precisa ganhar peso. Está muito magra. É bom que se alimente adequadamente.
–
E se eu comer mais do que isso, não entrarei em nenhum traje que esteja
planejando me comprar. – Demi baixou o olhar ao ventre abaulado. – Existem
roupas muito sofisticadas para gestantes?
Joseph
a observou com olhar paciente.
–
Acredite-me. Encontraremos algo adequado.
–
Por que entende tanto sobre comprar vestidos? – resmungou ela enquanto Joseph a
guiava na direção do carro que os aguardava.
–
Certamente não espera que eu responda a essa pergunta? – retrucou, mal
conseguindo suprimir o divertimento na voz.
Demi
lhe dirigiu um olhar contrariado e se acomodou no assento do carro.
De
fato, Joseph tinha extrema habilidade em escolher o vestido perfeito. Encontrou
o que queria no segundo modelo que ela experimentou. Um traje de seda branco de
um modelo simples. As alças eram finas, o corpete conservador e o tecido se
ajustava ao ventre avantajado, atraindo a atenção para a gravidez.
–
Este me faz parecer… bem, muito grávida – disse ela, virando-se para permitir a avaliação de Joseph.
–
Está absolutamente deslumbrante – murmurou ele. – Acho que todas as grávidas
deveriam gostar de ter essa aparência.
O
olhar apreciativo a fez se decidir por aquele vestido. Não precisava
experimentar mais nenhum. O traje foi cuidadosamente dobrado e colocado de
lado, com os sapatos de salto baixo que ela escolhera.
–
Diga-me, agape mou, você quer um vestido de noiva tradicional?
Demi
comprimiu os lábios e fez um movimento negativo com a cabeça.
–
Não. Prefiro algo mais simples.
A
vendedora dispôs vários modelos deslumbrantes diante deles e Demi observou
Joseph
atentamente para lhe captar a reação.
O
que a encantou foi um vestido comprido até os pés, cor de pêssego, que caía em
ondas suaves a partir da cintura. O modelo lhe acentuava a gravidez e a fazia
parecer bela e feminina.
A
aprovação ficou evidente pela expressão de Joseph. Para surpresa de Demi, em vez
de voltarem para o carro, ele a levou a uma joalheria para escolherem um
estonteante par de brincos de diamante que fazia conjunto com um colar para
serem usados com o vestido de noiva. Demi se encontrava sem palavras, mas ficou
completamente atônita quando, em seguida, ele escolheu outro conjunto de colar
e brincos de safira o qual sugeriu que usasse com o vestido de seda branco, na
recepção.
–
Combinarão com seus olhos, agape mou – murmurou próximo ao seu ouvido. – E mais
tarde, adorarei vê-la usando essas joias e nada mais.
Demi
sentiu o rosto ferver e olhou ao redor para se certificar de que ninguém
estivesse vendo o escarlate de seu rosto.
–
Está me mimando – disse ela quando deixaram a joalheria.
–
Tenho direito de mimar minha mulher – retrucou Joseph dando de ombros.
–
Acho que gosto disso – concedeu ela com um sorriso.
–
Isso é bom, porque seria uma pena não gostar de algo que pretendo fazer sempre.
Em
um gesto impulsivo, Demi se colou ao corpo forte e lhe capturou os lábios com
um beijo apaixonado. Um suspiro trêmulo escapou da garganta de Joseph e as mãos
fortes se fecharam em torno dos braços delicados. Quando interrompeu o beijo,
ela escorregou a lateral do rosto até encaixá-lo no vão do pescoço largo
enquanto o envolvia em um abraço apertado.
–
Obrigada pelo dia de hoje. Foi muito divertido.
Joseph
enterrou uma das mãos nos cachos macios e lhe acariciou a cabeça.
–
O prazer foi meu.
Demi
ergueu a cabeça e começou a recuar, mas ele a manteve segura contra o peito.
–
Sou uma boa cozinheira? – perguntou ela, erguendo a cabeça para encará-lo.
A
surpresa se estampou no belo rosto de Joseph.
–
Não entendi.
–
Cozinheira. Stavros me disse que eu gostava de cozinhar para você e que ia com frequência
ao mercado comprar ingredientes. Fiquei imaginando se eu era boa na cozinha.
Uma
expressão peculiar iluminou o semblante de Joseph.
–
Ele tem razão. Você fazia isso. Não havia pensando nisso, mas, sim, você
costumava cozinhar para mim na primeira noite em que eu voltava para casa.
–
Você se ausentava com muita frequência?
Joseph
ficou parado por um instante e, em seguida, anuiu com um gesto lento de cabeça.
–
Sim. Estava sempre viajando para o exterior a negócios. Às vezes, ficávamos
semanas sem nos ver.
–
Não consigo imaginar isso – retrucou ela com voz suave. – Senti sua falta nas
poucas horas em que esteve ausente esta manhã.
Joseph
a beijou outra vez.
–
E eu senti a sua, pedhaki mou.
Demi
se aninhou contra o corpo quente e forte, durante o restante do trajeto.
Sentia-se um pouco cansada, mas não havia a menor possibilidade de revelar isso
a ele. O dia fora quase perfeito e ainda tinham o restante dele para desfrutar
juntos.
logo essa paz acaba, oh tristeza, mas enquanto isso, que curtam esse momento de romance. bjemi
Que capítulo fofo. Amei!!!
ResponderExcluirMas imagino que no próximo já vá dá merda
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