A sabedoria vale mais
que as pérolas.
Jó, 28,18...
-
Demétria, qual o problema com você? Está doente?
Miley
se levantou de repente e correu para sua amiga, pensando que Demétria parecia
estar à beira de um desmaio. De repente seu rosto tinha perdido toda a cor, e
se Miley não tivesse chegado a tempo de poder agarrá-la, a formosa harpa teria
caído no chão.
Demétria
balançou a cabeça. Ela começou a levantar-se, mas logo percebeu que suas pernas
não conseguiriam sustentá-la. Na realidade, ainda estava tremendo por causa de
sua descoberta. Agora sabia que estava apaixonada por Joseph.
-
Estou bem, Miley - respondeu -. Um pouco cansada, só isso. Por favor, não se
preocupe.
-
Sente-se bem o bastante para cantar outra canção?
Miley
pediu, mas imediatamente se sentiu culpada por ter pedido, mas desculpou sua
conduta, dizendo a si mesma que estava desesperada, apesar disso, pensou que
encontraria uma maneira de recompensar Demétria por sua bondade, se agora ela
viesse em seu socorro. Por isso, amanhã pela manhã ela subiria com uma bandeja
de café da manhã.
Demétria
sabia que Miley estava tentando ganhar tempo. Queria ajudar sua amiga, mas não
encontrou nenhum plano que pudesse liberá-la daquele passeio com Liam.
Quando
Liam veio até elas, deteve-se ao lado de Miley, Demétria disse:
-
É um instrumento muito fino que você deu a Miley. Você escolheu bem, Liam.
O
barão sorriu.
-
Joseph também soube escolher.
Sua
estranha observação deixou Demétria um tanto perplexa. Então Kevin e Nicholas
expressaram sua alegria por sua bela performance, e Demétria não demorou a
ruborizar-se de constrangimento. A verdade é que não estava acostumada a ouvir
semelhante elogio. Ela pensou que os Wexton eram uma família estranha. Eles
elogiavam com muita facilidade, e Demétria chegou à conclusão de que isso era
porque eles não achavam que isso diminuísse seu valor.
Ela
nunca tinha sido chamada de bonita até que conheceu os Wexton. Entretanto, cada
um deles tinha feito aquele elogio em mais de uma ocasião, e Demétria começava
a acreditar que eles realmente a consideravam bonita.
-
Vocês vão me fazer ficar um pouco vaidosa, se continuarem a me elogiar dessa
maneira - admitiu com um tímido sorriso.
Ela
percebeu, entretanto, que Joseph não tinha feito nenhum comentário e se
perguntou se ela o teria agradado.
Seu
marido ainda não se comportava como ele mesmo, agindo de forma bem diferente de
quando ele a tomou em seus braços, lá fora, e a beijou diante de todo mundo, e
de quando ele a provocou durante o jantar. Se ela não conhecesse Joseph melhor,
Demétria pensaria que aquele homem tinha senso de humor. O que era totalmente
ridículo, é obvio.
Demétria
viu quando Liam pegou a mão de Miley e a escoltava para fora do salão. A irmã
de Joseph não deixou de olhar nem um só instante para Demétria, por cima do
ombro, enquanto saía, olhando-a com uma expressão de súplica.
-
Não fique fora por muito tempo, Miley - disse Demétria -. Você sentirá frio.
Era
tudo o que ela podia fazer. Miley aceitou a sugestão com um assentimento de
gratidão, antes que Liam a levasse para onde Demétria não podia vê-la.
Nicholas
e Kevin também deixaram o salão. Joseph e Demétria repentinamente ficara a sós.
Demétria
alisou seu vestido para ocupar suas mãos. Desejou poder subir ao quarto da
torre e passar uns minutos a sós. Deus, havia tanta coisa para pensar, tantas
decisões a tomar...
Ela
podia sentir como Joseph a olhava.
-
Gostaria de me falar sobre homens e seus cavalos agora, Joseph – Demétria
perguntou -, antes de que você vá nadar no lago?
-
O quê? – ele parecia perplexo.
-
Você disse que queria falar sobre homens e seus cavalos - explicou - Não se
lembra?
-
Ah, isso... - respondeu Joseph, dando-lhe um cálido sorriso -. Aproxime-se um
pouco mais, esposa, e eu começarei minha explicação.
Demétria
franziu o cenho diante daquele pedido, pensando já estar bem perto dele.
-
Você está se comportando de maneira muito estranha, Joseph - observou, enquanto
ela caminhava para ficar ao seu lado -. E também está bem relaxado. Não você
parece você mesmo - acrescentou.
Demétria
mordiscou seu lábio inferior, baixando o olhar para seu marido. De repente,
estendeu a mão e tocou sua testa com o dorso.
-
Não tem febre - anunciou.
Joseph
pensou que ela estivesse um pouco decepcionada. Seu cenho franzido estava bem
marcado para lhe dar essa ideia.
Demétria
arrumou seu vestido, e sentou-se tão dignamente quanto pôde, cruzando as mãos
em seu colo.
-
Está preocupada com alguma coisa? - perguntou Joseph, enquanto seu polegar
separava suavemente o lábio inferior dos dentes.
É
obvio que ela estava preocupada. Joseph estava se comportando como um completo
desconhecido, e isso já era motivo de preocupação mais que suficiente para
qualquer esposa. Demétria suspirou. Ela separou uma mecha de cabelos dos olhos,
atingindo sem querer o queixo de Joseph com o cotovelo enquanto o fazia.
Desculpou-se,
envergonhada por aquela repentina estupidez.
-
Você não canta como uma rã - disse depois.
Demétria
sorriu, pensando que era o elogio mais maravilhoso que havia recebido.
-
Obrigado, Joseph - disse -. E agora me explique sobre os mistérios dos homens e
seus cavalos - sugeriu.
Joseph
assentiu. Sua mão foi subindo lentamente pelas costas de Demétria até que
chegou a seu ombro. O movimento fez com que um delicado comichão percorresse a
pele de Demétria. Então ele a puxou em sua direção e Demétria se viu apoiada em
seu peito.
-
O certo é que nós homens temos um vínculo muito especial com nossos cavalos,
Demétria - começou dizendo.
Sua
voz era tão deliciosamente reconfortante, como o calor que emanava das chamas.
Demétria se aconchegou um pouco mais a ele, bocejou e fechou os olhos.
-
Sim, dependemos de nossas montarias para obedecer todas as nossas ordens. Um
cavalheiro não pode combater diligentemente se tiver que dedicar parte de seu
tempo para controlar seu cavalo. Isso pode significar sua vida se a batalha for
sangrenta e o animal indisciplinado.
Joseph
prosseguiu com sua explicação durante alguns minutos.
-
Você, esposa, enfeitiçou meu cavalo, fazendo com que ele se afaste de mim. Eu
deveria estar furioso com você. Agora que eu estou pensando nisso, estou
furioso - murmurou Joseph. O sorriso azedou em seu rosto, enquanto ele refletia
sobre a perda de sua fiel montaria -. Sim, você estragou Silenus. Você pode
protestar agora, se esse for o seu desejo, mas eu já fiz me decidi e vou lhe
dar Silenus. E assim eu vou ouvir primeiro seu pedido de desculpas por arruinar
meu cavalo, e depois seu agradecimento pelo presente que eu lhe dei.
Mas
Joseph não recebeu nenhuma das duas coisas. Demétria não se desculpou nem lhe
agradeceu. Joseph franziu o cenho por sua teimosia e jogou suavemente a cabeça
dela para trás, assim poderia ver seu rosto.
Demétria
estava profundamente adormecida. Provavelmente não tinha ouvido uma única
palavra do que havia dito seu marido. Joseph deveria estar zangado com ela.
Aquilo, sem dúvida, no mínimo, era uma falta de respeito. Joseph a beijou em
vez de despertá-la. Demétria se aconchegou ainda mais e depois suas mãos
subiram ao redor do pescoço de Joseph.
Kevin
entrou na sala no instante em que Joseph depositava um segundo beijo no alto da
cabeça de Demétria.
-
Ela adormeceu? - perguntou Kevin.
-
Meu sermão a assustou tanto que ela desmaiou - respondeu Joseph secamente.
Kevin
riu, lembrou-se que Demétria estava adormecida e suavizou sua voz.
-
Não se preocupe em acordá-la, Kevin. Dorme como uma gatinha bem alimentada.
-
Sua esposa teve um dia muito longo. A refeição do jantar estava excepcional e
tudo porque Demétria sempre exige a perfeição de seus criados. Eu comi quatro
bolos - admitiu Kevin -. E você sabia que são as próprias receitas de Demétria,
ensinadas a Gerty?
-
Os criados dela?
-
Sim, agora são leais a Demétria.
-
E você Kevin? É leal a Demétria?
-
Agora Demétria é minha irmã, Joseph. Daria minha vida para protegê-la -
acrescentou Kevin.
-
Não duvido de você, Kevin - respondeu Joseph, quando captou o tom defensivo na
voz de Kevin.
-
E então por que me pergunta isso? - perguntou Kevin. Agarrou uma cadeira e se
sentou, encarando seu irmão -. Liam trouxe alguma novidade sobre Demétria?
Joseph
começou a assentir, mas logo que moveu a cabeça, Demétria ocupou o espaço
disponível debaixo de seu queixo. Joseph sorriu.
-
Liam trouxe novidade, sim. Nosso rei ainda está na Normandia, mas Sebastian
está reunindo com suas tropas. Liam estará conosco, naturalmente.
-
Dentro de três semanas serei obrigado a voltar para o barão de Rhinehold -
observou Kevin -. Embora ele conte com meu juramento de lealdade, sou vassalo
de nosso rei em primeiro lugar, seu em segundo e de Rhinehold em terceiro. Por
essa razão, Rhinehold iria permitir que eu ficasse aqui, enquanto você precisar
dos meus serviços.
-
Rhinehold também vai se unir a Liam e a mim contra Sebastian, caso seja
necessário. Juntos podemos reunir mais de mil homens.
-
Esquece sua aliança com os escoceses - recordou-lhe Kevin -. O marido de
Catherine poderia reunir oitocentos homens, talvez mais.
-
Não me esqueci, mas não desejo envolver a família de Catherine nesta disputa -
respondeu Joseph.
-
E se o rei se unir ao bando de Sebastian?
-
Não o fará.
-
Como pode estar tão seguro? - perguntou Kevin.
-
São muitos os que têm uma imagem totalmente equivocada de nosso rei, Kevin. Eu
combati junto dele em muitas ocasiões. Pensam que tem um temperamento
incontrolável. Entretanto, durante uma batalha, um de seus próprios homens fez
com que nosso rei caísse no chão de maneira acidental. Os soldados rodearam
William, cada um deles jurava matar o vassalo descuidado. O rei riu do
incidente, deu uma palmada no ombro do soldado que o fez cair, e disse para ele
voltar a montar seu cavalo e se defendesse.
Kevin
meditou sobre aquela história por um minuto antes de voltar a falar.
-
Dizem que Sebastian exerce uma influência peculiar sobre a mente do rei.
-
Duvido muito que nosso rei permita que alguém governe sua mente.
-
Rezo para que você esteja certo, irmão.
-
Há outra questão que quero falar com você, Kevin. As terras de Falcon, para ser
exato.
-
O que houve com elas? - perguntou Kevin, franzindo o cenho.
As
terras de Falcon eram uma propriedade improdutiva, mas considerada muito
apropriada para o cultivo, que pertenciam ao Joseph. Ficavam no extremo sul da
propriedade dos Wexton.
-
Eu gostaria que você supervisionasse aquela região, Kevin. Construa uma
fortaleza ali. Eu cederia as terras, se isso fosse possível. Mas o rei não
permitiria isso, a menos que encontrasse alguma maneira de ganhar seu favor.
Joseph
fez uma pausa, meditando na complexidade do problema.
Os
comentários de seu irmão deixaram Kevin atônito.
-
O plano que você propõe é realmente inédito - balbuciou.
Pela
primeira vez em sua vida, Kevin não sabia o que dizer. E embora fosse altamente
improvável que aquilo chegasse a acontecer, uma pequena luz de esperança
acendeu em seu coração. Possuir sua própria terra, governá-la como seu próprio
dono e senhor... era tudo irresistível demais para ser verdade.
-
E por que você quer que eu tome conta das terras de Falcon? - perguntou.
-
Demétria.
-
Não compreendo.
-
Minha esposa ouviu como Nicholas e eu falávamos dos irmãos do rei. Quando
Nicholas saiu do salão, Demétria me fez ver quão insatisfeitos estão Robert e
Henry. Ela acredita que isso é porque a nenhum dos dois foi outorgada
suficiente responsabilidade.
-
Santo Deus, Robert recebeu a Normandia - interveio Kevin.
-
Isso - disse Joseph, sorrindo -. Mas o irmão mais novo do rei só recebeu de seu
pai ouro e uma pequena, e insignificante propriedade, e pude ver a frustração
nisso aí. Ele nasceu para liderar, mas negado ao nascer o direito a governar.
-
Se existir algum paralelo nisto, estou impaciente para ouvir - disse Kevin.
-
Demétria me fez começar a refletir sobre isso. Você é meu vassalo tanto como de
Rhinehold, e esses deveres devem permanecer intactos, mas se nós ganhássemos a
gratidão do rei, então você poderia ficar com Falcon e fazê-lo producente. Você
sempre soube como transformar uma moeda em dez, Kevin.
O
irmão sorriu, feliz pelo elogio.
-
Se nosso pedido não der frutos, ainda assim você vai construir seu lar ali e
vai agir como meu supervisor. O rei vai agradecer por poder contar com esse
dízimo adicional, e não vai se importar com qual irmão fará a contribuição.
-
Estou concordo com seu plano - anunciou Kevin, que sorria.
-
Nicholas em breve voltará para o barão Thormont para terminar seus quarenta
dias de serviço - disse Joseph.
-
Nicholas tem uma maneira de liderar os outros e, em breve, vai se tornar o
primeiro-em-comando, da mesma maneira que Anthony é seu primeiro-em-comando -
disse Kevin.
-
Antes disso, nosso irmão terá que aprender a controlar seu temperamento -
comentou Joseph.
Kevin
assentiu para indicar que era a mesma opinião que ele.
-
Ainda tem que me contar as novidades que Liam trouxe a respeito de Demétria -
disse depois.
-
Liam está convencido de que o irmão do rei, Henry, poderia estar tramando
alguma coisa. Liam foi chamado para falar com Henry.
-
Quando? Onde?
-
Os Clare terão Henry como convidado. Não sei quando o encontro acontecerá.
-
Você acredita que Henry pedirá a lealdade de Liam contra o nosso rei? -
perguntou Kevin -. E sobre você? Você também foi convidado para este encontro?
-
Não. Ele sabe que eu estarei do lado do meu rei - respondeu Joseph.
-
Você está sugerindo que Henry se voltará contra William?
-
Se eu realmente estivesse convencionado disso, iria me apresentar diante nosso
líder e daria minha vida por ele. A honra me obriga a protegê-lo.
Kevin
assentiu, sentindo-se satisfeito com aquela resposta.
-
Liam disse que o número dos descontentes está crescendo rapidamente. Existe
mais de uma conspiração para matar nosso rei. Isso não tem nada de estranho, é
claro. Seu pai tinha tantos inimigos como ele.
Como
viu que Joseph não dizia nada, Kevin continuou falando.
-
Liam acredita que foi convidado a fazer parte nessa reunião por conta da nossa
amizade. Ele acredita que Henry quer saber se eu o honrarei como rei, no caso
de William morrer.
-
Vamos esperar para ver quais são os resultados dessa reunião?
-
Sim, vamos esperar - disse Kevin franzindo o cenho, e acrescentou -: Há muito a
se considerar, irmão.
-
Diga-me uma coisa, Kevin: Nicholas ainda acredita estar apaixonado por
Demétria? - perguntou Joseph, mudando de assunto.
Kevin
encolheu os ombros.
-
Ele demorou algum tempo para se habituar ao seu casamento - admitiu -. Mas
acredito que agora ele já superou sua paixão. Ele gosta muito de Demétria, mas
ela continua chamando-o de irmão, e isso esfria bastante o ardor que sente por
ela. Eu me surpreendo que você tenha notado a aflição de Nicholas.
-
Nicholas traz seus pensamentos no rosto - observou Joseph -. Você viu como ele
levou sua mão à espada durante a cerimônia de casamento, quando pensou que eu
estava obrigando Demétria a se casar comigo?
-
Você a obrigou - replicou Kevin com um sorriso -. E sim, eu testemunhei aquele
gesto. Demétria também viu como Nicholas reagia. Acredito que essa foi a única
razão pela qual ela, de repente, aceitou você como seu marido.
Joseph
sorriu.
-
Uma observação muito certa, Kevin. Demétria sempre tentará proteger qualquer um
que lhe pareça mais frágil, e naquele momento ela temeu que eu fosse fazer
Nicholas pagar caro por aquilo.
Ele
começou a acariciar suavemente as costas de sua esposa. Kevin contemplou a
maneira com que seu irmão acariciava Demétria, e pensou consigo mesmo que
Joseph provavelmente nem sequer tinha consciência do que estava fazendo.
-
Então Demétria quer que nós partamos daqui? - perguntou.
-
Não, Kevin. Imagino que ela vai ficar muito triste e vai me culpar -respondeu
Joseph -. Minha esposa não entende que sua lealdade também inclua o barão
Rhinehold.
Kevin
assentiu e seu irmão continuou falando.
-
Eu acredito que a preocupação de Demétria é que eu vá manter você e Nicholas
sob meu controle, pelo resto de suas vidas, não permitindo que nenhum dos dois
aja guiado por seus próprios pensamentos.
-
Seu esposa tem ideias muito estranhas - observou Kevin -. E ainda assim ela
mudou sua vida, não é, Joseph? Mudou as nossas também. Esta é a primeira vez
que você e eu conversamos por tanto tempo sobre qualquer assunto. Sim, eu
acredito que Demétria tenha feito de nós uma família mais forte.
Joseph
não respondeu àquele comentário. Kevin se levantou e caminhou para a entrada.
-
É uma pena, sabe - disse por cima do ombro.
-
O que é uma pena? - Joseph perguntou.
-
Que eu não atenha capturado primeiro.
Joseph
sorriu.
-
Não, Kevin, foi uma bênção. Juro por Deus, eu a teria tirado de você.
Demétria
despertou no mesmo instante em que Joseph fazia aquele comentário. Apressou a
se incorporar e sorriu timidamente para seu marido.
-
O que você teria tirado de seu irmão, Joseph? - perguntou com voz enrouquecida
pelo sono. Depois alisou os cabelos, e Joseph se apressou em esquivar-se de
seus cotovelos antes de responder.
-
Nada com que você deva se preocupar, Demétria.
-
Você sempre deveria compartilhar o que você tem com seus irmãos - disse
Demétria, aproveitando aquela ocasião para ensinar a Joseph.
Kevin
obviamente ouviu aquela observação, e sua gargalhada o seguiu, enquanto se
afastava.
Então
Miley entrou correndo no salão. Assim que ela viu Demétria, a irmã de Joseph
começou a chorar.
-
Liam insiste em dizer que o contrato é válido, Demétria. O que vou fazer? Esse
homem ainda quer se casar comigo.
Demétria
saltou do colo de Joseph no instante em que Miley se lançava em seus braços.
Joseph
se levantou e suspirou com irritação ao ver como sua irmã estava à beira da
histeria.
-
Você deveria fazer esta pergunta para mim, Miley - disse secamente. Fechou a
mão sobre o braço de Demétria, ignorando o fato de Miley se agarrar a ela como
um vestido empapado, e começou a puxar sua esposa em direção à entrada.
-
Não podemos deixar sua irmã em semelhante estado - protestou Demétria. Deus,
sentia-se como se estivesse no meio de um cabo-de-guerra -. Joseph, você está
arrancando o meu braço.
Então,
o barão Liam entrou correndo no salão, estragando a tentativa de Joseph de
levar Demétria para cima e tratar o problema de Miley pela manhã. Joseph não
estava com humor para uma longa discussão e decidiu resolver o assunto
imediatamente.
Antes
que Liam pudesse dizer uma palavra, Joseph perguntou:
-
Ainda quer se casar com Miley?
-
Sim - respondeu Liam. Sua voz era tão desafiante, como seu porte -. Miley será
minha esposa.
-
Dei minha palavra a Miley de que ela poderia permanecer aqui pelo tempo que
desejasse, Liam.
O
rosto de Liam mostrou sua raiva, e Joseph teve vontade de grunhir.
-
Eu estava errado em fazer-lhe tal promessa - disse, admitindo o equívoco na
frente de Kevin, Demétria, Miley e Liam.
Era
uma confissão assombrosa, vindo de um homem que nunca admitia um erro. Joseph
sorriu ao ver a maneira com que sua confissão deixou todos atônitos. Virou-se
para Demétria e sussurrou:
-
Seu obsessão em dizer a verdade me afetou, esposa. E agora feche a boca, meu
amor. Tudo sairá bem.
Demétria
assentiu lentamente e dirigiu um sorriso a seu marido, deixando-o saber que
confiava nele. Joseph se sentiu tão satisfeito que quando se virou novamente
para Liam, ainda estava sorrindo. Liam conhecia Joseph bem demais para esperar
até que ele desse uma explicação completa, antes de desafiá-lo abertamente.
Joseph sempre tinha sido um homem de palavra.
-
Deixe de chiar como uma galinha, Miley - ordenou Joseph -, e o conte ao barão
Liam qual foi a exata promessa que eu fiz a você.
Seu
tom de voz não sugeria discussão. Miley se incorporou, separando-se de Demétria
e disse:
-
Disse que eu poderia viver aqui até morrer, se este fosse o meu desejo.
Então
Liam deu um passo para Miley, mas o olhar de Joseph o deteve.
-
E agora, Liam? Que promessa eu fiz a você?
A
voz de Joseph era suave, dando a impressão de estar aborrecido com aquela
conversa. Demétria apertou a mão dele.
Liam
respondeu Joseph com um grito.
-
Com a bênção do rei, você permitiria que Miley se convertesse em minha esposa!
Kevin
não conseguiu ficar silêncio por mais tempo.
-
Como, em nome de Deus, você vai honrar ambos os juramentos? - perguntou a
Joseph.
-
Liam - disse Joseph, como se não tivesse ouvido Kevin -, minha palavra a Miley
depende de seu desejo de permanecer aqui. Acredito que fazê-la mudar de ideia
seja seu dever.
-
Você está sugerindo que...?
-
Você é um hóspede bem-vindo em mina casa pelo tempo que for preciso - disse
Joseph.
Liam
ficou perplexo, e logo um sorriso do mais arrogante transformou seu rosto.
Virou-se para Miley e sorriu.
-
Miley, já que você não vai embora daqui, então eu ficarei aqui com você.
-
Você vai o quê?
Miley
voltava a gritar, entretanto Demétria não pôde ver medo algum em seus olhos, a
não ser incredulidade e raiva.
-
Como disse seu irmão, Miley, ficarei aqui pelo tempo que for necessário para
fazê-la compreender que tenho a intenção de casar com você - disse Liam -. Você
me ouviu?
É
obvio que ela tinha ouvido. Demétria pensou que inclusive o sentinela do sul
deveria ter ouvido Liam. Ele gritou seu comunicado em alto e bom tom.
Demétria
deu um passo para Miley com a intenção de protegê-la da raiva de Liam, mas
subitamente Joseph voltou a segurar sua mão. E quando ela abriu sua boca para
protestar, a pressão que Joseph exercia sobre sua mão se intensificou. Demétria
decidiu que reservaria seu protesto para mais tarde.
Miley
estava muito furiosa para poder falar. Ela recolheu suas e correu para Liam.
-
Você estará velho, grisalho e enrugado antes que eu mude de ideia, Liam -
disse-lhe.
Liam
a olhou e sorriu.
-
Você subestima minhas habilidades, Miley - replicou.
-
Você é o homem mais teimoso que já existiu - balbuciou Miley - Seu… seu plebeu!
- acrescentou depois, dando-lhe as costas e saindo do salão.
Tudo
sairia bem. Demétria sabia disso, porque assim dizia seu coração. Miley estava
furiosa, mas não aterrorizada.
-
O que é um plebeu? - perguntou Liam a Kevin.
Kevin
encolheu os ombros e olhou para Demétria.
-
É outra dessas suas palavras? - perguntou.
-
Sim - admitiu Demétria.
-
É tão desagradável e odioso como Polifemo? - perguntou Kevin.
Demétria
sacudiu a cabeça.
-
Bem, Liam, ao menos Miley não acha que você tão desprezível como eu pareci ser
para Demétria, quando nos encontramos pela primeira vez - disse Kevin com um
sorriso.
Demétria
não sabia do que Kevin estava falando. Joseph deu boa noite a todos e levou
Demétria do salão, antes que pudesse ela perguntasse a Kevin o que ele queria
dizer com aquela estranha observação.
Nem
marido nem mulher trocaram uma única palavra entre ambos até chegarem ao quarto
de Joseph. Quando ele abriu a porta para deixá-la passar, Demétria se distraiu
em perguntar a respeito de Miley ou Kevin. Primeiro, o quarto atraiu sua
atenção. Joseph tinha mudado suas coisas da torre para aquele quarto. Agora as
duas cadeiras que ladeavam sua lareira, o cobertor que cobria sua enorme cama,
e a tapeçaria feita por Demétria estava pendurada em cima da lareira.
Maude
se preparava para sair dos aposentos e anunciou ao barão que o banho de Demétria
já estava pronto para ela, tal como ele tinha pedido que se fizesse.
Assim
que a porta se fechou atrás da criada, Demétria disse:
-
Não posso tomar banho na sua frente, Joseph. Por favor, vá andar no seu lago
enquanto eu...
-
Já vi você sem roupa em muitas ocasiões, Demétria - disse Joseph. Ele soltou o
cinturão trançado de sua esposa, jogou-o sobre uma das cadeiras, e então
começou a tirar a meia túnica e o vestido.
-
Mas sempre na cama, Joseph, com os cobertores e... - sua voz foi sumindo.
Joseph
soltou uma risadinha.
-
Entre na banheira antes que a água esfrie, meu amor.
-
Você nada em um lago de água gelada - lembrou Demétria. Seu marido estava
tirando lentamente sua regata por cima dos ombros -. Por que você está fazendo
isso? - perguntou ela, ruborizando o bastante para sentir o calor de suas
bochechas -. Você gosta de nadar quando a água está fria?
Demétria
pensou que dessa maneira conseguiria distrair a atenção de Joseph da tarefa de
despi-la. Mas seu marido era capaz de responder a pergunta e despi-la ao mesmo
tempo.
-
Particularmente, eu não gosto disso - respondeu Joseph.
Joseph
teve pouco trabalho com sua roupa de baixo, ansioso para se livrar das roupas
que protegia dele aquela beleza. Ajoelhou-se diante dela e foi tirando as meias
e os sapatos, deixando um cálido rastro de carícias até sua cintura.
As
mãos de Joseph faziam com que Demétria suspirasse de prazer.
-
Então por que o faz? - gaguejou.
-
Para endurecer minha mente e meu corpo.
Deixou
de tocá-la. Demétria ficou desapontada.
-
Há maneiras mais fáceis de endurecer seu corpo - sussurrou.
Ela
notou que sua voz parecia rouca. Demétria tentou cobrir seus seios colocando
seu cabelo para diante, e franziu o cenho quando percebeu que o tamanho de seus
cabelos não bastava para cobri-los adequadamente. Ela esticou as pontas de suas
mechas, convenientemente bloqueando a visão de seus seios.
Joseph,
que não estava disposto a permitir que ela se escondesse dele, levantou-se e
separou suas mãos com delicadeza. As palmas de suas mãos circundaram os seios
de Demétria, enquanto seus polegares descreviam lânguidos círculos ao redor de
seus rosados mamilos. Os dedos dos pés de Demétria afundaram entre os juncos
que cobriam o chão. Inclinou-se instintivamente para frente, procurando o
contato das mãos de Joseph sobre sua pele.
-
Se eu beijar você, Demétria, não deixarei que você tome seu banho. Posso ver a
paixão em seus olhos. Pode sentir o quanto eu desejo você?
Joseph
falou em um sussurro que a acariciava tão meigamente como suas mãos. Demétria
assentiu lentamente.
-
Eu sempre desejo você, Joseph.
Ela
se obrigou a dar meia volta e ir para a banheira.
Joseph
tentou não olhar para sua esposa. Tinha jurado que aquela noite ele iria
devagar. Faria amor com Demétria sem pressa, não importando quão desesperado
fosse o impulso de deitá-la sobre a cama e amá-la apaixonadamente.
Ele
iria tranquilizá-la com palavras suaves. Seu plano era forçá-la a confessar
para ele o quanto ela o amava. Joseph estava um pouco nervoso. Ele precisava
ouvir aquelas palavras agora que tinha admitido a si mesmo o quanto ele a
amava.
Joseph
estava decidido a fazer com que ela o amasse. E ele era arrogante o bastante
para acreditar que uma vez que ele a cortejasse, Demétria não seria capaz de
negar-lhe nada.
Joseph
sorriu consigo mesmo. Ele estava disposto a usar a obsessão de Demétria em
dizer a verdade em proveito. Ele tirou sua própria túnica e depois se ajoelhou
diante da lareira para acrescentar outro lenha ao fogo.
Demétria
se lavou rapidamente, temendo que Joseph se virasse e a visse fazer aquele
trabalho tão íntimo.
E
então ela viu o humor naquela situação e riu.
Joseph
foi até a banheira e ficou ao lado dela. Com as mãos apoiadas no quadril, ele
quis saber o que Demétria achava tão divertido.
Agora
Joseph já não usava sua camisa. O coração de Demétria começou a bater
desenfreadamente. De repente também ficou sem respirar. Oh, que facilidade seu
marido tinha em excitá-la!
-
Eu durmo ao seu lado todas as noites sem roupa alguma, e realmente agora não
deveria me sentir envergonhada. Por isso eu estava rindo - acrescentou com um
encolhimento de ombros que quase a afogou.
Demétria
se levantou e se virou para seu marido, demonstrando a ela mesma e a seu marido
que ela não estava mais constrangida.
As
gotinhas de água reluziam sobre sua pele. As pontas de suas mechas se uniram em
uma série de úmidos cachos, e havia uma expressão travessa em seu rosto. Joseph
se inclinou para beijá-la uma única vez, no cocuruto de sua cabeça, e outra
vez, agora no arco do nariz dela. Demétria tinha um aspecto magnífico e fazia
um esforço tão nobre para não parecer tímida na frente dele, que Joseph não
conseguiu se conter.
Quando
a viu estremecer-se, Joseph pegou a toalha que Maude havia deixado em cima de
uma das cadeiras. Envolveu Demétria com ela, tirou-a da banheira e a levou até
a lareira.
Demétria
ficou imóvel diante dele com as costas voltadas para o fogo. Fechou os olhos
quando o peito de Joseph roçou contra seus seios. O calor das chamas esquentava
seus ombros, e o olhar cheio de ternura de Joseph dava calor ao seu coração.
Sentiu-se
adorada. A sensação era tão maravilhosa que Demétria não protestou quando
Joseph começou a secá-la. A princípio usou a toalha para secar sua pele com
suaves palmadas, mas quando terminou com suas costas, subitamente ele a puxou
pelas pontas da toalha, atraindo-a contra seu peito. E então sua boca se
apossou dos lábios de Demétria em um beijo abrasador. Sua língua penetrou no
tesouro que ela estava oferecendo. Joseph deixou cair a toalha, colocou as mãos
em suas nádegas, puxando-a contra sua rigidez, para o incrível calor que emanava
dele.
Demétria
gemeu de prazer dentro da boca de Joseph, enquanto acariciava a língua dele com
a sua. Suas mãos acariciaram as costas dele, mas quando as pontas de seus dedos
deslizaram para a borda da cintura da calça dele, Joseph rapidamente a afastou.
-
Leve-me para a cama, Joseph - suplicou Demétria.
Ela
tentou capturar sua boca com outro beijo, mas Joseph a evitou deliberadamente.
-
No tempo certo, Demétria - prometeu com um sussurro rouco. Beijou a ponta de
seu queixo, e foi descendo lentamente para seu seios -. É tão linda... - ele
disse.
Ele
queria saboreá-la toda. Joseph acariciou um seio com a mão, enquanto adorava o
outro com a boca, sugando-o até que o mamilo ficou convertido em uma dura
saliência.
O
contato de sua língua era como veludo quente. Demétria apenas podia suportá-lo.
Quando Joseph se ajoelhou e cobriu seu ventre com beijos úmidos e quentes,
Demétria respirou fundo e esqueceu soltar a respiração. As mãos de Joseph
acariciaram as coxas e se moveram entre elas, levando-a à beira da perda de
controle. Joseph foi abrindo um atalho de beijos ao longo da cicatriz de
Demétria, enquanto suas mãos prosseguiam com sua doce tortura, tocando,
acariciando, adorando, até o calor que emanava dela.
Agarrou-a
pelo quadril, e quando sua boca começou a beijar o suave montículo de cachos
que havia entre as coxas de Demétria, ela sentiu que seus joelhos dobraram.
Joseph
não deixava que ela se mexesse. Sua boca e sua língua saborearam a umidade que
ele tinha criado dentro dela. Sua esposa era tão doce como o mel e tão
embriagadora como um vinho fino.
Demétria
pensou que fosse morrer de prazer. As unhas de seus dedos cravaram nos ombros
de Joseph. Deixou escapar um suave gemido. Aquele primitivo som erótico quase
deixou Joseph louco.
Lentamente
ele inclinou Demétria até deitá-la no chão. A boca de Joseph reclamou a dela no
mesmo instante em que seus dedos abriam passagem em sua apertada e úmida
feminilidade. Demétria arqueou sob a mão de Joseph, gritando seu nome quando um
esplendor explodiu dentro dela. Onda atrás onda de um incrível prazer estendeu
por todo seu corpo e Joseph a manteve apertada contra ele durante toda essa
experiência, sussurrando palavras de amor enquanto a estreitava em seus braços.
Demétria
se sentia como ouro líquido em seus braços e pensou em dizer quanto prazer ele
a fazia sentir, mas não era capaz de deixar de beijá-lo, tempo suficiente para
chegar a dizer qualquer coisa.
Joseph
se separou e tirou rapidamente o resto de sua roupa. Ele se deitou sobre suas
costas e puxou Demétria para cima dele.
Sabia
que estava a ponto de perder o controle. Separou suas pernas tentando ser o
menos brusco possível, e quando Demétria montou escarranchada em cima dele, sua
mão começou a acariciá-la, fazendo-a enlouquecer outra vez. Demétria gemeu seu
nome, suplicando com as mãos e a boca que ele colocasse fim àquela tortura.
Joseph
levantou o quadril e entrou nela com uma poderosa investida. Demétria estava
mais que preparada para recebê-lo. Ela estava tão incrivelmente quente, tão
molhada, tão apertada...
Joseph
se deixou capturar por ela. Demétria arqueou as costas até que o recebeu por
completo, e então começou a se mexer, com movimentos lentos e ritmados que
enlouqueceram Joseph.
Joseph
se sentia tão fraco como um escudeiro e tão poderosos como um senhor da guerra.
Ele a agarrou pelo quadril, pedindo que ela se mexesse com mais energia.
Ele
encontrou sua satisfação antes dela, mas o som e o prazer que dele emanavam,
deu a Demétria sua própria e sublime rendição.
Demétria
caiu sobre o peito de Joseph, que gemeu, mas Demétria estava exausta,
satisfeita demais para pedir desculpas.
Passaram-se
alguns minutos antes que um dos dois pudesse falar. Os dedos de Demétria
acariciavam o peito de Joseph. Ela adorava a sensação do encaracolado de seu
pelo, sua pele lisa, quente, seu perfume maravilhoso.
Demétria
viu o quão orgulhoso ele estava. Joseph a olhava com uma expressão de imensa
satisfação no rosto. Uma mecha de cabelo tinha caído em cima de sua testa.
Demétria
ia levantar a mão para devolvê-lo a seu lugar, quando Joseph falou.
-
Eu amo você, Demétria.
A
mão de Demétria ficou entre eles, suspensa no ar.
Ela
arregalou os olhos, e foi então que Joseph percebeu o que acabava de dizer.
Não
era assim que ele tinha planejado. Era para ela dizer a Joseph que ela o amava.
Ele sorriu com seu próprio engano, enquanto esperava pacientemente que ela se
recuperasse da confissão que ele acabava fazer, dizendo para ela o quanto o
amava.
Demétria
não podia acreditar que ele tivesse dito aquelas palavras. Nesse momento a
expressão de Joseph se tornou solene, indicando com isso que não poderia ter
falado mais a sério.
Demétria
começou a chorar. Joseph não soube como interpretar aquela reação.
-
Você está chorando porque eu disse que amava você?
Demétria
sacudiu a cabeça.
-
Não - sussurrou.
-
Então, por que você está triste? Eu acabei de lhe dar prazer, não?
Ele
realmente parecia preocupado. Demétria secou as lágrimas de suas bochechas,
acertando uma cotovelada no queixo de Joseph.
-
Você me deu muito prazer - disse -. Mas eu estou tão assustada, Joseph... Você
não deveria me amar.
Joseph
suspirou. Decidiu que esperaria alguns minutos antes de obter uma explicação
decente dela, porque agora Demétria tremia muito para falar com coerência.
Soube
ter paciência, mas uma vez que ele a levou para a cama e estavam sob os
cobertores, Demétria se aconchegou junto a ele e não disse uma única palavra.
-
Por que você está assustada? - perguntou Joseph -. É tão terrível que eu ame
você?
Sua
voz estava cheia de ternura e isso fez com que Demétria voltasse a chorar.
-
Não pode haver esperança para nós, Joseph. O rei...
-
O rei nos deu sua bênção, Demétria. Nosso rei terá que aprovar este casamento.
Parecia
tão seguro de si mesmo que Demétria se sentiu reconfortada por aquela imensa
confiança.
-
Diga-me por que pensa que o rei ficará do seu lado, Joseph. Faça-me entender
isso. Não quero ficar com medo.
Joseph
voltou a suspirar.
-
O rei William e eu nos conhecemos desde que éramos jovens. William tem muitos
defeitos, mas demonstrou ser um líder muito capaz. Ele não lhe cai bem por
conta das histórias que você ouviu seu tio contar, e seu tio reflete as ações
de sua igreja. O rei perdeu o apoio do clero, porque eles levaram tesouros de
seus monastérios. Além disso, ele nunca se apressou em substituir nenhuma
igreja oficial. O clero despreza nosso rei porque ele não se inclina aos seus
ditames.
-
Mas por que pensa que...?
-
Não me interrompa quando estiver explicando alguma coisa para você - disse
Joseph, e suavizou seu comentário com um delicado apertão -. Embora não queira
alardear sobre isso, a verdade é que ajudei nosso rei a unir aos escoceses e
manter uma coexistência pacífica. O rei conhece meu valor. Conto com um
exército bem treinado, que ele pode recorrer em momento de necessidade,
Demétria. O rei confia em minha lealdade. Eu nunca o trairia, e isso o rei
também sabe.
-
Mas Joseph, Sebastian é seu amigo especial - interveio Demétria -. Marta me
disse isso, e também ouvi rumores dos lábios dos amigos de meu tio.
-
Quem é essa Marta?
-
Uma das criadas destinadas a meu tio - respondeu Demétria.
-
Ah, então sem dúvida ela deve ser tão confiável como o Papa - replicou Joseph
-. É assim que você pensa?
-
É obvio que não - murmurou Demétria. Ela tentou se virar para olhar para
Joseph, mas ele não deixou ela se mover. Demétria voltou a acomodar-se sobre
ombro de seu marido e disse -:Meu irmão se vangloria do poder que tem sobre
William.
-
Diga-me, esposa, o que você quer dizer exatamente com isso de Sebastian ser seu
amigo especial - Joseph exigiu.
Demétria
sacudiu a cabeça veementemente.
-
Não posso dizer essas palavras. Seria um pecado.
Joseph
suspirou com exasperação. Sabia de sobra quais eram as preferências do rei, e
fazia tempo que ele imaginava que Sebastian seria mais que um escrivão na corte
de William. Surpreendeu-se, entretanto, que sua inocente esposa tivesse
conhecimento disso.
-
Você terá que confiar em mim a respeito disto, Joseph, quando eu digo que se
trata de um pacto pecaminoso entre meu irmão e nosso rei.
-
Isso não tem importância - replicou Joseph -. Não voltaremos a falar sobre este
assunto, já que faz você se sentir tão incômoda. Eu sei o que você quer dizer
com especial, Demétria. Mas o rei não trairá seus barões. A honra está do meu
lado nesta luta.
-
Você está falando da mesma honra que atou você a um poste na fortaleza de
Sebastian? - perguntou Demétria -. Você tem tanta honra, que confiou que
Sebastian honraria uma trégua temporária, não é?
-
Era um plano cuidadosamente tramado - respondeu Joseph, e sua voz diminuiu
sobre a orelha de Demétria -. Nunca confiei em seu irmão.
-
Sebastian poderia tê-lo matado antes que seus homens conseguissem entrar na
fortaleza, Joseph - replicou Demétria -. Sobre este assunto, você poderia ter
congelado até a norte. Eu, é claro, salvei você. A honra teve muito pouco a ver
com isso.
Joseph
não tentou discutir com ela. Demétria estava enganada, era óbvio, mas ele não
tinha necessidade de desfazer seu engano.
-
Sebastian vai me usar para ferir você.
Aquele
comentário não tinha absolutamente nenhum sentido.
-
Demétria, não há um único barão em toda a Inglaterra que não saiba o que
aconteceu com Miley. Se o rei der as costas à verdade, terá cometido seu
primeiro grande erro. Existem outros barões leais, que ficarão do meu lado.
Todos nós estamos atados ao nosso rei por vínculo de honra, com certeza, mas
ele também deve agir com honra com cada um de nós. Do contrário nosso juramento
de lealdade não significa nada. Tenha fé em mim, Demétria. Sebastian não pode
ganhar esta guerra. Confie em mim, esposa, para saber o que deve ser feito.
Demétria
refletiu por um tempo sobre o que Joseph havia dito e murmurou:
-
Sempre confiei em você, desde aquela noite em que dormimos juntos dentro de sua
tenda. Você prometeu que não tocaria em mim, quando eu dormisse, e eu acreditei
em você.
A
lembrança fez Joseph sorrir.
-
E agora você percebe o absurdo que era, você pensar que eu poderia me
aproveitar sem você que você soubesse?
Demétria
assentiu.
-
Tenho o sono muito profundo, Joseph - brincou.
-
Demétria, não vou permitir que você ignore nosso assunto inicial. Acabo de
confessar que eu amo você. Não tem nada para me dizer de volta? - perguntou
Joseph.
-
Obrigada, marido.
-
Obrigada?
Joseph
gritou a palavra. Sua paciência tinha-se esgotado. Demétria deveria dizer o
quanto ela o amava e o por que demônios ela não sabia como aquilo o enfurecia.
De
repente Demétria se viu deitada sobre suas costas e seu marido estava sobre
ela. O músculo que havia no queixo de Joseph se contraiu, em uma clara
indicação da raiva que ele sentia naquele momento. Ele parecia pronto para
entrar em combate.
Aquilo
não a intimidou nem um pouco. Demétria acariciou suavemente os ombros de
Joseph, e deixou que as palmas de suas mãos fossem descendo lentamente pelos
braços dele. Seu corpo estava rígido. Demétria podia sentir a força do aço sob
seus dedos, e não afastou o olhar de seu marido nem um só instante enquanto
continuava acariciando-o. E embora pudesse sentir o poder que havia dentro
dele, também podia ver a vulnerabilidade em seus olhos. Era um expressão que
Demétria jamais tinha visto nele, mas mesmo assim pôde reconhecê-la. Joseph
parecia estar realmente muito preocupado.
Assim
que Demétria o presenteou com um sorriso cheio de ternura, Joseph deixou de
franzir o cenho imediatamente. Viu o brilho que iluminava os olhos de sua esposa
e aquela era sua resposta. Seu corpo relaxou junto ao dela.
-
Atreve-se a zombar de mim? - quis saber.
-
Não estou zombando de você - disse Demétria -. Você acaba de me dar o presente
mais maravilhoso, Joseph. Eu estou confusa.
Ele
esperou em silêncio para ouvir mais.
-
Você é o único homem que disse que me amava - sussurrou Demétria. Uma tênue
ruga franziu sua testa e acrescentou -: Como eu poderia não amá-lo de volta?
Ela
parecia como se tivesse acabado de perceber esse fato. O suspiro de exasperação
que saiu dos lábios de Joseph foi tão potente que afastou o cabelo de Demétria.
-
Então eu suponho que eu tive muita sorte por Nicholas não ter-lhe dito isso
antes - murmurou depois.
-
Ele disse - avisou Demétria, sorrindo pelo impacto causado por aquela afirmação
-. Mas não considerei essa promessa de amor como a primeira, porque não era
realmente verdade. Seu irmão só tinha uma paixãozinha.
Demétria
se inclinou para cima e beijou Joseph. Ela colocou suas mãos na cintura dele e
o apertou suavemente.
-
Oh, Joseph, eu amo você há tanto tempo. Que tola eu fui ao não perceber isso
antes! Embora deva confessar que esta noite, quando estávamos sentados junto ao
fogo com sua família e seu convidado, percebi isso naquele exato momento. Você
me deu valor, Joseph. Em meu coração, eu sei que sou importante para você.
Joseph
sacudiu a cabeça.
-
Você sempre teve muito valor, Demétria. Sempre.
Os
olhos de Demétria se encheram de lágrimas.
-
É um milagre você me amar. Você me capturou para me usar em seu plano de
vingança contra meu irmão. Não foi assim?
-
Certo - admitiu Joseph.
-
E foi por esta razão que você se casou comigo - afirmou Demétria, franzindo
subitamente o cenho enquanto olhava para seu marido -. Você me amava então?
-
Eu pensei que fosse desejo - respondeu Joseph -. Eu queria me deitar com você -
acrescentou com um sorriso.
-
Vingança e desejo - replicou Demétria -. Tolas razões na melhor das hipóteses,
Joseph.
-
Você esqueceu a compaixão - informou Joseph.
-
Compaixão? Você quer dizer que sentia pena de mim, é isso? - perguntou
Demétria, começando a se sentir um pouco irritada -. Santo Deus, você me ama
porque eu inspiro compaixão em você?
-
Meu amor, você acaba de dar todas as razões que eu dava a mim mesmo.
Demétria
se sentiu muito ofendida por sua risada.
-
Se seu amor estiver apoiado no desejo, na compaixão e na vingança então...
-
Demétria - interrompeu-a Joseph, tratando de acalmá-la -, o que eu disse a você
antes de deixarmos a fortaleza de seu irmão? Você se lembra?
-
Você me disse que era olho por olho - respondeu Demétria.
-
E você me perguntou se eu achava que você pertencesse a Sebastian. Lembra-se de
qual foi minha resposta?
-
Sim, embora não a tenha entendido - disse Demétria -. Você disse que eu
pertencia a você.
-
Eu disse a verdade - disse Joseph, e a beijou apenas para livrá-la de seu olhar
desconfiado.
-
Continuo sem entender - afirmou Demétria, permitindo que Joseph voltasse a
falar.
-
Eu também não entendi - disse Joseph -. Eu pensava em mantê-la comigo, mas não
considerei o casamento até mais tarde. Para falar a verdade, Demétria, foi seu
ato de bondade que selou seu destino.
-
Foi mesmo?
Os
olhos de Demétria voltaram a encher de lágrima. A expressão que havia no rosto
de Joseph era tão carinhosa, tão terna...
-
Foi inevitável do momento em que você esquentou meus pés, embora tenha demorado
um tempo para eu admitir verdade.
-
Você me chamou de tola - disse Demétria, sorrindo daquela lembrança.
Aquele
suave brilho havia voltado a iluminar seus olhos. Já não estava furiosa com
ele. Joseph tinha fingido estar ofendido por sua observação, só para obter uma
reação por parte dela.
-
Eu nunca chamei você disso. Foi outra pessoa quem o fez, e agora mesmo vou
desafiá-lo imediatamente.
Demétria
riu.
-
Foi você, barão. Mas eu já o perdoei. Além disso, eu chamei você de muitas
coisas feias.
-
Você fez isso? Eu nunca ouvi nenhuma delas - disse Joseph -. Quando você me
chamou todas essas coisas?
-
Quando você dava as costas, naturalmente.
Ela
parecia tão inocente que o sorriso de Joseph se acentuou.
-
Um destes dias, sua obsessão por dizer a verdade terminará colocando você em
uma boa confusão - disse-lhe, e voltou a beijá-la antes de continuar falando -.
Mas eu estarei do seu lado para protegê-la.
-
Da mesma maneira em que eu sempre protegerei você - disse Demétria -. É minha
obrigação como esposa.
Ela
voltou a rir da expressão de incredulidade no rosto dele.
-
Você não me assusta - ela se vangloriou -. Agora que tenho seu amor não
voltarei a te ter medo de você.
Ela
parecia soar presunçosa, então ele disse: - Eu sei.
Demétria
riu por causa de tom desesperado de sua voz.
-
Eu quero ouvir, mais uma vez, que você dizer que me ama - exigiu Joseph.
-
Que pedido mais arrogante você está ordenando - sussurrou Demétria -. Eu amo
você com todo meu coração, Joseph. – Beijou seu queixo -. Eu daria minha vida
por você, marido - acariciou seu lábio inferior com a ponta da língua -. E
sempre o amarei.
Joseph
grunhiu de prazer e começou a fazer amor devagar e com uma imensa doçura.
-
Joseph?
-
Sim, meu amor?
-
Quando você percebeu que me amava?
-
Durma, Demétria. Já está quase amanhecendo.
Ela
não queria dormir. Demétria não queria que aquela noite gloriosa terminasse
nunca, e começou a acomodar, deliberadamente, suas costas sobre o estômago de
Joseph. Os dedos de seus pés se curvaram sobre as pernas dele.
-
Por favor, me diga exatamente quando foi.
Joseph
suspirou. Sabia que Demétria não ficaria quieta até que ele dissesse.
-
Hoje.
-
Hum - disse Demétria.
-
Hum, o quê? - perguntou Joseph.
-
Agora você está começando a fazer sentido - explicou Demétria.
-
Pois você não está fazendo sentido - devolveu Joseph.
-
Você foi o único que agiu de forma imprevisível durante todo o dia. Se quiser
que eu diga a verdade, você me deixou um pouco preocupada. Hoje quando?
-
Quando o quê?
-
Quando percebeu exatamente que me amava? - perguntou Demétria, que não estava
disposta a se dar por vencida tão facilmente.
-
Quando eu pensei que meu cavalo fosse matar você.
-
Silenus? Pensou que Silenus ia me fazer mal?
Ele
ouviu o assombro em sua voz. Sorriu por cima do alto da cabeça de Demétria. Sua
esposa continuava sem ter nem ideia do terror que ela havia feito ele sentir.
-
Joseph?
Joseph
gostava de muito da maneira com que Demétria sussurrava seu nome, quando queria
alguma coisa dele. Era um som terno, suplicante e terrivelmente sensual.
-
Você estragou meu cavalo. Era isso o que eu estava contando no salão, quando
você adormeceu no meu colo.
-
Não o estraguei - protestou Demétria -. Eu só lhe dei um pouco de carinho e
ternura. O afeto não pode fazer mal algum, pode?
-
O afeto pode causar minha morte se você não me deixa descansar - respondeu
Joseph com um bocejo -. Você se converteu em uma moça insaciável - acrescentou,
fingindo suspirar -. Você me deixa sem forças.
-
Obrigada.
-
Você pode dispor de Silenus para seu uso próprio.
-
Silenus? Meu? - Ela parecia tão ansiosa como uma criança.
-
Agora o animal é leal a você. Você reduziu meu grande garanhão em um cordeiro.
Minha vida nunca mais será a mesma.
-
O que eu mudei em sua vida?
Joseph
fingiu não ter ouvido a pergunta de Demétria e a fez virar até ficar frente a
frente com ele. Então ele a olhou longamente.
-
E agora me escute bem, minha esposa Você não montará Silenus até que tenha
recebido a instrução adequada. Você me entendeu?
-
O que o faz pensar que não recebi a instrução adequada? - perguntou Demétria.
Não tinha recebido instrução alguma, é obvio, mas mesmo assim acreditava ter
sabido esconder aquele defeito. Mas seu marido era mais ardiloso do que ela
imaginava.
-
Apenas prometa isso para mim - Joseph exigiu.
-
Eu prometo. - Demétria já tinha começado a mordiscar o lábio inferior, quando
um súbito pensamento começou a importuná-la -. Você não vai mudar de ideia pela
manhã, vai?
-
Claro que não. Agora Silenus é seu.
-
Não estava falando de Silenus.
-
Sobre o quê, então?
Ela
parecia um pouco preocupada. Joseph franziu o cenho até que Demétria sussurrou
seu medo.
-
Não vai mudar de ideia sobre me amar, vai?
-
Nunca.
Ele
a beijou para provar sua promessa, e depois fechou os olhos e se deitou sobre
as costas, totalmente disposto a dormir. Ele estava exausto.
-
Você não se lembrou de nadar em seu lago esta noite. Isso foi muito
imprevisível de sua parte.
Quando
ele não fez nenhum comentário a respeito, Demétria insistiu.
-
Por que não foi nadar?
-
Porque estava malditamente frio.
Era
uma resposta razoável, ainda que estranha vinda de Joseph. Demétria sorriu para
si mesma. Como ela o amava!
-
Joseph? Você gostou de fazer amor comigo junto ao fogo? Já sabe, quando me
beijou...ali?.
Sua
voz soou tímida, mas também cheia de curiosidade.
-
Sim, Demétria. Seu sabor é tão doce como o mel.
A
lembrança do sabor de Demétria já o deixava profundamente excitado, e Joseph se
assustou diante do desejo que podia sentir por sua esposa.
Demétria
ficou de lado e olhou para Joseph. Seus olhos estavam fechados, mas ela sorria
e tinha a expressão satisfeita.
A
mão de Demétria foi abrindo um lento caminho de carícias do queixo até o
estômago de Joseph.
-
E eu vou gostar do seu sabor? - perguntou-lhe em um sussurro enrouquecido.
Antes
mesmo que Joseph pudesse responder, Demétria se inclinou sobre ele e beijou seu
umbigo, sorrindo quando viu como os músculos do estômago se contraiam. Depois a
mão de Demétria foi descendendo lentamente, movendo-se em uma suave carícia que
ia traçando um caminho logo seguido por sua boca e sua língua.
Joseph
deixou de respirar quando a mão de Demétria o pegou.
-
Está tão duro, Joseph, tão quente... - disse ela -. Dê-me seu fogo.
Joseph
esqueceu tudo o que estivesse relacionado com dormir, deixando que sua esposa
tecesse seu mágico feitiço sobre ele. Pensou que sem dúvida era o homem mais
rico do mundo, e tudo porque sua esposa o amava.
E
então não pôde pensar em mais nada.
falta pouquíssimos capítulos para acabar.
so avisando
Posta mais nesse fim de semana por favor !!!!!! Estou amando essa fic
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