domingo, 25 de novembro de 2018

ESPLENDOR DA HONRA Capitulo 1 PARTE 2


O guerreiro assentiu com satisfação. Os soldados de Sebastian realmente eram tão estúpidos como seu senhor. Os rigores do tempo tinham feito que os guardas do portão se retirassem ao interior da fortaleza, deixando o muro desprotegido e vulnerável. O inimigo tinha demonstrado sua debilidade e agora todos morreriam por causa dela.
Joseph transferiu um pouco mais de seu peso à jovem, freando seu progresso com aquela nova carga, enquanto flexionava as mãos, uma e outra vez, tentando dissipar o intumescimento de seus dedos. Não sentia nada nos pés, algo que Joseph sabia ser um mau sinal, embora aceitasse a realidade de que agora não poderia fazer nada a respeito.
Então ouviu um tênue assobio e levantou rapidamente a mão no ar, dando assim o sinal de esperar. Baixou o olhar para a jovem para ver se ela havia percebido sua ação, mantendo sua outra mão preparada para fechar-se rapidamente sobre sua boca, no caso de ela dar a menor indicação de que sabia o que estava acontecendo. Mas a jovem estava muito ocupada lutando com o peso dele, e não parecia ter percebido o fato de estarem irrompendo em seu lar.
Finalmente chegaram a uma estreita entrada e Demétria, acreditando que o prisioneiro estava em um estado perigosamente debilitado, tratou de mantê-lo apoiado no muro de pedra segurando-o com uma mão, enquanto se esforçava em abrir a porta com a outra.
Ao compreender qual era sua intenção, o barão de Wexton se apoiou de boa vontade no muro e a viu equilibra-se com seus trajes, enquanto lutava com a corrente gelada.
Uma vez que conseguiu abrir a porta, a jovem agarrou a mão de Joseph e o guiou apressadamente através da escuridão. Uma corrente de ar gelado formou redemoinhos ao redor deles, enquanto se dirigiam a uma segunda porta que havia no final de um longo e úmido corredor. Demétria a abriu sem perder um instante e fez gestos a Joseph para que ele entrasse.
O quarto em que acabavam de entrar carecia de janelas, mas várias velas acesas dentro dele projetavam uma cálida claridade sobre o santuário. O ar estava bastante carregado. Uma capa de pó cobria o chão de madeira e grossas teias de aranha pendiam do baixo teto, balançando-se lentamente nas vigas. Várias vestimentas de vivas cores que eram utilizadas pelos sacerdotes de visita estavam penduradas em uns quantos ganchos, e um leito de palha tinha sido colocado no centro da pequena área, com duas grossas mantas dobradas junto dele.
Demétria passou o fecho na porta e suspirou com alívio. No momento estavam a salvo. Assinalou o leito a Joseph para que se sentasse nele.
- Quando vi o que estavam fazendo com você, preparei este quarto - explicou enquanto entregava sua roupa -. Meu nome é Demétria e sou... - dispôs-se a explicar a relação que a unia a seu irmão, Sebastian, e logo pensou melhor -. Ficarei com você até que comece a clarear e então ensinarei como sair daqui através de um passadiço secreto. Nem sequer Sebastian sabe que existe.
O barão de Wexton se sentou e dobrou as pernas diante dele, vestindo sua camisa enquanto a escutava. Pensava que o ato de valentia daquela jovem certamente complicaria muito a vida dela, e se viu perguntando a si mesmo como ela reagiria quando percebesse qual era seu verdadeiro plano, e então decidiu que o curso de sua ação não podia ser alterado.
Assim que a cota do guerreiro voltou a estar cobrindo seu enorme peito, Demétria envolveu aqueles ombros com uma das mantas e depois se ajoelhou diante. Jogou-se para trás até ficar apoiada nos saltos de seus sapatos, pediu-lhe com um gesto que estendesse as pernas. Quando ele satisfez o desejo da moça, Demétria estudou seus pés com o cenho franzido pela preocupação. O guerreiro esticou as mãos para suas botas, mas Demétria as deteve.
- Primeiro devemos esquentar seus pés - explicou.
Deu uma profunda inspiração, enquanto refletia sobre qual seria a maneira mais rápida de devolver a vida a seus necessitados membros. Sua cabeça permanecia inclinada, defendendo seu rosto do vigilante olhar do guerreiro.
Demétria agarrou a segunda manta e começou a envolver os pés com ela, e depois sacudiu a cabeça mudando de ideia. Sem oferecer uma única palavra de explicação, Demétria estendeu a manta em cima das pernas de Joseph, tirou sua capa e logo foi subindo lentamente o vestido de cor creme que usava até deixá-lo por cima de seus joelhos. A tira de couro trançada que adornava como cinturão de enfeite, e como passagem para sua adaga, se enganchou na meia túnica verde escura que cobria seu vestido e Demétria dedicou uns minutos para tirar, deixando-a depois junto do guerreiro.
Sua estranha conduta despertou a curiosidade de Joseph e esperou que ela explicasse suas ações. Mas Demétria não disse uma palavra. Tragou ar com outra profunda inspiração, agarrou seus pés e, rapidamente, antes que pudesse pensar duas vezes, ela os colocou debaixo de sua roupa, deixando-os estendidos em cima do calor de seu ventre.
Demétria deixou escapar uma exclamação abafada, quando a pele, fria como o gelo, do guerreiro entrou em contato com o calor de sua carne. Então, ela arrumou bem o vestido e passou os braços por cima dele, estreitando os pés de Joseph contra ela. Seus ombros começaram a tremer, e o guerreiro sentiu como se Demétria estivesse extraindo todo o frio de seu corpo para introduzi-lo no seu.
Era o ato mais desprovido de egoísmo que ele jamais havia presenciado.
A sensibilidade foi retornando rapidamente a seus pés. Joseph sentiu como se milhares de adagas cravassem nas plantas de seus pés, ardendo com uma intensidade que achou difícil deixar de lado. Tratou de mudar de posição, mas Demétria não o permitiu e aumentou a pressão com uma força surpreendente.
- Se houver dor, é bom sinal - disse, falando em um tom tão baixo que sua voz só era um murmúrio apagado -. Não vai demorar a passar. Além disso, tem muita sorte por sentir alguma coisa - acrescentou.
A censura que havia em seu tom surpreendeu Joseph, e sua reação consistiu em elevar uma sobrancelha. Demétria estava levantando o olhar nesse exato instante e teve tempo de entrever sua expressão. Apressou-se em se explicar.
- Se não tivesse agido de maneira tão descuidada, agora não estaria nesta situação - disse -. Só espero que tenha aprendido bem a lição. Não serei capaz de salvá-lo uma segunda vez.
Demétria tinha suavizado seu tom. Inclusive tratou de sorrir para ele, mas foi um pobre esforço na melhor das hipóteses.
- Já sei que acreditava que Sebastian agiria com honra - continuou dizendo -. Esse foi seu grande erro. Sebastian não sabe o que é honra. Lembre-se disso no futuro e possivelmente viva para ver outro ano.
Depois baixou a vista e pensou no elevado preço que pagaria por ter deixado livre o inimigo de seu irmão. Sebastian não precisaria de muito tempo para compreender que era ela quem estava por trás da fuga. Demétria agradeceu com uma oração que Sebastian tivesse saído da fortaleza, porque sua partida proporcionou um tempo a mais para concluir seu próprio plano de fuga.
Em primeiro lugar, teria que se ocupar do barão de Wexton. Uma vez que ele estivesse seguindo seu caminho longe dali, Demétria poderia se preocupar com as repercussões de seu ousado ato. Estava decidida a não pensar nisso agora.
- O feito, feito está - sussurrou, permitindo que toda a agonia e o desespero que estava sentindo ressonassem em sua voz.
O barão de Wexton não respondeu a nenhuma das observações de Demétria, e ela não ofereceu nenhuma explicação adicional. O silêncio foi-se prolongando gradualmente entre eles como um abismo que vai crescendo pouco a pouco. Demétria desejou que ele dissesse algo, alguma coisa para aliviar o desconforto que sentia. Ter os pés do guerreiro aninhando junto dela de uma maneira tão íntima parecia bastante constrangedor, e então percebeu que bastaria com que ele fizesse um mínimo movimento com os dedos dos pés, para que estes roçassem a parte inferior de seus seios. Pensar nisso fez com que ela ruborizasse, e se arriscou a lançar outro rápido olhar para cima, para ver como estava reagindo o guerreiro ao seu estranho método de tratamento.
Ele estava esperando que ela o olhasse, e capturou rapidamente o olhar de Demétria sem que precisasse fazer nenhum esforço para isso. Pensou que os olhos daquela jovem eram tão azuis como o céu no mais claro dos dias, e também disse consigo mesmo que ela não se parecia nada com seu irmão. Advertiu-se que as aparências não significavam nada, no mesmo instante em que sentia como começava a ficar fascinado pela assombrosa inocência do olhar de Demétria. Logo, teve que se lembrar que ela era a irmã de seu inimigo, nada mais e nada menos que isso. Bonita ou não, aquela jovem era seu peão, a cilada com a qual pretendia capturar o demônio.
Demétria olhou em seus olhos e pensou que eram tão cinza e frios como uma de suas adagas. O rosto do guerreiro parecia ter sido esculpido em pedra, porque não havia absolutamente nenhuma emoção ou sentimento nele.
Seus cabelos ligeiramente frisados eram de um castanho escuro e eram muito longos, mas isso não suavizava suas feições. Sua boca transmitia uma impressão de dureza e seu queixo era muito firme; Demétria se fixou em que não havia nenhuma linha nos cantos de seus lábios. O barão de Wexton não parecia o tipo de homem que ria ou sorria. Não, admitiu Demétria com um estremecimento de apreensão, seu aspecto era tão duro e impassível como exigia sua posição. Era um guerreiro acima de qualquer coisa e um barão além disso, e Demétria supôs que não havia lugar em sua vida para risos.
De repente tomou consciência de que não tinha nem a mais remota ideia do que passava pela cabeça do barão. Não saber o que ele estava pensando a preocupou. Tossiu para ocultar seu embaraço, e pensou em voltar a iniciar a conversa. Se ele falasse, então provavelmente ela não se sentiria tão intimidada por sua presença.
- Pensava enfrentar Sebastian sozinho? - perguntou. Esperou sua resposta durante longo tempo, e a continuação de seu silêncio fez com que terminasse suspirando com um súbito incômodo. O guerreiro estava demonstrando ser tão teimoso como estúpido, disse a si mesma. Demétria acabava de lhe salvar a vida e ele não tinha lhe dirigido nem uma única palavra de gratidão. Suas maneiras estavam parecendo ser tão ásperas como sua aparência e sua reputação.
Ela estava assustada. Uma vez que admitiu aquele fato para si mesma, Demétria começou a se irritar. Reprovou-se pela maneira com que tinha reagido ao barão de Wexton, pensando que agora estava se comportando de uma maneira tão estúpida como ele. Aquele homem não havia dito uma única palavra, e, entretanto, ela tremia como uma criança.
Era seu tamanho, decidiu Demétria. Claro, pensou com um assentimento de cabeça. Naquele pequeno quarto, o barão de Wexton se elevava sobre ela, afligindo-a com sua corpulência.
- Nem pense em voltar de novo por Sebastian. Isso seria outro grave erro e pode estar certo de que da próxima vez ele vai matar você.
O guerreiro não respondeu. Depois se moveu, separando lentamente seus pés do calor que Demétria lhes proporcionava. Levou tempo para isso, fazendo com que seus pés fossem baixando pouco a pouco e com deliberada provocação pela sensível pele da parte superior das coxas dela.
Demétria continuou ajoelhada diante dele, mantendo os olhos baixos enquanto ele ia calçando as meias e as botas.
Quando o barão concluiu sua tarefa, elevou lentamente o cinturão trançado que Demétria havia tirado e o sustentou diante dela.
Demétria reagiu, estendendo instintivamente ambas as mãos para aceitar seu cinturão. Enquanto o fazia sorriu, pensando que aquela ação do guerreiro representava algum tipo de oferta de paz, e logo esperou que ele expressasse finalmente sua gratidão.
Então, foi quando o guerreiro agiu com a rapidez de um raio. Agarrou a mão esquerda de Demétria e amarrou rapidamente a tira ao redor de seu pulso. Antes que Demétria tivesse tempo de pensar em se separar dele, o guerreiro passou rapidamente o cinturão ao redor de seu outro pulso e atou uma mão à outra.
Demétria olhou suas mãos com assombro e depois levantou os olhos para ele, com uma confusão gritante neles.
A expressão que havia no rosto dele deu um calafrio de temor que desceu subitamente pela coluna vertebral de Demétria. Sacudiu a cabeça, negando o que estava acontecendo.
E então o guerreiro falou.
- Não vim pelo seu irmão, Demétria - disse -. Vim por você.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

ESPLENDOR DA HONRA Capítulo 1 PARTE 1



Além disso, irmãos,
Atendam a tudo que há
De verdadeiro, de nobre,
De justo, de puro, de.
Amável, de louvável, de
Virtuoso e digno
De louvor; eis o que deve ocupar
Vossos pensamentos.
Epístola aos Filipenses, 4, 8

Inglaterra, 1099

Pretendiam matá-lo.
O guerreiro estava de pé no centro do pátio deserto, com as mãos atadas às costas e presas por uma corda a um poste que tinha sido enfiado no chão atrás de suas costas. Sua expressão estava desprovida de qualquer emoção, enquanto olhava para frente, aparentemente ignorando seus inimigos.
O prisioneiro não tinha oferecido nenhum tipo de resistência, permitindo que seus captores o despissem até a cintura sem nem sequer levantar um punho ou pronunciar uma única palavra de protesto. Sua magnífica capa de inverno, forrada de pele, sua grossa cota, sua camisa de algodão, suas meias e suas botas de couro, tinham-lhe sido arrancadas e jogadas no chão gelado, diante dele. A intenção que guiava seus inimigos não podia ser mais clara. O guerreiro morreria, mas sem que sua morte trouxesse nele nenhuma nova marca para acrescentar ao seu corpo, já marcado pelas cicatrizes de batalha. Enquanto sua ávida audiência olhava, o prisioneiro podia contemplar seus trajes, enquanto ia congelando até morrer.
Doze homens o rodeavam. Com as facas desembainhadas para terem coragem, aqueles homens andavam em círculos ao redor do prisioneiro, zombando dele e gritando-lhe insultos e obscenidades, enquanto seus pés, calçados com botas, chutavam o chão em um esforço por manter a gélida temperatura à distância. Mesmo assim, todos, e cada um deles, se mantinham a uma prudente distância do homem, no caso de seu dócil prisioneiro mudar subitamente de ideia e decidir se liberar de suas amarras e atacá-los. Não lhes restava nenhuma dúvida de que ele era perfeitamente capaz de tal façanha, porque todos tinham escutado as histórias que se contavam de sua força hercúlea. Alguns, inclusive, tinham podido presenciar, em uma ou duas ocasiões, as tremendas proezas que ela era capaz de fazer no curso de uma batalha. E se o prisioneiro se livrasse das cordas que o prendiam ao poste, os homens seriam obrigados a utilizar suas facas, mas não antes de o guerreiro ter enviado três, possivelmente, até mesmo, quatro deles, à morte.
O líder do grupo de doze homens não podia acreditar em sua boa sorte. Tinham capturado o Lobo e não demorariam a presenciar sua morte.
Que engano tão terrível tinha cometido seu prisioneiro ao deixar-se arrastar pela temeridade! Sim, Joseph, o poderoso barão dos feudos de Wexton, tinha entrado na fortaleza de seu inimigo cavalgando completamente só, e sem levar consigo uma única arma com a qual pudesse se defender. Tinha cometido a insensatez de acreditar que Sebastian, um barão assim como ele em título, honraria a trégua temporária que havia entre eles.
Tem que estar muito satisfeito com sua própria reputação, pensou o líder deles. Realmente devia se achar tão invencível como afirmavam ser naquelas histórias de grandes batalhas, que até tinham chegado a exagerar em sua figura. Sem dúvida, essa era a razão para o barão de Wexton parecer se sentir tão pouco preocupado pelas terríveis circunstâncias nas quais se encontrava agora.
Uma vaga sensação de inquietação foi-se infiltrando, pouco a pouco, na mente do líder, enquanto contemplava seu prisioneiro. Tinham-no despojado de toda sua coragem, fazendo em farrapos o emblema que proclamava seu título e sua dignidade, e assegurando-se de que não ficasse nem um só vestígio do nobre civilizado. O barão Sebastian queria que seu prisioneiro morresse sem nenhuma dignidade ou honra. E, entretanto, o guerreiro quase nu, que tão orgulhosamente se elevava ante eles, não estava respondendo ao menor dos desejos de Sebastian. O barão de Wexton não estava se comportando como poder-se-ia esperar de um homem que vai morrer. Não, o prisioneiro não suplicava por sua vida ou choramingava pedindo um rápido final. Tampouco tinha o aspecto de um agonizante. Não tinha ficado arrepiado e sua pele não tinha empalidecido, mas sim continuava bronzeada pelo sol e curtida pela exposição à intempérie. Maldição, mas se nem sequer tremia! Sim, eles tinham despido o nobre, e, entretanto, debaixo de todas as capas de refinamento, continuava presente o orgulhoso senhor da guerra, mostrando-se tão primitivo e carente de medo como arejavam todas aquelas histórias que corriam a respeito dele. O Lobo tinha ficado subitamente revelado diante de seus olhos.
As brincadeiras dos primeiros momentos já tinham cessado. Agora só se podia ouvir o barulho do vento que uivava através do pátio. O líder dirigiu sua atenção para seus homens, que permaneciam imóveis formando uma roda de pessoas a uma pequena distância dele. Todos mantinham os olhos cravados no chão. Ele sabia que evitavam olhar seu prisioneiro. Não podia culpá-los por aquela exibição de covardia, mas para ele também era muito difícil o trabalho de olhar diretamente nos olhos do guerreiro.
Joseph, o barão das terras de Wexton, era, ao menos, uma cabeça mais alto que o mais corpulento dos soldados que o custodiavam. Também era igualmente imenso em suas proporções. Com seus grossos e musculosos ombros e coxas, e com suas longas e fortes pernas bem separadas e firmemente plantadas no chão, sua postura indicava que era capaz de matar a todos... No caso de se sentir inclinado a fazer isso.
A escuridão já estava começando a descer sobre a terra, e com ela chegou uma pequena neve. Então os soldados começaram a se queixar do mau tempo que estava fazendo.
- Não temos nenhuma necessidade de morrer de frio junto dele - murmurou um deles.
- Ainda vai demorar horas para morrer - queixou-se outro -. Já faz mais de uma hora que o barão foi embora. Sebastian nunca saberá se ficamos do lado de fora ou não.
Os outros estavam de acordo com vigorosos grunhidos e assentimentos de cabeça, fazendo vacilar o homem que os controlava. O frio também estava começando a irritá-lo. Sua inquietação crescia aos poucos, porque a princípio tinha estado firmemente convencido de que o barão de Wexton não se diferenciava em nada dos outros homens. Tinha certeza de que àquela altura já teria caído, e agora estaria gritando bastante atormentado. A arrogância daquele homem o enchia de fúria. Por Deus, ele parecia aborrecido com a presença deles!
Viu-se obrigado a admitir que havia subestimado seu oponente. A admissão, que não era nada fácil, fez com que a raiva se apoderasse dele. Seus próprios pés, protegidos daquele clima terrível por grossas botas, ainda assim estavam uivando de agonia, e, entretanto o barão de Wexton estava descalço e não tinha se mexido nem trocado de posição desde que o ataram ao poste. Possivelmente sim, haveria algo de verdadeiro nos relatos.
Amaldiçoou sua supersticiosa natureza, ordenando a seus homens que se retirassem para o interior. Quando o último deles partiu, o vassalo de Sebastian comprovou que a corda estava bem presa e depois foi para seu prisioneiro e plantar-se diante dele.
- Dizem que é tão ardiloso como um lobo, mas não é mais que um homem e não demorará a morrer como tal. Sebastian não quer que tenha feridas de faca recentes sobre sua pessoa. Quando a manhã chegar, levaremos seu corpo a uns quilômetros daqui. Ninguém poderá dizer que foi Sebastian quem esteve por trás disto. - O homem pronunciou aquelas palavras em um tom zombeteiramente depreciativo, sentindo-se cheio de fúria ao ver que seu prisioneiro nem sequer se dignava baixar o olhar para ele, e acrescentou -: Se fosse possível fazer as coisas da minha maneira, tiraria seu coração e terminaria logo com isso - acrescentou, e então acumulou saliva dentro de sua boca para jogá-la na face do guerreiro, esperando que aquele novo insulto, por fim, ganhasse algum tipo de reação.
E então o prisioneiro baixou lentamente o olhar para ele. Os olhos do barão de Wexton se encontraram com os de seu inimigo. O que o homem que comandava aqueles soldados viu neles fez com que tragasse saliva ruidosamente, enquanto se apressava a retroceder assustado. Fez o sinal da cruz, em um insignificante esforço por manter afastada a escura promessa que tinha lido nos olhos cinza do guerreiro, e murmurou consigo mesmo que ele só estava cumprindo a vontade de seu senhor. E depois correu para o amparo do castelo.
Das sombras que se estendiam junto ao muro, Demétria olhava. Deixou que transcorressem uns poucos minutos a mais para ter a certeza de que nenhum dos soldados de seu irmão iria voltar; empregou da maneira mais apropriada esse tempo para rezar, pedindo a coragem necessária para poder chegar a ver como seu plano terminaria de forma satisfatória.
Demétria estava arriscando tudo com aquele plano. Sabia que não havia nenhuma outra escolha. Agora ela era a única pessoa que podia salvar o prisioneiro. Demétria aceitaria as responsabilidades e as consequências de seus atos, sabendo muito bem que se sua ação chegasse a ser descoberta, com toda certeza significaria sua própria morte.
Suas mãos tremiam, mas seus passos eram rápidos e decididos. Quanto mais rápido terminasse, tanto melhor para sua paz de seu espírito. Logo teria tempo de sobra para
começar a se preocupar com suas ações, uma vez que aquele prisioneiro tão insensato tivesse sido libertado.
Uma longa capa preta cobria Demétria, completamente, da cabeça aos pés, e o barão não percebeu sua presença até que a teve diretamente diante dele. Uma forte rajada de vento separou o capuz da cabeça de Demétria, e uma juba de cabelos avermelhados caiu até se deter abaixo dos ombros de uma esbelta figura. Demétria separou uma mecha de cabelos de sua face e elevou seu olhar para o prisioneiro.
Por um instante ele pensou que sua mente estava lhe pregando uma peça. Joseph chegou a sacudir a cabeça em uma rápida negativa. Então a voz de Demétria chegou até ele, e Joseph soube que o que estava vendo não era fruto de sua imaginação.
- Em seguida vou soltá-lo - disse Demétria -. Rogo-lhe que não faça nenhum ruído até que nos encontremos longe daqui.
O prisioneiro não podia acreditar no que estava ouvindo. A voz de sua salvadora soava tão clara como a mais pura das harpas, e era tão irresistivelmente atraente como um dos dias quentes de verão. Joseph fechou os olhos, resistindo ao impulso de rir às gargalhadas diante daquele estranho giro dos acontecimentos, enquanto pensava por um instante em lançar o grito de batalha e colocar ponto final ao equívoco; imediatamente rechaçou aquela ideia. Sua curiosidade era muito forte. Resolveu que esperaria um pouco mais, pelo menos até que sua salvadora tivesse revelado quais eram suas verdadeiras intenções.
A expressão do prisioneiro permaneceu inescrutável. Guardou silêncio enquanto a via tirar uma pequena adaga debaixo de sua capa. Estava perto dele o bastante para que Joseph pudesse capturá-la com suas pernas, que estavam livres de amarras; se as palavras que acabavam de sair de seus lábios ao final fossem falsas, ou sua adaga iria para o coração do guerreiro, ou então ele seria obrigado a esmagá-la.
Lady Demétria não tinha nenhuma ideia do perigo que estava correndo. Apenas concentrada em liberar o guerreiro de suas amarras, aproximou-se um pouco mais do seu lado e começou o trabalho de cortar a grossa corda com o fio de sua adaga. Joseph reparou em que suas mãos tremiam, e não pôde concluir se era por causa do frio, ou pelo medo que sentia.
O aroma de rosas chegou até ele. Quando inalou aquela suave fragrância, Joseph decidiu que a gélida temperatura sem dúvida tinha nublado sua mente. Uma rosa em meados do inverno, um anjo dentro daquela fortaleza do purgatório... Nenhuma das duas coisas tinha o mínimo sentido para ele, e, entretanto, aquela jovem cheirava às flores da primavera e parecia uma visão chegada dos céus.
Joseph voltou a sacudir a cabeça. A parte mais lógica de sua mente sabia com toda exatidão quem era aquela jovem. A descrição que tinham-lhe dado dela correspondia com a realidade em cada um de seus detalhes, mas ao mesmo tempo também parecia enganosa. Haviam-lhe dito que a irmã de Sebastian era de estatura mediana e que tinha o cabelo castanho e os olhos azuis Que era muito agradável de se ver, lembrou-se de que tinham-lhe informado isso também. Ah, decidiu então, ali estava a falsidade. A irmã do diabo não era nem agradável nem bonita, posto que era realmente magnífica.
Finalmente a corda cedeu sob a adaga, e as mãos de Joseph foram liberadas. Permaneceu onde estava, com sua expressão bem oculta. A jovem voltou a parar diante dele e o presenteou com um pequeno sorriso, antes de dar meia volta e se ajoelhar sobre o chão para começar a recolher as posses de Joseph.
O medo tornou bem difícil aquela tarefa tão singela. A jovem cambaleou e quase não voltou a se incorporar, mas depois recuperou o equilíbrio e acabou se virando novamente para ele.
- Siga-me, por favor - disse, dando as instruções.
Ele não se moveu, e continuou onde estava, observando e esperando.
Demétria franziu o cenho ante a hesitação do guerreiro, pensando consigo mesma que, sem dúvida, o frio tinha paralisado sua capacidade de pensar. Apertou os objetos dele contra seu peito com uma mão, deixando que suas pesadas botas pendurassem nas pontas de seus dedos, e depois passou seu outro braço pela cintura dele.
- Apoie-se em mim - sussurrou -. Vou ajudá-lo, prometo. Mas por favor, agora temos que nos apressar. Seu olhar estava voltado para as portas do castelo e o medo ressoava em sua voz.
Joseph respondeu ao desespero da jovem. Quis lhe dizer que não precisavam se esconder, já que seus homens estavam escalando os muros naquele mesmo instante, mas em seguida mudou de ideia. Quanto menos ela soubesse, melhor para ele quando chegasse o momento.
A jovem apenas chegava ao ombro de Joseph, mas mesmo assim tratou corajosamente de aceitar a carga de uma parte de seu peso, agarrando-o pelo braço e apressando-se a passar por cima dos ombros.
- Iremos ao alojamento do sacerdote visitante atrás da capela - disse em um suave murmúrio -. É o único lugar no qual nunca eles nunca pensarão em olhar.
O guerreiro não prestou muita atenção no que ela estava dizendo. Seu olhar se dirigia para a parte superior do muro norte. A meia lua conferia um fantasmagórico resplendor à frágil neve que estava caindo e mostrava seus soldados, enquanto eles iam escalando o muro. Não se podia escutar um único som, enquanto seus homens iam crescendo rapidamente em número com o passar do caminho de madeira que discorria pelo alto do muro.




eu sei, outra historia de epoca, ainda mais antiga que a outra, mas foi a que ganhou na votaçao que fiz no face, tenho nada com isso....quero comentarios aqui ok!

ESPLENDOR DA HONRA PRÓLOGO


ESPLENDOR DA HONRA
Na corte inglesa medieval, a amável lady Demétria sofre com os cruéis caprichos de seu perverso irmão, o barão Sebastian. Para se vingar de um crime revoltante, o barão Joseph ataca as terras de Sebastian com seus guerreiros. A formosa Demétria foi o prêmio que ele capturou, porém, ao contemplar a orgulhosa e bela dama, ele jura arriscar sua vida para protegê-la. Apesar de seu tosco castelo, Joseph demonstra ser um gentil cavalheiro. Mas quando, afinal, a nobre paixão domina a ambos, Demétria se entrega com toda a alma. Agora, por amor, Demétria enfrentará qualquer coisa, tão corajosamente quanto seu senhor, o poderoso e combativo Lobo.





AND START....LET'S GO1

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O Diário Secreto da Senhorita Demetria Cheever Capitulo 20 FINAL


—Esta é sua mamãe — sussurrou. — Está muito cansada. Custou grande esforço te fazer sair. Não sei por que. Não é muito grande. —Para demonstrar seu argumento, tocou um de seus pequenos dedos. — Não acho que tenha te visto ainda. Sei que gostaria. A sustentaria abraçaria e te beijaria. Sabe por quê? —enxugou uma lágrima com estupidez. — Porque te ama, essa é a razão. Apostaria que te ama mais do que me ama. E acho que deve me amar bastante porque nem sempre agi como deveria.
Lançou um furtivo olhar a Demetria para garantir que não havia acordado antes de acrescentar.
—Os homens podem ser idiotas. Somos tolos e estúpidos e raramente abrimos os olhos o suficiente para ver as benções que temos na frente de nossas caras. Mas eu te vejo — acrescentou sorridente a filha. — E vejo sua mãe, e espero que seu coração seja o bastante forte para me perdoar pela aquela última vez. Entretanto, acho que sim o é. Sua mamãe tem um grande coração.
O bebê gorjeou, fazendo Adam sorrir de prazer.
—Vejo que está de acordo comigo. É muito inteligente para ter só um dia. Mas claro, não vejo por que teria que me surpreender. Sua mamãe também é muito inteligente.
O bebê fez gorjeios.
—Adulame, princesa. Mas desta vez, deixarei que pense que eu também sou inteligente. — Olhou Demetria e sussurrou. — Só um de nós precisa saber quão idiota fui.
O bebê fez outro som, levando Adam a acreditar que a filha deveria ser a menina mais inteligente de todas as Ilhas Britânicas.
—Quer conhecer sua mãe, princesa? Bom, por que não a apresentamos. —Seus movimentos eram torpes, pois nunca antes tinha sustentado um bebê, mas de algum jeito conseguiu colocar a filha na curva do braço de Demetria. — Aqui vamos. Mmm está quentinha aí, hein? Eu gostaria de mudar meu lugar contigo. Sua mamãe tem uma pele realmente suave. — Alargou a mão e tocou a bochecha do bebê. — Embora não tão suave como a tua. Você, pequena, é assombrosamente perfeita.
O bebê começou a removerse e depois de um momento deixou sair um forte pranto.
—OH, querida — murmurou Adam, completamente perdido. Recolheua e a embalou contra o ombro, tomando grande cuidado em segurar a cabeça como viu sua mãe fazer. — Calma; calma. Shhh. Calma. Está bem.
Era óbvio que suas súplicas não estavam sortindo efeito porque a pequena bramou em seu ouvido.
Bateram na porta e Lady Rudland olhou dentro.
—Quer que a segure, Adam?
Negou com a cabeça, pouco disposto a separarse da filha.
—Acho que tem fome. A ama de leite está no quarto do lado.
—OH. Claro. — Pareceu vagamente envergonhando enquanto entregava o bebê a sua mãe. — Aqui está.
Estava a sós de novo com Demetria. Ela não se moveu para nada durante toda sua vigília, exceto pelo leve movimento de ascensão e descida do peito.
—É de amanhã, Demetria — disse, tomando suas mãos entre as dele novamente e tratando de fazêla voltar a si. — É hora de acordar. Fará? Se não o fizer por você, então faça por mim. Estou terrivelmente cansado, mas você sabe que não posso ir dormir até que você acorde.
Mas não se moveu. Não virou em seu sono e não roncou, estava aterrandoo.
—Demetria — disse, ouvindo o pânico em sua voz. — É suficiente. Ouviu? É suficiente. Necessita...
Derrubouse, incapaz de seguir em frente por mais tempo. Apertou a mão dela e afastou o olhar. As lágrimas nublaram sua visão. Como seguiria em frente sem ela?
Como ele criaria a filha, sozinho? Como saberia que nome lhe pôr? E o pior de tudo, como poderia viver com ele mesmo sabendo que morreu sem ter escutado o quanto a amava?
Com clara determinação, secou as lágrimas e se virou para ela.
—Amo você, Demetria — disse forte, esperando poder penetrar em sua bruma, inclusive embora nunca despertasse. Sua voz soou premente. — Amo você. Você. Não pelo que faz por mim nem pelo que me faz sentir. Simplesmente te amo.
Um leve som saiu dos lábios dela, foi tão suave que a princípio Adam pensou que tivesse imaginado.
—Disse algo? — Seus olhos inspecionaram freneticamente seu rosto, procurando algum sinal de movimento. Os lábios dela tremeram de novo e o coração dele saltou de emoção. — O que foi Demetria? Por favor, só diga outra vez. Não a ouvi da primeira vez.
Aproximou a orelha a seus lábios.
Sua voz era frágil, mas a palavra soou forte e clara.
—Bom.
Adam começou a rir. Não pôde evitar. Como podia Demetria ser tão sábia enquanto se supunha estar em seu leito de morte?
—Ficará bem, não?
O queixo dela só se moveu um milímetro, mas era definitivamente um assentimento.
Dando rédea solta a sua alegria e a seu alívio, correu para a porta e gritou as boas notícias para que o resto da casa as ouvisse. Como era lógico sua mãe, Selena e muitos dos serventes vieram correndo até o corredor.
—Ela está bem — ofegou, sem ter em conta que seu rosto estava úmido pelas lágrimas. — Está bem.
—Adam. — A palavra veio como um grasnido da cama.
—O que foi meu amor?
Ficou ao seu lado.
—Caroline — disse brandamente, usando toda sua força para curvar os lábios em um sorriso. — Chamea Caroline.
Ele levantou a mão dela com as suas e depositou um cortês beijo.
—Caroline será. Deume uma menina perfeita.
—Sempre consegue o que quer — sussurrou ela.
Olhoua com carinho, dandose conta de repente da extensão do milagre que a trouxe de volta da morte.
—Sim — disse roucamente. — Parece que sempre consigo.
*****
Dias depois, Demetria já se sentia melhor. Tal e como pediu, foi levada à cama que ela e Adam compartilharam durante o primeiro mês de casamento. Os arredores a reconfortavam e queria mostrar ao marido que queria um verdadeiro casamento.
Deviam estar unidos. Era simples assim.
Ainda estava de cama, mas havia recuperado grande parte da força e suas bochechas estavam tingidas com um saudável rubor rosado. Embora isso pudesse ser porque estava apaixonada. Demetria nunca havia se sentido daquela forma antes.
Adam parecia não poder dizer duas frases sem mencionar isso e Caroline tirou tanto amor de ambos, que era indescritível.
Selena e Lady Rudland a mimaram em excesso, muito, mas Adam tratava de não deixálas se intrometer muito, querendo a esposa completamente para ele. Estava sentado ao seu lado um dia quando ela despertou de uma sesta.
—Boa tarde — murmurou.
—Tarde de verdade? — Ela deixou escapar um bocejo.
—Passa do meiodia, ao menos.
—Meu Deus. Nunca antes me senti tão descansada.
—Merece isso — assegurou os olhos azuis brilharam com intenso amor. Cada um dos minutos.
—Como está o bebê?
Adam sorriu, ela conseguia fazer essa pergunta dentro do primeiro minuto de qualquer conversa.
—Muito bem. Tem muito bons pulmões, devo dizer.
—É muito doce, não?
Ele assentiu.
—Igual á mãe.
—OH, não sou tão doce.
Ele deu um pequeno beijo no nariz dela.
—Sob esse grande temperamento que tem, é muito doce. Acredite em mim. Eu a saboreei.
Ela ruborizou.
—É incorrigível.
—Sou feliz — corrigiua — verdadeiramente e realmente feliz.
—Adam?
Olhoua atentamente, escutando a excitação na voz dela.
—O que meu amor?
—O que aconteceu?
—Não estou seguro de entender o que quer dizer.
Ela abriu a boca e logo a fechou, obviamente tentando encontrar as palavras certas.
—Por que... De repente se deu conta...?
—De que a amo?
Ela assentiu em silêncio.
—Não sei. Acho que esteve dentro de mim todo este tempo. Só que estava muito cego para ver.
Ela engoliu nervosamente.
—Foi quando quase morri?
Não sabia por que. Mas a ideia de que ele não pudesse darse conta de que a amava antes que fosse separada dele não lhe caiu bem.
Ele negou com a cabeça.
—Foi quando teve Caroline, eu a senti chorar e o som foi tão... Tão... Não posso descrever, mas a amei imediatamente... Oh Demetria, a paternidade é a coisa mais incrível. Quando a tenho em meus braços... Desejaria que pudesse sentir o que significa para mim.
—Creio que seja como a maternidade. — Disse ela inteligentemente. Tocoulhe os lábios com seu dedo indicador.
—Espera um momento. Deixeme terminar minha história. Tenho amigos que têm crianças e eles disseram quão extraordinários era ter uma nova vida que formasse parte de nós, de sua própria carne e sangue. Mas eu... – Clareou a garganta. — Deime conta de que não a amava porque era parte de mim, mas sim a amava porque era parte de você.
Os olhos de Demetria se encheram de lágrimas.
—OH, Adam.
—Não, me deixe terminar. Não sei o que fiz ou disse para te merecer, Demetria, mas agora que a tenho, não vou deixála ir. Amo muito você — engoliu saliva, afogandose com as palavras — Muito.
—OH, Adam, eu também te amo. Sabe disso, não?
Ele assentiu.
—Agradeço por isso. É o presente mais maravilhoso que pude receber.
—Seremos verdadeiramente felizes, não é?
Ele sorriu vacilante.
—Além do imaginável, amor, além do imaginável.
—E teremos mais filhos?
A expressão dele se tornou severa.
—Só com a condição de que não volte a me dar outro susto como este. Além disso, o melhor caminho para evitar os filhos é a abstinência e não acho que possa ser capaz de conseguir isso.
Ela ruborizou, mas também disse:
—Bom.
Aproximouse dela e lhe deu um beijo tão apaixonado quanto provocador.
—Devo deixála descansar — disse a contra gosto afastandose dela.
—Não, não. Por favor, não vá. Não estou cansada.
—Está segura?
Que maravilhoso era ter alguém cuidando dela.
—Sim, estou segura. Mas queria que me trouxesse algo. Se não importar?
—Claro que não. O que é?
Ela assinalou com o dedo.
—Há uma caixa coberta de seda em minha escrivaninha na sala de estar.
Dentro há uma chave.
Adam levantou as sobrancelhas interrogativamente, mas seguiu as instruções.
—A caixa verde? — Perguntou.
—Sim.
—Aqui está — disse enquanto voltava para o quarto trazendo a chave.
—Bem. Agora se voltar para minha escrivaninha, encontrará uma grande caixa de madeira na parte traseira da gaveta.
Ele voltou para a sala de estar.
—Aqui tem. Deus, como pesa. O que tem aqui? Pedras?
—Livros.
—Livros? Que tipo de livros é tão apreciado para têlos sob chave?
—São meus diários.
Reapareceu, carregando a caixa com ambas as mãos.
—Seus diários? Nunca soube.
—Foi sua sugestão.
Ele se virou.
—Não foi.
—Sim foi. Quando nos conhecemos. Falei a respeito de Fiona Bennet e de quão horrível era e me disse que escrevesse um diário.
—Fiz?
—Mmmmmm. E lembro exatamente tudo o que me disse. E te perguntei por que devia ter um diário e me disse: "porque algum dia crescerá interiormente e será tão bela como agora é inteligente. E então poderá voltar a olhar seu diário e se dar conta de quão tolas são as meninas pequenas como Fiona Bennet. E rirá quando recordar que sua mãe dizia que suas pernas começavam dos ombros. E talvez reserve algum sorriso para mim quando lembrar o bonito batepapo que tivemos hoje".
Ele a olhou impressionado, feixes de lembranças vieram a ele.
—E você disse que guardaria um grande sorriso para mim.
Ela assentiu.
—Memorizei palavra por palavra. Foi à coisa mais doce que ouvi de alguém.
—Meu Deus, Demetria — respirou reverente. — De verdade me ama, não é assim?
Ela assentiu.
—Desde aquele dia. Traga a caixa aqui.
Deixou a caixa sobre a cama e lhe deu a chave. Ela abriu a caixa e tirou alguns livros. Alguns deles eram de pele de couro e alguns outros estavam encapados com um tecido floral de menina, mas ela pegou o mais simples de todo um pequeno caderno parecido aos que ele costumava usar quando era estudante.
—Este foi o primeiro — disse ela, passando os dedos na capa de modo reverente. — De verdade te amei todo este tempo. Veja.
Ele olhou a primeira página.
2 DE MARÇO DE 1810.
Hoje me apaixonei.
Uma lágrima brotou dos olhos dele.
—Eu também, meu amor, eu também.
FIM


tem uma enquete no grupo do blog no face sobre a proxima fic.. encerra hoje, entao quem nao votou, vai la, amanha digo qual a fic escolhida.
bjemi