Dois dias mais tarde,
Adam parecia continuar um pouco aturdido.
Demetria não tinha
tentado falar com ele, nem sequer se aproximou, mas de vez em quando o pegava
olhando‐a com expressão insondável. Sabia que o deixou agitado uma vez que
ele nem sequer tinha a presença de ânimo de afastar o olhar quando seus olhos
se encontravam. Só ficava olhando fixamente durante um longo tempo, então piscava
e se afastava.
Demetria continuava
esperando que em algum momento assentisse.
Não obstante, deu um
jeito de não estar no mesmo lugar ao mesmo tempo durante a maior parte do fim
de semana. Se Adam saía para cavalgar, Demetria explorava a estufa. Se Demetria
dava um passeio pelos jardins, Adam jogava cartas.
Realmente
civilizados. Muito adultos.
E, pensava mais de
uma vez, totalmente dilacerador.
Não se viam nas
refeições. Lady Chester se orgulhava de suas habilidades como casamenteira, e
posto que fosse impensável que Adam e Demetria se envolvessem romanticamente,
não os colocava perto. Sempre estava rodeado por um grupo de jovens e preciosas
jovenzinhas, e Demetria a maioria das vezes se via relegada a fazer companhia a
viúvas da terceira idade. Imaginava que Lady Chester não tinha muito boa opinião
sobre sua habilidade para apanhar um marido desejável. Em troca, Selena estava
sempre sentada com três homens extremamente atraentes e ricos, um a direita,
outro a esquerda e outro do outro lado da mesa.
Demetria aprendeu
bastante sobre remédios caseiros para a gota.
Lady Chester,
entretanto, deixou os casais ao azar para um de seus planejados eventos, e
aquele era a busca anual do tesouro. Os convidados deveriam procurar em equipes
de dois. E já que o objetivo de cada convidado era casar ou embarcar em uma aventura
(dependendo, é obvio do status marital de cada um), cada equipe seria formada
por um homem e uma mulher. Lady Chester escreveu os nomes dos convidados em
pedacinhos de papel e colocou todas as damas em uma bolsa e os cavalheiros em
outra.
Naquele momento
estava colocando a mão em uma daquelas bolsas. Demetria sentiu desejos de
vomitar.
—Sir Anthony Waldove
e... — Lady Chester introduziu a mão na outra bolsa.
— Lady Rudland.
Demetria soltou o ar,
sem se dar conta de que até esse momento esteve contendo o fôlego. Faria
qualquer coisa para ser par do Adam e tudo para evitar.
—Pobre mamãe —
sussurrou Selena em seu ouvido. — Sir Anthony Waldove é bastante lerdo. Ela que
terá que fazer todo o trabalho.
Demetria levou um
dedo aos lábios.
—Pode nos ouvir.
—O senhor William
Fitzhugh e... a senhorita Charlotte Gladdish.
—Com quem deseja
formar par? — perguntou Selena.
Demetria deu um
encolher de ombros. Se não fosse atribuída a Adam, realmente não importava.
—Lorde Adam e... — o
coração de Demetria deixou de pulsar... — Lady Selena
Bevelstoke. Não é
doce? Levamos fazendo isto cinco anos e esta é nossa primeira equipe irmão e
irmã.
Demetria começou a
respirar outra vez, sem estar segura de se estava decepcionada ou aliviada.
Selena, entretanto,
não tinha dúvidas de seus sentimentos.
—Que desastre! —
murmurou, em seu tipicamente assassinado francês. Todos esses cavalheiros, e me
coloca com meu irmão. Quando terei outra oportunidade que me permita vagar por
aí sozinha com um cavalheiro? É uma pena, digo‐lhe isso, uma pena.
—Poderia ser pior —
disse Demetria pragmática. — Nem todos os cavalheiros que estão aí são, é...,
Cavalheiros. Ao menos sabe que Adam não tentará te violar.
—É pouco consolo, lhe
garanto.
—Livvy...
—Shhh, acabam de
nomear lorde Westholme.
—E quanto às damas...
—Lady Chester estava emocionada. — A senhorita Demetria Cheever!
Selena lhe deu uma
cotovelada.
—Que sorte!
Demetria só deu um
encolher de ombros.
—OH, não aja como uma
tola — repreendeu Selena. — Não acha que é divino?
Daria meu pé esquerdo
por estar em seu lugar. Diga‐me, por que não trocamos de lugar? Não há regras contra isso. E
depois de tudo, você gosta do Adam.
Só que muito, pensou Demetria
com tristeza.
—E então? Fará? A
menos que também esteja de olho em lorde Westholme?
—Não — respondeu Demetria,
tentando não soar consternada. — Não, claro que não.
—Então vamos trocar —
disse Selena excitada.
Demetria não sabia se
devia aproveitar a oportunidade ou correr para o quarto e esconder‐se
no armário. De qualquer forma, não tinha nenhuma boa desculpa para negar à
petição de Selena. Livvy certamente iria querer saber por que não queria ficar
a sós com Adam. E então o que diria? É apenas que disse a seu irmão que o amava
e receio que ele me odeie? Não posso ficar a sós com Adam porque receio que
tente me violar? Não posso ficar a sós com ele porque tenho medo de tentar
violá‐lo?
O pensamento a fez
querer rir. Ou chorar.
Mas Selena estava
olhando‐a espectadora, daquela maneira que Selena havia aperfeiçoado à
idade de, oh, três anos, e Demetria se deu conta de que na realidade não
importava o que dissesse ou fizesse, terminaria sendo o par de Adam.
Não é que Selena
fosse uma mimada, embora possivelmente fosse um pouco.
Era só que qualquer
tentativa por parte de Demetria para evitar o assunto se encontraria com uma
pergunta tão precisa e tão persistente que era provável que terminasse
revelando tudo.
Caso no qual teria
que fugir do país. Ou ao menos, encontrar uma cama onde esconder‐se.
Durante uma semana.
Assim suspirou. E
assentiu. E pensou na parte boa e em dias melhores, e deduziu que nenhum era visível.
Selena lhe agarrou a
mão e deu um apertão.
—OH, Demetria,
obrigada!
—Espero que Adam não
se importe — disse Demetria com cautela.
—Oh, não se
importará. Provavelmente ficará de joelhos e agradecerá por não ter que passar
a tarde inteira comigo. Acha que sou infantil.
—Não é verdade.
—Sim é. Frequentemente
me diz que deveria ser mais como você.
Demetria se virou
surpreendida.
—Sério?
—Sim. —Mas a atenção
de Selena tinha retornado à Lady Chester, quem estava completando a tarefa de
unir homens e mulheres. Quando finalizou, os homens se levantaram para procurar
suas companheiras.
—Demetria e eu
trocamos de lugares! —exclamou Selena quando Adam se aproximou. — Não se
importa, não é?
—Claro que não —
disse.
Mas Demetria não
teria apostado sequer um quarto de penny a que estava dizendo a verdade. Depois
de tudo, o que outra coisa podia dizer?
Lorde Westholme
chegou pouco depois, e embora fosse o suficientemente educado para tentar
ocultar, parecia encantado com a mudança.
Adam não disse nada.
Selena lançou a Demetria
um perplexo cenho, o qual Demetria ignorou.
—Aqui está sua
primeira pista! — gritou Lady Chester. — Poderiam os cavalheiros, por favor,
aproximarem‐se e pagar seus envelopes?
Adam e Lorde
Westholme caminharam até o centro do aposento e retornaram alguns segundos
depois com envelopes brancos.
—Vamos abrir o nosso
lá fora — disse Selena a lorde Westholme, lançando um breve e malicioso sorriso
a Adam e Demetria. — Eu não gostaria que ninguém nos espiasse enquanto
discutimos nossa estratégia.
Aparentemente, o
resto de competidores teve a mesma ideia, porque um instante depois, Adam e Demetria
se encontraram em total solidão.
Ele respirou fundo e
plantou as mãos nos quadris.
—Eu não pedi a ela
que trocasse — disse Demetria com rapidez. — Selena pediu que eu trocasse com
ela. — Ele elevou uma sobrancelha. —Não fui eu! — protestou.
— Livvy está
interessada em Lorde Westholme e acha que você pensa que ela é uma criança.
—É uma criança.
Naquele instante Demetria
não se sentiu particularmente inclinada a dissentir, mas ainda assim disse:
—Dificilmente poderia
saber o que fazia quando nos juntou.
—Poderia ter se
negado a trocar — disse ele sem rodeios.
—Oh? Argumentando o
que? — exigiu Demetria irritada. Ele não tinha por que estar tão aborrecido
porque acabaram como companheiros. — Como sugere que explique a ela que não
podemos passar a tarde juntos?
Adam não respondeu
por que não tinha resposta, supôs. Simplesmente deu meia volta sobre os
calcanhares e saiu com passo irado do recinto.
Demetria o observou
um momento, e então, quando se fez aparente que não tinha intenções de esperá‐la,
deixou escapar um pequeno ofego e se apressou atrás dele.
—Adam, não corra
tanto!
Ele parou em seco, os
movimentos de seu corpo mostravam claramente sua impaciência para ela.
Quando Demetria
chegou a seu lado, o rosto dele sustentava uma aborrecida e incomoda expressão.
—Sim? — disse
alargando a palavra.
Demetria fez o que
pôde para controlar‐se.
—Podemos ao menos ser
civilizado um com o outro?
—Não estou zangado
contigo, Demetria.
—Bom, certamente
finge muito bem.
—Estou frustrado —
disse de uma forma que ela estava totalmente segura de que ia destinar a chocá‐la.
E logo se queixou. — De muitas formas que poderia imaginar.
Demetria podia
imaginar, fazia isso frequentemente e ruborizou.
—Abra o envelope,
sim? — murmurou.
Ele o estendeu, e ela
o rasgou.
—Encontrem sua
seguinte pista sob um sol em miniatura — leu.
Ela o olhou. Ele nem
sequer estava olhando‐a. Não é que não estivesse olhando‐a em particular, era só que
estava olhando ao vazio, parecendo como se estivesse em outra parte.
—A estufa de laranjas
— declarou ela, quase sem se importar se ele ia participar ou não. — Sempre
pensei nas laranjas como pequenas peças de sol.
Ele assentiu
bruscamente e fez um gesto com o braço para que ela fosse em frente. Mas havia
algo bastante descortês e condescendente em seus movimentos, Demetria sentiu
uma entristecedora urgência de apertar os dentes e grunhir enquanto se
adiantava com passo irado.
Sem dizer uma
palavra, saiu da casa para a estufa. Realmente ele não podia esperar que
acabasse de uma vez com aquela maldita busca do tesouro, verdade?
Bom, ela ficaria
feliz de satisfazê‐lo. Era o suficientemente inteligente; aquelas pistas não deveriam
ser muito difíceis de decifrar. Poderiam estar de volta em seus respectivos
aposentos em uma hora.
Em efeito,
encontraram uma pilha de envelopes sob uma laranjeira. Sem uma palavra, Adam se
inclinou para pegar um e o estendeu.
Com igual silêncio, Demetria
rasgou o envelope. Leu a pista e logo passou ao
Adam.
OS
ROMANOS PODERÃO TE AJUDAR A ENCONTRAR A SEGUINTE PISTA.
Se estava ficando
irritado por seu silencioso comportamento, não demonstrou.
Só dobrou o pedaço de
papel e a olhou com expressão de aborrecida espera.
—Está sob um arco —
disse ela em tom prático. — Os romanos foram os primeiros em usá‐los
como arquitetura. Há vários no jardim.
Assim foi. Dez
minutos depois, recolheu outro envelope.
—Sabe quantas pistas
temos que conseguir antes de finalizar? — perguntou Adam.
Era a primeira frase
desde que havia começando, e concernia a quando se livraria dela. Demetria
apertou os dentes ante o insulto, negou com a cabeça e abriu o envelope. Tinha que
permanecer serena. Se o deixasse fazer sequer uma brecha em sua fachada,
romperia completamente em pedaços. Dominando seus traços para permanecer
impassíveis, tirou a parte de papel e leu:
—Precisarão caçar
para a próxima prova.
—Algo relacionado com
a caça, supõe — disse Adam.
Ela elevou as
sobrancelhas.
—Decidiu participar?
—Não seja mesquinha, Demetria.
Ela deixou sair o ar,
irritada e decidiu ignorá‐lo.
—Há um pequeno
pavilhão de caça ao Leste. Levará a menos quinze minutos caminhar até lá.
—E como descobriu
esse pavilhão?
—Estive caminhando um
pouco.
—Sempre que estou
dentro de casa, suponho.
Demetria não viu
razão para negar aquela declaração. Adam semicerrou os olhos para o horizonte.
—Acha que Lady
Chester nos enviaria tão longe da casa principal?
—Até agora não me
equivoquei — replicou Demetria.
—É verdade — disse
com um aborrecido encolhimento de ombros. — Vamos.
Caminharam
penosamente entre as árvores durante dez minutos quando
Adam lançou um
duvidoso olhar ao céu escurecido.
—Parece que vai
chover — disse laconicamente.
Demetria levantou o
olhar. Estava certo.
—O que quer fazer?
—Agora?
—Não, na próxima
semana. É obvio que agora, imbecil.
—Imbecil? — Sorriu
seus brancos dentes quase a cegaram. — Me fere.
Demetria semicerrou
os olhos.
—Por que de repente
está sendo tão agradável comigo?
—Estava? — murmurou,
e ela se sentiu mortificada. — OH, Demetria, talvez eu goste de ser agradável
contigo — continuou, com um condescendente suspiro.
—Talvez não.
—Talvez sim — disse.
— E talvez às vezes, você simplesmente torna as coisas difíceis.
—Talvez — disse com
igual arrogância, — chova, e deveríamos nos mover.
Um trovão abafou sua
última palavra.
—Talvez tenha razão —
respondeu Adam, fazendo uma careta ao céu. —
Estamos mais perto do
pavilhão ou da casa?
—Do pavilhão.
—Então vamos andar
depressa. Eu não gostaria de ser apanhado em uma tempestade com relâmpago no
meio do bosque.
Demetria não pôde
discordar, apesar de sua preocupação pela propriedade, assim começou a caminhar
mais rápido para o pavilhão de caça. Mal andaram dez metros quando caíram as
primeiras gotas de chuva. Outros dez metros e era um aguaceiro torrencial.
Adam a agarrou pela
mão e começou a correr, arrastando‐a pelo caminho.
Demetria ia
tropeçando atrás dele, perguntando‐se se servia de algo, posto
que já estivessem encharcados até os ossos.
Poucos minutos depois
se encontraram frente ao pavilhão de caça de dois aposentos. Adam segurou a
maçaneta e virou, mas a porta não se moveu.
—Que droga! —
murmurou.
—Está fechada? —
perguntou Demetria batendo os dentes.
Ele assentiu
bruscamente com a cabeça.
—O que vamos fazer?
Ele respondeu batendo
o ombro contra a porta.
Demetria mordeu o
lábio. Isso tinha que doer. Tentou uma janela. Fechada.
Adam voltou a
empurrar a porta.
Demetria caminhou
pelo lado da casa e tentou outra janela. Com um pequeno esforço a deslizou para
cima. Ao mesmo tempo, ouviu Adam cair do outro lado da porta. Por um momento Demetria
considerou engatinhar através da janela de todas as maneiras, mas em seguida
decidiu ser magnânima e a desceu. Ele teve por um montão de problemas para
derrubar a porta. O mínimo que ela podia fazer era deixá‐lo acreditar
que era seu cavalheiro da brilhante armadura.
—Demetria!
Ela voltou correndo
para frente.
—Estou aqui. —
Apressou‐se para o interior da casa e fechou a porta atrás dela.
—Que diabo, estava
fazendo lá fora?
—Sendo uma pessoa
muito mais amável do que poderia imaginar — murmurou, desejando nesse momento
ter cruzado a janela.
—Hein?
—Só estava dando uma
olhada — disse. — Estragou a porta?
—Não muito. Embora o
ferrolho de segurança esteja quebrado.
Ela fez uma careta de
dor.
—Machucou o ombro?
—Estou bem. —Tirou o
empapado casaco e o pendurou em um gancho que havia na parede. — Tire isso... —
Com um gesto indicou o leve casaco. — Seja lá como chama isso.
Demetria colocou os
braços ao redor do corpo e negou com a cabeça.
Ele lhe dirigiu um
olhar impaciente.
—É um pouco tarde
para modéstias de donzela.
—Poderia entrar
alguém a qualquer momento.
—Duvido — disse. —
Imagino que todos estão a salvo e quentes no estúdio de
Lorde Chester, observando
as cabeças que estão penduradas na parede.
Demetria tentou
ignorar o nó que acabava de se formar na garganta. Tinha esquecido que Lorde
Chester era um ávido caçador. Inspecionou rapidamente o aposento. Adam estava
certo. Não havia nenhum a vista. Não era provável que alguém tropeçasse com
eles logo, e pelo que se via lá fora, a chuva não tinha intenção de amainar.
—Por favor, me diga
que não é uma dessas damas que escolhem a modéstia acima da saúde.
—Não, claro que não.
— Demetria tirou o casaco e o pendurou no gancho próximo ao dele. — Sabe como
acender o fogo? —perguntou.
—Sempre que tivermos
lenha seca.
—OH, mas deve haver
alguma por aqui. Depois de tudo, é um pavilhão de caça
— levantou a cabeça e
olhou Adam com olhos esperançados. — A maioria dos homens não gosta de estar
aquecidos enquanto caçam?
—Depois que caçam —
corrigiu distraidamente enquanto procurava lenha. — E a maioria dos homens,
incluindo Lorde Chester, crê ser preguiçosa o suficientemente para preferir a
curta viagem de volta à casa principal do que esforçar‐se
em acender um fogo aqui.
—OH — Demetria
permaneceu quieta por um momento, observando como ele se movia pelo recinto.
Então disse. — Vou ao outro cômodo para ver se há roupa seca que possamos usar.
—Boa ideia. —Adam
observou suas costas enquanto ela desaparecia de sua vista. A chuva havia
colocado a camisa ao corpo dela e pôde ver os quentes e rosados tons da pele
através do tecido úmido. Suas partes baixas, que estavam incrivelmente geladas
devido à chuva, ficaram quentes e duras com notável velocidade. Amaldiçoou e em
seguida começou a levantar a tampa de uma arca de madeira para procurar madeira.
Deus misericordioso,
o que fez para merecer aquilo? Se lhe dessem uma pluma
e papel e ordenassem
que escrevesse a tortura perfeita, nunca teria imaginado aquilo.
E isso porque tinha
uma imaginação ativa.
—Encontrei madeira
aqui!
Adam seguiu a voz de Demetria
até o cômodo seguinte.
—Está aqui — indicou
uma pilha de lenha perto de uma lareira. — Acredito que
Lorde Chester prefere
usar esta lareira quando está aqui.
Adam olhou a larga
cama com o suave edredom e travesseiros macios. Tinha uma verdadeiramente boa ideia
de por que Lorde Chester preferia aquele aposento e não incluía à corpulenta
Lady Chester. Imediatamente pôs lenha na lareira.
—Não acha que
deveríamos usar o outro cômodo? — Perguntou Demetria.
Ela também tinha
visto a larga cama.
—É óbvio que esta
parece mais usada. É perigoso usar uma lareira suja.
Poderia estar
entupida.
Demetria assentiu
lentamente, e ele pôde ver que estava tentando com todas suas forças não
parecer incomodada. Continuou procurando roupa seca enquanto
Adam se encarregava
do fogo, mas tudo o que encontrou foram umas velhas mantas com áspera
aparência. Adam a olhou enquanto colocava uma sobre os ombros.
—Casimira? — Disse
ele alargando a palavra.
Demetria arregalou os
olhos. Ele se deu conta de que ela não havia percebido de que a estava olhando.
Sorriu, ou na realidade, foi bem mais mostrar os dentes. Talvez se sentisse
incomodada, mas maldita fosse, ele também. Achava que era fácil para ele?
Havia dito que o
amava pelo amor de Deus. Por que demônio fez tal coisa? Será que não sabia nada
dos homens? Era possível que não entendesse que essa era a única coisa
garantida para aterrorizá‐lo?
Ele não queria que
ela lhe confiasse seu coração. Não queria essa responsabilidade. Já foi casado.
Teve seu próprio coração espremido, chutado e jogado em um montão de lixo
queimado. A última coisa que queria era custodiar o de outra pessoa,
especialmente o de Demetria.
—Usa o edredom da
cama — disse com um encolher de ombros. Tinha que ser mais cômodo do que o que
ela encontrou.
Mas ela negou com a
cabeça.
—Não quero enrugá‐lo.
Não quero que ninguém saiba que estivemos aqui.
—Mmm, sim — disse ele
com crueldade. — Então teria que me casar contigo, não é assim?
Pareceu tão afligida
que ele murmurou uma desculpa. Bom Deus estava tornando‐se
alguém que particularmente não gostava. Não queria feri‐la.
Só queria...
Droga, não sabia o
que queria. Nem sequer podia pensar no futuro além de dez minutos, justo nesse
momento, não podia concentrar‐se em outra coisa que não fosse manter as mãos quietas.
Manteve‐se
ocupado com o fogo, deixando sair um grunhido satisfeito quando uma pequena
chama amarela por fim se curvou sobre uma lenha.
—Tranquila —
murmurou, colocando com cuidado um pequeno ramo perto da chama. — Aí vamos, aí
vamos... E... Sim!
—Adam?
—Acendi o fogo —
resmungou, sentindo‐se um pouco tolo por sua emoção.
Endireitou‐se e
se virou. Ela ainda estava sujeitando a puída manta ao redor dos ombros.
—Não te fará bem se
ficar molhada graças a camisa – comentou‐o.
—Não tenho muito que
escolher, não é?
—Isso depende de
você, suponho. Quanto a mim, vou me secar. —Seus dedos foram para os botões da
camisa.
—Talvez devesse ir a outro
cômodo — sussurrou ela.
Adam notou que não se
moveu nem um centímetro. Deu um encolher de ombros, e em seguida tirou a
camisa.
—Deveria ir —
sussurrou de novo.
—Então vá — disse
ele. Mas seus lábios se curvaram.
Ela abriu a boca como
se fosse dizer algo, mas a fechou.
—Eu... —interrompeu‐se,
um olhar de horror cruzou suas feições.
—Você o que?
—Devo ir. —E desta
vez o fez, deixou o quarto com prontidão.
Adam sacudiu a cabeça
quando se foi. Mulheres. Alguém as entendia?
Primeiro dizia que o
amava. Logo dizia que queria seduzi‐lo. E mais tarde o evitava
durante dois dias. Agora parecia aterrada.
Voltou a menear a
cabeça, desta vez mais rápida, seu cabelo jogou água pelo quarto. Envolvendo
uma das mantas ao redor dos ombros, parou em frente ao fogo e se secou.
Entretanto, sentia as pernas condenadamente incômodas. Olhou de soslaio a porta.
Demetria a tinha fechado quando se foi, e dado seu presente estado de virginal vergonha,
duvidava que entrasse sem bater.
Tirou a calça com
rapidez. O fogo começou a esquentá‐lo imediatamente.
Voltou a dar uma
olhada à porta. Só por via das dúvidas, baixou a manta e a enrolou ao redor da
cintura. De fato, parecia bastante a um kilt.
Voltou a pensar de
novo na expressão do rosto dela antes que saísse correndo do quarto. Vergonha
virginal e algo mais. Era fascinação? Desejo?
E o que esteve a
ponto de dizer? Não foi "deveria ir” que foi o que na realidade disse.
Se houvesse se
aproximando, tivesse pegado seu rosto entre suas mãos e sussurrado,
"Diga", o que ela teria dito?
3 DE
JULHO DE 1819.
Quase
volto a dizer. E acho que ele soube. Acho que ele sabia o que eu ia dizer.
Demorei eu sei, poderia dar um monte de desculpas sobre isso, mas a verdade é que esqueci do blog mesmo
foi mals ae
Aí Deus esse dois aí dentro vai dar muito errado ou muito certo
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