Adam
tinha planejado passar a primavera e o verão em Northumberland, onde poderia negar‐se a
chorar a morte de sua esposa com algum grau de privacidade, mas sua mãe
empregou um número assombroso de táticas. A mais letal, fazê‐lo
se sentir culpado, é obvio; para que desse o braço a torcer e obrigá‐lo a
viajar a Londres para apoiar Selena.
Não
cedeu quando indicou que era a cabeça da família, e ante a sociedade sua presença
no grande baile de Selena asseguraria a participação dos melhores cavalheiros.
Não
cedeu quando lhe disse que não deveria desmoronar no campo e que lhe faria bem
sair e estar entre amigos.
Entretanto,
teve que se render, quando apareceu em sua soleira e disse, ainda sem o
benefício de uma saudação:
—É
sua irmã.
E
por isso ali estava na Casa Rudland em Londres, rodeado por quinhentas pessoas,
se não o mais seleto do país, ao menos o mais pomposo.
De
todos os modos, Selena teria que encontrar um marido entre todos eles, Demetria,
também, e Adam seria maldito se permitisse a qualquer uma delas fazer um matrimônio
tão desastroso como foi o dele. Londres formigava com equivalentes masculinos
de Camille, muitos dos quais começavam seus nomes com Lorde Isto ou Sir Aquilo.
E Adam duvidava bastante de que sua mãe estivesse em dia sobre as mais acidentadas
fofocas que atravessavam seus círculos.
Ainda
assim isto não significava que necessitassem que fizesse muitas aparições.
Estava aqui, no baile de debutantes e as acompanhava de vez em quando, talvez
houvesse algo no teatro que realmente gostasse de assistir, e, além disso, observaria
o progresso dos acontecimentos. Para o final do verão, teria se cansado de todas
estas tolices, e poderia retornar a...
Bem,
poderia voltar para o que fosse que esteve pensando e planejando fazer.
O
estudo da rotação de cultivos, talvez. Reatar o arco e flecha. Visitar o pub local.
Gostava bastante da cerveja. E ninguém jamais fazia perguntas sobre o recente
desaparecimento
de Lady Adam.
—Querido,
está aqui! —Sua mãe de repente encheu sua visão, encantadora em
seu
vestido púrpura.
—Disse
que chegaria a tempo — respondeu, terminando a taça de champanha
que
estava sustentando na mão. — Não lhe avisaram de minha chegada?
—Não
— respondeu algo distraidamente. — Estive correndo por toda parte
como
uma louca com todos os detalhes de último instante. Estou segura que os criados
não desejaram me incomodar.
—Ou não
puderam encontrá‐la — comentou Adam, explorando ociosamente a
multidão.
Era uma multidão desenfreada, um êxito desde todo ponto de vista. Não viu
nenhuma
das convidadas de honra, mas por outro lado, ficou bastante contente de
permanecer
nas sombras durante vinte minutos ou o tempo que estava ali.
—Consegui
permissão para a valsa para ambas as moças — lhe disse Lady Rudland, —assim,
por favor, você cumpra com seu dever com ambas.
—Uma
ordem direta — murmurou.
—Especialmente
com Demetria — acrescentou, não tendo ouvido seu comentário aparentemente.
—O
que quer dizer, especialmente com Demetria?
Sua
mãe virou com olhos sérios.
—Demetria
é uma moça notável e a quero muitíssimo, mas ambos sabemos que não é do tipo
que a sociedade normalmente favorece.
Adam
lhe dirigiu um agudo olhar.
—Também
sabemos que a sociedade raramente é uma excelente conhecedora do caráter. Camille,
se recordar, foi um grande êxito.
—Como
Selena, se o desta tarde serve de algum indício — respondeu asperamente sua
mãe. — A sociedade é caprichosa e recompensa ao mau tão frequentemente como ao
bom. Mas nunca recompensa o aborrecido.
Foi
naquele momento que Adam divisou Demetria. Estava de pé perto de Selena na
porta do vestíbulo.
Perto
de Selena, mas em mundos separados.
Não
era que Demetria estivesse sendo ignorada, porque certamente não estava.
Estava
sorrindo a um jovem cavalheiro que apareceu lhe solicitando uma dança. Mas não
tinha nada parecido à multidão que rodeava Selena, quem, Adam tinha de admitir,
brilhava como uma radiante joia colocada no engaste apropriado. Os olhos de Selena
faiscaram, e quando sorriu, a música pareceu encher o ar.
Havia
algo cativante em sua irmã. Inclusive Adam tinha que admitir.
Mas Demetria
era diferente. Olhava. Sorria, mas era quase como se tivesse um segredo, como
se tomasse apontamentos em sua mente sobre as pessoas que encontrava.
—Vá
dançar com ela — animou sua mãe.
—Com
Demetria? — perguntou surpreso. — Pensei que desejaria que concedesse minha
primeira dança a Selena.
Lady
Rudland assentiu.
—Será
um êxito enorme para ela. Não dançou desde... Nem sequer posso recordar. Muito
antes de Camille morrer.
Adam
sentiu a mandíbula apertar e teria dito algo, se não fosse porque sua mãe de
repente ofegou, o que não foi nem a metade de surpreendente, do que seguiu o
que, estava completamente seguro. Era o primeiro indício de blasfêmia que
alguma vez cruzou seus lábios.
—Mãe?
—requereu
—Onde
está seu bracelete? —sussurrou urgentemente.
—Meu
bracelete — disse, com um pouco de ironia.
—Por
Camille — acrescentou, como se ele não soubesse.
—Acredito
ter dito que escolhi não ficar de luto por ela.
—Mas
isto é Londres — vaiou. — E é a estreia de sua irmã.
Deu
um encolher de ombros.
—Meu
casaco é negro.
—Seus
casacos são sempre negros.
—Talvez
esteja de luto perpétuo então — disse brandamente — pela inocência perdida.
—Criará
um escândalo — vaiou limpamente.
—Não
— disse intencionadamente — Camille criava escândalos. Eu simplesmente rejeito
me afligir por minha escandalosa esposa.
—Desejas
arruinar sua irmã?
—Minhas
ações não repercutirão sobre ela nem a metade de mal que minha falecida esposa
teria feito.
—Isso
não tem nada a ver, Adam. A verdade é que é sua esposa morreu e...
—Vi
o corpo — replicou, parando com eficácia seus argumentos.
Lady
Rudland retrocedeu.
—Não
há necessidade de ser vulgar sobre isso.
A
cabeça de Adam começou a palpitar.
—Peço
perdão por isso, então.
—Desejaria
que reconsiderasse.
—Eu
preferiria que não ficasse angustiada — disse com um pequeno suspiro, — mas não
mudarei de opinião. Pode me ter aqui em Londres sem o bracelete, ou pode me ter
em Northumberland... Também sem o bracelete — terminou depois de uma pausa. — É
sua decisão.
Sua
mãe apertou a mandíbula e não disse nada. Então simplesmente deu um encolher de
ombros e disse:
—Me
reunirei a Demetria, então.
E o
fez.
Demetria
estava na cidade há duas semanas, e embora não estivesse segura que pudesse
qualificar‐se como um êxito, não pensava qualificar‐se
como um fracasso tampouco. Estava justo onde tinha esperado estar... Em algum
lugar intermediário, com um cartão de dança que estava sempre cheio pela metade
e um diário transbordante de observações do néscio, o insano, e ocasionalmente,
o doloroso. Esse seria Lorde Chisselworth, quem tropeçou com um degrau na festa
de Mottram e torceu o tornozelo. Dos néscios e insanos, havia muito que contar.
Em
geral, considerava‐se bem dotada para o jogo com os particulares talentos e atributos
que Deus tinha lhe dado. Em seu diário, escreveu:
Propus
afiar meu dom de pessoas, mas como Selena assinalou o bate‐papo
ocioso
nunca foi meu forte. Mas aperfeiçoei meu doce e vácuo sorriso, e parece ter
funcionado
o truque. Tinha três candidatos para me acompanhar no jantar!
Ajudava,
certamente, que sua posição como amiga íntima de Selena fosse bem
conhecida.
Selena tomou à sociedade por assalto, como todos sabiam que faria, e
Demetria
se beneficiava por associação. Havia cavalheiros que chegavam ao lado de
Selena
muito tarde para garantir uma dança, e outros que simplesmente estavam muito
aterrorizados
para falar com ela. Em tais casos, Demetria sempre parecia uma opção
mais
cômoda.
Mas
ainda com toda a transbordante atenção, Demetria permanecia sozinha
quando
ouviu uma voz dolorosamente familiar.
—Nunca
diga que a peguei sem companhia, Senhorita Cheever.
Adam
não pôde menos que rir. Estava devastadoramente bonito com o escuro traje de
noite e a luz da vela piscava dourada contra seu cabelo.
—Veio
— disse simplesmente.
—Pensou
que não viria?
Lady
Rudland havia dito que planejava vir, mas Demetria não estava tão segura.
Ele
deixou claro como o cristal que não queria participar da sociedade este ano. Ou
possivelmente
em nenhum ano. Era difícil dizer agora.
—Entendo
que tiveram que chantageá‐lo para que viesse — disse enquanto adotavam posições um ao lado
do outro, ambos olhando ociosamente para a multidão.
Ele
fingiu ofender‐se.
—Chantagem?
Que palavra tão feia. E incorreta neste caso.
—OH?
Inclinou‐se
ligeiramente para ela.
—Era
culpa.
—Culpa?
— crispou os lábios e virou para ele com o olhar malicioso. — O que você fez?
—É o
que não fiz. Ou bem o que não estava fazendo – disse, dando um despreocupado
encolher de ombros. — Disseram que você e Selena seria um êxito se oferecesse
meu apoio.
—Creio
que Selena seria um êxito mesmo que não tivesse dinheiro e nascesse no lado
errado da cama.
—Eu
não me preocuparia com você, tampouco — disse Adam, sorrindo para ela de uma
maneira irritantemente benévola. Então franziu o cenho. — E poderia me dizer
com o que me chantagearia minha mãe?
Demetria
sorriu. Gostou que estivesse descontraído. Sempre parecia tão controlado diante
dela, enquanto que seu coração sempre conseguia palpitar três vezes mais onde
quer que o veja. Por sorte, os anos colaboraram para que se sentisse cômoda com
ele. Se não o conhecesse de tanto tempo, duvidava que fosse capaz de conseguir
conversar na presença dele. Além disso, ele certamente suspeitaria de algo se
ficasse muda cada vez que se encontravam.
—Ah,
não sei — pretendeu refletir. — Histórias de quando você era pequeno e isso...
—Mas,
se eu era um perfeito anjo.
Ela
levantou suas sobrancelhas com receio.
—Você
deve pensar que sou muito crédula.
—Não,
somente muito cortês para me contradizer.
Demetria
revirou os olhos e se voltou para a multidão. Selena estava dando audiência
através do salão, rodeada por seu grupo habitual de cavalheiros.
—Livvy
tem um talento natural, não é? — disse.
Adam
cabeceou assentindo.
—Onde
estão todos seus admiradores, senhorita Cheever? Acho difícil de acreditar que
não tenha nenhum.
Ruborizou
com o elogio.
—Um
ou dois, suponho. Tendo a me misturar com o moveis quando Selena está perto.
Ele
disparou para ela um olhar incrédulo.
—Me
deixe ver seu cartão de dança.
A
contra gosto, entregou. Ele a examinou rapidamente, logo a devolveu.
—Tinha
razão — disse. — Está quase cheio.
—Muitos
deles encontraram o caminho para mim só porque estava de pé ao lado de Selena.
—Não
seja tola. E não é nada pelo que ofender‐se.
—Ah,
mas não o estou — respondeu ela, surpreendendo‐se de que sequer ele pensasse.
— Por quê? Pareço alterada?
Ele
retrocedeu e a inspecionou.
—Não.
Não, não parece. Que estranho.
—Estranho?
—Eu
nunca conheci uma dama que não desejasse que uma manada de jovens candidatos a
rodeasse em um baile.
Demetria
se arrepiou com a condescendência de sua voz e não foi capaz de guardar a
insolência, quando disse:
—Bem,
agora sim.
Mas
ele só riu entre dentes.
—E
como, querida moça, você irá encontrar um marido com essa atitude? Ah, não me
olhe como se a estivesse subestimando.
Só
fez que seus dentes chiassem mais duro.
—Você
mesma me disse que desejava encontrar um marido esta temporada.
Tinha
razão, caramba que homem! Que a deixou sem outra coisa que dizer.
—Me
faça o favor de não me chamar "querida moça".
Ele
sorriu abertamente.
—Ora,
Senhorita Cheever, detecto um pouco de caráter em você?
—Eu
sempre tive caráter — disse ela um pouco zangada.
—Pelo
visto assim é. —Ainda sorria quando disse o que era ainda mais irritante.
—Acreditava
que você era mal‐humorado e ameaçador — queixou‐se.
Ele
deu um encolher de ombros.
—Você
parece tirar o melhor de mim.
Demetria
lhe dirigiu um olhar mordaz. Tinha esquecido a noite do funeral de Camille?
—O
melhor? —Falou quase arrastando as palavras. — Realmente?
Ao
menos teve a graça de parecer envergonhado.
—Ou
de vez em quando o pior. Mas esta noite, só o melhor. —Ao elevar as sobrancelhas,
acrescentou: — Devo cumprir aqui meu dever para com você.
Dever.
Uma palavra tão formal e aborrecida.
—Me
entregue seu cartão de dança.
Ela
entregou. Era um pequeno cartão de festa, com florzinhas e um pequeno lápis
preso com uma fita no canto. Os olhos de Adam deslizaram pelo cartão, logo os semicerrou.
—Por
que você deixou todas suas valsas livres, Demetria? Minha mãe disse bastante
expressamente que tinha assegurado a permissão à valsa tanto para você como
para Selena.
—Ah,
não é isso — apertou os dentes por uma fração de segundo, tratando de controlar
o rubor que sabia ia começar a subir por seu pescoço em poucos segundos.
— É
só que, bom, para que saiba...
—Fale
Senhorita Cheever.
—Por
que sempre me chama Senhorita Cheever quando zomba de mim?
—Tolices.
Também a chamo Senhorita Cheever quando a repreendo.
OH,
bem, aquilo era uma melhora.
—Demetria?
—Não
é nada — resmungou.
Mas
não a deixaria.
—Obviamente
é algo, Demetria. Você...
—OH,
muito bem, para que saiba, esperava que você dançasse a valsa comigo.
Ele
retrocedeu, seus olhos demonstraram sua surpresa.
—Ou Mikey
— disse ela rapidamente, porque era seguro, ou ao menos escasseavam as
possibilidades de passar vergonha...
—Somos
trocáveis então? —murmurou Adam.
—Não,
certamente que não. Mas como não sou perita na valsa, me sentiria mais cômoda
se minha primeira vez em público fosse com alguém que conheço — improvisou
apressadamente.
—Alguém
que não se ofenderia mortalmente, se pisasse em seus pés?
—Algo
assim — resmungou. Como tinha conseguido meter‐se neste apuro?
Saberia
que estava apaixonada por ele ou pensaria que era uma imbecil assustada por
dançar em público.
Mas Adam,
bendito seu coração, já estava dizendo.
—Será
uma honra dançar uma valsa com você. —Tomou o pequeno lápis e estampou seu nome
no cartão de baile. — Agora está comprometida comigo para a primeira valsa.
—Obrigada.
Esperarei com impaciência.
—Bem.
Eu também. Deixará me anotar outra? Não posso pensar em ninguém mais aqui com
quem me preferiria ver forçado a conversar durante os quatro minutos no auge da
valsa.
—Não
tinha ideia que fosse uma tarefa para você — disse Demetria, fazendo uma careta
—OH,
não é! —assegurou. — Mas todas as demais sim o são. Aqui tem, dançaremos a
última valsa, também. Terá que defender você mesma o resto delas. Não devo
dançar com você mais que duas vezes.
Céus,
não! Demetria pensou incisivamente. Alguém poderia pensar que foi intimidado
para dançar com ela. Mas sabia o que se esperava dela, assim sorriu firmemente
e disse:
—Não,
certamente que não.
—Muito
bem, então — disse Adam, com o tom terminante que os homens gostam de usar
quando definitivamente estão preparados para terminar uma conversa, sem reparar
se alguém mais está. — Vejo o jovem Hardy vindo para reclamar a seguinte dança.
Vou conseguir algo para beber. A verei na primeira valsa.
E
logo a deixou de pé no canto, murmurando saudações ao senhor Hardy enquanto
partia. Demetria fez uma cumprida reverência a seu acompanhante de dança e logo
tomou sua mão enluvada seguindo‐o à pista de dança para uma equipe. Não se surpreendeu quando,
depois de comentar sobre seu vestido e o tempo, perguntou por
Selena.
Demetria
respondeu suas perguntas tão corretamente como foi capaz, tratando de não animá‐lo
excessivamente. Julgando a multidão que havia ao redor de sua amiga, as
possibilidades do senhor Hardy eram escassas de verdade.
A
dança terminou com uma velocidade misericordiosa, e Demetria rapidamente se
encaminhou para Selena.
—Ah,
Demetria, querida! —exclamou. — Onde esteve? Estive falando com todos sobre
você.
—Não
o fez — disse Demetria, levantando suas sobrancelhas incredulidade.
—De
verdade que sim, não é assim? —Selena acotovelou um cavalheiro a seu lado, e
ele imediatamente assentiu. —Eu mentiria?
Demetria
escondeu uma risada.
—Se
isso satisfizesse seus objetivos.
—OH,
para! É terrível. E onde esteve?
—Necessitava
um pouco de ar fresco, assim escapei a um canto para tomar um copo de limonada.
Adam me fez companhia.
—Ah!
Chegou, então? Terei que guardar uma dança para ele.
Demetria
duvidou.
—Não
acredito que tenha nenhuma livre para guardar.
—Isso
não pode ser — Selena olhou para seu cartão de dança. — OH, querida. Terei que
tirar um destes.
—Selena,
não pode fazer isso.
—Por
que não? Escuta Demetria, devo te dizer... — Deteve‐se
de repente, recordando a presença de seus muitos admiradores. Deu a volta,
sorrindo esplendorosamente a todos eles.
Demetria
não teria ficado surpreendida se tivessem caído no chão, um por um, como
proverbiais moscas.
—Cavalheiros,
a algum de vocês importaria me trazer uma limonada? — perguntou Selena
docemente. — Estou completamente sedenta.
Houve
um amontoado de promessas, seguida por uma rajada de movimento, e Demetria só
podia fixar‐se sobressaltada enquanto os observava escapulir em manada.
—São
como ovelhas — sussurrou.
—Bom,
sim — esteve de acordo Selena, — exceto porque são bem mais parecidos a cabras.
Demetria
teve aproximadamente dois segundos para tentar decifrar isso antes que Selena
acrescentasse:
—Brilhante
de minha parte, não é verdade, nos liberar de todos imediatamente. Digo, estou
levando bastante bem tudo isto.
Demetria
assentiu, sem incomodar‐se em falar. Realmente, era inútil tratar de incluir algo próprio,
quando Selena estava contando uma história...
—O
que ia dizer — seguiu Selena, inconscientemente confirmando a hipótese de Demetria,
— é que realmente, a maior parte deles é espantosamente aborrecida.
Demetria
não pôde resistir a dar a sua amiga uma pequena espetada.
—Com
certeza ninguém nunca seria capaz de dizer te olhando em ação.
—Ah,
não estou dizendo que não esteja desfrutando — Selena lhe dirigiu um olhar
vagamente sardônico. — Quero dizer, realmente, não atiraria pedras contra o telhado
de minha mãe.
—O
telhado de sua mãe — repetiu Demetria, tratando de recordar a origem do provérbio
original. — Em algum lugar alguém certamente está derrubando‐se
em sua tumba.
Selena
inclinou a cabeça.
—Shakespeare,
talvez?
—Não.
—Maldição, agora não seria capaz de deixar de pensar nisso. — Isso não foi
Shakespeare.
—Maquiavel?
Demetria
esgotou mentalmente sua lista de escritores famosos.
—Não
acredito.
—Adam?
—Quem?
—Meu
irmão.
Demetria
levantou de repente a cabeça.
—Adam?
Selena
se inclinou um pouco a seu lado, estirando o pescoço enquanto se esforçava por olhar
atrás da Demetria.
—Parece
bastante decidido.
Demetria
olhou para seu cartão de baile.
—Deve
ser o momento de nossa valsa.
Selena
inclinou a cabeça a um lado em uma espécie de pesado movimento.
—Está
esplêndido também, não é?
Demetria
piscou e tratou de não suspirar. Adam estava bonito. Quase insuportavelmente. E
agora que era viúvo, certamente cada mulher, solteira e todas as mães, teriam
isso em vista.
—Pensa
que se casará outra vez? —murmurou Selena.
—Eu...
Não sei. —Demetria engoliu. — Acho que deveria, não?
—Bom,
sempre há Mikey para proporcionar um herdeiro. E se você... Uf!
O
cotovelo de Demetria. Em suas costelas.
Adam
chegou junto a elas e saudou elegantemente.
—Encantada
de te ver, irmão — disse Selena com um amplo sorriso. — Quase tinha renunciado
a sua presença.
—Tolices.
— Mamãe teria me cortado em pedaços. —Seus olhos entrecerrados quase
imperceptivelmente, mas claro, Demetria tendia a notar tudo sobre ele, e perguntou:
— por que Demetria bateu nas suas costelas?
—Não
o fiz! —protestou Demetria. E então, quando seu fixo olhar se tornou bastante
duvidoso, resmungou: — Foi só um tapinha.
—Cotovelada,
tapinha, isto tem tudo para ser uma conversa que é a primeira vista mais
divertida que qualquer coisa neste salão de dança.
—Adam!
—protestou Selena.
Adam
a descartou com um movimento rápido de sua cabeça e se virou para Demetria.
—Você
acha que objeta minha linguagem ou é meu julgamento dos seus acompanhantes de
dança como idiotas?
—Penso
que era sua linguagem — disse Demetria brandamente. — Ela disse que a maior
parte, eram uns idiotas também.
—Não
é o que disse — interpôs Selena. — Disse que eram aborrecidos.
—Ovelhas
— confirmou Demetria.
—Cabras
— acrescentou Selena com um encolhimento de ombros.
Adam
começou a parecer alarmado.
—Bom
Deus, falam vocês duas uma linguagem própria?
—Não,
estamos sendo perfeitamente claras — disse Selena,— mas me diga, sabe quem
disse primeiro, "Não cuspa para o alto que pode cair na cara"?
—Não
estou seguro de entender a conexão — murmurou Adam.
—Isso
não é Shakespeare — disse Demetria.
Selena
sacudiu a cabeça.
—Quem
outro poderia ser?
—Bom
— disse Demetria — qualquer um dos milhares de notáveis escritores de língua
inglesa.
—Foi
por isso que, ehh, bateu nas costelas dela? — perguntou Adam.
—Sim
— respondeu Demetria, apanhando a oportunidade. Infelizmente, Selena ganhou por
segundo meio com um:
—Não.
Adam
olhou de uma a outra com expressão divertida.
—Era
sobre Mikey — disse Selena com impaciência.
—Ah,
Mikey — Adam olhou ao redor. — Está aqui, não? — Então arrancou o cartão de
dança de Demetria de seus dedos. — Por que não reclamou uma dança ou três? Não
estavam vocês dois planejando juntar‐se?
Demetria
apertou os dentes e recusou responder. O que era uma opção absolutamente
razoável, embora soubesse que Selena não permitiria deixar passar à oportunidade.
—Certamente
não é nada oficial — estava dizendo — mas todos estamos de acordo em que seria
um casal esplêndido.
—Todos?
— perguntou Adam brandamente, olhando Demetria.
—E
quem não? — respondeu Selena com o rosto impaciente.
A
orquestra levantou seus instrumentos e as primeiras notas de uma valsa flutuaram
no ar.
—Acredito
que esta é minha dança — disse Adam, e Demetria compreendeu que seus olhos não
se afastaram dos seus.
Ela
tremeu.
—Vamos?
—murmurou ele e ofereceu seu braço.
Ela
assentiu, necessitando um momento para recuperar a voz. Compreendeu que sentia
algo. Algo estranho, tremores que a deixava sem fôlego. Só tinha que olhá-la, não
na forma usual como quando conversavam, mas sim realmente olhá‐la,
deixar os olhos postos nos seus, profundamente azuis e intuitivos, e se sentia
nua, a alma descoberta. E o pior de tudo... Ele não tinha nem ideia. Ali estava
ela, com cada emoção exposta, e Adam provavelmente não via nada mais que o
moreno embotado de seus olhos.
Era
a pequena amiga de sua pequena irmã, e segundo todas as probabilidades, era
tudo o que sempre seria.
—Vão
me deixar aqui absolutamente sozinha, não é? — disse Selena, não irritada, mas
com um suspiro.
—Não
tenha nenhum medo — assegurou Demetria — não ficará sozinha por muito tempo.
Acho que estou vendo sua multidão voltar com a limonada.
Selena
fez uma careta.
—Alguma
vez notou Adam, que Demetria tem um senso de humor bastante estranho?
Demetria
inclinou a cabeça de lado e suprimiu um sorriso.
—Por
que suspeito que seu tom não fosse precisamente elogioso?
Selena
fez uma pequena onda depreciativa.
—Vá
logo! Que tenha um agradável dança com Adam.
Adam
tomou o cotovelo de Demetria e a conduziu à pista de dança.
—Sabe,
realmente tem um senso de humor bastante estranho — murmurou.
—Tenho?
—Sim,
mas isso é o que mais gosto de você. Por favor, não mude.
Demetria
tratou de não sentir‐se absurdamente satisfeita.
—Tentarei
senhor.
Ele
estremeceu quando pôs seus braços ao redor dela para a valsa.
—Senhor,
agora é assim? Desde quando se tornou tão formal?
—É
por todo este tempo em Londres. Sua mãe esteve insistindo sobre a etiqueta —riu
docemente — Joseph.
Ele
franziu o cenho.
—Acredito
que prefiro senhor.
—Eu
prefiro Adam.
A
mão dele apertava sua cintura.
—Bom.
Deixe‐o assim.
Demetria
soltou um pequeno suspiro enquanto ficavam calados. Enquanto a valsa seguia
bastante formal. Não havia giros ofegantes, nada que pudesse deixá‐la tensa
e tonta. E isso lhe deu a oportunidade de saborear o momento, saborear a sensação
de sua mão na dele. Aspirou ao aroma, sentiu o calor do corpo dele, e simplesmente
desfrutou.
Tudo
parecia tão perfeito... Tão perfeitamente correto. Era quase impossível imaginar
que ele não sentisse também.
Mas
não o fazia. Não se enganava, desejaria que ele a desejasse. Quando elevou a
vista para ele, olhava a alguém na multidão, o olhar só um pouco turvo, como se
estivesse lutando com um problema em sua mente. Esse não era o olhar de um homem
apaixonado. E tampouco era o que seguiu, quando finalmente olhou atentamente
para ela e disse:
—Não
é ruim com a valsa, Demetria. De fato, realmente é bastante perita. Não vejo
por que estava tão inquieta sobre isto.
Sua
expressão era amável. Fraternal.
Era
dilacerador.
—Não
tive muita prática recentemente — improvisou ela, já que ele pareceu esperar
uma resposta.
—Inclusive
com Mikey?
—Mikey?
— Repetiu.
Seus
olhos se mostraram divertidos.
—Meu
irmão menor, se você recordar.
—Claro
— disse. — Não. Quero dizer, não, não dancei com Mikey em anos.
—Sério?
Elevou
a vista para ele rapidamente. Havia algo estranho em sua voz, quase, mas não o
suficiente, uma débil nota de prazer. Não de ciúmes, infelizmente, não pensou
que se preocupasse de uma ou outra maneira se dançava com seu irmão. Mas tinha
a estranha sensação que estava felicitando a si mesmo, como se houvesse predito
sua resposta corretamente e estivesse contente por sua astúcia.
Meu
Deus estava pensando muito, estava chegando muito longe... Selena sempre a
estava acusando disso, e por uma vez, Demetria teve que lhe dar razão.
—Não
vejo frequentemente Mikey — disse Demetria, esperando que a conversa a frearia
de obcecar‐se sobre perguntas completamente incontestáveis... Como o
verdadeiro significado da palavra sério.
—OH?
—provocou Adam, acrescentando um toque de pressão na parte baixa de suas costas
enquanto giravam para a direita.
—Geralmente
está na universidade. Inclusive agora não terminou todo o trimestre.
—Suponho
que o verá bastante durante o verão.
—Isso
eu espero — pigarreou. — E, quanto tempo planeja ficar?
—Em
Londres?
Ela
assentiu.
Ele
fez uma pausa, e fizeram um encantado e pequeno giro à esquerda antes que
finalmente dissesse:
—Não
estou seguro. Não muito tempo penso.
—Entendo.
—Suponho
que estou de luto de todos os modos. Mamãe estava horrorizada porque não pus o
bracelete.
—Eu
não — declarou.
Ele
sorriu e desta vez não foi fraternalmente. Não estava cheio de paixão e desejo,
mas ao menos era algo novo. Era ardiloso e conspirativo e fez que se sentisse parte
de uma brincadeira.
—Por
que, Senhorita Cheever — murmurou maliciosamente — detecto uma raiz de rebeldia
em você?
Seu
queixo se elevou uma polegada.
—Nunca
entendi a necessidade de vestir‐se de negro por alguém com quem não está familiarizado, e
certamente não vejo a lógica do luto por uma pessoa a quem se acha detestável.
Durante
um momento o rosto dele permaneceu sem nenhuma expressão, e logo sorriu
abertamente.
—Por
quem se viu forçada a levar luto?
Os
lábios dela se deslizaram um sorriso.
—Um
primo.
Ele
se inclinou aproximando‐se de seu cabelo.
—Alguma
vez alguém lhe disse que é impróprio sorrir quando se fala da morte de um
familiar?
—Nunca
conheci o homem.
—Ainda
assim...
Demetria
soltou um bufo elegante. Sabia que estava ferroando, mas estava muito divertido
para frear‐se.
—Viveu
sua vida inteira no Caribe — acrescentou. — Não era estritamente a verdade, mas
em sua maior parte o era.
—É
uma pequena donzela sanguinária — murmurou.
Ela
deu um encolher de ombros. Vindo de Adam, parecia um elogio.
—Acredito
que você será um membro bem recebido na família — disse. — A condição de que
possa tolerar meu irmão menor por larguíssimos períodos de tempo.
Demetria
tentou conseguir um sorriso sincero. O casamento com Mikey não era seu método
preferido para converter‐se em membro da família Bevelstoke. E apesar das tentativas e
maquinações de Selena, Demetria não acreditava que o casamento estivesse
próximo.
Havia
numerosas e excelentes razões para considerar casar‐se
com Mikey, mas havia uma poderosa razão para não fazê‐lo,
e essa estava de pé diretamente diante ela.
Se Demetria
fosse se casar com alguém que não quisesse, esse não seria o irmão do homem que
amava.
Ou
quem acreditava amar. Continuava tentando se convencer de que não o amava que
tudo foi um amor de adolescente, e que poderia superá‐lo...
Que já havia superado e simplesmente não se deu conta ainda.
Tinha
o hábito de pensar que estava apaixonada por ele. Isso era tudo.
Mas
então ele fez algo completamente odioso, como sorrir e todas suas difíceis tarefas
voaram pela janela, e teve que começar de novo.
Um
dia conseguiria. Um dia despertaria e compreenderia que teve dois dias de sensatez
sem pensar em Adam e logo magicamente seriam três e logo quatro e...
—Demetria?
Elevou
a vista. Ele a estava olhando com uma expressão de regozijo, e poderia ter
parecido condescendente, exceto porque seus olhos estavam franzindo‐se
nos cantos... E durante um momento, pareceu aliviado, jovem e talvez,
satisfeito.
E
ela estava ainda apaixonada por ele. Ao menos pelo resto da noite não poderia
convencer‐se do contrário. À manhã seguinte, começaria outra vez, mas por esta
noite, não ia se incomodar em tentar.
A
música terminou e Adam deixou sua mão, retrocedendo para executar uma elegante
reverencia. Demetria fez uma reverência ao seu tempo, e logo tomou seu braço
enquanto a conduzia ao perímetro do salão.
—Onde
supõe que poderíamos encontrar Selena? —murmurou, estirando o pescoço. — Creio
que terei que apagar um dos cavalheiros de seu cartão para dançar com ela.
—Por
Deus! Não faça que soe como um trabalho — declarou Demetria. — Não somos tão
terríveis.
Ele
deu a volta e a olhou com um pouco de surpresa.
—Não
disse nada sobre você. Não me importaria seguir dançando com você nem um pouco.
Como
elogios eram mornos no máximo, mas Demetria ainda encontrou um modo de sustentá‐los
perto de seu coração.
Mas
como, pensou miseravelmente, era prova de que se afundou tão baixo como podia.
O amor não correspondido, estava descobrindo, era muito pior quando realmente
via o objeto de seus desejos. Tinha passado quase dez anos sonhando acordada
com Adam, esperando pacientemente qualquer notícia ocorrida aos Bevelstoke
deixada cair no chá da tarde, e logo tratando de ocultar sua sorte e alegria, para
não mencionar o terror de ser descoberta, quando vinha de visita uma ou duas vezes
por ano.
Pensou
que nada poderia ser mais patético, mas parecia que, estava equivocada. Isto
era definitivamente pior. Antes, era inexistente. Agora era um velho sapato
cômodo.
Cáspita!
Deu
uma olhada a ele. Não estava olhando‐a. Não estava olhando‐a e certamente
não estava evitando olhá‐la. Simplesmente não estava olhando‐a. Não lhe perturbava
absolutamente.
—Aí
está Selena — disse suspirando.
Sua
amiga estava rodeada, como sempre, por um grupo ridiculamente grande de
cavalheiros.
Adam
contemplou a irmã com olhos entrecerrados.
—Não
parece como se algum deles se comportasse mal, não é? Foi um dia longo, e
preferiria não ter que brincar de velho irmão feroz esta noite.
Demetria
se elevou sobre seus pés para observar melhor.
—Penso
que está a salvo.
—Bem.
E
logo se deu conta de que tinha inclinado a cabeça e olhava a irmã de uma maneira
estranhamente objetiva.
—Hmmm.
—Hmmm?
Virou‐se
para Demetria, que estava ainda em seu lado, olhando‐o
com aqueles olhos marrons sempre curiosos.
—Adam?
Ouviu‐a, e
respondeu com outro:
—Hmmm?
—Parece
um pouco estranho.
Não
disse: sente‐se bem? Ou está indisposto? Só: parece um pouco estranho.
Isso
o fez sorrir. E o fez pensar quanto na realidade gostava desta moça, e como esteve
enganado com ela no dia do funeral de Camille. Isso o fez querer fazer algo agradável
por ela. Olhou a sua irmã uma última vez, e logo disse, girando‐se lentamente.
—Se
fosse um homem mais jovem, o que não sou...
—Adam,
não tem ainda trinta anos.
Sua expressão
se tornou impaciente... Naquela controlada forma que ele achava estranhamente
entretida, e lhe dando de presente um preguiçoso encolher de ombros respondeu:
—Sim,
bom, sinto‐me mais velho. Ancião estes dias, para falar a verdade. — Quando
compreendeu que estava olhando‐o com expectativa, clareou a garganta e disse: — Simplesmente
tentava dizer que se eu estivesse farejando ao redor da ninhada de novas
debutantes, não acredito que Selena apanhasse meu olhar. As sobrancelhas de Demetria
se elevaram.
—Bom,
é sua irmã. Além das ilegalidades...
—OH,
pelo amor de... Estava tentando elogiá‐la — interrompeu‐o.
—OH.
— ela clareou a garganta. Ruborizando um pouco, embora fosse difícil estar
seguro com tão pouca a luz. — Bem, nesse caso, por favor, siga adiante.
—Selena
é bastante formosa — seguiu. — Inclusive eu, seu velho irmão, posso ver isso.
Mas há alguma coisa de carência atrás de seus olhos.
O
que obteve um imediato ofego.
—Adam,
que coisa terrível está dizendo. Sabe tão bem como eu que Selena é muito
inteligente. Muito mais que a maior parte dos homens que se aglomeram ao seu redor.
Olhou‐a
indulgente. Era uma jovem tão leal. Não tinha dúvida de que mataria por Selena
se alguma vez surgisse a necessidade. Era uma boa coisa que estivesse aqui.
Além
de qualquer tendência calmante que tivesse sobre sua irmã, mas suspeitava que a
família Bevelstoke inteira tivesse uma enorme dívida de gratidão por isso. Demetria
era bastante segura, a única coisa que faria seu tempo em Londres suportável.
Deus sabia que não queria vir. A última coisa que necessitava neste mesmo momento
era que as mulheres estivessem à caça de sua posição, tentando encher os pequenos
e miseráveis sapatos de Camille. Mas com Demetria, ao menos se assegurava uma
conversa decente.
—Certamente
que Selena é inteligente — disse com voz apaziguadora. Permita me reformular.
Pessoalmente não a acharia fascinante.
Ela
franziu os lábios, e a tutora voltou.
—Bem,
essa é sua prerrogativa, suponho.
Ele
sorriu e inclinando‐se, insinuou:
—Acredito
que seria mais provável que me encaminhasse em sua direção.
—Não
seja tolo — resmungou.
—Não
o sou — assegurou. — Mas repito, sou mais velho que a maior parte daqueles
idiotas que estão com minha irmã. Talvez meus gostos, amadureceram.
—
Mas o ponto é discutível, suponho, porque ao não ser um jovem, não está farejando
na ninhada de debutantes deste ano. E não está procurando uma esposa. — Isto
era uma declaração, não uma pergunta.
—Deus,
não — soltou. — Que diabos eu faria com uma esposa?
2 DE
JUNHO DE 1819
Lady
Rudland anunciou no café da manhã que a festa de ontem à noite foi um estupendo
êxito. Não pude menos que sorrir ante sua escolha de palavras, não acredito que
alguém rejeitaria seu convite, e juro que o salão estava tão lotado como nunca.
Certamente me senti diminuída entre toda uma sorte de perfeitos estranhos. Acho
que devo ser uma moça de simplório coração, porque não estou tão segura que
deseje alguma outra vez intimar tanto com meus próximos masculinos.
Disse‐o assim no café da manhã, e Adam
cuspiu o café. Lady Rudland lhe lançou um
olhar
assassino, mas não posso imaginar que seja porque esteja apaixonada por seu
jogo de mesa.
Adam
tem a intenção de permanecer na cidade durante só uma semana ou duas. Fica conosco
na Casa Rudland, o que é encantador e terrível ao mesmo tempo.
Lady
Rudland divulgou que alguma velha viúva duquesa mal‐humorada, foram suas palavras,
não as minhas, e não revelaria sua identidade em qualquer caso, disse que eu
estava agindo muito familiar com Adam e que as pessoas poderiam conceber uma ideia
incorreta.
Disse
que indicou à velha viúva mal‐humorada (o que vem como anel ao dedo) que
Adam
e eu somos quase como irmãos. E que é natural que confiasse nele para minha estreia
na festa, e que não há nenhuma ideia incorreta a ser levada em conta.
Pergunto‐me se haverá alguma vez uma ideia
Correta em Londres.
Que gracinha eles dois juntos
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Adorei, Adam poderia se apaixonar logo pela Demi.
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