domingo, 24 de março de 2019

ESPLENDOR DA HONRA Capitulo 14


E igualmente vós, maridos, tratem com discrição a
suas esposas como corresponde ao copo mais frágil.
Primeira epístola de São Pedro, 3, 7
- Não me vou casar com ninguém.
Demétria teve vontade de gritar sua decisão, mas as palavras saíram de seus lábios meio estranguladas. Não pôde evitar, porque ela finalmente compreendeu o que Joseph pretendia fazer. Nicholas podia não desafiar aquela decisão, mas Demétria certamente iria fazê-lo.
Joseph parecia estar muito determinado naquele assunto. Ignorou os esforços que fazia Demétria para se separar dele e indicou ao sacerdote que começasse a cerimônia.
O padre Lawrence estava tão nervoso que nem sequer podia se lembrar da maior parte das frases habituais, e Demétria estava tão furiosa que não prestava a menor atenção. Estava muito ocupada gritando com o homem que tentava espremê-la até a morte.
Quando Demétria ouviu Joseph prometer que a aceitava por esposa, sacudiu a cabeça. Depois o sacerdote perguntou se ela aceitava Joseph como seu marido. A resposta de Demétria foi imediata.
- Não, eu não aceito - disse.
Joseph não ligou para sua resposta e segurou Demétria, apertando-a com tanta força que ela pensou que ele estivesse tentando tirar os ossos de seu corpo.
Joseph agarrou-a pelo cabelo, atraindo Demétria até que ela se viu olhando para o rosto dele.
- Agora, volte a responder, Demétria - sugeriu Joseph.
A expressão em seus olhos quase a fez mudar de ideia.
- Solte-me primeiro - exigiu.
Ele acreditou que ela tinha a intenção de obedecê-lo, então Joseph a soltou. Seu braço voltou a posar sobre os ombros de Demétria.
- Volte a formular a pergunta – ele disse ao desalinhado sacerdote.
O padre Lawrence parecia estar a ponto de desmaiar. Voltou a gaguejar a pergunta.
Demétria não gritou uma negativa nem uma aceitação. Ela não disse absolutamente nada. Que ficassem ali de pé até manhã, porque ela não se importava. Ninguém iria obrigá-la a fazer parte naquela farsa.
Mas não contou com a interferência de Nicholas. Demétria pensou que ele parecia como se quisesse matar Joseph. Quando a mão dele foi para o punho de sua espada e ele deu um passo ameaçador para frente, e um suspiro involuntário escapou dos lábios de Demétria. Santo Deus, Nicholas ia desafiar Joseph!
- Eu aceito, Joseph - balbuciou. Ela continuou olhando para Nicholas, viu a indecisão em seus olhos, e acrescentou -: Entrego-me por minha própria vontade.
As mãos de Nicholas voltaram a descer para os lados. Os ombros de Demétria relaxaram com um suspiro de alívio.
Miley foi para eles, deteve-se entre Kevin e Nicholas e sorriu para Demétria. Kevin também estava sorrindo. Demétria teve vontade de gritar com ambos. Mas viu Nicholas tão fora de si, que não se atreveu a fazê-lo.
O sacerdote acelerou o resto da cerimônia. Depois de ter dado uma torpe bênção ao contrário, o padre Lawrence se desculpou e saiu correndo da sala. Tinha ficado verde. Obviamente tinha pânico de Joseph, um sentimento que Demétria entendia muito bem.
Joseph por fim a soltou, e então Demétria se virou para ele.
- Este casamento é uma farsa - sussurrou, falando em voz muito baixa para que Nicholas não pudesse ouvi-la -. O sacerdote nem sequer nos deu uma bênção apropriada.
Joseph teve a audácia de sorrir para ela.
- Você me disse que nunca cometia erros, Joseph. Mas esta vez você certamente cometeu um, porque acaba de arruinar sua vida. E para que propósito? Sua vingança contra meu irmão terminou, não foi?
- Demétria, este casamento é bem real. Suba para os meus aposentos e espere por mim ali, esposa. Eu vou me juntar a você em breve.
Joseph colocou uma ênfase deliberada na palavra “esposa”. Demétria levantou os olhos para contemplá-lo com espanto, e viu que agora seus olhos estavam iluminados por brilho quente. Os aposentos de Joseph?
Demétria deu um pulo quando Miley tocou seu ombro, tentado dizer para ela que tudo ficaria bem. Aquilo com certeza era muito fácil para ela dizer, não era ela quem acabava de se amarrar a um lobo.
Ela tinha que se afastar de todos os Wexton. Havia muita coisa para pensar. Demétria subiu a saia de seu vestido, e começou a andar lentamente para deixar o salão.
Kevin a deteve, colocando a mão em seu braço quando Demétria já estava chegando à entrada.
- Eu gostaria de dar a boas vindas ao seio de nossa família - disse.
O irmão de Joseph realmente parecia sentir o que acabava de dizer, e aquilo enfureceu Demétria quase tanto como seu horrível sorriso. Preferia quando ele franzia o cenho.
- Não se atreva a sorrir para mim, Kevin, ou vou bater em você. Não divide que eu faço.
Kevin parecia bastante surpreso para que Demétria se sentisse satisfeita com sua reação.
- Eu me lembro de sua ameaça em me bater justamente pela razão contrária, Demétria.
Demétria não tinha a menor ideia do que ele estava dizendo. Não que ela particularmente se importasse com isso, porque agora sua cabeça estava cheia de assuntos mais importantes. Demétria se afastou de Kevin, murmurou consigo mesma que esperava que ele se engasgasse com seu jantar, e então saiu do salão.
Nicholas tentou ir atrás de Demétria, mas Kevin o deteve.
- Agora Demétria é a esposa de seu irmão, Nicholas. Honre esse vínculo. - Kevin manteve sua voz baixa para que Joseph não o escutasse. O irmão mais velho tinha-lhes dado as costas voltava a contemplar o fogo.
- Eu a teria feito feliz, Kevin, Demétria conheceu tanto dor em sua vida. Ela merece ser feliz.
- Você está cego, irmão? Você não percebeu o modo que Demétria olha para Joseph e o modo com que ele olha para ela? Demétria e Joseph se importam um com o outro.
- Você está enganado - respondeu Nicholas -. Demétria odeia Joseph.
- Demétria não odeia ninguém. Ela não é capaz de sentir tal coisa. - Kevin sorriu para seu irmão -. O que acontece é que você não quer admitir a verdade. Por que você acha que estive tão zangado com Demétria? Demônios, pude ver a atração desde o começo. Veja, Joseph não se separou nem um só instante de Demétria quando ela esteve doente!
- Isso foi só porque se sentia responsável por ela - arguiu Nicholas.
O irmão mais novo tentava desesperadamente agarrar-se a sua ira, mas o argumento de Kevin parecia soar razoável.
- Joseph se casou com o Demétria porque queria fazê-lo. Verá, Nicholas, o fato de nosso irmão se casar por amor é realmente notável. Nos tempos atuais, isso é uma raridade.
Joseph não obterá nenhuma terra, e com o que acaba de fazer somente conseguirá desagradar o rei.
- Joseph não a ama - murmurou Nicholas.
- Sim, ele a ama - replicou Kevin, contradizendo a seu irmão -. Só que ele ainda não sabe.
A mente de Joseph não estava em seus irmãos. Ele os ignorava enquanto repassava seus planos para o dia seguinte. O mensageiro de Sebastian tinha dado a entender que atacariam com as primeiras luzes do alvorada se Demétria não fosse entregue. Joseph sabia que aquilo não era mais que um blefe, e se sentiu quase que decepcionado. Sim, ardia por outra batalha com alguém que tivesse jurado servir ao Sebastian. Porém, aquele conjunto insignificante, congelando seus traseiros fora das suas muralhas, não seria tolo o suficiente para desafiar o pedido de seu líder. Eles sabiam que estavam superados tanto em número como em capacidade. Sebastian provavelmente os enviou para que ele pudesse se apresentar diante de seu rei e mostrar que tinha tratado de recuperar sua irmã sem envolver seu monarca no assunto.
Satisfeito com suas conclusões, Joseph deixou de lado aquele assunto e voltou seus pensamentos para sua nova vida. Quanto tempo levaria para que Demétria o aceitasse como marido? Não fazia diferença para ele o tempo que levasse, mas quanto mais rápido ela se acostumasse a sua nova vida, melhor seria para sua própria paz de espírito.
Parecia que sua honra o obrigava a mantê-la a salvo. Demétria tinha lhe dado sua coragem e sua confiança. Joseph não podia dar-lhe as costas, Sim, tinha sido o sentido do dever o que o impulsionou a tomar aquela decisão tão apressada. Enviá-la de volta a Londres teria sido como colocar uma criança dentro de uma jaula para que lutasse com um leão.
- Inferno - murmurou para si mesmo. Ele sabia desde o começo, quando a tocou pela primeira vez, que nunca a deixaria partir -. Demétria está me enlouquecendo - disse, sem se importar se alguém pudesse ouvi-lo.
A presença de Demétria também o agradava. Joseph não percebeu quão rígida era sua vida até que Demétria começou a interferir nela. Demétria podia obter reações dele apenas com um olhar inocente. Quando não estava pensando em estrangulá-la, Joseph estava obcecado por beijá-la. O fato de Sebastian ser seu irmão carecia de importância. Demétria não tinha a alma negra de Sebastian, e era abençoada com um coração puro e uma capacidade para o amor que faziam cambalear todas as cínicas crenças de Joseph.
Joseph sorriu. Ele imaginava em que estado encontraria Demétria quando subisse aquelas escadas. Estaria apavorada ou voltaria a dar uma daquelas expressões de serenidade outra vez? Sua nova esposa seria uma gatinha ou uma tigresa?
Saiu do salão e foi em busca de Anthony. Depois de ouvir as felicitações de seu vassalo por seu casamento, Joseph lhe deu instruções adicionais para os turnos de vigia da noite.
A seguir veio seu ritual noturno de nadar no lago. Joseph tomou seu tempo, concedendo um momento mais a Demétria para que pudesse se preparar para sua vinda. Já havia passado mais de uma hora desde que sua esposa saiu do salão furiosa.
Joseph decidiu que já tinha esperado o suficiente, e subiu as escadas de dois em dois. Convencer Demétria de que tinha a intenção de deitar-se com ela não ia ser nada fácil. Joseph não empregaria força, ainda que ela testasse sua paciência. Levaria um tempo, mas Demétria terminaria se entregando a ele por vontade própria.
O juramento de manter seu gênio sob controle colocou-se à prova, quando chegou aos seus aposentos e o encontrou vazio. Joseph suspirou com exasperação e subiu imediatamente à torre.
Demétria realmente acreditava que podia se esconder dele? Joseph achou tão divertido aquele pensamento que sorriu. Seu sorriso desapareceu, entretanto, quando tentou abrir a porta e descobriu que estava trancada.
Demétria ainda se sentia um pouco preocupada. Ela havia retornado ao seu quarto em um estado quase que histérico, e depois se viu obrigada a esperar até que sua banheira estivesse cheia de água. Maude já tinha começado seus trabalhos noturnos. Demétria tentou ser paciente, mas a criada e os dois homens que traziam os baldes cheios de água fumegante demoraram demais, até que chegou um momento em que Demétria estava morrendo de medo que Joseph a encontrasse, antes que ela pudesse impedir sua passagem.
A tábua de madeira estava justamente ali onde ela havia escondido, colocada debaixo da cama. Uma vez que ela deslizou o grosso painel através dos aros de metal, Demétria deixou escapar um sonoro suspiro de alívio.
Os músculos de seus ombros latejavam. Demétria estava muito tensa e se sentia fora de si, e por mais que tentasse, não parecia ser capaz de raciocinar com clareza. Teria Joseph se casado com ela apenas para enfurecer Sebastian? E o que aconteceria com lady Eleanor?
Demétria passou um bom tempo metida na água. Seu cabelo tinha sido lavado na noite anterior, por isso, não precisava se preocupar com esta tarefa. Prendeu os cachos no alto da cabeça, utilizando um pedaço de fita para manter no lugar. Mas mesmo assim, a maior parte das mechas havia caído em cima dos ombros, antes de que tivesse terminado com seu banho.
Para falar a verdade, o banho não a acalmou nem um pouco. A preocupação consumia sua mente. Demétria queria gritar de raiva, mas ao mesmo tempo queria chorar de humilhação. A única razão pela qual não fazia nenhuma das duas coisas era porque não podia decidir por qual delas devia começar.
Ouviu quando Joseph subia pela escada, no mesmo instante em que ela saía da banheira. Suas mãos tremeram quando pegou seu roupão, mas Demétria disse a si mesma que era apenas pelo frio que fazia no quarto.
Os passos se detiveram. Joseph estava do outro lado da porta. Demétria sentiu uma nova onda de medo, envergonhando-se por estar agindo de uma maneira tão covarde, quando correu para o canto mais distante do quarto e ali ficou, tremendo como uma criança. Atou freneticamente o cinturão de seu roupão, mesmo sabendo que Joseph não podia ver através da madeira, pelo amor de Deus, e que não havia nenhuma necessidade de ficar tão nervosa.
- Demétria, afaste-se da porta.
A voz de Joseph soou tão macia. Isso a surpreendeu. Demétria franziu o cenho enquanto esperava que ele começasse a ameaçá-la. E por que ele não queria que ela estivesse perto da porta?
Não demorou para ter sua resposta. O som foi tão súbito e explosivo que Demétria pulou para trás, batendo a cabeça contra a parede de pedra. Demétria soltou um grito quando a ripa de madeira se partiu como se fosse um galho, e teria feito o sinal da cruz se tivesse conseguido desenredar suas mãos.
A porta ficou em pedacinhos, e Joseph terminou de fazer em pedaços, sem nenhuma dificuldade, as insignificantes ripas que permaneceram em pé.
A primeira intenção de Joseph tinha sido tirar Demétria arrastada daquele quarto, mas vê-la aconchegada no canto fez com que abrandasse seu coração. Também era muito evidente a preocupação de Demétria saltar pela janela, antes que ele pudesse chegar até ela. Ela parecia assustada demais para tentar.
Ele não a queria assustada. Joseph suspirou deliberadamente, prolongando o som durante longos instantes, e depois se apoiou despreocupadamente no marco da porta. Olhou para Demétria e sorriu, esperando que recuperasse o controle de si mesmo.
Joseph decidiu que usaria a razão e palavras doces para fazê-la vir até ele.
- Poderia ter batido, Joseph.
A mudança ocorrida em sua esposa foi muito rápida. Agora Demétria já não estava encolhida em um canto, mas sim de pé diante dele e franzindo o cenho com um olhar que dizia a Joseph que ela não se jogaria por nenhuma janela. Ela poderia, porém, pensar em tentar empurrá-lo.
Joseph tentou não rir, reconhecendo que o orgulho de Demétria era importante para ambos. Maldição, também não gostava de vê-la encolhida em sua presença!
- E você teria aberto a porta para mim, esposa? - perguntou, falando em um tom suave e persuasivo.
- Não me chame esposa, Joseph. Eu fui obrigada a pronunciar esses votos, e agora olhe o que você fez em minha porta. Graças a sua falta de consideração, terei que dormir com uma corrente de ar soprando ao redor de minha cabeça.
- Ah, então você teria aberto a porta para mim? - perguntou Joseph, sorrindo. Ele estava desfrutando muito a indignação de Demétria. Kevin tinha razão quando dizia que Demétria gostava de mandar. Sua porta, certamente!
Demétria era visão realmente magnífica, disso não tinha dúvida. Os cabelos caíam abaixo dos ombros, e o fogo que ardia dentro da lareira projetava um profundo resplendor avermelhado sobre seus cachos. Suas mãos estavam nos quadris, suas costas estavam tão reta como uma lança e a abertura de sua bata se prolongava quase até sua cintura, proporcionando a Joseph uma generosa visão do espaço que havia entre seus generosos seios.
Joseph se perguntou quanto tempo passaria antes que Demétria percebesse o quão vulnerável era sua situação. Aquele roupão que ficava tão grande ia se afrouxando pouco a pouco. Joseph notou que Demétria não usava nada debaixo da roupa que a cobria. Os joelhos de Demétria olhavam para ele.
Então, o sorriso foi desaparecendo lentamente do rosto de Joseph. Seus olhos também escureceram. Sua concentração estava sendo submetida a uma dura prova, e de repente descobriu que só conseguia pensar em tocar em Demétria.
Demétria se perguntou o que estaria acontecendo com Joseph. Sua expressão se tornou tão negra como sua túnica e, céus, como desejou que não parecesse tão atraente.
- É obvio que eu não teria aberto a porta, Joseph, mas mesmo assim deveria ter batido - disse, balbuciando aquela declaração tão ridícula, que se sentia como uma tola. Se ao menos ele deixasse de olhá-la como se quisesse…
- Alguma vez já disse uma mentira? - perguntou Joseph quando viu que o medo retornava aos olhos de Demétria.
Sua pergunta a pegou despreparada, como tinha sido sua intenção. Joseph se endireitou lentamente e entrou no quarto.
- Eu sempre disse a verdade, sem importar quão dolorosa ela pudesse ser - respondeu Demétria -. E isso é algo que a essa altura você já deveria saber - acrescentou, lançando um olhar de desgosto enquanto caminhava para ele, assim Joseph poderia ouvir com toda clareza sua próxima recriminação.
Demétria estava decidida a lhe dizer o que pensava, e sem dúvida o teria feito se não tivesse esquecido que seu penhoar era muito longo e que a banheira de madeira estava diretamente em seu caminho. Ela tropeçou na barra da roupa e o dedão de seu pé se chocou com a base da banheira, e teria caído dentro da água, se Joseph não a tivesse segurado a tempo.
Seu braço deslizou ao redor da cintura de Demétria, quando esta se inclinou para esfregar o dedo dolorido.
- Cada vez que estou perto de você, sempre acabo ferida de uma maneira ou outra.
Ela murmurava para si mesma, mas Joseph ouviu cada palavra. Seu protesto foi imediato.
- Eu nunca lhe fiz nenhum mal - insistiu.
- Bem, você me ameaçou - disse Demétria. Então se incorporou, e foi nesse momento que percebeu o braço dele ao redor de sua cintura -. Solte-me - exigiu.
- Devo levá-la ao meu quarto como se fosse um saco de trigo, ou caminhará ao meu lado como deveria fazer uma recém-casada? - perguntou Joseph, obrigando-a a virar-se lentamente até que ela o encarasse.
Demétria estava olhando seu peito. Joseph subiu delicadamente seu queixo.
- Por que não me deixa em paz? - perguntou Demétria, lhe sustentando finalmente o olhar.
- Eu tentei, Demétria.
Ela pensou que a voz de Joseph soava como uma carícia, tão suave como a brisa de verão.
O polegar de Joseph já estava acariciando a curva de seu queixo. Como era possível que um contato tão pequeno e insignificante tivesse um efeito tão devastador sobre ela?
- Tenta me enfeitiçar - murmurou Demétria, mas não se separou quando o polegar de Joseph passou a acariciar seu sensível lábio inferior.
- É você quem me enfeitiça - admitiu Joseph. Sua voz tinha enrouquecido. O coração de Demétria deixou de bater. Ela mal conseguia respirar. Sua língua roçou a ponta do polegar de Joseph. Foi tudo o que se permitiu, este pequeno prazer que enviou um choque para baixo suas pernas. Ela o enfeitiçava? O pensamento era tão agradável como os beijos de Joseph. Queria que ele a beijasse. Só um beijo, disse a si mesma, e então exigiria que fosse embora.
Joseph parecia satisfeito em permanecer de pé ali durante toda a noite. Demétria não demorou a ficar impaciente. Ela afastou as mãos dele, ficou nas pontas dos pés para depositar um único e casto beijo no vão de seu queixo.
Como Joseph não reagiu, Demétria ficou mais corajosa e colocou suas mãos nos ombros dele. Ele tinha baixado o olhar para ela e isso facilitou a tarefa, mas mesmo assim Demétria titubeou quando sentiu que ele enrijecia perto dela.
- Eu daria um beijo de boa noite em você - explicou, sem reconhecer sua própria voz -. Eu gosto muito de beijá-lo, Joseph, mas isso é tudo o que vou permitir.
Joseph não se mexeu. Demétria nem sequer podia senti-lo respirar. Não sabia se sua confissão o deixou enfurecido ou satisfeito, e continuou sem saber até que seus lábios tocaram os de Joseph. Então soube que ele gostava de beijar quase tanto quanto ela.
Demétria suspirou, satisfeita.
Joseph grunhiu, impaciente.
Ele não lhe deu sua língua até que ela o pediu, utilizando sua própria língua para forçá-lo a responder. Então ele assumiu o controle, afundando profundamente sua língua dentro da boca de Demétria.
Demétria não queria parar. Quando percebeu isso, afastou-se de Joseph.
As mãos de Joseph repousavam sobre os quadris de Demétria. Ele deixou que ela fosse mais para trás, esperando com curiosidade para ver o que ela faria a seguir. Demétria era imprevisível.
Demétria não era capaz de levantar a vista para ele. Um autêntico rubor cobria suas bochechas.
De repente Joseph a tomou em seus braços, sorrindo da maneira com que ela segurou a beira de seu penhoar onde ele separava seus joelhos. Ele quase mencionou que sua modéstia tinha escolhido um lugar bastante equivocado, desde que ele havia cuidado dela quando ela estava tão doente. Mas Demétria ficou rígida em seus braços, e Joseph decidiu não voltar àquele assunto.
Quando tinham descido a metade dos degraus, Demétria percebeu quão pouco preparada estava para passar a noite com Joseph.
- Deixei-me minha camisola de dormir lá em cima - balbuciou -. Dormir usando a roupa que uso durante o dia é uma coisa, mas isto é tão grande e…
- Você não vai precisar dela - interrompeu Joseph.
- É claro que vou precisar - murmurou Demétria.
Joseph não respondeu. Demétria soube que tinha perdido aquela discussão quando a porta do quarto de Joseph se fechou com um golpe seco. Infelizmente, estava dentro dos aposentos dele.
Joseph depositou Demétria na cama e retornou à porta. Deslizou a tábua de madeira através dos aros. E depois se virou, cruzando lentamente os braços em cima do peito e sorrindo para ela.
Aquela atraente marca voltava a aparecer no lado de sua bochecha. Demétria poderia chamá-la de covinha, porém aquela era uma descrição incorreta para um homem do tamanho e poder como Joseph. Os guerreiros não tinham covinhas.
Sua mente estava divagando. A culpa era dele, naturalmente. Ora, ele se limitava a ficar plantado ali, olhando para ela! Demétria se sentia como um ratinho encurralado por um lobo faminto.
- Está tentando me assustar? - perguntou Demétria, soando aterrorizada.
Joseph sacudiu a cabeça. Percebeu o medo dela, e então compreendeu que aquele sorriso forçado não tinha ajudado nada a seu favor.
- Eu não quero você com medo. – Começou a andar até ela, acrescentando -: Eu prefiro você sem medo, embora possa entender que a primeira vez possa ser assustadora para uma virgem.
Sua tentativa de tranquilizá-la não teve êxito. Joseph chegou rapidamente a essa conclusão, quando Demétria saltou da cama.
- A primeira vez? Não se deitará comigo, Joseph - gritou.
- Eu vou - respondeu ele.
- Que eu seja obrigada a dormir ao seu lado é uma coisa, mas isso é tudo o que vai acontecer esta noite!
- Agora estamos casados, Demétria. É perfeitamente comum deitar-se com a esposa na noite de núpcias.
- E também é comum obrigar uma lady a se casar? - perguntou ela.
Ele deu de ombros. Demétria parecia estar à beira das lágrimas. Joseph decidiu que voltaria a deixá-la furiosa, porque preferia isso às lágrimas.
- Era necessário - disse-lhe.
- Necessário? Você quer dizer que era o mais conveniente, não é? Diga-me uma coisa, Joseph. Também será necessário forçar-se a mim esta noite? - perguntou, e continuou falando sem lhe dar chance para responder -: Você nem sequer se incomodou em arrumar um tempo para me explicar quais eram suas razões para este casamento. Isso é imperdoável de sua parte.
- Você realmente esperava que lhe explicasse minhas ações? - rugiu Joseph. Lamentou quase que de imediato sua falta de controle, porque Demétria já havia voltado a se sentar na beira da cama e estava retorcendo suas mãos.
Joseph tratou de se acalmar e foi até a lareira para parar na frente dela. Moveu-se com uma deliberada lentidão, e começou a desfazer os cadarços que fechavam o pescoço de sua túnica. Não separou, nem por um só minuto, seu olhar de Demétria, querendo que ela visse o que ele estava fazendo.
Ela tentou não olhar para ele, mas Joseph era uma presença esmagadora, e ela não podia ignorá-lo. Sua pele era bronzeada pelo sol, e agora o resplendor do fogo a deixava dourada. Um par de músculos se revelou quando Joseph se inclinou para tirar suas botas.
Por Deus, ela queria tocá-lo. A admissão era tão assustadora que Demétria sacudiu a cabeça. Tocá-lo, nada disso! O que ela queria realmente era vê-lo fora daquele quarto. Mas isso, pensou com um suspiro que atingiu até os dedos de seus pés, não tinha nada que ver com a verdade que sentia.
- Você pensa que sou uma rameira - balbuciou Demétria subitamente -. Sim, eu vivi com um sacerdote expulso… Essas foram suas palavras, Joseph - recordou-lhe -. Você não gostaria de se deitar com uma rameira.
Rezou para que não estivesse equivocada.
Joseph sorriu da maneira com que ela acreditava tê-lo convencido.
- As rameiras têm certas vantagens sobre as virgens que carecem de experiência, Demétria. Você, naturalmente, entende a que me refiro.
Não, sem dúvida ela não entendia a que ele estava se referindo. Mas agora ela não podia lhe dizer isso, não? Sua decepção começava a tornar-se incontrolável.
- Elas não contam com certas vantagens - murmurou Demétria.
- Você não pretenderia dizer nós?
Demétria se deu por vencida. Não era uma rameira, e sabia que ele também era consciente desse fato.
Como ela não respondeu, Joseph chegou à conclusão que Demétria seria obrigada a mentir se continuasse falando.
- Uma rameira conhece todas as maneiras de agradar um homem, Demétria - disse-lhe.
- Eu não sou uma rameira e você sabe.
Joseph sorriu. Oh, como a honestidade dela o agradava! Joseph era um homem acostumado às traições, ainda assim, ele sabia com toda certeza que poderia apostar sua vida no fato de que Demétria nunca mentiria para ele.
Joseph tirou o resto de sua roupa e foi até o outro lado da cama. As costas de Demétria estavam viradas para ele. Joseph viu como os ombros de Demétria enrijeciam até o ponto de se romper quando ele afastou os cobertores e se meteu na cama. Virou-se, apagou a chama da vela e deixou escapar um sonoro bocejo. Se Demétria estivesse olhando para ele, saberia que o bocejo era uma flagrante mentira. A excitação de Joseph era óbvia, inclusive para alguém tão ingênuo como sua assustadiça esposa.
- Demétria…
Demétria não suportava a maneira com que ele pronunciava seu nome quando estava irritado com ela. Joseph sempre prolongava as últimas sílabas até fazê-lo soar como se na verdade seu nome fosse Tria.
- Eu não me chamo Tria - murmurou.
- Venha para a cama.
- Não estou cansada.
A observação não podia ser mais estúpida, mas Demétria estava muito assustada para ser inteligente. Deveria ter escutado mais histórias da Marta, mas agora já era muito tarde para fazer algo a respeito. Oh, Deus, pensou que ia vomitar a qualquer momento. E colocar para fora seu jantar, diante de Joseph, seria realmente humilhante, não seria? O mero feito de pensar nisso fez com que revolvesse seu estômago, que intensificou ainda mais sua preocupação.
- Não sei o que fazer…
Aquele suspiro cheio de angústia rasgou o coração de Joseph.
- Demétria, lembra-se da primeira noite que passamos juntos em minha tenda? - perguntou-lhe.
Sua voz era doce e suave. Demétria pensou que provavelmente ele tentasse tranquilizá-la.
- Essa noite eu lhe prometi que não iria forçá-la. E já quebrei alguma vez a palavra empenhada a respeito de alguma questão? - perguntou Joseph.
- Como vou saber? - replicou Demétria -. Você nunca me deu sua palavra a respeito de nada. - Virou-se para ver se ele ia tratar de agarrá-la. Aquilo foi um erro, porque Joseph não se incomodou em se cobrir com o cobertor. Estava tão nu como um lobo.
- Cubra-se, Joseph. Não é decente que me permita ver… suas pernas.
Demétria voltava a se ruborizar e Joseph não soube por quanto tempo poderia manter aquela fachada de tranquila despreocupação.
- Eu desejo você, Demétria, mas quero que você também me deseje. Eu vou ter você implorando, mesmo que leve a noite toda.
- Eu nunca imploro.
- Você vai implorar.
Demétria olhou nos olhos de Joseph, tentando descobrir se ele estava tentando enganá-la ou não. Sua expressão não dizia nada a respeito do que estava pensando, e Demétria mordiscou o lábio inferior enquanto se preocupava.
- Você vai me prometer isso? - perguntou finalmente -. Promete que realmente não vai me forçar?
Joseph deixou que ela visse sua exasperação no momento em que assentia. Decidiu que amanhã iria deixá-la saber que não deveria interrogá-lo daquela maneira. Esta noite, porém, permitiria sua transgressão.
- Confio em você - ela murmurou -. É estranho, mas acredito que sempre confiei em você.
- Sei.
Demétria chegou a sorrir ante a arrogante observação de Joseph. Logo deixou escapasse um suspiro de alívio. Voltava a sentir-se a salvo.
- Como você não permitiu que eu trouxesse minha camisola de dormir, terei que usar uma de suas camisas - disse.
Demétria não esperou para obter a permissão de Joseph. Foi até sua arca, levantou a tampa e pinçou entre suas roupas até que encontrou uma de suas camisas. Não sabia se Joseph estava olhando ou não para ela, por isso manteve as costas voltadas para ele, enquanto tirava o roupão e colocava a camisa de seu marido.
A roupa quase não chegava a cobrir seus joelhos. Demétria se apressou a se meter debaixo das mantas, e sem dúvida essa foi a razão pela qual seu corpo chocou acidentalmente com o corpo de Joseph.
Ela demorou um tempo infinito para arrumar as mantas a sua inteira satisfação. Demétria não acreditava que fosse correto tocar em Joseph, mas ela queria aproximar-se dele o suficiente para que pudesse sentir um pouco do seu calor. Finalmente, acomodou-se. Exalou um suspiro. Ela esperava que Joseph tivesse se cansado de seus movimentos até agora. Para falar a verdade, queria agarrá-lo e puxá-lo até deixá-lo grudado a seu corpo. Bem sabia Deus que ela estava acostumada a ser agarrada e levada de um lado a outro, e tinha que admitir a verdade, na verdade, até gostava de um pouco que isso fosse feito. Demétria sempre terminava aconchegada junto a Joseph, sentindo-se cômoda e a salvo. E quase querida. Aquilo era uma fantasia, mas Demétria se permitia fingir de qualquer modo. Não tinha pecado algum em fingir, verdade?
Joseph não tinha nem ideia do que se passava dentro da cabeça de Demétria. Apenas para conseguir que se metesse naquela cama tinha requerido muito mais tempo do que ele previu inicialmente. Seu ritual noturno de nadar no lago de águas geladas era um esforço insignificante, comparado com a dura prova pela qual Joseph estava passando agora. O prêmio merecia a tortura, todavia. Com esse pensamento em mente, Joseph se virou de lado. Apoiou sua cabeça em seu cotovelo, baixou o olhar para sua esposa. Surpreendeu-se ao ver que ela também olhava para ele, porque realmente esperava encontrá-la escondida debaixo das cobertas.
- Boa noite, Joseph - ela murmurou, dirigindo-lhe outro sorriso.
Joseph queria mais, muito mais.
- Dê-me um beijo de boa noite, esposa.
Seu tom era arrogante, mas Demétria não se sentiu nada afetada por ele.
- Eu já dei um beijo de boa noite - lembrou-lhe com doçura enquanto franzia o cenho -. Tão insignificante foi aquele beijo que você já se esqueceu dele?
Será que ela estava brincando com ele? Joseph decidiu que isso era o que ela estava fazendo, e provavelmente devido à segurança que sentia de si mesma. Também se sentia vitoriosa. Ah, Demétria confiava nele, e embora isso agradasse Joseph, aquele surdo palpitar crescia dentro dele e perturbava sua concentração. Não podia afastar os olhos da boca de Demétria, e foi incapaz de parar quando, lenta e indevidamente, começou a descer sua boca para a dela. Seu braço rodeou sua cintura, prevendo qualquer retirada no caso de Demétria tentar se separar dele. Joseph prometeu a si mesmo que não forçaria o beijo, e que iria apenas se limitar a manter Demétria perto dele, até que pudesse fazê-la entender.
Sua boca pousou sobre a de Demétria em um beijo arrumado para derreter qualquer tipo de resistência. Sua língua mergulhou dentro da boca de Demétria, ávida e quase selvagem em sua busca por unir-se a ela. Joseph queria dar prazer a Demétria, e um instante depois soube que tinha obtido quando a língua dela tocou a sua, e a mão dela acariciou suavemente sua bochecha.
Joseph capturou o suspiro dela quando tornou o beijo ainda mais profundo. Sua mão acariciou o pescoço de Demétria, enquanto seu polegar descrevia um lânguido círculo sobre a pulsação desenfreada que ele conseguia sentir.
Demétria queria se aproximar um pouco mais do calor de Joseph; beijá-lo fazia com que ela se sentisse maravilhosamente bem. Suas mãos deslizaram ao redor do pescoço de Joseph, e quando ele mostrou seu prazer ante o toque de Demétria, emitindo um suave grunhido, ela voltou a sorrir junto à boca dele.
Joseph levantou a cabeça para olhá-la. Demétria parecia estar totalmente satisfeita. Pegou-se devolvendo o sorriso sem que pudesse explicar a razão. Quando sentiu como os dedos de Demétria roçavam hesitantemente a curva de sua nuca, Joseph não pôde resistir a tentação de voltar a beijá-la. O lábio inferior de Demétria foi facilmente capturado entre seus dentes e Joseph os puxou, trazendo-a para cima dele.
Demétria riu, deleitada.
Joseph gemeu, atormentado.
O beijo se tornou intenso e apaixonado. Joseph capturou o rosto de Demétria entre suas mãos, e quando ela começou a responder, permitiu que aquela resposta alimentasse a fome que ardia dentro dele.
Demétria gemeu e se aproximou um pouco mais, até que os dedos de seus pés se esfregaram contra o duro pelo das pernas de Joseph.
Então Joseph colocou fim aos inquietos movimentos de Demétria, deixando as pernas dela presas entre suas grossas coxas. Sua boca não abandonou, nem por um só instante, a boca de Demétria. Joseph estava tendo um autêntico banquete com ela, empregando sua língua para saquear o doce interior que Demétria lhe oferecia de tão boa vontade.
Não conseguia ter o suficiente dela. O beijo se tornou selvagem, faminto. As mãos de Joseph passaram de ser tão indisciplinadas como sua boca, amansando e excitando, enquanto acariciava um caminho quente dos ombros até a base de sua espinha.
Estremecimentos de puro êxtase fizeram Demétria tremer ainda mais. Ela era incapaz de reter um pensamento e agarrar-se a ele, e era como se já não pudesse mais salvar a si mesma. Sua mente era guiada por todas aquelas sensações eróticas, tão novas para ela, que pouco a pouco iam tomando conta de seu corpo.
Demétria se contorcia com o domínio de Joseph. Sentia-se atraída por seu calor, até que sentiu a dura excitação de Joseph contra a junção de suas coxas. Ela ofegou e tentou se afastar, mas o beijo incandescente de Joseph afastava todo seu medo. O calor era incrível. A mente de Demétria se rebelava contra aquela intimidade, mas seu corpo sabia como responder a ela. Demétria instintivamente o capturou e o manteve ali, empregando suas coxas para fazer um carinho nele. Permitiu que o calor fosse penetrando lentamente, mas quando Joseph começou a mexer seus quadris e sua excitação começou a se esfregar contra ela, Demétria tentou detê-lo. Suas mãos seguraram as coxas de Joseph e ela o empurrou. Ela pensou que estivesse fazendo-o parar, mas quanto mais ele se mexia, o mais fraca sua luta se tornava. Seu toque acendeu as brasas de um desejo profundo dentro dela, e não demorou muito tempo para que se agarrasse a ele, afundando suas unhas nas costas de Joseph para mantê-lo firmemente unido a ela.
Joseph percebeu que Demétria começava a se assustar com o desejo que se apropriava dela, mas estava decidido a fazê-la responder com idêntica paixão. Suas mãos em concha rodearam suas nádegas, quase que rudemente. Joseph a levantou e a colocou em cima dele, permitindo que Demétria pudesse senti-lo na totalidade. Um tênue som de união escapou do fundo de seu peito, um som primitivo e erótico, tão mágico como a canção das sereias, que chamava Demétria e a fascinava. Demétria não pôde resistir a ele, e o beijou com um selvagem e desenfreado abandono.
A resposta totalmente desinibida de Demétria forçou Joseph até levá-lo ao limite da prudência. Ele afastou sua boca da de Demétria e começou a dar beijos quentes ao longo de seu pescoço. Tentou recuperar o controle, mas o esforço lhe custou. Conter-se tornou doloroso, e agora a única coisa que ele queria era mergulhar dentro de Demétria, encher completamente seu corpo e sua alma. Não podia fazê-lo, por certo, porque ainda era muito cedo para ela. Joseph disse a si mesmo que não deveria apressá-la e que deveria dar um pouco mais de tempo a Demétria, mas sua boca e suas mãos se negaram a escutar os comandos de sua mente. Por incrível que pudesse parecer, não podia deixar de tocá-la. Seu cheiro impedia-lhe de pensar, e Joseph nunca tinha experimentado uma paixão tão arrebatadora. Saber que ainda havia muito mais por vir fez com que se sentisse próximo ao prazer.
Demétria sabia que deveria colocar freio em todas aquelas liberdades que Joseph estava tomando com ela. Agora ela se agarrava a Joseph, segurando-o com os braços ao redor de sua cintura. Tragou ar com uma inspiração profunda, tentando desesperadamente de se controlar. A tarefa parecia ser impossível, porque Joseph estava torturando seu pescoço com sua boca e sua língua, enquanto sussurrava em seu ouvido umas palavras tão ousadas, sedutoras e irrepetíveis que Demétria apenas conseguia pensar.
Ele dizia que ela era linda, contando-lhe em eróticos detalhes tudo que desejava fazer com ela. Ele dizia que ela o enlouquecia de desejo e quando separou seus cabelos do rosto e beijou sua testa, Demétria soube, pela maneira com que tremiam as mãos de Joseph, que ele não podia falar mais a sério.
Demétria também sabia que Joseph poderia esmagar facilmente qualquer resistência que ela oferecesse, porém sua força agora não a assustava. A única coisa que ela deveria fazer seria dizer que ele parasse. Joseph não a forçaria. Ele sempre mantinha seu poder sob controle quando estava com ela, sempre que ele a tocava, ele usou um método ainda maior para vencê-la. Sim, porque Joseph a cortejava com ternas carícias e suaves promessas proibidas.
Se ela ao menos conseguisse encontrar força necessária para interpor um pouco de distância entre eles, provavelmente pudesse voltar a pensar. Com essa vontade em mente, Demétria rolou, afastando-se dele.
Joseph a seguiu, e então Demétria percebeu que as mantas haviam desparecido. Agora era Joseph quem a cobria, abrangendo-a da maneira mais completa que se pudesse imaginar. Suas pernas nuas estavam entrelaçadas e só uma fina camisa protegia sua virgindade de Joseph.
Ele também removeu aquela barreira, subindo lentamente o tecido por cima dos seios de Demétria. Estava determinado a fazê-lo, e tirou a camisa antes mesmo que ela pudesse pronunciar uma única palavra em negação. Para falar a verdade, ela poderia tê-lo ajudado.
Todo pensamento de cautela se esfumaçou da mente de Demétria assim que o peito de Joseph tocou seus seios.
O grosso tapete de pelo esfregou contra seus mamilos, e Demétria gemeu com autêntico prazer. A respiração de Joseph a excitava quase tanto como seu contato. Era áspera, sem controle, e tão necessitada como a dela.
Joseph levantou a cabeça para olhar para ela. Os olhos de Demétria se tornaram escuros e sonhadores.
- Você gosta de me beijar, Joseph?
Ele não estava preparado para aquela pergunta, e só respondeu quando voltou a encontrar sua voz.
- Sim, Demétria, eu gosto de beijar você. - E então ele sorriu -. Tanto quanto você gosta de me beijar.
- Eu gosto - sussurrou ela. Ela estremeceu com aquele calor, passou nervosamente a ponta de sua língua pelo seu lábio inferior. Joseph a contemplou. Ele gemeu e teve que fechar os olhos durante um instante antes de voltar a olhar para ela.
Demétria estava começando a deixá-lo realmente frenético. Cortejar era um trabalho muito difícil. Joseph queria fazê-la. Agora. Sabia que Demétria ainda não estava preparada para recebê-lo. Teria que continuar com aquela prova de resistência, mesmo que aquilo terminasse matando-o. Pensou que provavelmente pudesse fazê-lo.
Respirou fundo e depositou um beijo sobre o extremo de uma das sobrancelhas finamente arqueadas de Demétria. Depois beijou a ponte de seu nariz, justo no meio de suas atraentes sardas, aquelas que ele sabia que Demétria provavelmente negaria ter.
Demétria conteve a respiração, esperando que ele chegasse a sua boca. Quando Joseph se virou e voltou para o lado de seu pescoço, Demétria tratou de fazê-lo voltar ao lugar que ela desejava tê-lo.
- Quero voltar a beijar você, Joseph - sussurrou.
Sabia que estava sendo muito atrevida. Sim, estava jogando com um fogo proibido. Demétria disse a si mesma que ela agia de maneira ousada somente porque estava despreparada. Ninguém havia lhe explicado jamais como aconteciam as coisas entre homens e mulheres. Ninguém nunca havia lhe prevenido sobre o intenso prazer, e agora o prazer guerreava com sua capacidade de raciocinar.
Demétria de repente percebeu que a batalha de faz-de-conta ela lutava com ela mesma era apenas isso, um faz-de-conta. Ela tentava obrigar Joseph que a liberasse da necessidade de tomar uma decisão. Então apenas ele seria responsável por seu ato. Dessa maneira ela continuaria a ser inocente, presa pelo prazer que Joseph estava impondo.
A verdade a envergonhou. Joseph não a forçava absolutamente.
- Sou uma covarde - sussurrou.
- Não tenha medo - Joseph a reconfortou. Sua voz estava cheia de ternura.
Demétria tentou se explicar, dar a ele todas as palavras, dizer-lhe o quanto o desejava. Apenas por aquela noite, Demétria queria pertencer a Joseph. Não acreditava que ele pudesse chegar a amá-la, mas por uma gloriosa noite queria fingir que as promessas que ele fazia eram verdadeiras. Se Joseph pudesse dar ainda que só uma parte de si mesmo, então ela se obrigaria a acreditar que era o bastante.
- Ponha seus braços a minha volta, Demétria - ordenou Joseph. Sua voz estava controlada, quando suas mãos se moveram delicadamente sobre as curvas dos seios de Demétria.
As palmas de suas mãos cobriram seus seios totalmente. Demétria se arqueou instintivamente contra ele, pensando que o prazer que Joseph a fazia sentir era insuportavelmente doce.
Joseph ignorou seu gemido de surpresa. Usou seus polegares para provocar os mamilos de Demétria até fazer com que respondessem. Quando ambos os mamilos estavam endurecidos e começaram a resistir a sua suave pressão, Joseph foi um pouco mais para baixo e tomou um deles em sua boca. Sua língua era uma tortura aveludada. Ele sugou, fazendo Demétria enlouquecer, que se retorceu e gemeu enquanto agarrava seus ombros com as mãos.
Quando Joseph terminou de sugá-los, ambos os seios estavam inchados. Então, Joseph voltou a cobri-los com seu peito e capturou a boca de Demétria em um prolongado e abrasador beijo, que só serviu para despertar nela um desesperado desejo de ter ainda mais.
Joseph não podia continuar esperando por mais tempo. Uma parte de sua mente sabia que ela ainda não lhe tinha dado permissão. Levantou a cabeça e viu brilhar as lágrimas nos olhos de Demétria.
- Quer que eu pare? - murmurou, perguntando-se no mesmo instante em que formulava a pergunta como, em nome de Deus, ia ser capaz de semelhante proeza -. Conte-me por que está chorando, Demétria - disse depois de capturar com seu polegar a primeira lágrima que escapou dos cílios dela.
Demétria não lhe respondeu. Joseph tomou imperiosamente seus cabelos. Seus dedos se enredaram naqueles sedosos fios.
- Seja honesta comigo, esposa, em toda sua totalidade. Posso ver a paixão em seus olhos. Diga as palavras, Demétria.
Sua exigência era tão irresistível como sua necessidade. Joseph podia sentir o calor que ardia dentro de Demétria. Seu corpo se mexia inquietantemente contra o seu.
- É errado eu desejar tanto você, mas eu desejo - sussurrou Demétria -. Desejo tanto você que me dói.
- Agora você é minha esposa, Demétria - respondeu Joseph com voz áspera e entrecortada -. O que estamos fazendo não é errado.
Inclinou-se sobre ela e voltou a beijá-la, com um beijo ardente e abrasador que não deixava esconder nada. Ela respondeu com idêntica paixão. Quando suas unhas cravaram nos ombros de Joseph, ele retrocedeu abruptamente.
- Diga-me que você me quer dentro de você. Agora. Diga-me, Demétria.
Joseph a olhou nos olhos, enquanto ia separando lentamente as pernas dela com sua coxa. Antes que Demétria pudesse compreender sua intenção, a mão de Joseph deslizou dentro do montículo de suaves cachos que cobriam a parte mais sensível e delicada do corpo dela. Seus dedos a acariciaram e a tocaram até que o calor de Demétria se tornou úmido e escorregadio por causa do desejo. Durante todo esse tempo, ele ia observando a apaixonada resposta dela.
O dedo de Joseph a penetrou lentamente. Demétria se arqueou instintivamente sob sua mão, dando-lhe tanto prazer com aquela ação carente de inibições que Joseph pensou fosse morrer. Toda ela estava ardendo com uma incrível intensidade. E o calor pertencia a ele.
- Acabe com esta tortura, Joseph. Venha para mim.
Ele gemeu o nome de Demétria um instante antes de sua boca voltar a possuí-la. Moveu-se com toda a lentidão que foi capaz, colocou-se entre as sedosas coxas de
Demétria, levantou o quadril dela e começou a penetrá-la. Ela se retorceu, impulsionando Joseph para frente.
Joseph se deteve quando sentiu a membrana que protegia a virgindade de Demétria.
- Coloque seus pernas ao meu redor - disse, gemendo aquela instrução. Seu rosto desceu para repousar em cima do pescoço de Demétria. Quando sentiu que ela se movia para lhe obedecer, voltou a jogar-se para frente. Demétria soltou um grito de dor e tentou retroceder -. Está tudo bem, querida. A dor já terminou, eu lhe prometo isso. Fique quietinha, agora - sussurrou.
Joseph queria esperar até que o corpo de Demétria se adaptasse a sua invasão, mas o palpitar agora era insuportável. Ele não poderia parar. Começou a se mexer, a princípio lentamente e com uma força e uma necessidade crescentes depois. Sua mão ia e vinha entre eles, despertando uma febril excitação em Demétria cada vez que seus dedos se esfregavam contra ela.
A dor não demorou para ficar esquecida. Joseph a enchia completamente. Demétria começou a se mexer com seu marido, arqueando os quadris para recebê-lo ainda mais dentro dela, e sentiu a mudança que tomou conta dele naquele momento.
O poder se desdobrou, rodeou e penetrou. Demétria se deixou levar pelo êxtase das sensações, permitindo que a suavidade de seu corpo se convertesse na passagem para o poder de Joseph. Agora cada um formava uma imensa parte do outro, e cada um pertencia ao outro em corpo, mente e alma.
Demétria perdeu o controle. Tornou-se subitamente selvagem, passando a ser tão livre como uma tigresa, e se dispôs a chegar até aquele mistério da plenitude que parecia estar fora de seu alcance. Entregou-se aos sentimentos, dando-se a seu marido, a seu amante. E tudo porque ele se entregou a ela.
Joseph sussurrava ousadas palavras em seu ouvido, mas Demétria estava inebriada demais para entender o que ele estava dizendo. Ela não podia pensar, somente podia sentir aquele poder que a puxava, acariciava e exigia.
O clímax foi tão arrebatador que Demétria gritou. O nome de Joseph. Sentia-se apavorada, vulnerável, segura. Ela era amada.
Joseph respondeu com outro clímax explosivo e um áspero grunhido. Gritou o nome dela, abraçando-a tão estreitamente que Demétria pensou que pudesse chegar a absorvê-la. Ele desabou sobre Demétria, suspirando seu nome com autêntica satisfação.
Seus corpos estavam úmidos de suor. O aroma almiscarado do ato amoroso envolvia a neblina de sua paixão. Demétria acariciou o ombro de Joseph com sua língua, lambendo o sabor salgado dele.
Joseph não acreditava que restasse força suficiente para rodar para o lado, saindo de cima dela. Decidiu que ficaria para sempre ali onde estava.
Nunca tinha experiente semelhante satisfação. Quando por fim foi capaz de voltar a pensar com clareza, incorporou-se sobre os cotovelos para olhá-la. Os olhos de Demétria estavam fechados. Suas bochechas estavam rosadas. Havia voltado a ser uma tímida gatinha, concluiu Joseph com um sorriso. Deus, como ela devia estar constrangida agora, depois da maneira com que tinha respondido a ele! Joseph pensou que levaria os arranhões de Demétria nos ombros por pelo menos uma semana.
- Machuquei você? - ele perguntou.
- Sim - disse ela, encabulada.
- Muito? - perguntou Joseph, que parecia preocupado.
- Muito pouco.
- E eu lhe dei prazer, Demétria? - perguntou Joseph.
Demétria se atreveu a olhar para ele. O arrogante sorriso de Joseph capturou a dela.
- Sim - admitiu.
- Muito pouco?
Demétria sacudiu a cabeça, agora com um sorriso. De repente compreendeu que Joseph tinha quase tanta necessidade de ouvi-la dizer como ela havia sentido prazer com ele, como ela precisava ouvir de sua própria satisfação.
- Muito, Joseph.
Ele assentiu, sentindo-se profundamente satisfeito. Embora soubesse que a tinha deixado totalmente saciada, sua satisfação ficou intensificada pela honestidade com que ela lhe respondeu.
- Você é uma mulher muito apaixonada, Demétria. Não tem nada do que se envergonhar.
Beijou-a com uma intensa e prolongada paixão e quando voltou a olhá-la, agradou-lhe ver que o constrangimento de Demétria havia desaparecido. Os olhos de sua esposa estavam de um intenso azul. Deus, ele poderia se perder nela outra vez.
Joseph se sentiu terrivelmente vulnerável, de repente. Não havia nenhuma razão para aquele sentimento. Era muito estranho a sua natureza para que ele pudesse entender. Se não tomasse cuidado com Demétria, ela poderia convertê-lo em Sansão. Joseph percebeu que ela era mais sedutora que Dalila. Sim, Demétria roubaria toda sua força, caso ele permitisse.
Com o cenho franzido, deitou-se de costas com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça, deixando preso debaixo de seu cotovelo um pouco do cabelo de Demétria. Ele a ignorou, cravando os olhos no teto, enquanto ela se esforçava para livrar-se daquela súbita restrição.
Joseph estava tentando chegar a um acordo com todas as verdades que exigiam sua atenção. Ele havia ignorado os fatos por muito tempo. A única vez que tinha sido honesto consigo mesmo, tinha sido quando tocava em Demétria. Ele não conseguia controlar suas reações, não importava quão corajosamente ele tentasse. Demétria tinha chegado a significar muito para ele. O poder que tinha sobre ele realmente chegava a preocupá-lo, e Joseph não era o tipo de homem que se preocupava com facilidade.
Demétria puxou o cobertor até cobrir o queixo com ele. Ficou imóvel sobre suas costas, mas lançou um rápido olhar de soslaio que surpreendeu o feroz cenho franzido, que havia no rosto de seu marido.
Ela ficou imediatamente assustada. Teria falhado com ele de alguma maneira? Sabia que havia se mostrado um pouco tímida e também um pouco desajeitada.
- Há algo que lamente agora, Joseph? - perguntou com voz hesitante.
Não podia olhar para ele. Demétria fechou os olhos, deixando que o medo e a vergonha fossem crescendo dentro dela.
- Nada.
A negativa tinha sido pronunciada em um tom que não podia ser mais áspero e que não tranquilizou Demétria nem um pouco. Sentiu-se doída e humilhada. O resplendor daquele momento em que estavam fazendo o amor se esfumaçou de repente, e foi substituído por uma desesperada sensação de fracasso que a encheu de tristeza. Sem que pudesse evitar, Demétria começou a chorar.
Joseph não estava prestando muita atenção nela, porque e acabava de aceitar toda a verdade.
Aquela certeza o deixou atônito. Aquela mulher imprevisível, capaz de lhe faltar com respeito e que chorava alto o suficiente para despertar os mortes tinha-se metido em seu coração.
De repente se sentiu tão vulnerável como aquele guerreiro chamado Aquiles, do qual Demétria havia lhe falado. Sim, Aquiles não devia ter se sentido muito feliz ao descobrir que seus calcanhares eram vulneráveis. Provavelmente teria ficado furioso, tão furioso como estava Joseph subitamente.
Não tinha nem a mais remota ideia de como iria se proteger de Demétria. Decidiu que precisava de tempo para pensar naquela situação. Sim, tempo, e também distância, porque era simplesmente impossível pensar em todas as ramificações, quando Demétria estava perto dele. Demônios, aquilo o deixava enfurecido!
Joseph suspirou, sonora e prolongadamente. Ele sabia o que queria Demétria, o que ela precisava dele naquele instante. Com um gemido de frustração, afastou o cobertor e a tomou em seus braços. Disse para ela que deixar de chorar, mas ela continuou soluçando em uma flagrante desobediência até que o pescoço de Joseph ficou molhado, ali onde repousava o rosto dela.
Demétria estava totalmente decidida a lhe dizer que o desprezava e que nunca mais iria voltar a lhe dirigir uma palavra, e que ele era o homem mais insensível e arrogante que jamais havia encontrado. Mas primeiro precisava deixar de chorar, já que do contrário sua voz teria soado digna de compaixão em vez de enfurecida.
- E você tem algo a lamentar agora, Demétria? - ele perguntou quando não pôde suportar por mais tempo o som de seus soluços.
Ela assentiu, atingindo seu queixo com a cabeça ao fazê-lo.
- Sim - disse -. É óbvio que não lhe dei prazer. Sei disso porque você franze o cenho e me fala com brutalidade, mas foi apenas porque eu não fiz o que deveria fazer, Joseph.
Deus, ela era imprevisível! Demétria estava chorando porque acreditava que não o tinha deixado satisfeito, aquela revelação fez Joseph sorrir.
Demétria se liberou bruscamente de seu abraço, voltando a bater com sua cabeça no queixo ao fazê-lo.
- Não quero que volte a me tocar nunca mais.
A raiva tomou conta dela e fez com que ela se esquecesse por completo de sua nudez. O corpo de Joseph reagiu rapidamente ante aquela bonita visão. Demétria o encarou, suas pernas dobradas sob seu corpo, e seus seios, magníficos, opulentos e coroados por pontas rosadas, eram muito irresistíveis para que pudessem ser ignorados. Joseph estendeu a mão e rodeou o mamilo com seu polegar. O mamilo endureceu antes que Demétria pudesse separar aquele dedo com um tapa.
Ela tentou rechaçá-lo puxando o cobertor até tampar seus seios com ele, mas Joseph ganhou, sem nenhuma dificuldade, aquele espontâneo jogo de tira e afrouxa, quando arrancou o cobertor de seus dedos e o atirou ao chão. Demétria o teria seguido, se ele não a tivesse segurado pelo braço, voltando a atraí-la para cima de seu peito com puxão.
Joseph prendeu as mãos dela com a sua e sorriu. Um instante depois, o sorriso abandonou seus lábios de uma maneira bastante brusca quando o joelho de Demétria encontrou um alvo vulnerável entre as pernas dele.
Joseph gemeu, capturou suas pernas, travando a sua própria torno de seus tornozelos, parando efetivamente aquela luta. Ele soltou suas mãos e, em seguida, lentamente, puxou a cabeça dela para ele. Podia sentir o coração de Demétria batendo contra seu peito e não havia nada que desejasse mais que dissipar sua ira a beijos, mas então se deteve quando estava a só um hálito de distância.
- Escute-me bem, esposa. Não foi estranho, só inocente. E você me agradou mais do que eu imaginei ser possível.
Demétria o olhou por um longo tempo. Seus olhos voltaram a se encher de lágrimas.
- De verdade, Joseph? Eu dei prazer a você?
Ele assentiu, exasperado. Ele jurou que a primeira coisa que faria pela manhã seria deixar muito claro que não devia interrogá-lo a respeito de nada, e um instante depois se lembrou de que já tinha jurado fazer tal coisa.
- Você também me deu prazer - murmurou.
- Sei que dei, Demétria. - Secou as lágrimas de suas bochechas e suspirou ao ver a expressão de desgosto que apareceu no rosto dela -. Não franza o cenho - ordenou.
- Como sabe que me deu prazer?
- Sei porque gritou meu nome e me suplicou que…
- Eu nunca suplico, Joseph - interrompeu Demétria -. Está exagerando.
Ele sorriu de maneira arrogante. Demétria abriu a boca lhe para dizer o quão arrogante ela pensava que ele era, mas sua boca pegou a dela, efetivamente impedindo-a repreensão.
O beijo foi muito apaixonado. Demétria pôde sentir como a excitação de Joseph pressionava seu corpo. Ela mexeu os quadril contra o corpo dele com uma nervosa inquietação, provocante, que excitou Joseph ainda mais.
Joseph a afastou suavemente.
- E agora durma. Uma segunda vez seria muito doloroso.
Ela parou seu protesto com outro beijo. Demétria decidiu que ela gostava de estar em cima dele, e timidamente sussurrou esse fato para ele.
Ele sorriu, mas mesmo assim insistiu para que ela dormisse.
- Eu ordeno que você durma - ele disse.
- Eu não quero dormir - disse Demétria ao mesmo tempo em que mordiscava delicadamente seu pescoço, estremecendo com sua nova consciência -. Você tem um cheiro tão bom - ela disse para ele. Sua língua brincou com o lóbulo da orelha de Joseph, fazendo com que ele se distraísse.
Joseph decidiu pôr fim àquele jogo agora, antes que ele fosse incapaz de se controlar e a tomasse novamente. Ele não queria machucá-la, mas ele sabia que ela era inocente demais para entender.
Ele teria que mostrar como seria desconfortável para ela.
Com isso em mente, a mão de Joseph se moveu entre ambos. Quando ele colocou o dedo dentro dela, Demétria gemeu. Suas unhas cravaram nos ombros de Joseph.
- Agora diga que me deseja - exigiu Joseph, com a voz subitamente enrouquecida pelo desejo que o atormentava.
O corpo de Demétria se arqueou lentamente para cima. A dor e o prazer se mesclaram, convertendo-se em uma súbita confusão.
- Eu desejo você, Joseph - murmurou, esfregando seus seios no peito dele.
De repente Joseph sentiu que perdia o controle de si mesmo. Sentia-se forte o bastante para vencer o mundo inteiro. Quando Demétria tentou se virar para ficar deitada sobre suas costas, ele sacudiu a cabeça.
- Você realmente vai me fazer suplicar, Joseph? - perguntou ela, embora parecesse mais como um pedido a seu marido. Ele pensou que a voz de Demétria estava tremula porque ela sofria por uma necessidade tão intensa como a sua.
Ele beijou a testa franzida de seu rosto, enquanto lentamente começava a penetrá-la.
Demétria montou escarranchada sobre o quadril de Joseph, gemendo de satisfação. Seu último pensamento coerente foi toda uma revelação. Não tinha que estar deitada sobre suas costas.

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