E igualmente vós,
maridos, tratem com discrição a
suas esposas como
corresponde ao copo mais frágil.
Primeira epístola de
São Pedro, 3, 7
-
Não me vou casar com ninguém.
Demétria
teve vontade de gritar sua decisão, mas as palavras saíram de seus lábios meio
estranguladas. Não pôde evitar, porque ela finalmente compreendeu o que Joseph
pretendia fazer. Nicholas podia não desafiar aquela decisão, mas Demétria
certamente iria fazê-lo.
Joseph
parecia estar muito determinado naquele assunto. Ignorou os esforços que fazia
Demétria para se separar dele e indicou ao sacerdote que começasse a cerimônia.
O
padre Lawrence estava tão nervoso que nem sequer podia se lembrar da maior
parte das frases habituais, e Demétria estava tão furiosa que não prestava a
menor atenção. Estava muito ocupada gritando com o homem que tentava espremê-la
até a morte.
Quando
Demétria ouviu Joseph prometer que a aceitava por esposa, sacudiu a cabeça.
Depois o sacerdote perguntou se ela aceitava Joseph como seu marido. A resposta
de Demétria foi imediata.
-
Não, eu não aceito - disse.
Joseph
não ligou para sua resposta e segurou Demétria, apertando-a com tanta força que
ela pensou que ele estivesse tentando tirar os ossos de seu corpo.
Joseph
agarrou-a pelo cabelo, atraindo Demétria até que ela se viu olhando para o
rosto dele.
-
Agora, volte a responder, Demétria - sugeriu Joseph.
A
expressão em seus olhos quase a fez mudar de ideia.
-
Solte-me primeiro - exigiu.
Ele
acreditou que ela tinha a intenção de obedecê-lo, então Joseph a soltou. Seu
braço voltou a posar sobre os ombros de Demétria.
-
Volte a formular a pergunta – ele disse ao desalinhado sacerdote.
O
padre Lawrence parecia estar a ponto de desmaiar. Voltou a gaguejar a pergunta.
Demétria
não gritou uma negativa nem uma aceitação. Ela não disse absolutamente nada.
Que ficassem ali de pé até manhã, porque ela não se importava. Ninguém iria
obrigá-la a fazer parte naquela farsa.
Mas
não contou com a interferência de Nicholas. Demétria pensou que ele parecia
como se quisesse matar Joseph. Quando a mão dele foi para o punho de sua espada
e ele deu um passo ameaçador para frente, e um suspiro involuntário escapou dos
lábios de Demétria. Santo Deus, Nicholas ia desafiar Joseph!
-
Eu aceito, Joseph - balbuciou. Ela continuou olhando para Nicholas, viu a
indecisão em seus olhos, e acrescentou -: Entrego-me por minha própria vontade.
As
mãos de Nicholas voltaram a descer para os lados. Os ombros de Demétria
relaxaram com um suspiro de alívio.
Miley
foi para eles, deteve-se entre Kevin e Nicholas e sorriu para Demétria. Kevin
também estava sorrindo. Demétria teve vontade de gritar com ambos. Mas viu
Nicholas tão fora de si, que não se atreveu a fazê-lo.
O
sacerdote acelerou o resto da cerimônia. Depois de ter dado uma torpe bênção ao
contrário, o padre Lawrence se desculpou e saiu correndo da sala. Tinha ficado
verde. Obviamente tinha pânico de Joseph, um sentimento que Demétria entendia
muito bem.
Joseph
por fim a soltou, e então Demétria se virou para ele.
-
Este casamento é uma farsa - sussurrou, falando em voz muito baixa para que
Nicholas não pudesse ouvi-la -. O sacerdote nem sequer nos deu uma bênção
apropriada.
Joseph
teve a audácia de sorrir para ela.
-
Você me disse que nunca cometia erros, Joseph. Mas esta vez você certamente
cometeu um, porque acaba de arruinar sua vida. E para que propósito? Sua
vingança contra meu irmão terminou, não foi?
-
Demétria, este casamento é bem real. Suba para os meus aposentos e espere por
mim ali, esposa. Eu vou me juntar a você em breve.
Joseph
colocou uma ênfase deliberada na palavra “esposa”. Demétria levantou os olhos
para contemplá-lo com espanto, e viu que agora seus olhos estavam iluminados
por brilho quente. Os aposentos de Joseph?
Demétria
deu um pulo quando Miley tocou seu ombro, tentado dizer para ela que tudo
ficaria bem. Aquilo com certeza era muito fácil para ela dizer, não era ela
quem acabava de se amarrar a um lobo.
Ela
tinha que se afastar de todos os Wexton. Havia muita coisa para pensar.
Demétria subiu a saia de seu vestido, e começou a andar lentamente para deixar
o salão.
Kevin
a deteve, colocando a mão em seu braço quando Demétria já estava chegando à
entrada.
-
Eu gostaria de dar a boas vindas ao seio de nossa família - disse.
O
irmão de Joseph realmente parecia sentir o que acabava de dizer, e aquilo
enfureceu Demétria quase tanto como seu horrível sorriso. Preferia quando ele
franzia o cenho.
-
Não se atreva a sorrir para mim, Kevin, ou vou bater em você. Não divide que eu
faço.
Kevin
parecia bastante surpreso para que Demétria se sentisse satisfeita com sua
reação.
-
Eu me lembro de sua ameaça em me bater justamente pela razão contrária,
Demétria.
Demétria
não tinha a menor ideia do que ele estava dizendo. Não que ela particularmente
se importasse com isso, porque agora sua cabeça estava cheia de assuntos mais
importantes. Demétria se afastou de Kevin, murmurou consigo mesma que esperava
que ele se engasgasse com seu jantar, e então saiu do salão.
Nicholas
tentou ir atrás de Demétria, mas Kevin o deteve.
-
Agora Demétria é a esposa de seu irmão, Nicholas. Honre esse vínculo. - Kevin
manteve sua voz baixa para que Joseph não o escutasse. O irmão mais velho
tinha-lhes dado as costas voltava a contemplar o fogo.
-
Eu a teria feito feliz, Kevin, Demétria conheceu tanto dor em sua vida. Ela
merece ser feliz.
-
Você está cego, irmão? Você não percebeu o modo que Demétria olha para Joseph e
o modo com que ele olha para ela? Demétria e Joseph se importam um com o outro.
-
Você está enganado - respondeu Nicholas -. Demétria odeia Joseph.
-
Demétria não odeia ninguém. Ela não é capaz de sentir tal coisa. - Kevin sorriu
para seu irmão -. O que acontece é que você não quer admitir a verdade. Por que
você acha que estive tão zangado com Demétria? Demônios, pude ver a atração
desde o começo. Veja, Joseph não se separou nem um só instante de Demétria
quando ela esteve doente!
-
Isso foi só porque se sentia responsável por ela - arguiu Nicholas.
O
irmão mais novo tentava desesperadamente agarrar-se a sua ira, mas o argumento
de Kevin parecia soar razoável.
-
Joseph se casou com o Demétria porque queria fazê-lo. Verá, Nicholas, o fato de
nosso irmão se casar por amor é realmente notável. Nos tempos atuais, isso é
uma raridade.
Joseph
não obterá nenhuma terra, e com o que acaba de fazer somente conseguirá
desagradar o rei.
-
Joseph não a ama - murmurou Nicholas.
-
Sim, ele a ama - replicou Kevin, contradizendo a seu irmão -. Só que ele ainda
não sabe.
A
mente de Joseph não estava em seus irmãos. Ele os ignorava enquanto repassava
seus planos para o dia seguinte. O mensageiro de Sebastian tinha dado a
entender que atacariam com as primeiras luzes do alvorada se Demétria não fosse
entregue. Joseph sabia que aquilo não era mais que um blefe, e se sentiu quase
que decepcionado. Sim, ardia por outra batalha com alguém que tivesse jurado
servir ao Sebastian. Porém, aquele conjunto insignificante, congelando seus
traseiros fora das suas muralhas, não seria tolo o suficiente para desafiar o
pedido de seu líder. Eles sabiam que estavam superados tanto em número como em
capacidade. Sebastian provavelmente os enviou para que ele pudesse se
apresentar diante de seu rei e mostrar que tinha tratado de recuperar sua irmã
sem envolver seu monarca no assunto.
Satisfeito
com suas conclusões, Joseph deixou de lado aquele assunto e voltou seus
pensamentos para sua nova vida. Quanto tempo levaria para que Demétria o
aceitasse como marido? Não fazia diferença para ele o tempo que levasse, mas
quanto mais rápido ela se acostumasse a sua nova vida, melhor seria para sua
própria paz de espírito.
Parecia
que sua honra o obrigava a mantê-la a salvo. Demétria tinha lhe dado sua
coragem e sua confiança. Joseph não podia dar-lhe as costas, Sim, tinha sido o
sentido do dever o que o impulsionou a tomar aquela decisão tão apressada.
Enviá-la de volta a Londres teria sido como colocar uma criança dentro de uma
jaula para que lutasse com um leão.
-
Inferno - murmurou para si mesmo. Ele sabia desde o começo, quando a tocou pela
primeira vez, que nunca a deixaria partir -. Demétria está me enlouquecendo -
disse, sem se importar se alguém pudesse ouvi-lo.
A
presença de Demétria também o agradava. Joseph não percebeu quão rígida era sua
vida até que Demétria começou a interferir nela. Demétria podia obter reações
dele apenas com um olhar inocente. Quando não estava pensando em estrangulá-la,
Joseph estava obcecado por beijá-la. O fato de Sebastian ser seu irmão carecia
de importância. Demétria não tinha a alma negra de Sebastian, e era abençoada
com um coração puro e uma capacidade para o amor que faziam cambalear todas as
cínicas crenças de Joseph.
Joseph
sorriu. Ele imaginava em que estado encontraria Demétria quando subisse aquelas
escadas. Estaria apavorada ou voltaria a dar uma daquelas expressões de
serenidade outra vez? Sua nova esposa seria uma gatinha ou uma tigresa?
Saiu
do salão e foi em busca de Anthony. Depois de ouvir as felicitações de seu
vassalo por seu casamento, Joseph lhe deu instruções adicionais para os turnos
de vigia da noite.
A
seguir veio seu ritual noturno de nadar no lago. Joseph tomou seu tempo,
concedendo um momento mais a Demétria para que pudesse se preparar para sua
vinda. Já havia passado mais de uma hora desde que sua esposa saiu do salão
furiosa.
Joseph
decidiu que já tinha esperado o suficiente, e subiu as escadas de dois em dois.
Convencer Demétria de que tinha a intenção de deitar-se com ela não ia ser nada
fácil. Joseph não empregaria força, ainda que ela testasse sua paciência.
Levaria um tempo, mas Demétria terminaria se entregando a ele por vontade
própria.
O
juramento de manter seu gênio sob controle colocou-se à prova, quando chegou
aos seus aposentos e o encontrou vazio. Joseph suspirou com exasperação e subiu
imediatamente à torre.
Demétria
realmente acreditava que podia se esconder dele? Joseph achou tão divertido
aquele pensamento que sorriu. Seu sorriso desapareceu, entretanto, quando
tentou abrir a porta e descobriu que estava trancada.
Demétria
ainda se sentia um pouco preocupada. Ela havia retornado ao seu quarto em um
estado quase que histérico, e depois se viu obrigada a esperar até que sua
banheira estivesse cheia de água. Maude já tinha começado seus trabalhos
noturnos. Demétria tentou ser paciente, mas a criada e os dois homens que
traziam os baldes cheios de água fumegante demoraram demais, até que chegou um
momento em que Demétria estava morrendo de medo que Joseph a encontrasse, antes
que ela pudesse impedir sua passagem.
A
tábua de madeira estava justamente ali onde ela havia escondido, colocada
debaixo da cama. Uma vez que ela deslizou o grosso painel através dos aros de
metal, Demétria deixou escapar um sonoro suspiro de alívio.
Os
músculos de seus ombros latejavam. Demétria estava muito tensa e se sentia fora
de si, e por mais que tentasse, não parecia ser capaz de raciocinar com
clareza. Teria Joseph se casado com ela apenas para enfurecer Sebastian? E o
que aconteceria com lady Eleanor?
Demétria
passou um bom tempo metida na água. Seu cabelo tinha sido lavado na noite
anterior, por isso, não precisava se preocupar com esta tarefa. Prendeu os
cachos no alto da cabeça, utilizando um pedaço de fita para manter no lugar.
Mas mesmo assim, a maior parte das mechas havia caído em cima dos ombros, antes
de que tivesse terminado com seu banho.
Para
falar a verdade, o banho não a acalmou nem um pouco. A preocupação consumia sua
mente. Demétria queria gritar de raiva, mas ao mesmo tempo queria chorar de
humilhação. A única razão pela qual não fazia nenhuma das duas coisas era
porque não podia decidir por qual delas devia começar.
Ouviu
quando Joseph subia pela escada, no mesmo instante em que ela saía da banheira.
Suas mãos tremeram quando pegou seu roupão, mas Demétria disse a si mesma que
era apenas pelo frio que fazia no quarto.
Os
passos se detiveram. Joseph estava do outro lado da porta. Demétria sentiu uma
nova onda de medo, envergonhando-se por estar agindo de uma maneira tão
covarde, quando correu para o canto mais distante do quarto e ali ficou,
tremendo como uma criança. Atou freneticamente o cinturão de seu roupão, mesmo
sabendo que Joseph não podia ver através da madeira, pelo amor de Deus, e que
não havia nenhuma necessidade de ficar tão nervosa.
-
Demétria, afaste-se da porta.
A
voz de Joseph soou tão macia. Isso a surpreendeu. Demétria franziu o cenho
enquanto esperava que ele começasse a ameaçá-la. E por que ele não queria que
ela estivesse perto da porta?
Não
demorou para ter sua resposta. O som foi tão súbito e explosivo que Demétria
pulou para trás, batendo a cabeça contra a parede de pedra. Demétria soltou um
grito quando a ripa de madeira se partiu como se fosse um galho, e teria feito
o sinal da cruz se tivesse conseguido desenredar suas mãos.
A
porta ficou em pedacinhos, e Joseph terminou de fazer em pedaços, sem nenhuma
dificuldade, as insignificantes ripas que permaneceram em pé.
A
primeira intenção de Joseph tinha sido tirar Demétria arrastada daquele quarto,
mas vê-la aconchegada no canto fez com que abrandasse seu coração. Também era
muito evidente a preocupação de Demétria saltar pela janela, antes que ele
pudesse chegar até ela. Ela parecia assustada demais para tentar.
Ele
não a queria assustada. Joseph suspirou deliberadamente, prolongando o som
durante longos instantes, e depois se apoiou despreocupadamente no marco da
porta. Olhou para Demétria e sorriu, esperando que recuperasse o controle de si
mesmo.
Joseph
decidiu que usaria a razão e palavras doces para fazê-la vir até ele.
-
Poderia ter batido, Joseph.
A
mudança ocorrida em sua esposa foi muito rápida. Agora Demétria já não estava
encolhida em um canto, mas sim de pé diante dele e franzindo o cenho com um
olhar que dizia a Joseph que ela não se jogaria por nenhuma janela. Ela
poderia, porém, pensar em tentar empurrá-lo.
Joseph
tentou não rir, reconhecendo que o orgulho de Demétria era importante para
ambos. Maldição, também não gostava de vê-la encolhida em sua presença!
-
E você teria aberto a porta para mim, esposa? - perguntou, falando em um tom
suave e persuasivo.
-
Não me chame esposa, Joseph. Eu fui obrigada a pronunciar esses votos, e agora
olhe o que você fez em minha porta. Graças a sua falta de consideração, terei
que dormir com uma corrente de ar soprando ao redor de minha cabeça.
-
Ah, então você teria aberto a porta para mim? - perguntou Joseph, sorrindo. Ele
estava desfrutando muito a indignação de Demétria. Kevin tinha razão quando
dizia que Demétria gostava de mandar. Sua porta, certamente!
Demétria
era visão realmente magnífica, disso não tinha dúvida. Os cabelos caíam abaixo
dos ombros, e o fogo que ardia dentro da lareira projetava um profundo
resplendor avermelhado sobre seus cachos. Suas mãos estavam nos quadris, suas
costas estavam tão reta como uma lança e a abertura de sua bata se prolongava
quase até sua cintura, proporcionando a Joseph uma generosa visão do espaço que
havia entre seus generosos seios.
Joseph
se perguntou quanto tempo passaria antes que Demétria percebesse o quão
vulnerável era sua situação. Aquele roupão que ficava tão grande ia se
afrouxando pouco a pouco. Joseph notou que Demétria não usava nada debaixo da
roupa que a cobria. Os joelhos de Demétria olhavam para ele.
Então,
o sorriso foi desaparecendo lentamente do rosto de Joseph. Seus olhos também
escureceram. Sua concentração estava sendo submetida a uma dura prova, e de
repente descobriu que só conseguia pensar em tocar em Demétria.
Demétria
se perguntou o que estaria acontecendo com Joseph. Sua expressão se tornou tão
negra como sua túnica e, céus, como desejou que não parecesse tão atraente.
-
É obvio que eu não teria aberto a porta, Joseph, mas mesmo assim deveria ter
batido - disse, balbuciando aquela declaração tão ridícula, que se sentia como
uma tola. Se ao menos ele deixasse de olhá-la como se quisesse…
-
Alguma vez já disse uma mentira? - perguntou Joseph quando viu que o medo
retornava aos olhos de Demétria.
Sua
pergunta a pegou despreparada, como tinha sido sua intenção. Joseph se
endireitou lentamente e entrou no quarto.
-
Eu sempre disse a verdade, sem importar quão dolorosa ela pudesse ser -
respondeu Demétria -. E isso é algo que a essa altura você já deveria saber - acrescentou,
lançando um olhar de desgosto enquanto caminhava para ele, assim Joseph poderia
ouvir com toda clareza sua próxima recriminação.
Demétria
estava decidida a lhe dizer o que pensava, e sem dúvida o teria feito se não
tivesse esquecido que seu penhoar era muito longo e que a banheira de madeira
estava diretamente em seu caminho. Ela tropeçou na barra da roupa e o dedão de
seu pé se chocou com a base da banheira, e teria caído dentro da água, se
Joseph não a tivesse segurado a tempo.
Seu
braço deslizou ao redor da cintura de Demétria, quando esta se inclinou para
esfregar o dedo dolorido.
-
Cada vez que estou perto de você, sempre acabo ferida de uma maneira ou outra.
Ela
murmurava para si mesma, mas Joseph ouviu cada palavra. Seu protesto foi imediato.
-
Eu nunca lhe fiz nenhum mal - insistiu.
-
Bem, você me ameaçou - disse Demétria. Então se incorporou, e foi nesse momento
que percebeu o braço dele ao redor de sua cintura -. Solte-me - exigiu.
-
Devo levá-la ao meu quarto como se fosse um saco de trigo, ou caminhará ao meu
lado como deveria fazer uma recém-casada? - perguntou Joseph, obrigando-a a
virar-se lentamente até que ela o encarasse.
Demétria
estava olhando seu peito. Joseph subiu delicadamente seu queixo.
-
Por que não me deixa em paz? - perguntou Demétria, lhe sustentando finalmente o
olhar.
-
Eu tentei, Demétria.
Ela
pensou que a voz de Joseph soava como uma carícia, tão suave como a brisa de
verão.
O
polegar de Joseph já estava acariciando a curva de seu queixo. Como era possível
que um contato tão pequeno e insignificante tivesse um efeito tão devastador
sobre ela?
-
Tenta me enfeitiçar - murmurou Demétria, mas não se separou quando o polegar de
Joseph passou a acariciar seu sensível lábio inferior.
-
É você quem me enfeitiça - admitiu Joseph. Sua voz tinha enrouquecido. O
coração de Demétria deixou de bater. Ela mal conseguia respirar. Sua língua
roçou a ponta do polegar de Joseph. Foi tudo o que se permitiu, este pequeno
prazer que enviou um choque para baixo suas pernas. Ela o enfeitiçava? O
pensamento era tão agradável como os beijos de Joseph. Queria que ele a
beijasse. Só um beijo, disse a si mesma, e então exigiria que fosse embora.
Joseph
parecia satisfeito em permanecer de pé ali durante toda a noite. Demétria não
demorou a ficar impaciente. Ela afastou as mãos dele, ficou nas pontas dos pés
para depositar um único e casto beijo no vão de seu queixo.
Como
Joseph não reagiu, Demétria ficou mais corajosa e colocou suas mãos nos ombros
dele. Ele tinha baixado o olhar para ela e isso facilitou a tarefa, mas mesmo
assim Demétria titubeou quando sentiu que ele enrijecia perto dela.
-
Eu daria um beijo de boa noite em você - explicou, sem reconhecer sua própria
voz -. Eu gosto muito de beijá-lo, Joseph, mas isso é tudo o que vou permitir.
Joseph
não se mexeu. Demétria nem sequer podia senti-lo respirar. Não sabia se sua
confissão o deixou enfurecido ou satisfeito, e continuou sem saber até que seus
lábios tocaram os de Joseph. Então soube que ele gostava de beijar quase tanto
quanto ela.
Demétria
suspirou, satisfeita.
Joseph
grunhiu, impaciente.
Ele
não lhe deu sua língua até que ela o pediu, utilizando sua própria língua para
forçá-lo a responder. Então ele assumiu o controle, afundando profundamente sua
língua dentro da boca de Demétria.
Demétria
não queria parar. Quando percebeu isso, afastou-se de Joseph.
As
mãos de Joseph repousavam sobre os quadris de Demétria. Ele deixou que ela
fosse mais para trás, esperando com curiosidade para ver o que ela faria a
seguir. Demétria era imprevisível.
Demétria
não era capaz de levantar a vista para ele. Um autêntico rubor cobria suas
bochechas.
De
repente Joseph a tomou em seus braços, sorrindo da maneira com que ela segurou
a beira de seu penhoar onde ele separava seus joelhos. Ele quase mencionou que
sua modéstia tinha escolhido um lugar bastante equivocado, desde que ele havia
cuidado dela quando ela estava tão doente. Mas Demétria ficou rígida em seus
braços, e Joseph decidiu não voltar àquele assunto.
Quando
tinham descido a metade dos degraus, Demétria percebeu quão pouco preparada
estava para passar a noite com Joseph.
-
Deixei-me minha camisola de dormir lá em cima - balbuciou -. Dormir usando a
roupa que uso durante o dia é uma coisa, mas isto é tão grande e…
-
Você não vai precisar dela - interrompeu Joseph.
-
É claro que vou precisar - murmurou Demétria.
Joseph
não respondeu. Demétria soube que tinha perdido aquela discussão quando a porta
do quarto de Joseph se fechou com um golpe seco. Infelizmente, estava dentro
dos aposentos dele.
Joseph
depositou Demétria na cama e retornou à porta. Deslizou a tábua de madeira
através dos aros. E depois se virou, cruzando lentamente os braços em cima do
peito e sorrindo para ela.
Aquela
atraente marca voltava a aparecer no lado de sua bochecha. Demétria poderia
chamá-la de covinha, porém aquela era uma descrição incorreta para um homem do
tamanho e poder como Joseph. Os guerreiros não tinham covinhas.
Sua
mente estava divagando. A culpa era dele, naturalmente. Ora, ele se limitava a
ficar plantado ali, olhando para ela! Demétria se sentia como um ratinho
encurralado por um lobo faminto.
-
Está tentando me assustar? - perguntou Demétria, soando aterrorizada.
Joseph
sacudiu a cabeça. Percebeu o medo dela, e então compreendeu que aquele sorriso
forçado não tinha ajudado nada a seu favor.
-
Eu não quero você com medo. – Começou a andar até ela, acrescentando -: Eu
prefiro você sem medo, embora possa entender que a primeira vez possa ser
assustadora para uma virgem.
Sua
tentativa de tranquilizá-la não teve êxito. Joseph chegou rapidamente a essa
conclusão, quando Demétria saltou da cama.
-
A primeira vez? Não se deitará comigo, Joseph - gritou.
-
Eu vou - respondeu ele.
-
Que eu seja obrigada a dormir ao seu lado é uma coisa, mas isso é tudo o que
vai acontecer esta noite!
-
Agora estamos casados, Demétria. É perfeitamente comum deitar-se com a esposa
na noite de núpcias.
-
E também é comum obrigar uma lady a se casar? - perguntou ela.
Ele
deu de ombros. Demétria parecia estar à beira das lágrimas. Joseph decidiu que
voltaria a deixá-la furiosa, porque preferia isso às lágrimas.
-
Era necessário - disse-lhe.
-
Necessário? Você quer dizer que era o mais conveniente, não é? Diga-me uma
coisa, Joseph. Também será necessário forçar-se a mim esta noite? - perguntou,
e continuou falando sem lhe dar chance para responder -: Você nem sequer se
incomodou em arrumar um tempo para me explicar quais eram suas razões para este
casamento. Isso é imperdoável de sua parte.
-
Você realmente esperava que lhe explicasse minhas ações? - rugiu Joseph.
Lamentou quase que de imediato sua falta de controle, porque Demétria já havia
voltado a se sentar na beira da cama e estava retorcendo suas mãos.
Joseph
tratou de se acalmar e foi até a lareira para parar na frente dela. Moveu-se
com uma deliberada lentidão, e começou a desfazer os cadarços que fechavam o
pescoço de sua túnica. Não separou, nem por um só minuto, seu olhar de
Demétria, querendo que ela visse o que ele estava fazendo.
Ela
tentou não olhar para ele, mas Joseph era uma presença esmagadora, e ela não
podia ignorá-lo. Sua pele era bronzeada pelo sol, e agora o resplendor do fogo
a deixava dourada. Um par de músculos se revelou quando Joseph se inclinou para
tirar suas botas.
Por
Deus, ela queria tocá-lo. A admissão era tão assustadora que Demétria sacudiu a
cabeça. Tocá-lo, nada disso! O que ela queria realmente era vê-lo fora daquele
quarto. Mas isso, pensou com um suspiro que atingiu até os dedos de seus pés,
não tinha nada que ver com a verdade que sentia.
-
Você pensa que sou uma rameira - balbuciou Demétria subitamente -. Sim, eu vivi
com um sacerdote expulso… Essas foram suas palavras, Joseph - recordou-lhe -.
Você não gostaria de se deitar com uma rameira.
Rezou
para que não estivesse equivocada.
Joseph
sorriu da maneira com que ela acreditava tê-lo convencido.
-
As rameiras têm certas vantagens sobre as virgens que carecem de experiência,
Demétria. Você, naturalmente, entende a que me refiro.
Não,
sem dúvida ela não entendia a que ele estava se referindo. Mas agora ela não
podia lhe dizer isso, não? Sua decepção começava a tornar-se incontrolável.
-
Elas não contam com certas vantagens - murmurou Demétria.
-
Você não pretenderia dizer nós?
Demétria
se deu por vencida. Não era uma rameira, e sabia que ele também era consciente
desse fato.
Como
ela não respondeu, Joseph chegou à conclusão que Demétria seria obrigada a
mentir se continuasse falando.
-
Uma rameira conhece todas as maneiras de agradar um homem, Demétria -
disse-lhe.
-
Eu não sou uma rameira e você sabe.
Joseph
sorriu. Oh, como a honestidade dela o agradava! Joseph era um homem acostumado
às traições, ainda assim, ele sabia com toda certeza que poderia apostar sua
vida no fato de que Demétria nunca mentiria para ele.
Joseph
tirou o resto de sua roupa e foi até o outro lado da cama. As costas de Demétria
estavam viradas para ele. Joseph viu como os ombros de Demétria enrijeciam até
o ponto de se romper quando ele afastou os cobertores e se meteu na cama.
Virou-se, apagou a chama da vela e deixou escapar um sonoro bocejo. Se Demétria
estivesse olhando para ele, saberia que o bocejo era uma flagrante mentira. A
excitação de Joseph era óbvia, inclusive para alguém tão ingênuo como sua
assustadiça esposa.
-
Demétria…
Demétria
não suportava a maneira com que ele pronunciava seu nome quando estava irritado
com ela. Joseph sempre prolongava as últimas sílabas até fazê-lo soar como se
na verdade seu nome fosse Tria.
-
Eu não me chamo Tria - murmurou.
-
Venha para a cama.
-
Não estou cansada.
A
observação não podia ser mais estúpida, mas Demétria estava muito assustada
para ser inteligente. Deveria ter escutado mais histórias da Marta, mas agora
já era muito tarde para fazer algo a respeito. Oh, Deus, pensou que ia vomitar
a qualquer momento. E colocar para fora seu jantar, diante de Joseph, seria realmente
humilhante, não seria? O mero feito de pensar nisso fez com que revolvesse seu
estômago, que intensificou ainda mais sua preocupação.
-
Não sei o que fazer…
Aquele
suspiro cheio de angústia rasgou o coração de Joseph.
-
Demétria, lembra-se da primeira noite que passamos juntos em minha tenda? -
perguntou-lhe.
Sua
voz era doce e suave. Demétria pensou que provavelmente ele tentasse
tranquilizá-la.
-
Essa noite eu lhe prometi que não iria forçá-la. E já quebrei alguma vez a
palavra empenhada a respeito de alguma questão? - perguntou Joseph.
-
Como vou saber? - replicou Demétria -. Você nunca me deu sua palavra a respeito
de nada. - Virou-se para ver se ele ia tratar de agarrá-la. Aquilo foi um erro,
porque Joseph não se incomodou em se cobrir com o cobertor. Estava tão nu como
um lobo.
-
Cubra-se, Joseph. Não é decente que me permita ver… suas pernas.
Demétria
voltava a se ruborizar e Joseph não soube por quanto tempo poderia manter
aquela fachada de tranquila despreocupação.
-
Eu desejo você, Demétria, mas quero que você também me deseje. Eu vou ter você
implorando, mesmo que leve a noite toda.
-
Eu nunca imploro.
-
Você vai implorar.
Demétria
olhou nos olhos de Joseph, tentando descobrir se ele estava tentando enganá-la
ou não. Sua expressão não dizia nada a respeito do que estava pensando, e
Demétria mordiscou o lábio inferior enquanto se preocupava.
-
Você vai me prometer isso? - perguntou finalmente -. Promete que realmente não
vai me forçar?
Joseph
deixou que ela visse sua exasperação no momento em que assentia. Decidiu que
amanhã iria deixá-la saber que não deveria interrogá-lo daquela maneira. Esta
noite, porém, permitiria sua transgressão.
-
Confio em você - ela murmurou -. É estranho, mas acredito que sempre confiei em
você.
-
Sei.
Demétria
chegou a sorrir ante a arrogante observação de Joseph. Logo deixou escapasse um
suspiro de alívio. Voltava a sentir-se a salvo.
-
Como você não permitiu que eu trouxesse minha camisola de dormir, terei que
usar uma de suas camisas - disse.
Demétria
não esperou para obter a permissão de Joseph. Foi até sua arca, levantou a
tampa e pinçou entre suas roupas até que encontrou uma de suas camisas. Não
sabia se Joseph estava olhando ou não para ela, por isso manteve as costas
voltadas para ele, enquanto tirava o roupão e colocava a camisa de seu marido.
A
roupa quase não chegava a cobrir seus joelhos. Demétria se apressou a se meter
debaixo das mantas, e sem dúvida essa foi a razão pela qual seu corpo chocou
acidentalmente com o corpo de Joseph.
Ela
demorou um tempo infinito para arrumar as mantas a sua inteira satisfação.
Demétria não acreditava que fosse correto tocar em Joseph, mas ela queria
aproximar-se dele o suficiente para que pudesse sentir um pouco do seu calor.
Finalmente, acomodou-se. Exalou um suspiro. Ela esperava que Joseph tivesse se
cansado de seus movimentos até agora. Para falar a verdade, queria agarrá-lo e
puxá-lo até deixá-lo grudado a seu corpo. Bem sabia Deus que ela estava
acostumada a ser agarrada e levada de um lado a outro, e tinha que admitir a
verdade, na verdade, até gostava de um pouco que isso fosse feito. Demétria
sempre terminava aconchegada junto a Joseph, sentindo-se cômoda e a salvo. E
quase querida. Aquilo era uma fantasia, mas Demétria se permitia fingir de
qualquer modo. Não tinha pecado algum em fingir, verdade?
Joseph
não tinha nem ideia do que se passava dentro da cabeça de Demétria. Apenas para
conseguir que se metesse naquela cama tinha requerido muito mais tempo do que
ele previu inicialmente. Seu ritual noturno de nadar no lago de águas geladas
era um esforço insignificante, comparado com a dura prova pela qual Joseph
estava passando agora. O prêmio merecia a tortura, todavia. Com esse pensamento
em mente, Joseph se virou de lado. Apoiou sua cabeça em seu cotovelo, baixou o
olhar para sua esposa. Surpreendeu-se ao ver que ela também olhava para ele,
porque realmente esperava encontrá-la escondida debaixo das cobertas.
-
Boa noite, Joseph - ela murmurou, dirigindo-lhe outro sorriso.
Joseph
queria mais, muito mais.
-
Dê-me um beijo de boa noite, esposa.
Seu
tom era arrogante, mas Demétria não se sentiu nada afetada por ele.
-
Eu já dei um beijo de boa noite - lembrou-lhe com doçura enquanto franzia o
cenho -. Tão insignificante foi aquele beijo que você já se esqueceu dele?
Será
que ela estava brincando com ele? Joseph decidiu que isso era o que ela estava
fazendo, e provavelmente devido à segurança que sentia de si mesma. Também se
sentia vitoriosa. Ah, Demétria confiava nele, e embora isso agradasse Joseph,
aquele surdo palpitar crescia dentro dele e perturbava sua concentração. Não
podia afastar os olhos da boca de Demétria, e foi incapaz de parar quando,
lenta e indevidamente, começou a descer sua boca para a dela. Seu braço rodeou
sua cintura, prevendo qualquer retirada no caso de Demétria tentar se separar
dele. Joseph prometeu a si mesmo que não forçaria o beijo, e que iria apenas se
limitar a manter Demétria perto dele, até que pudesse fazê-la entender.
Sua
boca pousou sobre a de Demétria em um beijo arrumado para derreter qualquer
tipo de resistência. Sua língua mergulhou dentro da boca de Demétria, ávida e
quase selvagem em sua busca por unir-se a ela. Joseph queria dar prazer a
Demétria, e um instante depois soube que tinha obtido quando a língua dela
tocou a sua, e a mão dela acariciou suavemente sua bochecha.
Joseph
capturou o suspiro dela quando tornou o beijo ainda mais profundo. Sua mão
acariciou o pescoço de Demétria, enquanto seu polegar descrevia um lânguido
círculo sobre a pulsação desenfreada que ele conseguia sentir.
Demétria
queria se aproximar um pouco mais do calor de Joseph; beijá-lo fazia com que
ela se sentisse maravilhosamente bem. Suas mãos deslizaram ao redor do pescoço
de Joseph, e quando ele mostrou seu prazer ante o toque de Demétria, emitindo um
suave grunhido, ela voltou a sorrir junto à boca dele.
Joseph
levantou a cabeça para olhá-la. Demétria parecia estar totalmente satisfeita.
Pegou-se devolvendo o sorriso sem que pudesse explicar a razão. Quando sentiu
como os dedos de Demétria roçavam hesitantemente a curva de sua nuca, Joseph
não pôde resistir a tentação de voltar a beijá-la. O lábio inferior de Demétria
foi facilmente capturado entre seus dentes e Joseph os puxou, trazendo-a para
cima dele.
Demétria
riu, deleitada.
Joseph
gemeu, atormentado.
O
beijo se tornou intenso e apaixonado. Joseph capturou o rosto de Demétria entre
suas mãos, e quando ela começou a responder, permitiu que aquela resposta
alimentasse a fome que ardia dentro dele.
Demétria
gemeu e se aproximou um pouco mais, até que os dedos de seus pés se esfregaram
contra o duro pelo das pernas de Joseph.
Então
Joseph colocou fim aos inquietos movimentos de Demétria, deixando as pernas
dela presas entre suas grossas coxas. Sua boca não abandonou, nem por um só
instante, a boca de Demétria. Joseph estava tendo um autêntico banquete com
ela, empregando sua língua para saquear o doce interior que Demétria lhe
oferecia de tão boa vontade.
Não
conseguia ter o suficiente dela. O beijo se tornou selvagem, faminto. As mãos
de Joseph passaram de ser tão indisciplinadas como sua boca, amansando e
excitando, enquanto acariciava um caminho quente dos ombros até a base de sua
espinha.
Estremecimentos
de puro êxtase fizeram Demétria tremer ainda mais. Ela era incapaz de reter um
pensamento e agarrar-se a ele, e era como se já não pudesse mais salvar a si
mesma. Sua mente era guiada por todas aquelas sensações eróticas, tão novas
para ela, que pouco a pouco iam tomando conta de seu corpo.
Demétria
se contorcia com o domínio de Joseph. Sentia-se atraída por seu calor, até que
sentiu a dura excitação de Joseph contra a junção de suas coxas. Ela ofegou e
tentou se afastar, mas o beijo incandescente de Joseph afastava todo seu medo.
O calor era incrível. A mente de Demétria se rebelava contra aquela intimidade,
mas seu corpo sabia como responder a ela. Demétria instintivamente o capturou e
o manteve ali, empregando suas coxas para fazer um carinho nele. Permitiu que o
calor fosse penetrando lentamente, mas quando Joseph começou a mexer seus
quadris e sua excitação começou a se esfregar contra ela, Demétria tentou
detê-lo. Suas mãos seguraram as coxas de Joseph e ela o empurrou. Ela pensou
que estivesse fazendo-o parar, mas quanto mais ele se mexia, o mais fraca sua
luta se tornava. Seu toque acendeu as brasas de um desejo profundo dentro dela,
e não demorou muito tempo para que se agarrasse a ele, afundando suas unhas nas
costas de Joseph para mantê-lo firmemente unido a ela.
Joseph
percebeu que Demétria começava a se assustar com o desejo que se apropriava
dela, mas estava decidido a fazê-la responder com idêntica paixão. Suas mãos em
concha rodearam suas nádegas, quase que rudemente. Joseph a levantou e a
colocou em cima dele, permitindo que Demétria pudesse senti-lo na totalidade.
Um tênue som de união escapou do fundo de seu peito, um som primitivo e
erótico, tão mágico como a canção das sereias, que chamava Demétria e a
fascinava. Demétria não pôde resistir a ele, e o beijou com um selvagem e
desenfreado abandono.
A
resposta totalmente desinibida de Demétria forçou Joseph até levá-lo ao limite
da prudência. Ele afastou sua boca da de Demétria e começou a dar beijos
quentes ao longo de seu pescoço. Tentou recuperar o controle, mas o esforço lhe
custou. Conter-se tornou doloroso, e agora a única coisa que ele queria era
mergulhar dentro de Demétria, encher completamente seu corpo e sua alma. Não
podia fazê-lo, por certo, porque ainda era muito cedo para ela. Joseph disse a
si mesmo que não deveria apressá-la e que deveria dar um pouco mais de tempo a
Demétria, mas sua boca e suas mãos se negaram a escutar os comandos de sua
mente. Por incrível que pudesse parecer, não podia deixar de tocá-la. Seu
cheiro impedia-lhe de pensar, e Joseph nunca tinha experimentado uma paixão tão
arrebatadora. Saber que ainda havia muito mais por vir fez com que se sentisse
próximo ao prazer.
Demétria
sabia que deveria colocar freio em todas aquelas liberdades que Joseph estava
tomando com ela. Agora ela se agarrava a Joseph, segurando-o com os braços ao
redor de sua cintura. Tragou ar com uma inspiração profunda, tentando
desesperadamente de se controlar. A tarefa parecia ser impossível, porque
Joseph estava torturando seu pescoço com sua boca e sua língua, enquanto
sussurrava em seu ouvido umas palavras tão ousadas, sedutoras e irrepetíveis
que Demétria apenas conseguia pensar.
Ele
dizia que ela era linda, contando-lhe em eróticos detalhes tudo que desejava
fazer com ela. Ele dizia que ela o enlouquecia de desejo e quando separou seus
cabelos do rosto e beijou sua testa, Demétria soube, pela maneira com que
tremiam as mãos de Joseph, que ele não podia falar mais a sério.
Demétria
também sabia que Joseph poderia esmagar facilmente qualquer resistência que ela
oferecesse, porém sua força agora não a assustava. A única coisa que ela
deveria fazer seria dizer que ele parasse. Joseph não a forçaria. Ele sempre
mantinha seu poder sob controle quando estava com ela, sempre que ele a tocava,
ele usou um método ainda maior para vencê-la. Sim, porque Joseph a cortejava
com ternas carícias e suaves promessas proibidas.
Se
ela ao menos conseguisse encontrar força necessária para interpor um pouco de
distância entre eles, provavelmente pudesse voltar a pensar. Com essa vontade
em mente, Demétria rolou, afastando-se dele.
Joseph
a seguiu, e então Demétria percebeu que as mantas haviam desparecido. Agora era
Joseph quem a cobria, abrangendo-a da maneira mais completa que se pudesse
imaginar. Suas pernas nuas estavam entrelaçadas e só uma fina camisa protegia
sua virgindade de Joseph.
Ele
também removeu aquela barreira, subindo lentamente o tecido por cima dos seios
de Demétria. Estava determinado a fazê-lo, e tirou a camisa antes mesmo que ela
pudesse pronunciar uma única palavra em negação. Para falar a verdade, ela
poderia tê-lo ajudado.
Todo
pensamento de cautela se esfumaçou da mente de Demétria assim que o peito de
Joseph tocou seus seios.
O
grosso tapete de pelo esfregou contra seus mamilos, e Demétria gemeu com
autêntico prazer. A respiração de Joseph a excitava quase tanto como seu
contato. Era áspera, sem controle, e tão necessitada como a dela.
Joseph
levantou a cabeça para olhar para ela. Os olhos de Demétria se tornaram escuros
e sonhadores.
-
Você gosta de me beijar, Joseph?
Ele
não estava preparado para aquela pergunta, e só respondeu quando voltou a
encontrar sua voz.
-
Sim, Demétria, eu gosto de beijar você. - E então ele sorriu -. Tanto quanto
você gosta de me beijar.
-
Eu gosto - sussurrou ela. Ela estremeceu com aquele calor, passou nervosamente
a ponta de sua língua pelo seu lábio inferior. Joseph a contemplou. Ele gemeu e
teve que fechar os olhos durante um instante antes de voltar a olhar para ela.
Demétria
estava começando a deixá-lo realmente frenético. Cortejar era um trabalho muito
difícil. Joseph queria fazê-la. Agora. Sabia que Demétria ainda não estava
preparada para recebê-lo. Teria que continuar com aquela prova de resistência,
mesmo que aquilo terminasse matando-o. Pensou que provavelmente pudesse
fazê-lo.
Respirou
fundo e depositou um beijo sobre o extremo de uma das sobrancelhas finamente
arqueadas de Demétria. Depois beijou a ponte de seu nariz, justo no meio de
suas atraentes sardas, aquelas que ele sabia que Demétria provavelmente negaria
ter.
Demétria
conteve a respiração, esperando que ele chegasse a sua boca. Quando Joseph se
virou e voltou para o lado de seu pescoço, Demétria tratou de fazê-lo voltar ao
lugar que ela desejava tê-lo.
-
Quero voltar a beijar você, Joseph - sussurrou.
Sabia
que estava sendo muito atrevida. Sim, estava jogando com um fogo proibido.
Demétria disse a si mesma que ela agia de maneira ousada somente porque estava
despreparada. Ninguém havia lhe explicado jamais como aconteciam as coisas
entre homens e mulheres. Ninguém nunca havia lhe prevenido sobre o intenso
prazer, e agora o prazer guerreava com sua capacidade de raciocinar.
Demétria
de repente percebeu que a batalha de faz-de-conta ela lutava com ela mesma era
apenas isso, um faz-de-conta. Ela tentava obrigar Joseph que a liberasse da
necessidade de tomar uma decisão. Então apenas ele seria responsável por seu
ato. Dessa maneira ela continuaria a ser inocente, presa pelo prazer que Joseph
estava impondo.
A
verdade a envergonhou. Joseph não a forçava absolutamente.
-
Sou uma covarde - sussurrou.
-
Não tenha medo - Joseph a reconfortou. Sua voz estava cheia de ternura.
Demétria
tentou se explicar, dar a ele todas as palavras, dizer-lhe o quanto o desejava.
Apenas por aquela noite, Demétria queria pertencer a Joseph. Não acreditava que
ele pudesse chegar a amá-la, mas por uma gloriosa noite queria fingir que as
promessas que ele fazia eram verdadeiras. Se Joseph pudesse dar ainda que só
uma parte de si mesmo, então ela se obrigaria a acreditar que era o bastante.
-
Ponha seus braços a minha volta, Demétria - ordenou Joseph. Sua voz estava
controlada, quando suas mãos se moveram delicadamente sobre as curvas dos seios
de Demétria.
As
palmas de suas mãos cobriram seus seios totalmente. Demétria se arqueou
instintivamente contra ele, pensando que o prazer que Joseph a fazia sentir era
insuportavelmente doce.
Joseph
ignorou seu gemido de surpresa. Usou seus polegares para provocar os mamilos de
Demétria até fazer com que respondessem. Quando ambos os mamilos estavam
endurecidos e começaram a resistir a sua suave pressão, Joseph foi um pouco
mais para baixo e tomou um deles em sua boca. Sua língua era uma tortura
aveludada. Ele sugou, fazendo Demétria enlouquecer, que se retorceu e gemeu
enquanto agarrava seus ombros com as mãos.
Quando
Joseph terminou de sugá-los, ambos os seios estavam inchados. Então, Joseph
voltou a cobri-los com seu peito e capturou a boca de Demétria em um prolongado
e abrasador beijo, que só serviu para despertar nela um desesperado desejo de
ter ainda mais.
Joseph
não podia continuar esperando por mais tempo. Uma parte de sua mente sabia que
ela ainda não lhe tinha dado permissão. Levantou a cabeça e viu brilhar as
lágrimas nos olhos de Demétria.
-
Quer que eu pare? - murmurou, perguntando-se no mesmo instante em que formulava
a pergunta como, em nome de Deus, ia ser capaz de semelhante proeza -. Conte-me
por que está chorando, Demétria - disse depois de capturar com seu polegar a
primeira lágrima que escapou dos cílios dela.
Demétria
não lhe respondeu. Joseph tomou imperiosamente seus cabelos. Seus dedos se
enredaram naqueles sedosos fios.
-
Seja honesta comigo, esposa, em toda sua totalidade. Posso ver a paixão em seus
olhos. Diga as palavras, Demétria.
Sua
exigência era tão irresistível como sua necessidade. Joseph podia sentir o
calor que ardia dentro de Demétria. Seu corpo se mexia inquietantemente contra
o seu.
-
É errado eu desejar tanto você, mas eu desejo - sussurrou Demétria -. Desejo
tanto você que me dói.
-
Agora você é minha esposa, Demétria - respondeu Joseph com voz áspera e
entrecortada -. O que estamos fazendo não é errado.
Inclinou-se
sobre ela e voltou a beijá-la, com um beijo ardente e abrasador que não deixava
esconder nada. Ela respondeu com idêntica paixão. Quando suas unhas cravaram
nos ombros de Joseph, ele retrocedeu abruptamente.
-
Diga-me que você me quer dentro de você. Agora. Diga-me, Demétria.
Joseph
a olhou nos olhos, enquanto ia separando lentamente as pernas dela com sua
coxa. Antes que Demétria pudesse compreender sua intenção, a mão de Joseph
deslizou dentro do montículo de suaves cachos que cobriam a parte mais sensível
e delicada do corpo dela. Seus dedos a acariciaram e a tocaram até que o calor
de Demétria se tornou úmido e escorregadio por causa do desejo. Durante todo
esse tempo, ele ia observando a apaixonada resposta dela.
O
dedo de Joseph a penetrou lentamente. Demétria se arqueou instintivamente sob
sua mão, dando-lhe tanto prazer com aquela ação carente de inibições que Joseph
pensou fosse morrer. Toda ela estava ardendo com uma incrível intensidade. E o
calor pertencia a ele.
-
Acabe com esta tortura, Joseph. Venha para mim.
Ele
gemeu o nome de Demétria um instante antes de sua boca voltar a possuí-la.
Moveu-se com toda a lentidão que foi capaz, colocou-se entre as sedosas coxas
de
Demétria,
levantou o quadril dela e começou a penetrá-la. Ela se retorceu, impulsionando
Joseph para frente.
Joseph
se deteve quando sentiu a membrana que protegia a virgindade de Demétria.
-
Coloque seus pernas ao meu redor - disse, gemendo aquela instrução. Seu rosto
desceu para repousar em cima do pescoço de Demétria. Quando sentiu que ela se
movia para lhe obedecer, voltou a jogar-se para frente. Demétria soltou um
grito de dor e tentou retroceder -. Está tudo bem, querida. A dor já terminou,
eu lhe prometo isso. Fique quietinha, agora - sussurrou.
Joseph
queria esperar até que o corpo de Demétria se adaptasse a sua invasão, mas o
palpitar agora era insuportável. Ele não poderia parar. Começou a se mexer, a
princípio lentamente e com uma força e uma necessidade crescentes depois. Sua
mão ia e vinha entre eles, despertando uma febril excitação em Demétria cada
vez que seus dedos se esfregavam contra ela.
A
dor não demorou para ficar esquecida. Joseph a enchia completamente. Demétria
começou a se mexer com seu marido, arqueando os quadris para recebê-lo ainda
mais dentro dela, e sentiu a mudança que tomou conta dele naquele momento.
O
poder se desdobrou, rodeou e penetrou. Demétria se deixou levar pelo êxtase das
sensações, permitindo que a suavidade de seu corpo se convertesse na passagem
para o poder de Joseph. Agora cada um formava uma imensa parte do outro, e cada
um pertencia ao outro em corpo, mente e alma.
Demétria
perdeu o controle. Tornou-se subitamente selvagem, passando a ser tão livre
como uma tigresa, e se dispôs a chegar até aquele mistério da plenitude que
parecia estar fora de seu alcance. Entregou-se aos sentimentos, dando-se a seu
marido, a seu amante. E tudo porque ele se entregou a ela.
Joseph
sussurrava ousadas palavras em seu ouvido, mas Demétria estava inebriada demais
para entender o que ele estava dizendo. Ela não podia pensar, somente podia
sentir aquele poder que a puxava, acariciava e exigia.
O
clímax foi tão arrebatador que Demétria gritou. O nome de Joseph. Sentia-se
apavorada, vulnerável, segura. Ela era amada.
Joseph
respondeu com outro clímax explosivo e um áspero grunhido. Gritou o nome dela,
abraçando-a tão estreitamente que Demétria pensou que pudesse chegar a
absorvê-la. Ele desabou sobre Demétria, suspirando seu nome com autêntica
satisfação.
Seus
corpos estavam úmidos de suor. O aroma almiscarado do ato amoroso envolvia a
neblina de sua paixão. Demétria acariciou o ombro de Joseph com sua língua,
lambendo o sabor salgado dele.
Joseph
não acreditava que restasse força suficiente para rodar para o lado, saindo de
cima dela. Decidiu que ficaria para sempre ali onde estava.
Nunca
tinha experiente semelhante satisfação. Quando por fim foi capaz de voltar a
pensar com clareza, incorporou-se sobre os cotovelos para olhá-la. Os olhos de
Demétria estavam fechados. Suas bochechas estavam rosadas. Havia voltado a ser
uma tímida gatinha, concluiu Joseph com um sorriso. Deus, como ela devia estar
constrangida agora, depois da maneira com que tinha respondido a ele! Joseph
pensou que levaria os arranhões de Demétria nos ombros por pelo menos uma
semana.
-
Machuquei você? - ele perguntou.
-
Sim - disse ela, encabulada.
-
Muito? - perguntou Joseph, que parecia preocupado.
-
Muito pouco.
-
E eu lhe dei prazer, Demétria? - perguntou Joseph.
Demétria
se atreveu a olhar para ele. O arrogante sorriso de Joseph capturou a dela.
-
Sim - admitiu.
-
Muito pouco?
Demétria
sacudiu a cabeça, agora com um sorriso. De repente compreendeu que Joseph tinha
quase tanta necessidade de ouvi-la dizer como ela havia sentido prazer com ele,
como ela precisava ouvir de sua própria satisfação.
-
Muito, Joseph.
Ele
assentiu, sentindo-se profundamente satisfeito. Embora soubesse que a tinha
deixado totalmente saciada, sua satisfação ficou intensificada pela honestidade
com que ela lhe respondeu.
-
Você é uma mulher muito apaixonada, Demétria. Não tem nada do que se
envergonhar.
Beijou-a
com uma intensa e prolongada paixão e quando voltou a olhá-la, agradou-lhe ver
que o constrangimento de Demétria havia desaparecido. Os olhos de sua esposa
estavam de um intenso azul. Deus, ele poderia se perder nela outra vez.
Joseph
se sentiu terrivelmente vulnerável, de repente. Não havia nenhuma razão para
aquele sentimento. Era muito estranho a sua natureza para que ele pudesse
entender. Se não tomasse cuidado com Demétria, ela poderia convertê-lo em
Sansão. Joseph percebeu que ela era mais sedutora que Dalila. Sim, Demétria
roubaria toda sua força, caso ele permitisse.
Com
o cenho franzido, deitou-se de costas com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça,
deixando preso debaixo de seu cotovelo um pouco do cabelo de Demétria. Ele a
ignorou, cravando os olhos no teto, enquanto ela se esforçava para livrar-se
daquela súbita restrição.
Joseph
estava tentando chegar a um acordo com todas as verdades que exigiam sua
atenção. Ele havia ignorado os fatos por muito tempo. A única vez que tinha
sido honesto consigo mesmo, tinha sido quando tocava em Demétria. Ele não
conseguia controlar suas reações, não importava quão corajosamente ele
tentasse. Demétria tinha chegado a significar muito para ele. O poder que tinha
sobre ele realmente chegava a preocupá-lo, e Joseph não era o tipo de homem que
se preocupava com facilidade.
Demétria
puxou o cobertor até cobrir o queixo com ele. Ficou imóvel sobre suas costas,
mas lançou um rápido olhar de soslaio que surpreendeu o feroz cenho franzido,
que havia no rosto de seu marido.
Ela
ficou imediatamente assustada. Teria falhado com ele de alguma maneira? Sabia
que havia se mostrado um pouco tímida e também um pouco desajeitada.
-
Há algo que lamente agora, Joseph? - perguntou com voz hesitante.
Não
podia olhar para ele. Demétria fechou os olhos, deixando que o medo e a
vergonha fossem crescendo dentro dela.
-
Nada.
A
negativa tinha sido pronunciada em um tom que não podia ser mais áspero e que
não tranquilizou Demétria nem um pouco. Sentiu-se doída e humilhada. O
resplendor daquele momento em que estavam fazendo o amor se esfumaçou de
repente, e foi substituído por uma desesperada sensação de fracasso que a
encheu de tristeza. Sem que pudesse evitar, Demétria começou a chorar.
Joseph
não estava prestando muita atenção nela, porque e acabava de aceitar toda a
verdade.
Aquela
certeza o deixou atônito. Aquela mulher imprevisível, capaz de lhe faltar com
respeito e que chorava alto o suficiente para despertar os mortes tinha-se
metido em seu coração.
De
repente se sentiu tão vulnerável como aquele guerreiro chamado Aquiles, do qual
Demétria havia lhe falado. Sim, Aquiles não devia ter se sentido muito feliz ao
descobrir que seus calcanhares eram vulneráveis. Provavelmente teria ficado
furioso, tão furioso como estava Joseph subitamente.
Não
tinha nem a mais remota ideia de como iria se proteger de Demétria. Decidiu que
precisava de tempo para pensar naquela situação. Sim, tempo, e também
distância, porque era simplesmente impossível pensar em todas as ramificações,
quando Demétria estava perto dele. Demônios, aquilo o deixava enfurecido!
Joseph
suspirou, sonora e prolongadamente. Ele sabia o que queria Demétria, o que ela
precisava dele naquele instante. Com um gemido de frustração, afastou o cobertor
e a tomou em seus braços. Disse para ela que deixar de chorar, mas ela
continuou soluçando em uma flagrante desobediência até que o pescoço de Joseph
ficou molhado, ali onde repousava o rosto dela.
Demétria
estava totalmente decidida a lhe dizer que o desprezava e que nunca mais iria
voltar a lhe dirigir uma palavra, e que ele era o homem mais insensível e
arrogante que jamais havia encontrado. Mas primeiro precisava deixar de chorar,
já que do contrário sua voz teria soado digna de compaixão em vez de
enfurecida.
-
E você tem algo a lamentar agora, Demétria? - ele perguntou quando não pôde
suportar por mais tempo o som de seus soluços.
Ela
assentiu, atingindo seu queixo com a cabeça ao fazê-lo.
-
Sim - disse -. É óbvio que não lhe dei prazer. Sei disso porque você franze o
cenho e me fala com brutalidade, mas foi apenas porque eu não fiz o que deveria
fazer, Joseph.
Deus,
ela era imprevisível! Demétria estava chorando porque acreditava que não o tinha
deixado satisfeito, aquela revelação fez Joseph sorrir.
Demétria
se liberou bruscamente de seu abraço, voltando a bater com sua cabeça no queixo
ao fazê-lo.
-
Não quero que volte a me tocar nunca mais.
A
raiva tomou conta dela e fez com que ela se esquecesse por completo de sua
nudez. O corpo de Joseph reagiu rapidamente ante aquela bonita visão. Demétria
o encarou, suas pernas dobradas sob seu corpo, e seus seios, magníficos,
opulentos e coroados por pontas rosadas, eram muito irresistíveis para que
pudessem ser ignorados. Joseph estendeu a mão e rodeou o mamilo com seu
polegar. O mamilo endureceu antes que Demétria pudesse separar aquele dedo com
um tapa.
Ela
tentou rechaçá-lo puxando o cobertor até tampar seus seios com ele, mas Joseph
ganhou, sem nenhuma dificuldade, aquele espontâneo jogo de tira e afrouxa,
quando arrancou o cobertor de seus dedos e o atirou ao chão. Demétria o teria
seguido, se ele não a tivesse segurado pelo braço, voltando a atraí-la para
cima de seu peito com puxão.
Joseph
prendeu as mãos dela com a sua e sorriu. Um instante depois, o sorriso
abandonou seus lábios de uma maneira bastante brusca quando o joelho de
Demétria encontrou um alvo vulnerável entre as pernas dele.
Joseph
gemeu, capturou suas pernas, travando a sua própria torno de seus tornozelos,
parando efetivamente aquela luta. Ele soltou suas mãos e, em seguida,
lentamente, puxou a cabeça dela para ele. Podia sentir o coração de Demétria
batendo contra seu peito e não havia nada que desejasse mais que dissipar sua
ira a beijos, mas então se deteve quando estava a só um hálito de distância.
-
Escute-me bem, esposa. Não foi estranho, só inocente. E você me agradou mais do
que eu imaginei ser possível.
Demétria
o olhou por um longo tempo. Seus olhos voltaram a se encher de lágrimas.
-
De verdade, Joseph? Eu dei prazer a você?
Ele
assentiu, exasperado. Ele jurou que a primeira coisa que faria pela manhã seria
deixar muito claro que não devia interrogá-lo a respeito de nada, e um instante
depois se lembrou de que já tinha jurado fazer tal coisa.
-
Você também me deu prazer - murmurou.
-
Sei que dei, Demétria. - Secou as lágrimas de suas bochechas e suspirou ao ver
a expressão de desgosto que apareceu no rosto dela -. Não franza o cenho -
ordenou.
-
Como sabe que me deu prazer?
-
Sei porque gritou meu nome e me suplicou que…
-
Eu nunca suplico, Joseph - interrompeu Demétria -. Está exagerando.
Ele
sorriu de maneira arrogante. Demétria abriu a boca lhe para dizer o quão
arrogante ela pensava que ele era, mas sua boca pegou a dela, efetivamente
impedindo-a repreensão.
O
beijo foi muito apaixonado. Demétria pôde sentir como a excitação de Joseph
pressionava seu corpo. Ela mexeu os quadril contra o corpo dele com uma nervosa
inquietação, provocante, que excitou Joseph ainda mais.
Joseph
a afastou suavemente.
-
E agora durma. Uma segunda vez seria muito doloroso.
Ela
parou seu protesto com outro beijo. Demétria decidiu que ela gostava de estar
em cima dele, e timidamente sussurrou esse fato para ele.
Ele
sorriu, mas mesmo assim insistiu para que ela dormisse.
-
Eu ordeno que você durma - ele disse.
-
Eu não quero dormir - disse Demétria ao mesmo tempo em que mordiscava
delicadamente seu pescoço, estremecendo com sua nova consciência -. Você tem um
cheiro tão bom - ela disse para ele. Sua língua brincou com o lóbulo da orelha
de Joseph, fazendo com que ele se distraísse.
Joseph
decidiu pôr fim àquele jogo agora, antes que ele fosse incapaz de se controlar
e a tomasse novamente. Ele não queria machucá-la, mas ele sabia que ela era
inocente demais para entender.
Ele
teria que mostrar como seria desconfortável para ela.
Com
isso em mente, a mão de Joseph se moveu entre ambos. Quando ele colocou o dedo
dentro dela, Demétria gemeu. Suas unhas cravaram nos ombros de Joseph.
-
Agora diga que me deseja - exigiu Joseph, com a voz subitamente enrouquecida
pelo desejo que o atormentava.
O
corpo de Demétria se arqueou lentamente para cima. A dor e o prazer se
mesclaram, convertendo-se em uma súbita confusão.
-
Eu desejo você, Joseph - murmurou, esfregando seus seios no peito dele.
De
repente Joseph sentiu que perdia o controle de si mesmo. Sentia-se forte o
bastante para vencer o mundo inteiro. Quando Demétria tentou se virar para
ficar deitada sobre suas costas, ele sacudiu a cabeça.
-
Você realmente vai me fazer suplicar, Joseph? - perguntou ela, embora parecesse
mais como um pedido a seu marido. Ele pensou que a voz de Demétria estava
tremula porque ela sofria por uma necessidade tão intensa como a sua.
Ele
beijou a testa franzida de seu rosto, enquanto lentamente começava a
penetrá-la.
Demétria
montou escarranchada sobre o quadril de Joseph, gemendo de satisfação. Seu
último pensamento coerente foi toda uma revelação. Não tinha que estar deitada
sobre suas costas.
Posta maiiiss
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