Tratar com injustiça desonra mais que padecê-la.
PLATÃO, Gorgias
Foram
para o norte, cavalgando sem parar durante o resto da noite e a maior parte do
dia seguinte, detendo-se só em um par de ocasiões para dar uma pausa a seus
cavalos da árdua marcha imposta pelo barão. Demétria se permitiu desfrutar de
alguns momentos de intimidade, mas o fato de suas pernas apenas conseguirem
sustentar seu peso convertia a tarefa de atender suas necessidades pessoais em
uma exaustiva prova; além disso, antes que tivesse a ocasião de estirar seus
músculos, que não paravam de protestar, voltava a ser içada ao cavalo de
Joseph.
Pelo
fato de serem muitos a lhes proporcionar segurança, Joseph decidiu seguir pelo
caminho principal. Era um péssimo atalho na melhor das hipóteses, com muitos
arvoredos e galhos nus, que convertiam a marcha em um desafio permanente,
inclusive para o mais acostumado dos cavalheiros. Os escudos dos homens
permaneciam levantados durante a maior parte do tempo. Demétria, entretanto,
achava-se bem protegida, firmemente abrigada como estava debaixo da capa de
Joseph.
Os
soldados estavam bem servidos com seus pesados equipamentos, resguardados para
aqueles que iam à frente da tropa e cavalgavam com as mãos livres, e graças ao
estado de abandono do atalho, não tinha efeito maior sobre eles, que os fazia
ir um pouco mais devagar.
A
cruel tortura que foi aquela cavalgada prolongou-se durante quase dois dias.
Quando Joseph anunciou que iam passar a noite em uma clareira que tinha
avistado, Demétria já estava firmemente convencida de que o barão não era
humano. Tinha ouvido como os homens se referiam ao líder deles como um lobo e
entendeu muito bem aquele odioso paralelismo, porque Joseph luzia o perfil
dessa terrível besta de presa em cima de seu brasão branco e azul. Aquilo a
levou a fantasiar que a mãe de seu captor tinha que ter sido uma diabinha do
inferno e seu pai um enorme e feio lobo, e que essa era a única razão pela qual
podia chegar a manter uma marcha tão exaustiva e desumana.
Quando
por fim se detiveram para passar a noite, Demétria estava morta de fome.
Sentou-se em um penhasco e contemplou como os soldados se ocupavam de suas
montarias. Essa era a primeira preocupação de um nobre, decidiu Demétria,
sabendo como um nobre perdia toda efetividade sem seu cavalo. Sim, os cavalos
vinham primeiro.
Depois,
acenderam pequenas fogueiras, de oito a dez homens ao redor de cada uma delas,
e quando todos os fogos ficaram prontos, houve ao menos trinta fogueiras,
perfilando em todas elas os cansados ombros dos soldados, que ao fim eram
inteligentes para descansar. A comida chegou por último, um parco jantar
consistente em pão duro e queijo que tinha ficado amarelo. Chifres cheios de
uma cerveja com gosto de sal circularam também entre os homens, mas Demétria
percebeu que os soldados só bebiam uma pequena porção dela. Pensou que a
cautela possivelmente se impusesse sobre o desejo de desfrutar da bebida, porque certamente precisariam estar o mais
sóbrio possível durante aquela noite, acampados como estavam em uma posição tão
vulnerável.
Havia
sempre o constante perigo dos bandos formados por homens que, tendo perdido seu
lar, acabavam por se converterem em abutres que esperavam a ocasião de cair
sobre quem fosse mais fraco que eles, e também existiam as bestas selvagens que
percorriam os bosques com uma intenção muito parecida.
O
escudeiro de Joseph tinha recebido a ordem de ocupar-se em atender as
necessidades de Demétria. O moço se chamava Ansel, e Demétria em seguida soube
pelo cenho franzido que o trabalho que tinham-lhe atribuído não era muito de
seu agrado.
O
único consolo de Demétria era saber que a cada légua que iam avançando para o
norte, aproximava-se uma légua a mais de seu próprio destino secreto. Antes de
o barão de Wexton interferir em seus planos, ela esteve planejando sua própria
fuga. Ia para a casa de sua prima Edwythe na Escócia. Agora Demétria
compreendia quão ingênua tinha sido ao pensar que seria capaz de concluir
semelhante empreitada. Sim, já tinha percebido sua loucura e inclusive admitia
que não conseguiria durar mais de um dia, abandonada em seus próprios recursos,
montando a única égua do estábulo de Sebastian que não teria feito com que ela
caísse de sua sela. A égua, com a garupa bastante caída e já muito velha, não
teria a resistência necessária para semelhante viagem. Sem uma montaria robusta
e uma roupa adequada, a fuga não teria sido mais que uma forma de suicídio. E o
mapa que Demétria tinha desenhado a toda pressa, apoiando-se na memória cheia
de buracos de Simon, a teria feito andar em círculos.
Embora
admitisse que, na realidade, não era mais que um sonho insensato, Demétria
decidiu que teria que seguir agarrando-se a ele. Agarrou-se àquele brilho de
esperança pela singela razão de que era quão único o que tinha. Joseph
certamente vivia perto o bastante da fronteira escocesa para que se pudesse
chegar até ela a pé. Quanto mais distante poderia estar a nova casa da prima de
Demétria? Possivelmente talvez pudesse ir até ali andando.
Os
obstáculos terminariam por vencê-la, caso fosse permitido chegar a encontrar um
ponto de apoio. Demétria deixou a razão de lado e se concentrou em fazer uma
nota de tudo o que ia precisar. Primeiro um cavalo que pudesse levá-la, logo as
provisões e, em último lugar, a bênção de Deus. Depois de ter pensado um pouco,
Demétria decidiu que tinha invertido a ordem de importância, e acabava de
colocar Deus no primeiro lugar da nota e o cavalo no último, quando viu Joseph dirigindo-se
para o centro do acampamento. Santo céu, acaso não era Joseph o maior de todos
os obstáculos aos quais teria que enfrentar? Sim, Joseph, parte homem e parte
lobo, seria o obstáculo mais difícil de todos que deveria superar.
Joseph
não havia dito uma única palavra desde que tinham saído da fortaleza de
Sebastian. Durante esse tempo, Demétria esteve a ponto de enlouquecer de
preocupação de tanto pensar naquela apaixonada afirmação de que agora lhe
pertencia. E o que se supunha que significava isso exatamente? Desejou ter tido
a coragem de exigir uma explicação. Mas agora o barão se mostrava tão frio e
distante com ela, que Demétria achava muito aterrador para que se sentisse
capaz de aproximar-se dele.
Deus,
estava esgotada. Não podia se preocupar com ele agora. Quando tivesse
descansado, encontraria alguma maneira de escapar. Esse era o primeiro dever de
uma prisioneira, não?
Demétria
sabia que ela não tinha nenhuma experiência no que dizia respeito a tais
questões. De que servia saber ler e escrever? Ninguém chegaria a saber jamais
daquela sua insólita habilidade, porque não se considerava aceitável que uma
mulher tivesse recebido semelhante tipo de instrução. Mas se a maioria dos
nobres nem sequer eram capazes de escrever seus próprios nomes! Confiavam nos
clérigos para que se encarregassem de desempenhar aquelas tarefas tão carente
de significado para eles.
Demétria
não culpava seu tio por sua falta de formação. Aquele sacerdote, a quem sempre
tinha querido tanto, sentiu prazer em lhe ensinar todas as histórias da
antiguidade. Aquela que contava as aventuras de Ulisses terminou sendo a
favorita de Demétria. O guerreiro mitológico se converteu em seu companheiro
quando era uma garota que passava todo seu tempo terrivelmente assustada.
Demétria fingia que Ulisses estava sentado junto dela durante as longas e
escuras noites, ajudando-a a mitigar seu medo de que Sebastian viesse e a
levasse de volta para casa.
Sebastian!
Seu negro nome bastava para fazer com que formasse um nó em seu estômago. Sim,
seu irmão era a verdadeira razão pela qual Demétria agora carecia de todas as
habilidades necessárias para sua sobrevivência. Nem sequer era capaz de montar
um cavalo, pelo amor de Deus! Disso também Sebastian era culpado. Seu irmão a
levou para cavalgar umas quantas vezes, quando ela tinha seis anos, e Demétria
ainda lembrava daquelas saídas com tanta clareza como se tivessem acontecido no
dia anterior. Como Demétria tinha feito papel ridículo, ou ao menos isso era o
que Sebastian havia gritado, saltando em torno da sela como um amontoado de
feno mal amarrado no lugar!
E
assim que seu irmão se deu conta de quão assustada estava Demétria, o que fez
foi amarrá-la à sela de montar e dar uma palmada na garupa do cavalo para que
se lançasse em um desenfreado galope através dos campos.
O
terror de Demétria tinha excitado seu irmão. Quando ela finalmente aprendeu a
ocultar seu medo, Sebastian cessou por fim seu sádico jogo.
Até
ali aonde chegava sua memória, Demétria sempre soube que não agradava, nem a
seu pai nem a seu irmão, e tinha provado de todas as formas que conhecia para
fazer com que a quisessem, ainda que fosse só um pouquinho. Quando Demétria fez
oito anos a enviaram para o padre Berton, o irmão mais novo de sua mãe, e o que
a princípio seria só uma curta visita, converteu-se em longos anos cheios de
paz. O padre Berton era o único parente vivo do lado materno da família. O
sacerdote fez o que pôde para criá-la e repetia constantemente, até que
finalmente Demétria quase chegou a acreditar nele, que eram seu pai e seu irmão
os verdadeiros estúpidos, e não ela.
Oh,
sim, seu tio era um homem muito bom e carinhoso cujas amáveis maneiras
terminaram formando parte do caráter de Demétria. O padre Berton lhe ensinou
muitas coisas, nenhuma das quais era tangível, e a queria tanto como qualquer
pai de verdade poderia querer uma filha. Explicou-lhe que Sebastian desprezava
todas as mulheres, mas nisso Demétria não acreditou. Seu irmão só importava com
suas irmãs mais velhas. Tanto Camille como Sara tinham sido enviadas a
magníficas mansões para que fossem adquirindo a educação apropriada, e as duas
irmãs contavam com um dote impressionante para contribuir no casamento, embora só
Camille tenha se casado.
O
padre Berton também havia lhe dito que se o pai de Demétria não queria nada com
ela, era porque ela se parecia muito com sua mãe, uma mulher delicada e
carinhosa com quem ele se casou, e que depois se converteu quase que imediatamente
após trocarem seus votos. Seu tio não sabia qual tinha sido a razão pela qual o
pai de Demétria havia mudado de atitude, mas mesmo assim atribuía a culpa a sua
alma.
Demétria
quase não guardava nenhuma lembrança dos primeiros anos, embora uma sensação
agradável envolvesse de todo seu ser, a cada vez que pensava em sua mãe.
Naquela época Sebastian não estava ali com muita frequência para zombar dela, e
Demétria estava adequadamente protegida pelo amor de sua mãe.
Sebastian
era o único que dispunha das respostas às perguntas que Demétria fazia. Seu
irmão possivelmente explicaria tudo isso algum dia, e então ela o entenderia. E
com a compreensão chegaria a cura, não é?
Deus,
decidiu Demétria, tenho que afastar de minha cabeça todos estes pensamentos tão
sombrios. Deixou-se escorregar do alto do penhasco e foi dar um passeio pelo
acampamento, bem afastada dos homens.
Quando
ela virou e entrou no denso bosque, ninguém a seguiu e isso permitiu que
Demétria pudesse se ocupar em satisfazer as exigências de seu corpo. Já estava
retornando por onde tinha vindo, quando viu um pequeno riacho. A superfície da
água estava congelada, mas Demétria utilizou um galho para quebrar o gelo.
Ajoelhou-se junto ao riacho, lavou suas mãos e sua face. As águas daquele riacho
estavam geladas demais para enrugar as pontas de seus dedos, mas aquele líquido
cristalino tinha um sabor maravilhoso.
Então
Demétria sentiu que alguém acabava de parar atrás dela. Voltou-se com tanta
rapidez que esteve a ponto de perder o equilíbrio. Era Joseph, elevando-se
sobre ela.
-
Venha, Demétria - disse-lhe -. É hora de descansar.
Não
deu tempo para que ela respondesse a sua ordem, porque se inclinou sobre ela e
a colocou em pé. Sua calosa mão era tão grande que rodeou as suas. A pegada de
Joseph era firme, mas seu contato era suave e não a soltou até que chegaram à
abertura de sua tenda, uma estrutura de estranho aspecto consistente em peles
de animais selvagens que formavam uma cúpula graças aos grossos e rígidos
troncos que as sustentavam. As peles manteriam o vento à raia, já que começava
a aumentar. Outra pele cinza tinha sido estendida em cima do chão dentro da
tenda, com a óbvia intenção de que foi utilizada como cama de armar. O
resplendor da fogueira mais próxima projetava sombras que dançavam sobre as
peles, fazendo com que a tenda parecesse cálida e convidativa.
Joseph
indicou com um gesto que ela entrasse. Demétria se apressou a lhe obedecer, mas
uma vez dentro da tenda descobriu que não conseguia ficar quieta. As peles de
animal tinham absorvido uma grande parte da umidade do chão, e Demétria sentiu
como se a tivessem deitado em cima de um enorme bloco de gelo.
Joseph
ficou imóvel com os braços cruzados na frente de seu enorme peito e a
contemplava, enquanto ela tentava de se acomodar. Demétria manteve o rosto
impassível, jurando que morreria antes de oferecer uma única palavra de queixa
a Joseph.
De
repente ele voltou a incorporá-la com um brusco puxão, faltando muito pouco
para que derrubasse a tenda em sua pressa. Tirou sua capa dos ombros, então
Joseph fincou um joelho no chão e estendeu o objeto em cima das peles de
animal.
Demétria
não entendia qual poderia ser sua intenção. Tinha pensado que a tenda fosse
unicamente para ela, mas, na sequência, Joseph se acomodou no interior e,
estendendo seu corpo inteiro, ocupou a maior parte do espaço. Demétria começou
a se virar, enfurecida com a maneira com que ele tinha puxado sua capa para sua
própria comodidade. Por que não se limitou a deixá-la na fortaleza de Sebastian
se tinha intenção de fazê-la morrer de frio, em vez de arrastá-la com ele por
meio mundo?
Nem
sequer teve tempo de soltar uma exclamação abafada, porque Joseph a prendeu com
a celeridade de um raio. Demétria caiu em cima dele e deixou escapar um gemido
de protesto. Quase não tinha conseguido meter dentro de seu peito um pouco de
ar antes que Joseph rolasse para o lado, levando-a com ele. Então, estendeu sua
capa por cima dos dois, deixando Demétria presa dentro de seu abraço. Seu rosto
ficou ficado voltado para a base do pescoço de Joseph, e alto de sua cabeça
estava justo abaixo do queixo dele.
Demétria,
horrorizada ante uma posição tão íntima, tratou de se separar. Empregou até o
último grama de energia que possuía, mas a pressão de Joseph era muito forte
para que pudesse soltá-la.
-
Não posso respirar - murmurou junto ao pescoço de Joseph.
-
Pode sim - respondeu ele.
Demétria
acreditou ouvir diversão em sua voz. Isso a enfureceu quase tanto como a
arrogância de sua atitude. Como ele se atrevia a decidir se ela podia respirar
ou não?
Demétria
estava muito irritada para ter medo. De repente percebeu que suas mãos
continuavam livres de amarras, e começou a dar tapas nos ombros de Joseph até
que suas palmas da mão arderam. Joseph tinha tirado a cota de malha antes de entrar
na tenda, por isso agora seu peito só estava coberto por uma camisa de algodão.
O fino tecido ficava tensamente estirado sobre seus largos ombros, marcando os
músculos fortes. Demétria podia sentir a força que irradiava de seu corpo
através da suavidade do algodão. Deus, não havia nem um só grama de gordura
para agarrar e beliscar! A pele de Joseph era tão inflexível como sua natureza
teimosa.
E,
entretanto, havia uma diferença muito clara. O peito de Joseph em contato com
sua bochecha era uma presença cálida, quase quente, e terrivelmente convidativa
no que se referia a aconchegar-se junto dele. Além disso, cheirava muito bem, a
couro e masculinidade, e Demétria não pôde evitar reagir. Estava esgotada. Sim,
essa era a razão pela qual a proximidade de Joseph tinha um efeito tão
inquietante sobre ela. Mas por que seu coração estava acelerado?
A
respiração de Joseph esquentava seu pescoço, reconfortando-a. Como podia estar
sentindo aquilo? Demétria estava tão confusa que nada mais parecia ter sentido
para ela. Sacudiu a cabeça, decidida a espantar aquela sensação de sonolência
que estava invadindo suas boas intenções, e logo fechou as mãos sobre a camisa
de Joseph e começou a puxá-la.
Joseph
deve ter ficado aborrecido por ela se debater. Demétria o ouviu suspirar uns
instantes antes de ele agarrar suas mãos e colocá-las debaixo da camisa,
fazendo com que suas palmas da mão ficassem sobre seu peito. A grossa capa de
pelo que cobria a cálida pele de Joseph fez com que Demétria sentisse uma suave
comichão nas pontas dos dedos.
Demétria
se perguntou como era possível que estivesse sentindo tanto calor, quando lá
fora estava tão frio. A proximidade de Joseph era como um puxão erótico e
sensual que pesava sobre seus sentidos, alagando-a com umas sensações que
Demétria nunca soube possuir. Sim, aquilo era erótico, o que sem sombra de
dúvida também o tornava pecaminoso e obsceno, porque a pélvis de Joseph estava
pressionada contra a união das pernas de Demétria. Agora Demétria podia sentir
a dureza de Joseph precisamente ali, intimamente aninhada junto a ela. A
camisola que tinha colocado demonstrava ser uma proteção totalmente inadequada
contra a virilidade de Joseph, e a falta de experiência de Demétria no que
dizia respeito àquelas questões não proporcionava nenhum tipo de amparo contra
as estranhas sensações, capazes de deixá-la totalmente perplexa, que aquela
situação estava lhe provocando. Por que não sentia raiva do contato de Joseph?
O certo era que Demétria não sentia raiva, mas falta de ar.
Então
um pensamento espantoso se infiltrou na mente de Demétria e fez que exalasse um
arquejo de horror. Não era precisamente aquela posição que um homem adotava
quando se acoplava com uma mulher? Demétria se afligia com aquele pensamento
durante uns minutos intermináveis e logo se apressou a descartar esse temor.
Lembrava-se de que a mulher tinha que estar deitada sobre suas costas, e embora
não estivesse muito certa de qual seria a maneira exata em que se fazia aquilo,
não acreditava que estivesse correndo um perigo autêntico. Em uma ocasião tinha
ouvido Marta, enquanto falava com as outras criadas durante uma visita, e
lembrava que aquela mulher tão tosca sempre começava cada uma das luxuriosas
aventuras que relatava com a observação de que ela estava deitada de costas.
Sim, lembrou Demétria com um intenso alívio, Marta tinha sido muito precisa.
«Tombada sobre minhas costas estava eu», começava sempre. Agora Demétria
lamentava não ter ficado para escutar o resto das atrevidas histórias daquela
mulher.
Deus,
essas era outra das áreas de sua educação que tinha sido descuidada
infelizmente! Então Demétria ficou muito zangada, porque uma dama decente
deveria ter este tipo de preocupação de qualquer maneira.
Tudo
era culpa de Joseph, naturalmente. Será que ele a abraçava de uma maneira tão
íntima, única e exclusivamente para zombar dela? Demétria estava perto dele o
bastante para que pudesse sentir a força de seus fortes músculos. Se quisesse,
Joseph podia chegar a esmagá-la. Demétria estremeceu diante semelhante imagem e
imediatamente afastou seus temores. Não queria provocar o bárbaro. Ao menos
agora, a nova posição de suas mãos protegia seus seios, e Demétria agradeceu
que fosse assim. Sua gratidão teve uma vida muito curta, entretanto, porque
logo que acabava de pensar que no fundo devia agradecer essa pequena
misericórdia, Joseph mudou de posição e então os seios de Demétria ficaram
presos a ele. Seus mamilos endureceram, envergonhando-a ainda mais.
De
repente Joseph voltou a se mexer. - Que diabos...? - disse, rugindo a pergunta
inacabada junto à orelha de Demétria. Ela não soube o que tinha provocado
aquele desabafo por parte dele, só que ia ficar surda o resto de sua vida.
Quando
Joseph deu um salto, resmungando um juramento que ela não pôde evitar ouvir,
Demétria se apressou a se separar. Olhou para Joseph pela extremidade do olho.
Seu captor se incorporou sobre um cotovelo e estava procurando algo debaixo
dele.
Então,
e precisamente no mesmo instante em que a mão de Joseph levantava a arma,
Demétria se lembrou da adaga que pertencia ao escudeiro, que ela havia
escondido no forro de sua capa.
Ela
não pôde evitar franzir o cenho.
Joseph
não pôde evitar sorrir.
Demétria
ficou tão surpresa por aquele sorriso tão cheio de espontaneidade, que faltou
pouco para devolvê-lo. Em seguida, ela notou que seu sorriso não alcançava seus
olhos, e decidiu que, afinal de contas, seria melhor não sorrir.
-
Para ser uma criatura tão tímida está demonstrando ter muitos recursos,
Demétria - disse Joseph.
Sua
voz não poderia ser mais doce e suave. Acabava de elogiá-la ou estava zombando
dela? Demétria não sabia o que pensar, por isso decidiu não contar que tinha se
esquecido da existência da arma. Se chegasse a admitir aquela verdade diante de
Joseph, então não haveria dúvida de que ele a tomaria por uma estúpida.
-
Foi você quem me capturou - lembrou-lhe -. Se demonstrei ter recursos, é apenas
porque a honra me obriga a escapar. Este é o dever de uma prisioneira.
Joseph
franziu o cenho.
-
Ofende-se com minha honestidade, milord? - Perguntou Demétria -. Possivelmente
seja melhor eu não lhe dirigir a palavra. Agora eu gostaria de dormir -
acrescentou -. E vou tratar de esquecer, inclusive, o fato de que está aqui.
Para
demonstrar que tinha falado a sério, Demétria fechou os olhos.
-
Venha cá, Demétria.
Aquela
ordem pronunciada em um tom tão suave fez com que um calafrio de medo descesse
rapidamente pelas costas de Demétria, e um nó de tensão se formou dentro de seu
estômago. Ele estava fazendo isso outra vez, decidiu, porque conseguia
assustá-la a tal ponto que não conseguia nem respirar. E Demétria já estava
cheia de tudo isso. Não acreditava que houvesse muito mais medo dentro dela.
Abriu os olhos para olhar Joseph, e quando viu que a adaga agora estava
apontada em sua direção, deu-se conta de que pensando melhor ainda ficava uma
reserva de medo afinal de contas.
Que
covarde eu sou, pensou enquanto se ia aproximando lentamente de Joseph. Ela
parou ao seu lado, de frente para ele, apenas a poucos centímetros de distância.
-
Pronto, já está satisfeito? - perguntou.
Um
instante depois supôs que ele não estivesse nada satisfeito, quando se viu
deitada sobre suas costas, com Joseph elevando-se em cima dela. Demétria o
tinha tão perto que podia ver os pontinhos prateados que reluziam dentro do
cinza de seus olhos.
Demétria
tinha ouvido dizer que os olhos refletiam os pensamentos que passavam pela
mente, mas nem mesmo assim pôde saber o que se passava na cabeça de Joseph.
Isso a preocupou.
Joseph
observou Demétria. A confusão de emoções, que ela estava mostrando sem querer,
acabava por diverti-lo ao mesmo tempo em que o irritava. Sabia que Demétria
tinha muito medo dele, no entanto não chorava nem suplicava. E que bonita era,
Santo Deus! Um respingo de sardas cobria a ponta de seu nariz. Joseph achou
aquele pequeno defeito do mais atraente. Sua boca também era atraente. Joseph
se perguntou qual seria o sabor daquela boca e sentiu-se excitado só por aquele
pensamento.
-
Vai passar a noite toda me olhando? - perguntou Demétria.
-
Possivelmente o faça - respondeu Joseph -. Se eu desejasse fazê-lo -
acrescentou, sorrindo pela maneira com que ela tentou não franzir o cenho
diante de sua resposta.
-
Então eu terei que ficar olhando para você durante toda a noite - respondeu Demétria.
-
E a que se deve isso, Demétria? - ele perguntou com doçura.
-
Se pensa que vai poder se aproveitar de mim enquanto durmo, barão, está muito
equivocado.
Ela
estava muito indignada.
-
E como vou me aproveitar de você, Demétria?
Agora
ele estava sorrindo e agora sim tratava-se de um autêntico sorriso, porque
refletia a profundidade de seus olhos.
Demétria
desejou ter ficado em silêncio. Deus, agora era ela mesma quem estava colocando
ideias obscenas na cabeça dele!
-
Preferia não falar nesse assunto - conseguiu balbuciar finalmente -. Sim,
esqueça o que eu disse, rogo-lhe isso.
-
Mas não quero esquecer - respondeu Joseph -. Pensa que esta noite vou
satisfazer minha luxúria e que vou tomá-la enquanto descansa?
Joseph
baixou a cabeça até que ficou a um escasso sopro de distância do rosto de
Demétria. Sentiu prazer em ver como ela se ruborizava, e inclusive chegou ao
extremo de expressar sua aprovação com um grunhido.
Demétria
permanecia tão imóvel como uma corça, presa por suas próprias preocupações.
-
Você não vai me tocar - balbuciou subitamente -. Certamente você está cansado
demais para pensar em tais coisas... e além disso acampamos em uma clareira...
Não, não me tocará - concluiu.
-
Possivelmente.
E
o que podia significar aquilo exatamente? Demétria viu o brilho misterioso que
reluzia nos olhos de Joseph. Estaria sentindo um autêntico prazer sobre sua
óbvia inquietação?
Decidiu
que não ia permitir que Joseph se aproveitasse dela sem que antes houvesse uma
boa briga. Com esse pensamento na cabeça, atingiu-o, dirigindo seu punho justo
abaixo de seu olho direito. O murro acertou totalmente o alvo escolhido, mas
Demétria pensou que ela tinha recebido mais dor do que ele. De qualquer
maneira, foi Demétria quem gritou de dor, porque Joseph nem sequer chegou a
pestanejar. Deus, ela provavelmente havia quebrado a mão e por nada!
-
É feito de pedra - murmurou Demétria.
-
Por que fez isso? - perguntou Joseph, em um tom cheio de curiosidade.
-
Para você saber que lutarei com você até a morte se tentar me forçar -
balbuciou Demétria. Pareceu-lhe ser um discurso muito valente, mas a força que
suas palavras pudessem ter ficou arruinada pelo tremor de sua voz. Suspirou,
sentindo-se muito desanimada.
Joseph
voltou a sorrir.
-
Até a morte, Demétria? - perguntou depois.
Ao
observar a expressão realmente horrível que acabava de aparecer no rosto dele,
Demétria decidiu que a ideia lhe parecia agradável.
-
Você se apressa em tirar conclusões - comentou Joseph -. Isso é um defeito.
-
Você me ameaçou - contra-atacou Demétria -. Isso é um defeito ainda maior.
-
Não - ele arguiu -. Foi você quem sugeriu isso.
-
Sou a irmã de seu inimigo - recordou-lhe Demétria, sentindo-se muito satisfeita
com a carranca que o lembrete provocou -. Não pode mudar esse fato -
acrescentou, como advertência.
A
tensão desapareceu imediatamente dos ombros de Demétria. Ela deveria ter
pensado neste argumento mais cedo.
-
Mas com os olhos fechados, eu não saberei se é a irmã de Sebastian ou não -
disse Joseph -. Há rumores de que você vivia com um padre depravado e que você
servia de prostituta para ele. Mas na escuridão, isso não me incomodaria. Todas
as mulheres são iguais quando se trata de cama.
Ela
desejou poder voltar a atingi-lo. Demétria ficou tão indignada com aquelas
palavras venenosas, que seus olhos se encheram de lágrimas. Queria gritar,
dizer que o padre Berton estava em boas relações com seu Deus e sua igreja, e
que além disso casualmente era seu tio. O sacerdote era a única pessoa que se
importava com Demétria, o único que a amava. Como Joseph ousava sujar a
reputação de seu tio?
-
Quem lhe contou essas histórias? - perguntou, com a voz transformada em um
murmúrio enrouquecido.
Joseph
pode ver até que ponto suas palavras acabaram por feri-la. Então soube que
todas as histórias eram justamente o que ele tinha suspeitado que eram, meras
falsidades. Demétria não podia esconder sua dor. Além disso, ele já tinha
percebido sua inocência.
Demétria
estava destroçada com suas palavras cheias de malícia.
-
Você acha que eu vou tentar convencê-lo de que os falatórios que você ouviu
sobre mim não são verdadeiros? - Perguntou Demétria -. Bem, reflita outra vez,
Barão. Acredite no que quiser. Se você acha que eu sou uma prostituta, então eu
sou prostituta.
Seu
acesso de cólera não pôde ser mais veemente
ira que Joseph tinha presenciado desde que a tornou
prisioneira. De repente, sentiu-se fascinado por aqueles
incríveis
olhos azuis que estavam cintilando com tamanha indignação. Sim, não restava
dúvida de que Demétria era inocente.
Decidiu
colocar fim naquela conversa para assim Demétria seria poupada de mais
sofrimento.
-
Durma - ele ordenou.
-
Como posso dormir com o medo de que você e aproveite de mim durante a noite? -
perguntou ela.
-
Realmente pensa que seria capaz de continuar dormindo enquanto eu fizesse isso
com você? - perguntou Joseph em um tom cheio de incredulidade. Deus, ela acaba
de insultá-lo, mas mesmo assim ele compreendeu que Demétria era muito ingênua
para saber disso. Joseph sacudiu a cabeça -. Se eu decidisse me aproveitar de
você, tal como você o descreve, eu prometo acordá-la antes. Agora feche os
olhos e durma.
Atraiu-a
para seus braços, obrigando suas costas a ficarem unidas a seu peito. O braço
de Joseph a envolveu de uma maneira que não podia ser mais íntima, repousando
sobre a curva de seu seio. E depois estendeu a capa por cima dos dois,
resolvido a expulsar Demétria de sua mente.
Dizê-lo
foi mais fácil que fazê-lo. O aroma de rosas envolvia Demétria, e o corpo dela
parecia tão suave perto dele. Sua proximidade era quase inebriante. Joseph
soube que o sono demoraria um bom tempo para reclamá-lo.
-
Como você o chamaria?
A
pergunta de Demétria chegou até ele debaixo da capa que os cobria. Sua voz soou
um pouco abafada pelo tecido, mas Joseph ouviu até a última palavra do que
havia dito. Depois teve que repassar mentalmente toda a conversa que tinham
mantido, antes de ele entender sobre o que ela estava perguntando.
-
Aproveitar-me de você? - perguntou, esclarecendo sua pergunta.
Um
instante depois sentiu como ela assentia com a cabeça.
-
Violação - disse Joseph, murmurando aquela palavra tão execrável no alto da cabeça
de Demétria.
Demétria
se incorporou de repente, atingindo o queixo de Joseph com a cabeça em sua
pressa. A paciência dele começava a se esgotar. Decidiu que nunca deveria ter
falado com ela.
-
Nunca possuí nenhuma mulher pela força, Demétria - disse -. Sua virtude está a
salvo. E agora, durma.
-
Nunca? - disse Demétria, sussurrando sua pergunta.
-
Nunca! - disse Joseph, gritando sua resposta.
Demétria
acreditou. Era muito estranho, mas agora se sentia a salvo e sabia que não lhe
faria mal enquanto dormisse. Sua proximidade já estava começando a
reconfortá-la de novo.
O
calor de Joseph não demorou a agir como uma droga para fazê-la dormir.
Aconchegou-se um pouco mais a Joseph, ouviu-o gemer quando acomodou suas costas
junta ao corpo de Joseph para ficar mais cômoda, e se perguntou o que estaria
incomodando-o, agora. Quando Joseph a segurou pelo quadril e a manteve imóvel,
Demétria percebeu que seus movimentos mantinham-no acordado.
Seus
sapatos tinham caído de seus pés, e Demétria os deslizou lentamente entre as
panturrilhas de Joseph para pegar um pouco mais de seu calor. Teve muito
cuidado para não se mexer demais por medo de voltar a irritá-lo.
A
cálida respiração de Joseph roçava seu pescoço. Demétria fechou os olhos e
suspirou. Sabia que deveria resistir à tentação, mas o calor de Joseph a
agitava ao mesmo tempo em que a tranquilizava. Lembrou-se de uma de suas
histórias favoritas a respeito de Ulisses, aquela que contava suas aventuras
com as sereias. Sim, o calor de Joseph parecia cortejá-la assim como a canção
que aquelas ninfas mitológicas cantaram para atrair Ulisses e seus soldados a
uma destruição certa. Ulisses soube ser mais inteligente que as sereias e
colocou cera nos ouvidos de seus homens para bloquear aquele som irresistível.
Demétria
desejou ser tão ardilosa e cheia de recursos como o épico guerreiro.
O
vento assobiava ao redor dela choramingando uma triste melodia, mas Demétria
estava bem protegida, firmemente estreitada entre os braços de seu captor.
Fechou os olhos e então aceitou a verdade. A canção da sereia a tinha
capturado.
Só
despertou uma vez durante a noite. Suas costas tinham suficiente calor, mas seu
peito e os braços estavam ficando gelados. Sempre se movendo muito devagar para
não perturbar o sono de Joseph, Demétria se virou entre seus braços. Apoiou a
bochecha no ombro de Joseph para que lhe servisse de travesseiro e deslizou as
mãos debaixo de sua camisa.
Não
estava completamente acordada quando Joseph começou a esfregar sua frente com o
queixo, Demétria suspirou satisfeita e se aninhou um pouco mais. As costeletas
de Joseph faziam cócegas em seu nariz. Demétria jogou a cabeça para trás e foi
abrindo os olhos lentamente.
Joseph
olhava para ela fixamente. Sua expressão, tão cálida e cheia de ternura, tinha
renunciado às defesas de antes. Mas sua boca parecia ter uma dura firmeza, e
Demétria se perguntou o que sentiria caso Joseph finalmente a beijasse.
Nenhum
dos dois disse uma única palavra, mas quando Demétria foi para Joseph, ele a
recebeu na metade do caminho.
Demétria
tinha um gosto tão bom como ele sabia que ela teria. Deus, que suave e
convidativa era! Não estava completamente acordada e por isso não resistiu,
embora por esta razão sua boca não estivesse aberta o suficiente para que ele
pudesse penetrá-la. Joseph resolveu aquele problema rapidamente fazendo-a
baixar o queixo com o polegar, e então colocou sua língua dentro da boca de
Demétria antes que ela pudesse adivinhar sua intenção.
Capturou
o arquejo afogado que saiu dela e então deu seu próprio gemido.
Quando
Demétria utilizou timidamente sua própria língua para acariciar a dele, Joseph
a deitou sobre suas costas e se colocou entre suas pernas. Suas mãos
sustentavam os lados de sua face, mantendo-a imóvel para que recebesse seu
delicado ataque.
As
mãos de Demétria estavam presas debaixo da camisa de Joseph. Então seus dedos
começaram a acariciar seu peito, fazendo com que a pele de Joseph ficasse
febril.
Joseph
queria chegar a conhecer todos seus segredos e satisfazer seu desejo ali mesmo
e naquele preciso instante, e tudo porque Demétria se mostrava tão
maravilhosamente disposta à presença dele.
O
beijo chegou a ficar tão intenso e abrasador que Joseph soube que corria perigo
de perder o controle. Sua boca moveu-se uma e outra vez sobre a de Demétria
para penetrar, tomar e acariciar com sua língua. Deus, era como se nunca
pudesse chegar a saciar-se dela!
Foi
o beijo mais incrível que ele alguma vez experimentou, e Joseph não teria
colocado fim nele se, de repente, ela não começasse a tremer. Um suave gemido
escapou das profundezas da garganta de Demétria, e aquele som tão sensual quase
conseguiu fazer com que ele perdesse a razão.
Quando
Joseph se separou bruscamente dela, Demétria ficou muito atônita para que
pudesse reagir. Ele deitou sobre suas costas com os olhos fechados, e a única
indicação que ele deu sobre aquele beijo foi sua áspera e entrecortada
respiração.
Demétria
não sabia o que fazer. Deus, quão envergonhada de si mesma ela se sentia! Que
estranho impulso se apoderou dela? Havia agido de uma maneira tão indecorosa,
tão... vulgar. E o cenho franzido que havia no rosto de Joseph estava lhe
dizendo que não tinha-lhe agradado.
Demétria
teve vontade de chorar.
-
Joseph? - perguntou, pensando que sua voz soava como se já estivesse chorando.
Ele
não respondeu, mas seu suspiro lhe disse que ele havia escutado ao pronunciar
seu nome.
-
Sinto muito.
Seu
pedido de desculpa deixou Joseph tão surpreso que ele se virou de lado para
olhá-la. O intenso desejo que ardia dentro dele era dilacerante e não pôde
manter afastado o cenho franzido de seu rosto.
-
O que é que você sente? - quis saber, irritando-se ante a aspereza com que soou
sua voz.
Soube
que havia tornado a assustá-la, porque Demétria em seguida lhe deu as costas.
Estava tremendo de uma maneira bastante violenta para que Joseph também
percebesse disso. Queria estender suas mãos para ela para voltar a atraí-la
para os seus braços, quando Demétria finalmente lhe respondeu, dizendo:
-
De ter-me aproveitado de você.
Joseph
não podia acreditar no que acabava de ouvir. Aquilo foi a desculpa mais
ridícula que jamais recebeu.
Um
lento sorriso foi impondo-se pouco a pouco ao franzido do cenho que tinha
escurecido seu semblante. Deus, de repente, teve vontade de voltar a rir, e não
teria se importado em ceder também a esse outro impulso, se Demétria não
tivesse sido tão profundamente sincera quando lhe falou. Mas o desejo de não
ferir seus sentimentos conteve sua risada. Joseph não entendia qual era a razão
que o impulsionava a querer proteger os sentimentos de Demétria, mas o caso era
que estava ali e ia consumindo-o por dentro.
Deixou
escapar um prolongado gemido. Demétria o ouviu, e em seguida chegou à conclusão
de que Joseph estava profundamente aborrecido com ela.
-
Prometo-lhe que não voltará a acontecer, Joseph - apressou-se em dizer.
Joseph
rodeou a cintura da moça com o braço e a atraiu para ele.
-
E eu lhe prometo que voltará a acontecer, Demétria - disse então.
Ela
pensou que aquilo soava como um juramento.
Eita que eu não tava esperando um beijo já nesse capítulo...
ResponderExcluirTô amando
POSTA LOGO POR FAVOR
Meu Deuuuuus que capítulo e esse gente, posta mais logo to doida pra saber o que vai acontecer entre eles
ResponderExcluirEiiiittaaaaa Brasil abaixa que é tiro
ResponderExcluirTo amando,faz uma maratona de fim de ano
PORFAAVVOOOORRRRR