Adam despertou à
manhã seguinte com uma abrasadora dor de cabeça que não tinha nada que ver com
o álcool.
Desejava que tivesse
sido pelo brandy. O brandy teria sido um inferno muito mais simples que isto.
Demetria.
Em que diabos, ele
esteve pensando?
Em nada. Obviamente
não estava pensando absolutamente. Ao menos não com a cabeça.
Tinha beijado Demetria.
Infernos, quase tinham machucado‐a. E era difícil imaginar
que poderia existir em qualquer parte da Bretanha uma jovem menos conveniente
para seus cuidados que a Senhorita Demetria Cheever.
Ia arder em algum
lugar por isso.
Se fosse um bom
homem, supunha, casaria com ela. Uma jovem poderia perder sua reputação por bem
menos que isso. Mas ninguém os viu, uma pequena voz em seu interior insistiu.
Ninguém sabia além deles dois. E Demetria não diria nada. Não era desse tipo.
E ele não era um bom
homem. Camille se ocupou disso. Ela matou o bom e amável que havia em seu
interior. Mas ainda havia sensatez. E não permitiria se aproximar de Demetria
outra vez. Um engano podia ser compreensível.
Dois seria sua
perdição.
E três...
Bom Deus, não deveria
estar pensando em três.
O que precisava era
distanciar‐se. Distância. Estava longe de Demetria, não poderia tentar e ela
poderia esquecer seu encontro ilícito e encontraria por si mesmo a algum moço
jovial e agradável para casar. A imagem dela nos braços de outro homem de
improviso era desagradável, mas Adam decidiu que era porque era muito cedo na manhã,
e estava cansado e tinha beijado‐há só fazia seis horas ou
algo assim e...
E poderia haver umas
cem razões diferentes, nenhuma delas importantes o bastante para examinar mais
de perto.
Enquanto isso teria
que evitá‐la. Talvez devesse deixar a cidade. Escapar.
Poderia sair do país.
Realmente não tinha pensado permanecer em Londres muito tempo de todos os
modos.
Abriu os olhos e
gemeu. Não possuía nenhum autocontrole? Demetria era uma jovenzinha
inexperiente de vinte anos. Não era como Camille, conhecedora em todas as habilidades
femininas e disposta a utilizá‐las para sua vantagem.
Demetria poderia ser
tentadora, mas resistível. Adam era o suficiente homem para manter a cabeça
quando estivesse perto dela. Em todo caso, provavelmente não deveria estar
vivendo na mesma casa. E enquanto fazia as mudanças, talvez fosse hora de
inspecionar as mulheres da alta sociedade este ano. Havia muitas discretas e
jovens viúvas. Fazia muito tempo que não ficava em companhia feminina.
Se algo podia fazer
esquecer uma mulher, era outra.
—Adam está de
mudança.
—O que? —Demetria
estava arrumando as flores em um vaso de porcelana. Foi só pelas ágeis mãos e a
enorme boa sorte que a preciosa antiguidade não se estatelou contra o chão.
—Já foi — disse Selena
com um encolhimento. — Seu ajudante de quarto está empacotando suas coisas agora
mesmo.
Demetria pôs o vaso
de volta sobre a mesa com doloridos e cuidadosos dedos.
Devagar, constante,
inspira, espira. E então finalmente, quando esteve segura de que podia falar
sem tremer, perguntou:
—Abandona a cidade?
—Não, não acredito —
disse Selena, sentando‐se sobre o divã com um bocejo.
— Não tinha pensado
permanecer na cidade tanto tempo, por isso irá alugar um apartamento.
—Irá alugar um
apartamento? —Demetria lutou contra o horrível vazio que sentia estar afundando
em seu peito. Alugava um apartamento. Tão somente para afastar‐se
dela.
Teria se sentido
humilhada se não estivesse tão triste. Ou talvez fossem ambas as coisas.
—Isto é provavelmente
o melhor — continuou Selena, esquecendo a angústia de sua amiga. — Sei que diz
que nunca voltará a casar outra vez...
—Ele disse isso? —Demetria
congelou. Como era possível que não soubesse?
Sabia que havia dito
que não procurava esposa, mas certamente não pensou que fosse para sempre.
—OH, sim — respondeu Selena.
— Disse o outro dia. Foi bastante firme. Pensei que mamãe teria um ataque por
isso. Por assim dizer, esteve muito perto de desmaiar.
—Sua mãe? —Demetria
tinha dificuldade em imaginar.
—Bom, não, mas se
seus nervos tivessem sido menos fortes, certamente teria feito.
A maior parte do
tempo Demetria desfrutava das divagações da amiga, mas neste momento queria
estrangulá‐la.
—De todos os modos —
disse Selena, suspirando enquanto se recostava, —
disse que não se
casará, mas estou completamente segura de que reconsiderará.
Simplesmente deve
passar o sofrimento sobre isso. — Fez uma pausa, olhando de soslaio Demetria
com uma expressão sardônica. — Ou a falta dela.
Demetria sorriu
tensamente. Tão tensamente, de fato, que estava segura o bastante de que outra
pessoa era quem o fazia.
—Mas apesar do que
diz — adicionou Selena, recostando‐se e fechando os olhos, —
com certeza não encontrará uma noiva enquanto viva aqui. Céus como poderia
alguém fazer a corte na companhia de uma mãe, um pai e duas irmãs mais jovens?
—Duas?
—Bem, uma,
certamente, mas você poderia ser contada como uma segunda.
Com segurança não
pode comportar‐se de nenhuma outra forma como gostaria de comportar‐se
enquanto está em sua presença.
Demetria não sabia se
devia rir ou chorar.
—E inclusive se não
escolher uma noiva a qualquer momento, logo — acrescentou Selena, — deverá
tomar uma amante. Certamente isto o ajudará a esquecer Camille.
Demetria não viu que
podia dizer a isso.
—E certamente não
pode fazê‐lo enquanto esteja vivendo aqui. —Selena abriu os olhos e se
apoiou sobre os cotovelos. — Por isso realmente, é tudo para melhor.
Não está de acordo?
Demetria assentiu com
a cabeça. Porque tinha que fazer. Porque se sentia muito aturdida para chorar.
19
de junho de 1819
Ele
se foi faz uma semana e estou além de mim mesma.
Se
simplesmente tivesse ido, poderia perdoá‐lo, mas não retornou!
Não
me procurou. Não me enviou uma carta, e embora ouça sussurros e intrigas de que
reata suas atividades normais e está sendo visto em sociedade, é certo que
nunca o vejo, se estiver em um evento, ele não está. Uma vez pensei tê‐lo visto do outro lado de um
recinto, mas não posso estar segura, porque só vi suas costas enquanto efetuava
a saída.
Não
sei o que fazer com tudo isto, não posso procurá‐lo, poderia estar à altura do
impróprio. Lady Rudland proibiu até Selena de visitá‐lo; está em The Albany e é estritamente
para cavalheiros. Nenhum familiar ou viúvas.
—O que planeja vestir
para o baile desta noite dos Worthington? —Perguntou
Selena, jogando três
torrões de açúcar em seu chá.
—É esta noite? — Os
dedos de Demetria se apertaram ao redor da xícara de chá. Adam tinha prometido
que iria ao baile dos Worthington e dançaria com ela.
Certamente não
faltaria a uma promessa.
Ele estaria ali. E se
não estivesse... Ela simplesmente teria que garantir de que não faltasse.
—Colocarei meu
vestido de seda verde — disse Selena. — A não ser que queira usar o seu vestido
verde. Fica realmente adorável com o verde.
—É o que pensa? —Demetria
se endireitou.
De repente era
imperativo que se, visse absolutamente bela.
—Mmm‐hmm.
Mas seria bom não usarmos a mesma cor, por isso terá que se decidir logo.
—O que me recomenda?
—Demetria não estava desesperada por andar na moda, mas nunca teria um olho tão
perito como Selena.
Selena inclinou a
cabeça para um lado enquanto examinava a amiga.
—Com sua tez,
realmente sinto que não possa usar algo mais vivo, mas mamãe diz que ainda
somos muito novatas. Mas talvez... — levantou‐se de um salto, arrebatando
sabiamente um travesseiro verde pálido de uma cadeira próxima e a sustentou sob
o queixo de Demetria. — Hmmm.
—Está planejando me
redecorar?
—Segura isto —
ordenou Selena, e deu vários passos para trás, soltando um elegante. Euf!
Quando seu pé se enganchou em uma perna da mesa. — Sim, sim — murmurou,
mantendo o equilíbrio com o braço do sofá. — É perfeito.
Demetria olhou para
baixo. E logo para cima.
—Devo usar um
travesseiro?
—Não, usar meu
vestido de seda verde. Este é precisamente a mesma cor.
Annie vai buscá‐lo
hoje.
—Mas então, o que
você irá vestir?
—OH, alguma outra
coisa — disse Selena com um movimento de mão. — Algo rosa. Os cavalheiros
parecem ficar loucos pelo rosa. Faz que me veja como um doce, dizem.
—Não te importa ser
um doce? — Porque Demetria odiaria.
—Não me importa o que
pensem — corrigiu Selena. — Ajuda‐me. Há frequentemente uma
vantagem na subestimação. Mas você... — Negou com a cabeça.
— Você necessita algo
mais sutil. Sofisticado.
Demetria recolheu seu
chá para tomar o último gole, então parou, alisando a suave musselina de seu
vestido de dia.
—Deveria ir provar
agora — disse ela. — Para dar tempo a Annie de fazer as modificações.
E, além disso, tinha
um pouco de correspondência que atender.
Adam descobriu,
enquanto atava a gravata da fantasia com dedos ágeis, que seu talento para o
ataque verbal era mais amplo e profundo do que percebeu. Encontrou umas cem
coisas malignas desde que recebeu, nessa mesma tarde, a maldita nota de Demetria.
Mas, sobretudo, amaldiçoava, acontecesse o que acontecesse, o maldito sentido
da honra que ainda possuía.
Ir ao baile dos Worthington
era o cúmulo da insensatez, a coisa mais néscia que possivelmente poderia
fazer. Mas é claro que sim que não poderia romper a promessa à jovenzinha,
inclusive se era por seu bem.
Santo inferno. Isto
não era o que necessitava agora mesmo.
Voltou a olhar a
nota. Tinha prometido dançar com ela se lhe faltassem companheiro não foi? Bem,
isto não deveria ser um problema. Simplesmente se asseguraria de que tivesse
mais companheiros do que soubesse o que fazer com eles.
Seria a mais bela do
baile.
Supôs que já que
deveria ir á festa, devia seguir em frente e examinar às jovens viúvas. Com um
pouco de sorte, Demetria veria exatamente onde planejava dedicar seus cuidados
e compreenderia que devia olhar em outra direção.
Estremeceu. Não
gostava do pensamento de contrariá‐la. Infernos ele gostava da
jovenzinha. Sempre gostou.
Moveu a cabeça. Não
ia magoá‐la. Não muito, de todos os modos. E, além disso, a ressarciria.
A bela do baile
recordou enquanto entrava em sua carruagem e se preparava duramente para o que
certamente seria uma velada extremamente difícil.
A. Bela. Do. Baile. Selena
descobriu Adam no momento em que entrou.
—OH, olhe — disse,
dando uma cotovelada em Demetria. — Meu irmão está aqui.
—Sim? —Respondeu Demetria
ofegando.
—Mmm‐hmm.
— Selena se endireitou, juntando as sobrancelhas. — Não o vejo há séculos,
agora que penso nisso. E você?
Demetria negou com a
cabeça distraidamente enquanto estirava o pescoço, tentando divisar Adam.
—Está falando com
Duncan Abbott — informou Selena. — Pergunto‐me do que estarão falando. O
senhor Abbott é totalmente um político.
—É?
—OH, sim. Eu gostaria
de ter um debate com ele, mas provavelmente não gostaria de falar de política
com uma mulher. Isso sim que é molesto.
Demetria esteve a
ponto de assentir com a cabeça quando Selena franziu o cenho e disse com voz
irritada.
—Agora se dirige á
lorde Westholme.
—Selena é permitida
ao homem falar com quem quiser — disse Demetria, mas por dentro, ela também
estava se irritando por Adam não ir em direção a elas.
—Sei, mas deveria vir
e nos saudar primeiro. Somos sua família.
—Bem, você é ao
menos.
—Não seja tola. Você
também é família, Demetria. — A boca de Selena se abriu com um pequeno oh de
indignação. — Está vendo isto? Vai em direção oposta.
—Quem é esse homem
para quem se dirige? Não o reconheço.
—O Duque de
Ashbourne. O tipo é infernalmente bonito, não é? Acho que esteve no
estrangeiro. Estava de férias com a esposa. Pelo que sei, são muitos devotos um
do outro.
Demetria pensou em
que era um sinal positivo ouvir que ao menos um matrimônio da alta sociedade
era feliz. De todos os modos, Adam certamente não pediria sua mão se não pôde
se incomodar em atravessar o salão de baile para dizer olá. Ela franziu o
cenho.
—Me perdoe Lady Selena.
Acho que esta é minha dança.
Selena e Demetria
levantaram a vista. Um belo jovem cujo nome nenhuma das duas podia recordar
estava de pé ante elas.
—Certamente — disse Selena
rapidamente. — Que tola sou por ter esquecido.
—Acho que tomarei um
copo de limonada — disse Demetria com um sorriso.
Sabia que Selena
sempre se sentia incômoda quando ia dançar e deixava
Demetria sozinha.
—Está segura?
—Vai. Vai.
Selena flutuou para a
pista de dança e Demetria iniciou seu caminho para o lacaio que servia a
limonada. Como sempre, tinha sido requerida só para aproximadamente a metade
das danças. E onde estava Adam, poderia perguntar‐se, depois de que prometeu
dançar com ela se carecia de companheiros?
Horrível, horrível
homem.
De algum modo, sentia‐se
bem o amaldiçoando em sua mente, inclusive se realmente não acreditasse.
Demetria tinha
percorrido a metade do caminho para a limonada quando sentiu uma firme mão
masculina sobre seu cotovelo. Adam? Virou‐se, mas se decepcionou ao
encontrar um cavalheiro que não conhecia, mas cujo rosto lhe era vagamente familiar.
—Senhorita Cheever?
Demetria assentiu.
—Posso ter o prazer
desta dança?
—Pois sim, é obvio,
mas não acredito que tenhamos sido apresentados.
—OH, me perdoe, por
favor. Sou Westholme.
Lorde Westholme? Não
era o cavalheiro com quem Adam esteve conversando tão somente alguns instantes
antes? Demetria sorriu, mas em sua mente franzia o cenho. Nunca tinha sido uma
grande crente das coincidências.
Lorde Westholme
demonstrou ser um bailarino excelente e o par girou sem esforço pelo piso.
Quando a música se aproximou do final, ele se inclinou elegantemente e a
escoltou ao perímetro do recinto.
—Obrigada pela
adorável dança, Lorde Westholme — disse Demetria gentilmente.
—Sou eu quem deveria
agradecer Senhorita Cheever. Espero que logo possamos repetir este prazer.
Demetria notou que
Lorde Westholme tinha conseguido depositá‐la tão longe da limonada
como era possível. Foi uma mentira piedosa quando disse a Selena que tinha
sede, mas agora realmente estava bastante sedenta. Com um suspiro, compreendeu
que teria que abrir caminho de volta através da multidão. Não tinha dado dois
passos para os refrescos quando outro extremamente elegante jovem elegível
parou frente a ela. Reconheceu‐o imediatamente. Era o Senhor Abbott, o cavalheiro politicamente
importante com quem Adam também esteve conversando.
No prazo de alguns
segundos, Demetria estava de volta a pista de dança e certamente sua irritação
crescia.
Não é que pudesse pôr
falta os seus companheiros. Se Adam achou necessário subornar aos homens para
que dançassem com ela, ao menos escolheu os belos e educados. Entretanto,
quando o Senhor Abbott a tirava da pista de dança e viu o Duque de Ashbourne
abrindo caminho para ela, Demetria se retirou rapidamente.
Pensou que ela não
teria nenhum orgulho? Pensava que apreciaria que enrolasse a seus amigos
pedindo que dançassem com ela? Isto era humilhante. E ainda pior era a
implicação de que conseguia que aqueles homens dançassem com ela porque ele
mesmo não podia se incomodar em fazê‐lo. As lágrimas começaram a
se formar nos olhos e Demetria, aterrorizada por derramá‐las
no salão do baile à vista da alta sociedade, saiu correndo para um corredor
deserto.
Apoiou‐se
contra uma parede e tomou grandes baforadas de ar. A rejeição dele não doía. Apunhalava‐a. A
feria como balas. E sua pontaria era precisa até certo ponto.
Isto não se parecia
com todos aqueles anos quando a tinha visto como uma menina. Então ao menos ela
podia se consolar dizendo que não sabia o que estava errado. Mas agora sabia.
Agora sabia exatamente o que estava errado e ele não se preocupava nem um
pouco.
Demetria não podia
permanecer no vestíbulo toda a noite, mas não estava preparada para voltar para
o baile, por isso saiu ao jardim. Era uma pequena zona verde, mas bem
proporcionada e apresentada com bom gosto. Demetria se sentou sobre um banco de
pedra no canto do jardim que estava em frente á parte de atrás da casa. Grandes
portas de vidro se abriam no salão de baile, e durante alguns minutos olhou às
damas e cavalheiros girarem com a música. Sorveu o nariz e tirou uma das luvas
para poder limpar o nariz com a mão.
—Meu reino por um
lenço — disse com um suspiro.
Talvez pudesse fingir
que estava doente e ir para casa.
Provou com uma
pequena tosse. Talvez estivesse realmente doente.
Realmente, não tinha
nenhum sentido permanecer o resto do baile. O objetivo era ser bonita, sociável
e cativante, não? Não havia nenhum modo que ela pudesse conseguir qualquer
destas coisas nesta festa.
E então viu um brilho
dourado.
Cabelo frisado de
dourado, para ser mais exata.
Era Adam. Certamente.
Como não seria ele quando estava sentada, pateticamente sozinha? Caminhava
pelas portas francesas que conduziam ao jardim.
E havia uma mulher em
seu braço.
Um estranho nó rodou
por sua garganta e Demetria não sabia se ria ou chorava.
Não lhe economizaria
nenhuma humilhação? O fôlego ficou preso na garganta, moveu‐se a
toda pressa para a beira do banco onde ficaria mais oculta pelas sombras.
Quem era? Tinha visto
antes. Lady Algo ou outra. Uma viúva escutou que era muito rica e independente.
Não parecia uma viúva. E verdade seja dita, não parecia muito mais velha que Demetria.
Murmurando uma
desculpa pouco sincera, Demetria aguçou os ouvidos para ouvir a conversa. Mas o
vento levava as palavras em direção contrária, assim só se inteirou de pedaços
vazios. Finalmente, depois do que soou como "não estou segura",
Adam se inclinou e a
beijou.
O coração de Demetria
se rompeu.
A Lady murmurou algo
que não pôde ouvir e retornou ao salão de baile. Adam permaneceu no jardim, as
mãos sobre os quadris, olhando enigmaticamente para a lua.
Parte
quis gritar Demetria. Vamos! Encontrava‐se
ali presa até que partisse e tudo o que queria era ir para casa e enroscar‐se
em sua cama. Mas esta não parecia ser uma opção neste mesmo momento, estando na
beira mais afastado do banco, tentando ocultar‐se inclusive mais nas
sombras.
A cabeça de Adam
virou bruscamente em sua direção. Maldição! Ouviu. A olhou de esguelha e
deu um par de passos em sua direção. Então fechou os olhos e devagar negou com
a cabeça.
—Maldita seja, Demetria!
—Disse com um suspiro. — Por favor, me diga que não é você.
Até aqui a tarde
tinha estado indo muito bem. Conseguiu evitar Demetria completamente,
finalmente conseguiu ser apresentado à encantadora viúva Bidwell de só vinte e
cinco anos e o champanhe não foi muito ruim tampouco.
Mas não, os deuses
claramente não se inclinavam a lhe conceder alguns favores. Ali estava ela. Demetria.
Sentada sobre um banco, olhando‐o.
Presumivelmente vendo‐o
beijar a viúva.
Por Deus!
—Maldita seja, Demetria!
—Disse com um suspiro. — Por favor, me diga que não é você.
—Não sou eu.
Ela tentava soar
orgulhosa, mas sua voz sustentou uma borda oca que o atravessou. Ele fechou os
olhos um momento por que, maldição, supunha‐se que não estaria ali.
Imaginava que ele não teria este tipo de complicações em sua vida. Por que algo
por única vez não poderia ser simples e fácil?
—Por que está aqui?
—Perguntou.
Ela deu um encolher
de ombros.
—Queria um pouco de
ar fresco.
Deu alguns passos
para ela até que esteve profundamente encaixado nas sombras como estava ela.
—Estava me vigiando?
—Deve ter uma opinião
muito alta de si mesmo.
—Fazia? —Exigiu.
—Não, certamente que
não — replicou, retraindo o queixo com cólera. — Não me inclino para a
espionagem. Deveria inspecionar os jardins com mais cuidado a próxima vez que
planeje um encontro.
Ele cruzou os braços.
—Acho difícil de
acreditar que estivesse aqui fora e que não tenha nada a ver com minha
presença.
—Me diga, então — respondeu
ela, — se te segui até aqui, como cheguei até o banco sem que você se dessa
conta?
Ele ignorou a
pergunta, sobretudo porque tinha razão. Passou a mão pelo cabelo, agarrando uma
mecha e espremendo, a sensação de estar arrancando de seu couro cabeludo de
algum modo ajudava a refrear seu gênio.
—Está puxando o
cabelo — disse Demetria com irritabilidade na voz.
Ele suspirou. Dobrou
os dedos. E sua voz foi quase estável quando exigiu.
—O que é isto Demetria?
—O que é isto? —Ela
ecoou, ficando de pé. — O que é isto? Como se atreve!
Isto é sobre não
falar comigo durante uma semana e me tratar como algo que tem que ser varrido
para baixo de um tapete. É sobre você pensar que tenho tão pouco orgulho que
apreciaria que subornasse seus amigos para dançarem comigo. É sobre sua grosseria,
egoísmo e sua incapacidade para...
Ele colocou a mão
sobre sua boca.
—Pelo amor de Deus,
fala baixo. O que ocorreu a semana passada foi um equívoco, Demetria. E é uma
idiota por exigir o pagamento das minhas promessas me obrigando a vir esta
noite.
—Mas você atendeu —
sussurrou ela. — Veio.
—Vim —cuspiu — porque
procuro uma amante. Não uma esposa.
Ela se tornou para
trás. E o olhou fixamente. Olhou‐o fixamente até que pensou que
esvaziaria os olhos sobre ele. E logo finalmente com uma voz tão baixa que
doía, disse‐lhe:
—Eu não gosto de você
neste momento, Adam.
Isto estava bem. Ele
tampouco gostava muito a si mesmo nesse momento.
Demetria levantou o
queixo, mas tremia enquanto dizia.
—Se me perdoar. Tenho
uma dança. Graças a você, tenho um importante número de companheiros de dança e
não quereria ofender nenhum deles.
Observou‐a
enquanto partia furiosamente. E então olhou a porta. E logo partiu.
20
DE JUNHO DE 1819
Vi
que a viúva estava outra vez esta noite depois de que retornei ao salão de baile.
Perguntei
a Selena quem era e me disse que seu nome era Catherina Bidwell. É a condessa
do Pembleton. Casou‐se
com Lorde Pembleton quando ele tinha quase sessenta anos e rapidamente teve um
filho, Lorde Pembleton passou desta para melhor há pouco tempo e agora ela tem
o poder completo de sua fortuna até que o moço seja maior de idade. Uma mulher
muito simpática. Tem muita independência.
Provavelmente
não quer casar outra vez, como estou segura que convém ao Adam perfeitamente.
Tive
que dançar com ele uma vez, Lady Rudland insistiu nisso, e depois, como se a
tarde não pudesse piorar, ela me afastou para comentar minha repentina popularidade.
O Duque de Ashbourne dançando comigo! (Sinal de admiração dela). Ele é casado,
certamente e muito felizmente, mas de todos os modos, não esbanja seu tempo com
pequenas senhoritas, Lady Rudland estava emocionada e muito orgulhosa de mim.
Pensei que fosse começar a gritar.
Agora,
entretanto, estou em casa e estou tentando decidir algum tipo de enfermidade para
não sair durante alguns dias. Uma semana, se puder conseguir.
Sabe
o que mais me incomoda? Lady Pembleton não é considerada como bonita, OH, não é
desagradável de olhar, mas não é nenhum diamante de primeira categoria. Seu
cabelo é simplesmente castanho e seus olhos também.
Justo
como os meus.
Nossa que ódio do Adam!!!!!!
ResponderExcluirPOSTA LOGO
Adam está sendo ridículo, ele não quer admitir que esta atraído pela Demi.
ResponderExcluirPosta logo